Episódio 03 - Aconteceu Aos 16



(Quarto de Menteu, Califórnia)
Já se fazia quatro dias que passei por um perrengue no qual meus amigos me encontraram em estado de loucura, me levaram para casa e depois sumiram.
Eu tinha medo de verdade de perder eles, tinha medo de perder os sentidos, tinha medo do futuro e de terminar só nele, eu simplesmente não conseguir entender, mais a cada dia eu tinha mais medo de mim.
Esperei até o outro dia para poder entrar em contato com Fred e Beth, pois era no outro dia na quinta à noite que eu e Fred costumávamos correr pela cidade, eu sempre me sentia bem ao falar com ele, uma pessoa incrível que me ensinou uma coisa muito importante, ele me ensinou a desabafar.
Fred era pardo, tinha 16 anos, cabelo liso, covinhas na Bochecha, e por ter  o corpo de atleta acabei pedindo a ele  para me ajudar a tirar toda aquela gordura de cima de mim.
Ele era o cara perfeito, e todas as garotas da escola queria ou já pegaram Fred Pavely.
Já era quase 8 e ele não tinha aparecido. Eu estava pronto para ir caminhar sozinho, e ao se dirigir para a varanda, segundos antes de abrir a porta eu escuto uma voz.
– Ouuuuu Menteu?
Era o Fred
 Boné paetão, corrente no pescoço e camisa regatas.
– Fred Pavely, o pegador do colegial.
– Não tenho culpa se cheiro a flor.
O que ele tinha de bonito, faltava em inteligência, e me refiro em todos os quesitos.
AGORA UMA BREVE HISTORIA DE SUA VIDA AMOROSA
Fred teve quase 30 namoradas no curto período de tempo de seus 14 aos 16 anos, e olha que eu nem me referir aos esquemas que ele teve, as aventuras sexuais com as coroas do seu bairro, com os natais em família com suas primas, etc.
 Saímos juntos rumo à praça, e no caminho começou o interrogatório.
– Como você está Menteu?
– Estou bem. Responde sem entusiasmo
– Te encontramos caído no chão há alguns dias atrás, encolhido, e com a mão no rosto, e sem falar na sua cara de medo. Menteu o que realmente aconteceu?
Eu sei que deveria contar a verdade, apesar de ter vergonha, Fred sempre falava dos problemas dele para mim sem esconder nada.
Então isso que deveria ser feitoapesar de querer mentir sobre o fato, eu não conseguia mentir Para Fred, pois foi ele a quem usei como escape para os problemas diversas vezes.
– Me vi gordo no reflexo da loja.
– Cara sério? Só por isso
– Eu lembrei de muitas coisas naquele reflexo, Fred.
Nesse momento turbilhões de pensamentos me dominaram e me levaram a cena que ocorreu há alguns dias atrás, e para Fred eu comecei a contar.
– Me vi gordo, cabelo ruim, tive um aperto grande no coração, minha cabeça pulava como se estivesse querendo sair para fora, meus pensamentos me repartia e focado eu conclui ao ver no  fundo do meu olhar que não tinha os olhos perfeitos, minhas coxas eram grossas mais de gordura e não de músculos, lembrei que tinha problemas, que não tinha muitos amigos  por causa da minha aparência, e cheguei a conclusão que eu não sirvo para a sociedade.
Baixei a Cabeça e continuei a caminhar.
– Cara, não deixa essa porra te dominar Menteu, é claro que você serve, você me dá conselhos nos quais eu consigo reparar os meus erros, me sinto bem ao estar com você cara, e sem falar que você é meu melhor amigo, mano.
Dane-se se você é assim, e foda-se a opinião da sociedade, se você acha que não serve para ela, acredite você serve para mim.
Eu queria me alegrar com aquilo tudo, mais ele era meu amigo e amigos são obrigados a mentir quando se trata da auto-estima do outro.
Levanto a cabeça e falo.
– Valeu Fred, não sabe o quanto está me ajudando.
– Não agradece cara, fica bem que serei grato. Agora vamos correr e deixa toda essa tensão sair do corpo.
– Beleza, cara.
Estávamos correndo em voltas na praça, e acabamos as 22 da noite, a corrida foi ótima, exceto por algo que me incomodou. Fred falou um pouco da sua vida amorosa, de seus esquemas e das festas que tinha ido no final de semana passado.
E quando estávamos indo para casa, percebi o olhar das pessoas para ele em especial o olhar das meninas, não era um olhar acusador, era um olhar de desejo.
Elas o desejavam, sem ao menos ter noção de quem ele era, sem ter tido um contato, trocado uma palavra, elas o desejava porque ele tinha o corpo  definido, a sua aparência física as ganhava.
Me despeço de Fred um quarteirão antes da minha casa.
Refletindo sobra o que ele me falou, sobre “servir para ele”, penso que na verdade ele só é meu amigo por pena e eu detestava pensar isso, pois se ele só agisse assim comigo por pena só iria o tornar mais um padrão social e eu detesto padrões sociais.

Um comentário:

  1. Coitado do Menteu... Esse negócio de estar fora dos padrões impostos e não gostar é duro! Parabéns! 😍👏

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