Episódio 17 - Aconteceu Aos 16



Quando alguém sai das nossas vidas é inevitável não sentir falta dela, e me refiro a sentir falta independente do que ela fez, seja coisas boas sejam coisas ruins.
E já se passou três dias, e eu não tive noticia de Fred, e Beth tinga se distanciado de mim, não por escolha dela, mas sim por minha própria escolha, minha foto estava estampada na primeira capa de jornal, Nas redes Sociais só se falava na recompensa pela minha cabeça, a cidade tinha virado um jogo perigoso, e ganharia esse jogo quem descobrisse meu paradeiro.
Minha mãe tinha viajado para outra cidade, foi cuidar da minha avó, eu estava em casa, sozinho, com solitário, mas decidido a sobreviver mais um dia.
Dando continuidade a minha investigação, pela manhã de quarta, decidir ligar para a dona da Floricultura, algo me conectou a ela como se eu tivesse a certeza que eu pudesse ajuda-la.
– Olá?
– Floricultura Plantas do Norte em que posso ajudar?
– Oi, aqui é o carinha da tulipa vermelha lembra?
– Sim, e como eu iria esquecer, qual rosa vai levar dessa vez?
– Então, na verdade eu gostaria de te convidar para jantar.
– Nossa há tempos não sou convidada para sair, e sem contar por alguém tão jovem.
A voz da mulher do outro lado da linha era de emoção, eu estava meio perdido no que falar pra ela, mas eu desenrolei.
– Briguei com minha namora, e minha mãe viajou, preciso desabafar com alguém se não eu explodo.
– Claro que poderá contar comigo, se tem alguém que entende de superação amorosa  essa pessoa sou eu.
Ela riu, e eu rir junto.
– Hoje a noite pode ser?
Perguntei
– Claro que pode, podemos nos encontrar as 19:00?
– Pronto, estarei na floricultura nesse Horário.
– Ótimo, um abraço.
– Outro.
Ela desligou.
Levantei da cama, e fui ate o guarda roupa, afinal, eu teria um encontro com uma coroa de mais de 40 anos.
Tinha que da uma mudada no visual para despistar o retrato falado das ruas, comir algumas bolachas e subir para o quarto no intuito de começar a transformação.
Peguei tinta de cabelo, uma pinça e fui para o espelho, um objeto que fazia tempo que não usava.
E eu fui, decidido a enfrentar talvez o pior dos piores vilões da minha vida, estava prestes a enfrentar eu mesmo.
Dou passos lentos em direção a ele.
De olhos fechados caminhei, um passo atrás do outro.
Parei
Abrir os olhos e me vir.
Minha mente estava processando a imagem, mas eu já sabia o resultado.
Não conseguia me aceitar ali, era como se eu estivesse vendo o corpo de outro alguém.
Não via força, coragem, e muito menos amor.
Só conseguia enxergar ali, um fracasso, originado de um projeto sem vida e sem conceito.
Um rascunho que se esqueceram de passar a limpo, ou talvez eu já tivesse sido passado.
Toquei o meu corpo e olhando a minha volta eu vir que não estava mas em meu quarto, a cama tinha se tornado arquibancadas, o notebook tinha virado um farol que estava aceso mesmo em cima de mim, e os livros tinham se tornado o que eu mais temia, eles viraram gente.
Diversas vozes partiram em minha direção em alto e bom som, e eu pude escutar o que elas me diziam.
GORDO, GORDO, GORDO.
Vejo-me em um cenário de julgamento, onde já tinham me dado o veredito final, eu tinha sido condenado.
Todos das arquibancadas tinham se levantado, e vejo Fred, minha mãe, a senhora da Floricultura, a Familia Travel e todos que estão de pé fazendo o mesmo gesto.
Todos colocavam o dedo na boca me mandando vomitar.
Os gritos continuaram.
O mundo estava girando comigo dentro dele.
Ajoelho-me no chão e involuntariamente, eu faço o que eles mandam.
Coloco o dedo na garganta, e vomito o que tinha comido no café.
E eles vibram.
E eu sinto todos os meus impulsos saindo junto aquela substancia expelida, sinto nojo, raiva, e ao mesmo tempo vergonha de mim.
Todos jogam flores, uns batem palmas, e do lado do vestiário vejo um cara de preto me trazendo algo.
É um troféu.
Deixa do meu lado a uns 3 metros de distancia, e sair.
Levanto-me tonto, seguro em uma das grades da arquibancada, cambaleando sonolento, me dirijo ate o troféu pego ele, e de pé volto em direção ao espelho.
Mas uma vez me deparo parado em frente ao meu reflexo.
A plateia para.
Alguns se sentam.
O silencio agora era o único grito seco e vazio daquele show.
Dou uma volta de 90° observando a todos.
A cara deles agora era de surpresa, de curiosidade, e de medo.
Viro-me novamente para o espelho.
Levanto o troféu pelo meu lado direito, a alguns centímetros do meu ombro.
E arremesso ele em busca do meu maior inimigo.
O espelho se espedaça, junto ao troféu.
Fico tonto, cambaleio, de um lado para outro, todos da plateia se levantam e sair.
Ando alguns paços e caiu no chão.
E antes de apagar formulo a seguinte frase na minha mente.
Por maior que sejam os desastres, não é o Furacão, não é um terremoto, e muito menos a tempestade, acreditem: o maior Fenômeno da Natureza é a mente”

Nenhum comentário:

Postar um comentário