Maneiras de Ser - Capítulo 31



MANEIRAS DE SER

DE
WESLLEY FUCHS

ESCRITA POR
WESLLEY FUCHS

DIREÇÃO GERAL
HENZO VITURINO
MIGUEL RODRIGUES
BEATRIZ FUCHS

DIREÇÃO DE NÚCLEO
MIGUEL RODRIGUES

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO


ALICE
BRANDON
CLAIRE
CRIS
EVA/ROBERTA
FELIPE
FERNANDO
HELOÍSA
JÚLIA
LARISSA
LÍLIA
MARIZA
MAURÍCIO
MIGUEL
PANDORA
RHUAN
ROGER

CENA 01/ RUAS PAULISTAS/ EXTERIOR/ DIA
Cont. Imediata. Júlia olha em choque para Cris que chora sem parar.
JÚLIA                        — Como isso foi acontecer, Cris? Como você foi engravidar do seu próprio padrasto?
CRIS                           — Porque ele já me estuprou várias vezes, Júlia. E ele é nojento, ele dá medo...
Júlia abraça Cris.
CRIS                           — Eu sou um mons/...
JÚLIA                        — (T; Corta; Indignada) Não. Você não é um monstro! Ele é um monstro, esse cara que é um monstro. Esse nojento, eu vou acabar com ele/...
CRIS                           — Não há nada que você possa fazer
JÚLIA                        — Você já contou alguma vez pra sua mãe?
CRIS                           — Nunca. Ela jamais acreditaria, Júlia...
JÚLIA                        — A gente precisa colocar esse crápula na cadeia, Cris. A gente vai procurar ajuda agora! E vamos fazer justiça!!
Júlia olha determinada para Cris.
CORTA PARA:
CENA 02/ CASA DE CRIS/ SALA/ INTERIOR/ DIA
O padrasto de Cris que se chama Rhuan e a mãe de Cris que se chama Lília. Estão sentados assistindo televisão.
RHUAN                     — E como tá indo o trabalho, meu amor?
LÍLIA                         — Ainda bem que hoje é folga, porque trabalhar como frentista não é fácil, meu amor. Mas o importante é que eu estou trabalhando e que você está procurando emprego.
Cris e Júlia entram. Júlia furiosa.
JÚLIA                        — (T; A Rhuan; Indignada) Seu estuprador!! Seu nojento!!
LÍLIA                         — (T; Se levanta; Furiosa) Mas o que significa isso?
JÚLIA                        — (T; Grita) O seu marido engravidou a Cris!! Ele estuprou a Cris várias vezes, esse crápula vai pagar pelo que ele fez!!!
LÍLIA                         — (T; Em choque) Engravidou? Que história é essa?
JÚLIA                        — Ele abusa da sua filha, Lília. Ele abusa da Cris, ele comete atos sexuais com ela enquanto você está trabalhando, esse crápula nojento!
RHUAN                     — (T; Se levanta; furioso) Isso é mentira, Lília. Isso é pura mentira!!
LÍLIA                         — (T; Olha indignada para Rhuan) Seu monstro! Por isso que a minha filha está estranha dês do dia que você colocou os pés nessa casa!! Você fez isso com a minha filha.
Lília começa a estapear Rhuan.
JÚLIA                        — Bate mesmo. Bate mais porque ele merece muito mais. Ele merece ir pra cadeia.
Rhuan dá um soco na cara de Lília que cai no chão.
CRIS                           — (T; Chorando) Mãe...
JÚLIA                        — (T; Furiosa) Seu covarde.
Júlia começa a bater em Rhuan que a segura pelo braço.
RHUAN                     — (T; Furioso) Agora eu vou quebrar seu braço, sua intrometida!! Eu vou acabar com a sua vida!!
LÍLIA                         — (T; Tentando ter força) Larga ela, Rhuan!
CRIS                           — (T; Chorando) Seu monstro!!!
RHUAN                     — Cala a boca. Daqui a pouco eu dou um jeito em vocês duas.
Júlia dá um chute nos órgãos genitais dele e pega um vaso e quebra na cabeça dele.
JÚLIA                        — A polícia tá vindo. Eu e a Cris já tínhamos chamado antes da gente vir pra cá.
LÍLIA                         — E se você tiver matado ele?
JÚLIA                        — Ele tá desmaiado.
LÍLIA                         — Meninas, vocês fizeram errado em vir aqui assim, eram pra ter esperado a polícia.
A polícia chega.
JÚLIA                        — A gente quer esse crápula na cadeia, Lília. Agora a gente vai pra delegacia da mulher denunciar esse monstro!!
CORTA DESCONTÍNUO PARA:
CENA 03/ DELEGACIA DA MULHER/ INTERIOR/ DIA
Mostrar vários takes
Cris sendo entrevistada
Lília sendo entrevistada
Rhuan sendo entrevistado
Cris realizando os exames
Rhuan sendo preso.
CORTA PARA:
CENA 04/ CASA DE LÍLIA/ SALA/ INTERIOR/ DIA
Cris, Lília e Júlia entrando.
LÍLIA                         — Agora aquele crápula está preso.
JÚLIA                        — Ainda bem que você acreditou dês do primeiro momento, Lília. Várias mães não acreditam...
LÍLIA                         — (T; Abraça Cris) A minha filha sempre estará em primeiro lugar. Sempre.
Larissa entrando e abraçando elas.
LARISSA                   — Que bom que tudo está bem agora.
LÍLIA                         — Ainda bem, Larissa... Mas nem tudo está resolvido!
Cris coloca a mão na barriga.
CRIS                           — Eu não quero ter esse filho, mãe. Eu não posso...
JÚLIA                        — (T; Segura na mão de Cris) Isso é uma escolha sua, Cris.
Cris olha triste.
CORTA PARA:
CENA 05/ MANSÃO DE PANDORA/ JARDINS/ EXTERIOR/ DIA
Pandora e Roger tomando um chá sentados nos banquinhos, Heloísa chega.
HELOÍSA                  — Mas será que finalmente eu vou conhecer o meu padrasto futuro.
Heloísa abraça Roger.
ROGER                      — (T; Estranhando o linguajar) Padrasto futuro?
PANDORA                — São as famosas frases do século XXI, digamos dos jovens mais precisamente. Trocar as palavras a deixam mais engraçadas segundo os jovens desta geração.
ROGER                      — Tipo a nossa adolescência dos anos 90 que criou várias gírias que até mesmo a gente se vê pronunciando nos dias de hoje.
PANDORA                — As gerações e suas novidades.
HELOÍSA                  — Ai, eu estou tão feliz em ver vocês juntos. Fazia tempo que eu não via dona Pandora toda feliz da vida.
PANDORA                — Pois é, filha. Agora eu tô feliz de novo, talvez você estivesse certa o tempo todo (T) ela sempre me dizia que faltava alguém para eu amar e ela não estava errada.
HELOÍSA                  — Viu, mãe. Às vezes você precisa escutar sua filha
PANDORA                — E Fernando? Cadê o namorado da minha filha?
HELOÍSA                  — Foi gravar a série em pleno sábado, mas hoje é só uma ceninha, acho que o Maurício esquece que eu saí da série, mas ainda manda os roteiros de gravação. Hoje ele grava com o Igor e com o Jonas.
PANDORA                — Filha, a Beck me ligou, depois eu falo contigo, mas parece que aconteceu mais um problema na família deles.
HELOÍSA                  — Já basta a coitada ter perdido o bebê.
PANDORA                — E pior que a história tem a ver com bebê também.
HELOÍSA                  — (T; Surpresa) Uma das gêmeas está grávida?
PANDORA                — A Vicki, filha. Grávida do Valentim.
HELOÍSA                  — A Vicki? Caramba, que história é essa...
PANDORA                — Não sei, filha. Não sei, só sei que a coisa tá feia praqueles lados. É melhor a gente nem se meter.
HELOÍSA                  — Eu falo com a Alice, nós somos amigas, colegas, talvez... Mas ela me visitou quando eu sofri acidente com o Brandon naquela vez...
PANDORA                — Talvez seja bom você visitar ela mesmo, até porque a Beck expulsou o Maurício após ele tentar expulsar a Vicki.
HELOÍSA                  — Mãe, eu nunca vi o Maurício sair do controle.
PANDORA                — Mas em uma situação como essa...
HELOÍSA                  — Eu vou lá.
Heloísa sai. Pandora e Roger se entreolham e se beijam.
CORTA DESCONTÍNUO PARA:
CENA 06/ MANSÃO DE BECK/ QUARTO DE ALICE/ INTERIOR/ DIA
Alice e Heloísa conversando.
ALICE                        — Fiquei tão feliz com a sua visita.
HELOÍSA                  — A gente se afastou um pouco, mas ainda somos amigas...
ALICE                        — Você não ficou brava quando eu comecei a ser amiga da Júlia, né?
HELOÍSA                  — Magina, Alice. Eu também sou amiga dela. Eu e a Júlia não somos rivais, nunca fomos, eu acho...
ALICE                        — Nem por conta do Fernando?
HELOÍSA                  — A gente conversou, rivalidade feminina não combina com a gente.
ALICE                        — Vocês sempre a frente, né. Já aqui em casa parece século XIX.
HELOÍSA                  — Calma, Alice. Você fala por conta da Vicki?
ALICE                        — A Vicki tá grávida, Helô. Vê se pode, aos 16 anos, obvio que o papai surtou, mas ele não manda notícias, a gente não sabe nem em que hotel ele está. Eu tô preocupada pra caramba e a Vicki tá de uma forma que eu não sei nem explicar, nunca vi ela tão... Sentimental!
HELOÍSA                  — Diante dessa situação ela está no direito dela.
ALICE                        — Eu sei, Helô. Mas eu também fico refletindo sobre várias coisas, se a reação do papai for essa imagina quando ele descobrir os meus segredos, as minhas vontades...
Reação de Heloísa: Surpresa.
HELOÍSA                  — Que segredos e que vontades?
ALICE                        — Helô, eu confio tanto em você... Mas a única pessoa que sabe é a Marina. Só ela, eu só tive coragem pra contar pra ela, o meu segredo e a minha vontade...
HELOÍSA                  — Se você não quiser dizer não tem problema, eu só quero que você saiba que eu estou aqui para o que você precisar.
ALICE                        — (T; Olha para os lados) Helô... (T; Olha para Heloísa) eu sou lésbica.
HELOÍSA                  — Tá, mas esse é o seu medo? Que os seus pais descubram.
ALICE                        — Você parece não estar nem um pouco surpresa
HELOÍSA                  — Porque ser lésbica não é nenhum bicho de sete cabeças... Na verdade, eu não vejo nada de errado, a vida é sua, você faz dela o que bem entender...
ALICE                        — Mas os meus pais/...
HELOÍSA                  — (T; Corta) Eu fiz um filme que sua mãe escreveu, dessa vez eu não fui dirigida pelo seu pai, mas ele esteve no lançamento de estreia, o filme tinha como protagonistas duas mulheres homossexuais e eu era filha de uma delas. O filme foi escrito pela sua mãe e teve uma sensibilidade incrível e o seu pai estava todo sorridente na estreia.
ALICE                        — Mas é muito diferente retratar isso nas telas que de fato viver na vida real. Imagina descobrir que sua filha é lésbica?
HELOÍSA                  — Imagina descobrir que seus pais são homofóbicos? O que é pior?
ALICE                        — Sinceramente, eu não sei.
HELOÍSA                  — Você não pode deixar de ser quem você é. Essa é você e eles vão ter que te aceitar assim, da maneira como você é.
ALICE                        — (T; Lágrimas nos olhos) E se eles não me aceitarem da forma como eu sou?
HELOÍSA                  — Eu passei anos da minha vida sendo que eu não era, olha pra mim agora, eu mudei, Alice. Não faz nem um mês que eu mudei completamente, eu mudei meu visual, mudei meu cabelo, mudei meu estilo e mudei minha maneira de ser e acredite: eu estou feliz assim, sendo quem eu sou e isso ninguém me tira mais. Eu não era feliz, eu pensava que eu era, mas eu não era, agora eu sou, porque essa sou eu. Não tenha medo de ser você.
Alice olha com os olhos cheios de lágrimas e abraça Heloísa.
ALICE                        — Como que você pode ser uma amiga tão incrível assim?
HELOÍSA                  — Você também é incrível.
No momento de amizade.
CORTA PARA:
CENA 07/ CASA DE MARIZA/ SALA/ INTERIOR/ DIA
Mariza e Júlia conversando.
JÚLIA                        — Talvez seja a coisa melhor, mãe. Do que trazer ao mundo uma criança que possa sofrer.
MARIZA                   — Ai, filha, eu não concordo...
JÚLIA                        — São questões de pontos de vista, mãe... É preciso que cada um concorde com a opinião do outro, se a Cris quer abortar essa criança, é algo que não me diz respeito, eu não sou obrigada a aceitar, mas eu sou obrigada a respeitar e sinceramente, eu concordo com a Cris.
MARIZA                   — Eu não concordo, mas... A decisão é dela. Né?
JÚLIA                        — É...
MARIZA                   — Tem tanta coisa ruim nesse mundo. O que o padrasto dessa menina fez foi horrível.
JÚLIA                        — Ele tá preso agora, desgraçado.
MARIZA                   — Seu braço tá todo machucado.
JÚLIA                        — Jogamos a lei maria da penha na cara dele também. Ele agora tá ferrado, não sai da cadeia tão cedo. Tomara que apodreça lá.
MARIZA                   — E a Cris, filha?
JÚLIA                        — Eu não vou deixar a minha amiga sozinha. Vou estar presente no que ela precisar. O que ela passou foi horrível, mãe. Ela não merece isso.
CORTA PARA:
CENA 08/ APARTAMENTO DE EVA/ SALA DE ESTAR/ INT/ DIA
Eva segurando a correntinha.
EVA                           — (T; Para si) Hoje você faz 10 anos, minha filha... E eu não tenho ideia de onde você pode estar.
Eva então abraça a correntinha com lágrimas nos olhos.
CORTA PARA:
CENA 09/ HOTEL/ RESTAURANTE/ INTERIOR/ DIA
Claire esperando por Maurício que entra e se senta diante dela.
MAURÍCIO               — Desculpe o atraso, eu estava dirigindo a cena dos meninos, que aliás, ficou mediana... Mas prometo pra mim mesmo que será a única fraca nessa história, eu acho que é porque eu ainda estou tentando digerir isso tudo.
CLAIRE                     — Você está no seu direito. E eu fiquei surpresa quando você aceitou o meu convite de almoçarmos juntos, confesso que pensei que você tivesse se arrependido do nosso momento.
MAURÍCIO               — Acho que a única coisa que eu tenha me arrependido, foi de não ser um bom marido e um bom pai. Porque se eu fosse, a Beck jamais teria autoridade sobre mim e eu teria uma autoridade maior sob as meninas.
CLAIRE                     — (T; Sorri) Bem conservador, eu diria...
MAURÍCIO               — Mas eu ainda amo a Beck, amo a minha família.
CLAIRE                     — Eu também ainda amo o Joaquim e amo a família. Eu não quero perde-los pra essa professorinha sem classe e sem sofisticação nenhuma, apesar de morar em um bom apartamento que um salário de professor jamais pagaria.
MAURÍCIO               — E a Beck se tornou outra pessoa quando perdeu o bebê. É como se eu tivesse perdido a minha esposa também ao mesmo tempo em que perdi o meu filho.
CLAIRE                     — É, Maurício... Talvez estejamos no fundo do poço, mas ainda sim podemos subir, sair desse poço profundo e jogar os nossos verdadeiros problemas em um buraco negro que de fato não tem mais volta. Até porque o que é um poço profundo perto de um buraco negro? Areia movediça!!
Claire segura a mão de Maurício.
CORTA PARA:
CENA 10/ MANSÃO DE JOAQUIM/ SALA/ INTERIOR/ DIA
Joaquim abrindo a porta, Eva ali que já o abraça carente.
JOAQUIM                 — A Claire te procurou de novo?
Eva faz que não.
EVA                           — Eu só estou precisando de carinho, do seu carinho...
Joaquim sorri e Eva o beija.
JOAQUIM                 — Por que você não entrou antes na minha vida, Eva?
EVA                           — Porque precisamos vencer batalhas antes de pegarmos o troféu.
Joaquim sorri e os dois sentam no sofá e se abraçam.
CORTA PARA:
CENA 11/ TEATRO/ PALCO – PLATÉIA/ INTERIOR/ DIA
Ensaio encerrado. Larissa, Miguel, Felipe e Roger ali já se preparando para ir embora.
ROGER                      — Amanhã todo mundo de volta, hein.
LARISSA                   — Acho que amanhã a Cris volta, talvez, ela ainda está abalada.
ROGER                      — Isso não tem o menor problema, o que importa é o processo de reconstrução dela.
Roger sorri e ele e Felipe saem. Larissa olha para Miguel e se aproxima
LARISSA                   — Eu confesso que eu sempre quis te conhecer melhor.
MIGUEL                    — (T; Sorri debochadamente) E por que você iria querer conhecer melhor uma pessoa que é grosso com todo mundo.
LARISSA                   — Porque talvez você não seja assim e eu acredito que você não seja assim sempre, como qualquer ser-humano normal somos compostos por várias emoções e sentimentos.
MIGUEL                    — Comigo é diferente, Larissa. Talvez seja melhor não me conhecer.
LARISSA                   — Por quê?
MIGUEL                    — Porque talvez eu seja tóxico.
LARISSA                   — Já cometeu algum crime? Já fez algo de errado?
MIGUEL                    — Não.
LARISSA                   — Então, Miguel... O que eu estou querendo dizer é que eu quero te conhecer melhor, porque você não é tóxico, você não precisa ser assim. Eu por exemplo sou rica, isso vocês sabem porque eu sou filha do ex-governador de São Paulo, porém, eu não me vejo na necessidade de ser uma patricinha fútil e consumista, eu me vejo na obrigação de não seguir rótulos. Eu sou normal, apenas normal. Assim como você.
Miguel sorri para Larissa.
MIGUEL                    — A minha vida não é fácil, Larissa... Acho que é por isso que eu sou assim, talvez eu não queira ninguém entrando na minha vida.
LARISSA                   — Talvez com pessoas ao seu lado, sua vida seja menos difícil.
Larissa e Miguel trocam sorrisos. Ela sai, ele fica refletindo.
CORTA PARA:
CENA 12/ CASA DE BRANDON/ SALA/ INTERIOR/ DIA
Júlia andando com o celular na mão.
JÚLIA                        — (T; Lendo) Vamos no cinema comigo.
Júlia aperta para ligar, ela coloca o celular na orelha.
JÚLIA                        — (T; Ao cel; sorrindo) Cinema assim de última hora?
BRANDON               — (Off) Vamos! Saiu esse filme irado aí que eu te mandei o poster.
JÚLIA                        — (T; Ao cel.) Eu não gosto de filme de terror, eu curto uma coisa mais leve, tipo uma comédia, ou romance...
BRANDON               — (Off) Ok, Júlia. A gente assiste o que você quiser, portanto, eu só estou querendo companhia mesmo.
JÚLIA                        — (T; Ao cel.) Vou me arrumar.
Júlia desliga e vai andando.
CORTA PARA:
CENA 13/ LIVRARIA/ INTERIOR/ DIA
Heloísa e Fernando olhando uns livros e comentando.
HELOÍSA                  — Ai eu li esse, ele é lindo. Chorei. A Hulu tá fazendo a série inclusive.
FERNANDO             — (T; Pega o livro da mão de Heloísa e olha) “Quem é você, Alaska?” Às vezes, eu acho que o John Green teve uma péssima vida amorosa, porque ele nunca deixa o casal protagonista ter um final feliz.
HELOÍSA                  — Às vezes, ele só quer mostrar a realidade. Que os casais felizes na verdade não existem.
Reação de Fernando: surpreso.
FERNANDO             — Quer dizer então que não somos felizes?
HELOÍSA                  — Não foi isso que eu quis dizer.
FERNANDO             — Então você quis dizer o que, Heloísa?
HELOÍSA                  — Que vida real é diferente de ficção. Tanto que eu mencionei a palavra “clichê”.
FERNANDO             — OK...
Heloísa pega outro livro.
HELOÍSA                  — Esse lançou no cinema hoje.
FERNANDO             — Tu queres assistir?
HELOÍSA                  — Que formal.
Os dois se beijam.
HELOÍSA                  — É romance, a antiga Heloísa gostava... Mas a nova Heloísa não vai conseguir desapegar disso. Partiu cinema.
Heloísa e Fernando se beijam de novo.
HELOÍSA                  — Vou fazer um stories, um boomerang, pro Insta.
FERNANDO             — Pensei que tinha deixado de ser digital influencer.
HELOÍSA                  — Todo mundo usa rede social e gosta de ficar mostrando sua vida pessoal por aí. Eu agora só mostro em partes. Agora vai se mexe
Heloísa abre o Instagram Stories e eles fazem um boomerang.
HELOÍSA                  — (T; Digitando) Hashatag partiu cinema com o mozão.
CORTA PARA:
CENA 14/ CINEMA/ LANCHONETE/ INTERIOR/ DIA
Júlia e Brandon pegando a pipoca.
JÚLIA                        — Filme sem pipoca não dá. Sem condições.
BRANDON               — Ah, eu concordo. Sério que você vai fazer eu assistir um romance, Júlia?
JÚLIA                        — (T; Leve) Se você não quiser ir, assiste o filme de terror lá, eu não vou contigo, porque eu tenho pavor, sério, Brandon. Eu morro de medo de filme de terror.
BRANDON               — Mas a sinopse desse filme de romance parece interessante.
JÚLIA                        — Espero que supere um amor pra recordar.
Os dois sorrindo entram na sessão, Heloísa e Fernando entram na lanchonete e viram Brandon e Júlia.
HELOÍSA                  — Será que a Júlia e o Brandon estão nos seguindo? Porque não é possível, todo lugar que a gente tá, eles também estão...
BRANDON               — Coincidência, Helô.
HELOÍSA                  — Às vezes, eu acho que o Brandon tá fazendo de proposito, pra tentar se preencher, sei lá.
BRANDON               — Só vamos pegar a pipoca e ver o filme, por favor.
CORTA PARA:
CENA 15/ CINEMA/ SESSÃO/ INTERIOR/ DIA
Brandon e Júlia sentados assistindo ao filme.
JÚLIA                        — (T; Emocionada) Esse filme é tão lindo...
BRANDON               — (T; Sorridente) Parece a nossa história, né?
JÚLIA                        — Pior que parece mesmo... Duas pessoas que não foram amadas no relacionamento anterior e que se encontraram e estão juntos e felizes.
Os dois se olham.
BRANDON               — Até em um filme a Heloísa e o Fernando nos perseguem.
JÚLIA                        — Eles estão aqui?
BRANDON               — Eu estou falando do filme. A história é a mesma.
JÚLIA                        — Eu sei eu estava brincando... Mas você não acha coincidência, nós dóis vermos um filme como esse juntos?
Brandon sorri, Júlia também. Tempo. A música do final do filme fica mais alta e é uma música romântica.
JÚLIA                        — Essa música do Ed Sheeran é tão linda.
BRANDON               — Mas ela não é mais linda que o seu olhar.
Fernando e Heloísa que estão saindo, pois o filme acabou, os vê juntos e ficam observando, o rosto de Júlia e Brandon se aproximarem, mas os dois não viram Fernando e Heloísa. Os rostos de Júlia e Brandon vão se aproximando devagar, até um beijo acontecer. Fernando e Heloísa olham desconfortados, mas vão andando. Voltamos a Júlia e Brandon que se beijam, um beijo lindo e romântico.
CLOSE NO BEIJO DE JÚLIA E BRANDON
CORTA PARA:

FIM

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