Episódio 05 - Aconteceu Aos 16



(20:00hrs Residencial Travel)
Eu sei que deveria ter dito que iria dormir, ou inventar qualquer outra coisa para a Beth. Mais era a Beth, e qualquer convite que ela me fizesse eu deveria acatar. E Ia estava eu subindo para o quarto em um sexta a noite para ir com a garota dos meus Sonhos A UM VELÓRIO.
Ela pediu  que eu vestisse preto, mais por que quando se refere aos mortos deveremos ir de preto?
Quem falou que isso simboliza o luto? E o porquê de chorar nos velórios?
Por que alguém morreu? Mas quem pode garantir que esse lugar para onde eles estejam não seja realmente ruins?
 Talvez seja melhor que aqui, sei que existe a Teoria do CÉU e Inferno, e eu acredito nessa Teoria, assim como acredito também que Deus é nosso
Único e suficiente Salvador. Mas como estava falando, de acordo com o que eu acredito só existe dois lugares para os mortos irem, Um lugar de Glória (Céu) e um lugar de trevas (Inferno) mas acreditem, quem for para o céu ,
ótimo, mas já quem for para o inferno será obrigado a se adaptar com as trevas, pois vivemos em uma sociedade onde me apavoro e as comparo com o inferno, não pela forma que conduzem essa doutrina, mas sim pela forma na qual  executa os mais variados atos sociais.
Estou no meu quarto procurando o que vestir por detestar padrões sociais eu acabo vestindo uma roupa laranja Viva, isso mesmo, Visto uma calça jeans marrom, sapatos verdes e desço.
– Vai a algum carnaval?
Perguntou Beth que não conteve as gargalhadas.
– Só se você for ser minha Rainha de bateria minha cara.
Falei, pois se ela pedir para eu ir comprar pão eu sei a cantada certa para dar.
– Então vamos?
– Claro Beth.
Abro a porta e em seguida após ela sair de dentro de casa eu a tranco e coloco a chave embaixo do tapete da varanda.
Saímos a pé, e no caminho que mais parecia um bosque eu acabei percebendo que o sorriso de Beth deixava qualquer estrela com inveja.
– Você tem um lindo sorriso, Beth.
Eu falei após passarmos por um lago próximo ao centro da cidade.
– Obrigada Menteu, mas talvez seja seus olhos que enxergam demais.
– Os meus olhos só enxerga as coisas boas da vida, e acredite você é tudo
de bom.
Ela sorrir.
Eu poderia ser pirado e tal, mas se tinha uma coisa que eu tinha certeza era que eu ainda iria casar com Beth Sprint.
Fomos o restante do caminho calados, tentei pegar duas ou três vezes na mão dela, mas ela acabou se esquivando de mim.
Chegamos ao nosso destino, era uma casa de primeiro andar, top das
Top’s, e quando me aproximei acabei notando um caixão na sala, velas, fotos de Jesus com versículos bíblicos, choros e o kit completo de um velório.
Antes de entrar eu perguntei a Beth quem tinha sido o felizardo que morreu,
mas o que saiu da boca dela acabou me chocando.
– Foi Jorge, o pai do meu namorado.
Eu sei que deveria ter feito algo, ido embora sabe lá, mas não fiz, apesar de Beth estar namorando, eu a amo, sim a amo, e quando falo em amor eu me refiro a todas as bobagens que inclui este pacote de desastres, sentir o corpo bambo, voz falhada, sorrisos bobos ao pensar nela e claro, o sofrimento por não ter aquela pessoa toda sua.
– E você estar namorando quanto tempo?
– 1 mês e alguns dias.
Beth falou após entrar na residência.
– Você conheceu o pai dele?
Gritei autossuficiente para que ela escutasse.
– Não, mais agora estou o conhecendo.
Disse Beth ao se aproximar do caixão.
– Louca
O velório estava um tédio só, deu ânsia de vômito ao ver aquele pessoal chorando e sem falar nas velas e tudo o mais.
Estávamos na sala, próximo ao caixão, eu perdido em meio a todo aquele luto, já Beth estava calma e falava palavras de conforto a todos naquela sala.
Mas então ela fez algo típico de algumas pessoas em velórios, ELA ENTROU NA ONDA.
– Senhor Jorge meu Deus. Um homem tão bom. Tão forte, vivo, cheio de energia. Como pode meu Deus?
Gritava ela olhando para o caixão.
Beth encenava como ninguém, e eu gostava do modo pelo qual ela se adaptava as coisas a sua volta.
Eu poderia ter entrado na brincadeira, ter agarrado ela pedindo para ela se acalmar, mas eu simplesmente sai de perto dela e me dirigi para a cozinha, afinal se tem algo bom em velórios são os chás e cafés que servem neles.
Cheguei à cozinha e dei de cara com uma cafeteira enorme, e uma senhora no fogão que me fez uma pergunta.
– De onde conhecia o Senhor Jorge Travel?
– Vim acompanhando de sua nora.
Eu sei que parecia ridículo, mas foi o que aconteceu e eu só falei a verdade.
– Esta bom, então deve estar procurando por ela, né isso?
A senhora de gorro na cabeça falou enquanto abastecia a cafeteira com café.
– É, é isso mesmo.
– Eles acabaram de subir para o quarto do senhor  Thed.
– Eles?
– Isso, o senhor Thed e a sua acompanhante, a namorada dele.
Aquilo me cheirou mau, e não me refiro ao café que ela estava colocando na garrafa.
Quando eu estava a perguntar como chegar até o quarto, uma mulher invadiu a cozinha em desespero, e cortou as palavras do meu pensamento substituindo pelas palavras delas.
– Alho, alho, precisam de alho.
Uma moça havia desmaiado na sala, próximo ao bebedouro de água.
E quando eu olhei por baixo da multidão para ver se conhecia a pessoa, eu vir uma pessoa de saia preta pagando calcinha em um velório.
Exatamente era a Beth atriz.

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