Memória DNA | Com Amor | Capítulo 15 (2ª Fase)




COM AMOR

SEGUNDA FASE

Novela de
MARCUS VINICK
MIGUEL RODRIGUES

Escrita com
Miguel Rodrigues

Direção
MIGUEL RODRIGUES

Direção de Núcleo
#DNA – DRAMATURGIA NOVOS AUTORES

Personagens deste capítulo

SOPHIA
MIGUEL
CECÍLIA
GABRIELA
GUSTAVO
JULIANA
CAROLINA
EVANDRO

Participação especial

-















CENA 01. CURITIBA. PARQUE. EXT. DIA.

CONTINUAÇÃO DA CENA 25 DO CAPÍTULO ANTERIOR. MIGUEL E SOPHIA CONTINUAM ABRAÇADOS. ELES SE AFASTAM. SOPHIA ESTÁ ADMIRADA.

SOPHIA                — (TOCA NO ROSTO DE MIGUEL) Eu ainda não consigo acreditar que é você.

MIGUEL               — (SORRI) Se eu não fosse eu... Quem mais poderia ser?

SOPHIA FICA O ADMIRANDO POR ALGUNS INSTANTES.

SOPHIA                — Miguel, é você...

MIGUEL               — Sim, Sophia, sou eu!

MIGUEL DÁ UMA RISADA LOGO EM SEGUIDA. SOPHIA O ABRAÇA NOVAMENTE. SOPHIA ACABA CHORANDO.

SOPHIA                — Você me prometeu que viria e cumpriu sua promessa.

MIGUEL               — Eu vim pra ficar com você, pra te proteger, pra nunca mais sair do seu lado.

SOPHIA                — (O ABRAÇA NOVAMENTE) Eu te amo, Miguel, eu te amo muito.

MIGUEL               — (TOCA OS CABELOS DE SOPHIA) Eu também te amo, Sophia, eu te amarei pra sempre.

SOPHIA OLHA PARA MIGUEL. FICA O ADMIRANDO NOVAMENTE.

MIGUEL               — (SORRI) Por que está me olhando assim?

SOPHIA                — Você está muito diferente.

MIGUEL               — Eu me tornei um homem, já tenho dezoito anos. Você que continua com essa carinha de menina.

SOPHIA                — Eu já não sou mais uma menina.

MIGUEL               — Mas ainda parece.

SOPHIA                — E você continua teimoso, como sempre.

MIGUEL               — E você continua linda, Sophia.

MIGUEL E SOPHIA SE OLHAM FIXAMENTE.

SOPHIA                — Onde você está morando?

MIGUEL               — Eu estou hospedado em um hotel simples, mas é muito aconchegante.

SOPHIA                — Já está acostumado ao ritmo de Curitiba?

MIGUEL               — Não faz muitos dias que eu cheguei.

SOPHIA                — E por que não me procurou já no dia seguinte?

MIGUEL               — Porque eu precisava de informações. A sua amiga me ajudou... Ela já sabia que eu estava aqui.

SOPHIA                — (SORRI) Você e a Cecília armando pra mim.

MIGUEL               — Armamos por um bom motivo.

SOPHIA                — O que importa é que você está aqui.

MIGUEL               — O que importa é que nós estamos juntos novamente. Eu nunca deixei de pensar em você... Tenho todas as suas cartas guardadas.

SOPHIA                — Eu também tenho todas as suas cartas. Se lembra daqueles desenhos que você me deu?

MIGUEL               — (SURPRESO) Você ainda tem aqueles desenhos?... Eu não acredito.

SOPHIA                — Tenho... Eles fazem parte de minha infância. Da parte boa de minha infância.

MIGUEL               — A nossa infância... Eu me lembro de muitos momentos que passamos juntos, momentos que ficarão para sempre em minha memória.

SOPHIA                — Momentos que se passaram na fazenda do meu avô, quero dizer, na fazenda que foi do meu avô... Como está aquele lugar hoje?

MIGUEL               — É uma grande fazenda hoje em dia. O Mister Smith atingiu um grande progresso com aquelas terras.

SOPHIA                — A minha mãe vendeu a fazenda. Ela gastou todo o dinheiro em festas, bebidas e futilidades.

MIGUEL               — Falando em sua mãe... Como está a situação?

SOPHIA                — Nada mudou.

MIGUEL               — Ela continua te agredindo?

SOPHIA                — Não. É que... É que eu não consigo ter nenhum tipo de sentimento pela mãe. Ela acabou com a minha infância, ela conseguiu me destruir por dentro. Esses últimos anos foram terríveis. Eu vi muitas coisas que nenhuma criança gostaria de ver... A minha mãe virou uma prostituta... Ela já chegou a levar homens para o apartamento onde vivemos.

MIGUEL               — Eu lembro que você me falou isso uma vez em uma carta.

SOPHIA                — Miguel, eu nunca falei isso pra ninguém, nem mesmo pra Cecília que é a minha melhor amiga. Só você sabe disso.

MIGUEL               — Você não podia suportar tudo sem falar para alguém, Sophia.

SOPHIA                — Eu confio em você, Miguel. Eu não tenho mais nada em minha vida, a não ser você.

MIGUEL               — Eu vim pra ficar ao seu lado... Você não vai mais se sentir sozinha. Eu estou aqui agora, Sophia.

SOPHIA                — (DÁ UM LEVE SORRISO) Você não sabe o quanto estou feliz por isso.

MIGUEL               — O seu sorriso está voltando a brilhar, sabia?

SOPHIA                — É porque nos reencontramos.

MIGUEL               — E não vamos mais nos separar... Nunca mais.

OS DOIS SE ABRAÇAM NOVAMENTE. CECÍLIA SE APROXIMA.
CECÍLIA               — Acho que já fiquei esperando tempo demais.

SOPHIA                — Nem sei como te agradecer, amiga.

CECÍLIA               — Eu vou arranjar uma forma de como você poderá me agradecer, mas agora nós temos que ir embora.

SOPHIA                — Antes eu quero te dar um abraço.

SOPHIA E CECÍLIA SE ABRAÇAM. LOGO SE AFASTAM.

CECÍLIA               — Vamos embora, Sophia!

SOPHIA                — (OLHA PARA MIGUEL) Miguel, você vem com a gente?

MIGUEL               — Pra onde vocês estão indo?

CECÍLIA               — Eu vou para casa, a Sophia também.

MIGUEL               — A gente podia passar o dia todo juntos, Sophia.

SOPHIA                — Eu não posso, infelizmente.

MIGUEL               — Por quê?

SOPHIA                — Porque a minha mãe pode acabar estranhando se eu chegar tarde demais em casa. Quero evitar mais discussões com ela.

MIGUEL               — Que pena!

CECÍLIA               — Mas sábado você não poderá escapar, Sophia.

SOPHIA                — O que tem sábado?

CECÍLIA               — (SORRI) Vai ter uma festa no clube, eu não perco por nada. Convide o seu amigo.

MIGUEL E SOPHIA SE OLHAM. SOPHIA DESVIA O OLHAR E OLHA PARA CECÍLIA.

SOPHIA                — Eu não sei se vou poder sair de casa no sábado.

CECÍLIA               — Eu invento qualquer coisa para a sua mãe, Sophia.

SOPHIA                — Eu tenho que pensar ainda.

CECÍLIA               — Ah, Sophia... Você pensa muito.

SOPHIA                — É porque eu não vivo agindo de forma inconseqüente como você, Cecília.

CECÍLIA               — (IRONICAMENTE) O que é muito arriscado pra você, não é, Sophia?

MIGUEL               — (SORRI) Pode pensar quanto tempo você quiser, Sophia.

CECÍLIA               — Não é assim, não, Miguel... A festa é nesse sábado, não se esqueça.

SOPHIA                — Eu tenho que ir pra casa agora.

MIGUEL               — Então, tá...

MIGUEL E SOPHIA SE ABRAÇAM NOVAMENTE. SOPHIA SE AFASTA. OLHA PARA MIGUEL.

SOPHIA                — Eu pareço não demonstrar, mas quase não consigo conter a minha felicidade. Eu estou muito feliz porque você está aqui. A minha esperança voltou.

MIGUEL               — (TOCA O ROSTO DE SOPHIA) E eu estou feliz porque você está feliz, Sophia. É lindo ver esse sorriso se iluminando novamente.

MIGUEL E SOPHIA SE ABRAÇAM NOVAMENTE. PARECEM NÃO QUERER SE SOLTAR.

CECÍLIA               — (INTERFERE) Esse abraço vai durar por mais quantos minutos? Eu estou com pressa.

SOPHIA                — Até mais, Miguel.

MIGUEL               — Até mais, Sophia.

OS TRÊS SE AFASTAM. SOPHIA E MIGUEL CAMINHAM E OLHAM PARA TRÁS, OLHANDO UM PARA O OUTRO. SORRIEM. ACENAM.
CORTA PARA:


CENA 02. RUA. CONDOMÍNIO. FRENTE. EXT. HORA DO ALMOÇO.

SOPHIA E CECÍLIA CHEGAM AO PRÉDIO ONDE SOPHIA MORA. SOPHIA VAI ENTRAR NO PRÉDIO. CECÍLIA A IMPEDE.

SOPHIA                — O que houve?

CECÍLIA               — Eu percebi o clima entre você e o seu amigo. Convenhamos que ele é um gato.

SOPHIA                — O Miguel é apenas meu amigo... O que sentimos um pelo outro, é um amor fraterno, uma amizade muito bonita.

CECÍLIA               — Vocês levavam esse afeto como um amor fraterno quando eram crianças... Ele já é um rapaz e você uma moça.

SOPHIA                — O que você está querendo me dizer, Cecília?

CECÍLIA               — Não se faça de inocente, Sophia, você é muito inteligente pra não ter percebido o que eu estou tentando te falar.

SOPHIA                — Você está querendo me atirar pra cima do Miguel.

CECÍLIA               — Eu estou apenas querendo fazer com que vocês não percam mais tempo... Vocês já não são mais crianças.

SOPHIA                — Não quero mais falar sobre isso, Cecília.

CECÍLIA               — Mas é claro que você não quer mais falar, afinal não está conseguindo admitir o que realmente sente. Eu achei que quando o visse, você fosse pular de alegria, gritar, extravasar euforia.

SOPHIA                — Acontece que eu não sou escandalosa como você.

CECÍLIA               — Acontece, Sophia, que você está presa aos traumas de infância. Você não se deixa levar pela emoção, está agindo de forma fria.

SOPHIA                — (OLHA SERIAMENTE PARA CECÍLIA) Você só diz isso porque teve uma ótima infância; não viu o que eu vi, não ouviu o que eu ouvi.

CECÍLIA               — Vai chegar um dia que você terá que superar tudo.

SOPHIA                — Você nem sabe da metade, Cecília.

SOPHIA ABRE O PORTÃO E SE RETIRA. CECÍLIA FICA A OBSERVANDO.

CECÍLIA               — (ENQUANTO VÊ SOPHIA SE AFASTANDO) Não sei porque você nunca se abriu completamente comigo.

FICA NO PORTÃO DO PRÉDIO POR ALGUNS SEGUNDOS E EM SEGUIDA VAI EMBORA.
CORTA PARA:

CENA 03. AP DOS MEIRELLES. QUARTO DE SOPHIA. INT. TARDE.

SOPHIA ENTRA EM SEU QUARTO. ATIRA A MOCHILA EM CIMA DA CAMA. FICA PENSATIVA POR ALGUNS INSTANTES. O ROSTO DE MIGUEL VÊM A SUA MENTE. SORRI. VIAJA. FICA ASSIM POR ALGUNS SEGUNDOS. É INTERROMPIDA POR UM BARULHO ESTRANHO VINDO DO QUARTO DE GABRIELA. ELA SAI PRA VER O QUE É.
CORTA PARA:

CENA 04. AP DOS MEIRELLES. QUARTO DE GABRIELA. INT. TARDE.

SOPHIA ENTRA NO QUARTO DE GABRIELA, QUE ESTÁ CAÍDA AO CHÃO. SOPHIA FICA OLHANDO PARA A MÃE CAÍDA AO CHÃO, BÊBADA. GABRIELA OLHA PARA SOPHIA.

GABRIELA          — (EMBRIAGADA) O que você está fazendo aqui?

SOPHIA                — Você está bêbada novamente... Eu já devia ter percebido.

GABRIELA          — (SE ARRASTA PELO CHÃO) Eu não estou bêbada. Eu apenas bebi um pouco. (SOPHIA OLHA PARA O CHÃO. VÊ QUE O BARULHO ESTRANHO HAVIA SIDO CAUSADO PELAS GAVETAS QUE ESTAVAM JOGADAS NO CHÃO) O que está fazendo parada aí, garota?

SOPHIA                — Eu apenas estou pensando no ponto em que você chegou.

GABRIELA          — Que ponto? A que ponto eu cheguei? A vida é minha!

SOPHIA                — Por isso mesmo... Eu estou imaginando até quando você vai continuar viva... Vive bebendo feito uma louca, fuma feito uma desesperada.

GABRIELA          — E o que você tem a ver com isso, Sophia? Você está se importando comigo? Você chega a rezar para que eu morra de uma vez... Mas fique sabendo que isso não vai ocorrer tão cedo. Eu ainda vou viver muito, porque eu tenho que te infernizar muito ainda.

SOPHIA                — Eu já nem desejo mais a sua morte... Eu não vou ter paz nem mesmo que você estiver em um caixão. Você já conseguiu acabar comigo.

GABRIELA          — (PASSA AS MÃOS PELOS CABELOS) Não me venha com seus dramas, Sophia.

SOPHIA                — (DÁ UM SORRISO IRÔNICO) Por que eu não te como nem um pouco, não é? Você sempre me disse isso.

GABRIELA          — É, é isso mesmo.

GABRIELA SE DEITA NA CAMA. ACABA ADORMECENDO. SOPHIA FICA OLHANDO GABRIELA POR ALGUNS INSTANTES. BALANÇA A CABEÇA NEGATIVAMENTE.
CORTA PARA:

CENA 05. CAMPO BONITO. STOCK-SHOTS.

SUCESSÃO DE IMAGENS DA CIDADE DE CAMPO BONITO. PERCORREMOS TODA A REGIÃO ATÉ CHEGARMOS À FRENTE DA CASA DE PAULO.
CORTA PARA:

CENA 06. CAMPO BONITO. CASA DE PAULO. FRENTE. EXT. TARDE.

JULIANA SAI DE CASA. ABRE O PORTÃO. SORRI AO VER GUSTAVO A ESPERANDO.

GUSTAVO           — (SORRI) Eu não disse que viria?

JULIANA             — Você veio. (GUSTAVO A PEGA PELA CINTURA) Gustavo, aqui não. O meu pai pode ver.

GUSTAVO           — O seu pai tem que conhecer o genro dele de uma vez.

JULIANA             — Isso significa que você se considera o meu namorado?

GUSTAVO           — E o que mais eu seria seu? Quero muito assumir o nosso namoro.

JULIANA             — Você já conseguiu as passagens pra Curitiba?

GUSTAVO          — (INSATISFEITO) Tava demorando pra tocar no assunto.

JULIANA             — Eu quero sair desse fim de mundo, Gustavo. Se eu for pra Curitiba, também vou conseguir ir pra São Paulo.

GUSTAVO           — Você já sabe que terá que trabalhar em Curitiba, não sabe?

JULIANA             — Eu já sei disso, Gustavo, não precisa você me dizer. Eu faço de tudo pra conseguir o que eu quero.

GUSTAVO           — De tudo mesmo?

GUSTAVO BEIJA O PESCOÇO DE JULIANA QUE NA MESMA HORA SE AFASTA.

JULIANA             — Pare, Gustavo, o meu pai pode nos pegar aqui!

GUSTAVO           — Você já não é mais uma adolescente, Juliana.

JULIANA             — Mas meu pai é encrenqueiro... Ele acha que só porque sou mulher, devo estar sempre trancada dentro de casa sem contato com homens.

GUSTAVO           — O seu pai é um antiquado.

JULIANA             — Ele ainda vive no tempo das cavernas... Agora eu quero saber sobre as passagens.

GUSTAVO           — Eu já consegui as passagens.

JULIANA             — E quando vamos pra Curitiba?

GUSTAVO           — Depois de amanhã.

JULIANA             — (SURPRESA) Já?

GUSTAVO           — Não era você quem estava toda apressadinha?

JULIANA             — Eu só não imaginei que iria ser tão rápido... Eu vou ter que fugir de casa.

GUSTAVO           — Fugir de casa? Você pode sair com suas coisas pela porta da frente.

JULIANA             — O meu pai é o problema, achei que você já tivesse entendido.

GUSTAVO           — É, eu já devia ter entendido mesmo... Quinta-feira, estarei te esperando na rodoviária, às 6h da manhã.

JULIANA             — (PREOCUPADA) Eu vou sair de casa bem mais cedo. Meu pai não poderá ver a minha fuga.

GUSTAVO           — Você devia me agradecer, já que irá se livrar do seu pai.

JULIANA             — Vou me livrar dele pra ter uma vida nova... E ainda vou rever o Miguel pela última vez.

GUSTAVO           — (IRRITADO) Você não tira esse teu primo da cabeça, não é?... Eu sou seu namorado, se esqueceu?

JULIANA             — O Miguel é muito especial pra mim.

GUSTAVO           — Você é apaixonada por ele, essa é a verdade.

JULIANA             — Você está com ciúmes, Gustavo?

GUSTAVO           — Não tem porque eu sentir ciúmes daquele teu priminho... Eu me garanto.

GUSTAVO RETIRA-SE. JULIANA DÁ UM SORRISO. BALANÇA A CABEÇA NEGATIVAMENTE.
CORTA PARA:




CENA 07. CASA DE EVANDRO E CAROLINA. VARANDA. EXT. DIA.

EVANDRO ESTÁ SENTADO À PORTA. PARECE ESTAR TRISTE. CAROLINA APARECE. OLHA PARA O MARIDO.

CAROLINA          — Por que está assim, homem?

EVANDRO           — Saudades do meu filho.

CAROLINA          — Eu também estou sentindo a falta dele, ainda mais eu que sou mãe. O Miguel apenas seguiu o seu destino. Isso me conforta por um lado.

EVANDRO           — Eu tenho medo que o Miguel sofra... Que ele volte de lá sem chão.

CAROLINA          — Por que você não torce pela felicidade do nosso filho?

EVANDRO           — (ALTERA A VOZ) Eu torço pela felicidade do Miguel, Carolina.

CAROLINA          — Então pense que tudo dará certo... Ele deve estar com a Sophia nesse momento... Evandro, o nosso filho deve estar em total felicidade. Ele ama aquela menina.

EVANDRO           — Que já deve não ser mais uma menina.

CAROLINA          — Já deve ser uma jovem moça, não importa. (SORRI) O que importa é que eles estão juntos e poderão selar o que o destino traçou.

EVANDRO           — Eu espero que Deus ouça suas palavras.

CAROLINA          — Ele já ouviu minhas palavras há anos atrás, quando eu via aquela linda amizade entre a Sophia e o Miguel... Eles nasceram pra ficar juntos.

EVANDRO APENAS OLHA PARA CAROLINA. BALANÇA A CABEÇA NEGATIVAMENTE.
CORTA PARA:

1º INTERVALO PARA COMERCIAIS



CENA 08. STOCK-SHOTS. TAKES DE CURITIBA.

SUCESSÃO DE IMAGENS MOSTRANDO AS BELEZAS DE CURITIBA. ANOITECE.
CORTA PARA:

CENA 09. AP DE GABRIELA E SOPHIA. SALA. INT. NOITE.

A CAMPAINHA TOCA, JÁ TARDE DA NOITE. SOPHIA ATRAVESSA A SALA DO APARTAMENTO ATÉ CHEGAR A PORTA. OLHA NO OLHO MÁGICO, ENGOLE SECO, ASSUSTADA. ABRE A PORTA. SURGE MIGUEL, QUE SORRI PARA ELA.

SOPHIA                — (ASSUSTADA. FALA EM TOM BAIXO) Miguel... O que você está fazendo aqui?

MIGUEL               — (SORRI. SUSSURRA) Eu fiquei com saudades.

SOPHIA                — Você não devia ter vindo aqui. E se a minha mãe te vê? Vá embora!

MIGUEL               — A sua mãe não iria me reconhecer, Sophia.

SOPHIA                — Vá embora!

MIGUEL               — Só se você descer comigo.

SOPHIA FICA UM POUCO PENSATIVA. DECIDE.

SOPHIA                — Está bem... Vamos!

MIGUEL E SOPHIA RETIRAM-SE, APÓS SOPHIA FECHAR A PORTA.
CORTA PARA:

CENA 10. CONDOMÍNIO. RECEPÇÃO. INT. NOITE.

SOPHIA ACOMPANHA MIGUEL ATÉ A SIMPLES RECEPÇÃO DO PRÉDIO.

SOPHIA                — Agora você já pode ir embora, Miguel.

MIGUEL               — Não ficou com saudades de mim?

SOPHIA                — Eu fiquei pensando em você o dia todo... Mas você tem que entender que não pode vir aqui de jeito nenhum. A minha mãe nem sonha que nós nos reencontramos.
MIGUEL               — Eu já disse que sua mãe jamais me reconheceria.

SOPHIA                — A minha mãe é esperta, Miguel... Eu temo que ela descubra que você está aqui, em Curitiba.

MIGUEL               — Ela não vai descobrir, Sophia.

SOPHIA                — Eu já não me sinto confiante em relação a isso. Agora, vá embora!

MIGUEL               — Eu não vou conseguir dormir direito pensando em você.

SOPHIA                — Eu não dormi até agora exatamente por esse motivo.

MIGUEL               — Não parece.

SOPHIA                — Por quê?

MIGUEL               — Porque você não demonstra que está feliz com a minha chegada. Eu vim aqui a essa hora da noite exatamente por isso: eu não consigo conter a minha felicidade.

SOPHIA                — Você quer o quê? Quer que eu comece a pular, gritar e te agarrar feito uma louca?

MIGUEL               — (OLHA SERIAMENTE PARA SOPHIA) Quer saber, Sophia? Eu queria isso mesmo. Você devia ter agido dessa forma quando me viu naquele parque.

SOPHIA                — (RI IRONICAMENTE) Você é muito bobo mesmo, Miguel.

MIGUEL               — Eu não sou um bobo... Eu apenas estou...

MIGUEL INTERROMPE-SE. SOPHIA ESTRANHA A ATITUDE DE MIGUEL.

SOPHIA                — (FITA-O) Por que não terminou o que iria dizer?

MIGUEL               — Porque eu prefiro guardar pra mim mesmo.

SOPHIA                — Guardar, o quê?

MIGUEL               — Acho melhor eu ir embora.
MIGUEL RETIRA-SE. SOPHIA FICA UM POUCO PENSATIVA. O INTERROMPE.

SOPHIA                — Miguel espere. (MIGUEL VIRA-SE PARA SOPHIA. A OLHA) Eu vou dormir melhor essa noite.

MIGUEL               — Por qual motivo?

SOPHIA                — Porque você veio aqui agora.

MIGUEL               — (DÁ UM LEVE SORRISO) Eu te amo, Sophia!

SOPHIA TAMBÉM DÁ UM LEVE SORRISO. FICA O OLHANDO.

SOPHIA                — Eu também te amo, Miguel!

MIGUEL ABRE A PORTA E VAI EMBORA. SOPHIA DÁ UM SORRISO NOVAMENTE. VOLTA AO APARTAMENTO.
CORTA PARA:

CENA 11. AP DE GABRIELA E SOPHIA. SALA. INT. NOITE.

SOPHIA ENTRA EM CASA E NÃO PERCEBE QUE GABRIELA ESTÁ NA SALA E A VÊ ENTRAR. SOPHIA VAI ATRAVESSAR A SALA EM DIREÇÃO AO SEU QUARTO QUANDO É INTERROMPIDA POR GABRIELA QUE ACENDE A LUZ DA SALA.

GABRIELA          — Onde você foi, garota?

SOPHIA LEVA UM SUSTO. VIRA-SE PARA GABRIELA.

SOPHIA                — Você já não estava dormindo?

GABRIELA          — Eu estava dormindo, mas algo falou no meu ouvido que estava acontecendo alguma coisa errada. Onde você foi, Sophia?

SOPHIA                — Eu não te devo satisfações.

GABRIELA          — Quem disse que você não me deve satisfações? Enquanto estiver debaixo do meu teto, você ainda me deve satisfações, sim.

SOPHIA                — (OLHA SERIAMENTE PARA GABRIELA) Você não tem moral nenhuma.

GABRIELA          — (IRRITADA) Você quer que eu te dê uma bofetada, garota?

SOPHIA                — (GRITA REVOLTADA) Experimente! (t) Já é muito tarde e eu não vou fazer barulho nos ouvidos dos vizinhos.

GABRIELA          — E você acha que eu me importo com essa gentinha?

SOPHIA                — Assim como eles não se importam com você também... Eles nem te suportam.

GABRIELA          — E isso não me abala nem um pouco.

SOPHIA                — Você acha que nada te abala... Mas um dia, eu ainda irei te ver no chão.

GABRIELA          — A sua praga não pega, garota!

SOPHIA SE RETIRA E SE TRANCA NO QUARTO. CORTE IMEDIATO PARA: QUARTO DE SOPHIA. INT. NOITE. SOPHIA ENCOSTA-SE NA PAREDE E DÁ UM LEVE SORRISO AO PENSAR NO AMIGO.
CORTA PARA:

CENA 12. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA.

AMANHECE.

CENA 13. AP DE GABRIELA E SOPHIA. SALA. INT. DIA.

A CAMPAINHA TOCA. GABRIELA SAI DO QUARTO E ATRAVESSA A SALA. ABRE A PORTA. SURGE CECÍLIA. GABRIELA FAZ CARA DE POUCOS AMIGOS.

GABRIELA          — (INSATISFEITA) Você?

CECÍLIA               — (SORRINDO) Posso entrar, Dona Gabriela?

GABRIELA DEIXA CECÍLIA ENTRAR. FECHA A PORTA E DEPOIS OLHA SERIAMENTE PARA CECÍLIA.

GABRIELA          — O que você veio fazer aqui? A Sophia está no colégio... Você também devia estar.

CECÍLIA               — Eu não fui ao colégio hoje, porque eu tinha o propósito de vir falar com a senhora.

GABRIELA          — E por que não veio à tarde?

CECÍLIA               — Porque à tarde eu tenho outras coisas para fazer.

GABRIELA          — E o que veio falar comigo?

CECÍLIA               — Eu quero saber se a senhora permite que a Sophia passe esse final de semana na minha casa.

GABRIELA          — (FITA CECÍLIA) O final de semana inteiro?

CECÍLIA               — (SORRI. MENTE) Sim... Nós vamos fazer uma festa do pijama.

GABRIELA          — Uma festa do pijama. Por que eu não confio em você, garota?

CECÍLIA               — Essa é uma pergunta que só a senhora pode dar a resposta.

GABRIELA FICA OLHANDO PARA CECÍLIA POR ALGUNS SEGUNDOS.

GABRIELA          — Eu não devia deixar a Sophia ir passar esse final de semana na sua casa... Mas eu estou a ponto de aceitar qualquer proposta pra me livrar dela, nem que seja por apenas dois dias.

CECÍLIA               — (DÁ UM SORRISO DE SATISFAÇÃO) Então isso quer dizer que a senhora irá permitir?

GABRIELA          — Eu vou permitir... Mas mesmo assim, ainda estou com o “pé atrás”. Se a Sophia aprontar algo, mais cedo ou mais tarde, eu vou descobrir... E também, eu já disse que não confio em você... Afinal eu sei de sua fama.

CECÍLIA               — (SURPRESA) A minha fama? Que fama?

GABRIELA          — A sua fama de... (DÁ UM SORRISO IRÔNICO) Você deve saber, eu prefiro não usar palavras que acabem te ofendendo.

CECÍLIA DÁ UM LEVE SORRISO. APROXIMA-SE DE GABRIELA.

CECÍLIA               — Eu só me comporto de tal jeito, porque usa a senhora como a minha musa inspiradora. Até mais!
CECÍLIA ABRE A PORTA. VAI EMBORA. GABRIELA FICA REVOLTADA AO OUVIR AQUELAS PALAVRAS DE CECÍLIA.

GABRIELA          — Garota atrevida!

GABRIELA PASSA AS MÃOS NOS CABELOS, REVOLTADA.
CORTA PARA:

CENA 14. ESCOLA. FRENTE. EXT. HORA DA SAÍDA.

O SINAL DA ESCOLA BATE. OS PORTÕES SÃO ABERTOS PARA A SAÍDA DOS ALUNOS. SOPHIA ESTÁ SAINDO. VÊ CECÍLIA SE APROXIMANDO.

SOPHIA                — Por que você não veio à escola hoje?

CECÍLIA               — Porque eu fui à sua casa.

SOPHIA                — Foi conversar com minha mãe sobre a festa de sábado?

CECÍLIA               — Não... Eu inventei que você vai passar o final de semana na minha casa.

SOPHIA                — E ela permitiu?

CECÍLIA               — (SORRINDO) É claro que ela permitiu... Afinal eu tenho o poder de persuasão.

SOPHIA                — O seu poder de persuasão não funcionou com a minha mãe... Eu já sei disso.

CECÍLIA               — É, não funcionou... E também, eu nem o usei... E acho que nem funcionaria... O importante é que ela permitiu.

SOPHIA                — Que bom!

CECÍLIA               — Só que eu disse que você vai passar todo o final de semana na minha casa.

SOPHIA                — Todo o final de semana? É agora que eu terei que passar todo o final de semana na sua casa.

CECÍLIA               — O que seria muito divertido, não acha? Mas você vai passar o final de semana com o seu amiguinho.
SOPHIA                — Do que você está falando, Cecília?

CECÍLIA               — Que você vai passar o final de semana com o Miguel... Essa é a sua oportunidade.

SOPHIA                — Você só pode estar louca.

CECÍLIA               — Eu não estou louca... Se eu fosse você, eu não perdia essa oportunidade por nada. E também, não perderia tempo em relação ao Miguel.

SOPHIA                — O que você está querendo dizer, Cecília?

CECÍLIA               — (UM POUCO IRRITADA) Ah, Sophia, às vezes, você se faz de palerma! (t) Eu estou querendo dizer que se tiver que ocorrer algo entre você e o Miguel, que já aconteça nesse final de semana.

SOPHIA FICA QUIETA. DEIXA CERTOS PENSAMENTOS INVADIREM SUA MENTE. CONGELA EM “SOPHIA”.
CORTA PARA:

FIM DO CAPÍTULO 15






















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