COM AMOR
SEGUNDA FASE
SEGUNDO CICLO
Capítulo 020
Novela de
MARCUS VINICK
MIGUEL RODRIGUES
Direção
MIGUEL RODRIGUES
HENZO VITURINO
HENZO VITURINO
Direção Geral
MIGUEL RODRIGUES
Núcleo
DNA - DRAMATURGIA NOVOS AUTORES
Personagens deste capítulo
GUILHERME
SOPHIA
MIGUEL
JULIANA
GABRIELA
CECÍLIA
CARDOSO
(participação)
CARLOS ALBERTO
ÍTALO
PASSAGEIROS DO AEROPORTO (participação)
TAXISTA (participação)
BRYAN (participação)
CLIENTE DO CLUBE (participação)
FIGURANTES DO CLUBE
FIGURANTES DA UNIVERSIDADE
FIGURANTES RUA
CENA 01.
UNIVERSIDADE. FRENTE. RUA. EXT. DIA.
Cont. da cena 17 do capítulo anterior. O
motorista desce do carro para ajudar Sophia. Continua olhando para ela.
GUILHERME — Você está bem?
Se machucou?
SOPHIA —
Não...
GUILHERME — Não?
SOPHIA —
Não, eu apenas levei um susto.
GUILHERME —
Quero te pedir desculpas, moça.
SOPHIA —
A culpa foi minha por não ter olhado para os lados achando que não fosse vir
nenhum automóvel.
GUILHERME — Mas
mesmo assim, eu quero me desculpar... Eu não devia estar andando em alta
velocidade nesta rua que dá acesso à universidade.
SOPHIA —
Está bem. Está desculpado.
GUILHERME — Você
estuda aqui?
SOPHIA —
Não, eu vim ver o meu namorado... Ele trabalha aqui.
GUILHERME —
Ah...
SOPHIA —
(retirando-se) Eu tenho que ir agora. Tchau!
GUILHERME —
Espera um pouco.
Sophia revira o
olhar. Disfarça ao virar-se para ele.
SOPHIA —
O que houve?
GUILHERME — Eu
nem perguntei o seu nome.
SOPHIA —
O meu nome é Sophia.
GUILHERME —
Prazer, Sophia, meu nome é Guilherme!
Sophia dá um
leve sorriso. Balança a cabeça positivamente. Retira-se em seguida. Guilherme
dá um sorriso. Fica pensativo.
CORTA PARA:
CENA 02. UNIVERSIDADE. PÁTIO. INT. DIA.
Sophia vem caminhando. Miguel sai da sala.
Dá um sorriso ao ver Sophia. Os dois caminham ao encontro um do outro.
MIGUEL — Meu amor... O
que está fazendo aqui?
Miguel e Sophia
beijam-se.
SOPHIA —
Eu vim ver você.
MIGUEL —
Mas você não devia estar trabalhando?
SOPHIA —
O clube está fechado hoje... A sogra do Senhor Mello faleceu esta manhã.
MIGUEL —
Hum... E aí você veio me ver... Gostei! (Sophia dá um sorriso. Miguel continua)
E como você está?
SOPHIA —
Estou bem, quero dizer... Eu quase fui atropelada quando estava atravessando
aquela rua em frente à universidade.
MIGUEL —
Mas você está se sentindo bem?
SOPHIA —
Sim... Não aconteceu nada comigo.
MIGUEL —
E quem foi o idiota que quase te atropelou?
SOPHIA —
Ele não teve culpa.
MIGUEL —
Então foi um homem?
SOPHIA —
Sim... Não olhei para os lados antes de atravessar... Aquela rua só é
movimentada quando está na saída dos alunos.
MIGUEL —
E esse homem estava dirigindo em uma velocidade normal?
SOPHIA —
Não, tanto que ele me pediu desculpas, pois estava dirigindo em alta
velocidade.
MIGUEL —
Então ele foi o irresponsável.
SOPHIA —
Eu também tive a minha parcela de irresponsabilidade... Mas agora vamos
esquecer isso.
MIGUEL —
Está bem... Mas se você tivesse sido atropelada, esse cara iria se entender
comigo.
SOPHIA —
(sorri) Tá, Miguel.
MIGUEL —
Daqui a pouco, tenho outro período.
SOPHIA —
Mas você não está na hora do intervalo?
MIGUEL —
Sim. Vamos comer alguma coisa.
Sophia sorri.
Balança a cabeça positivamente. Miguel segura sua mão e os dois seguem para a
cantina da universidade.
CORTA PARA:
CENA 03. UNISVERSIDADE. REITORIA. INT. DIA.
Guilherme
senta-se em uma poltrona em frente à mesa do reitor da universidade.
CARDOSO —
Então seu pai está voltando?
GUILHERME — Sim,
ele está voltando.
CARDOSO — E
ele está voltando por qual motivo?
GUILHERME — O meu pai já está
praticamente aposentado, então ele resolveu se interessar pelo mundo das artes.
Ele quer encontrar um gênio artístico aqui, em Curitiba.
CARDOSO — Aqui em
Curitiba? Mas gênios artísticos podem existir em qualquer lugar do Brasil.
GUILHERME — O
meu pai não vê que isso será perca de tempo. E também ele já não mais nada o
que fazer da vida.
CARDOSO — Eu
jurei que ele estivesse vindo por causa da universidade.
GUILHERME — É aí que o senhor
se engana. Ele também está vindo por causa da universidade, afinal tudo isso
aqui faz parte de um império educacional que ele herdou do meu avô e que, logo,
logo irá pertencer a mim.
CARDOSO — É, você tem
razão... Mas o que você pretende fazer de tudo isso depois que herdar?
GUILHERME — Continuar o
trabalho de meu pai, isso já é certo que faz parte de meus planos. Pode ficar
tranqüilo, Senhor Cardoso, eu não vou vender tudo que meu avô construiu e,
muito menos, irei tirar o seu cargo de reitor nessa unidade aqui. (Cardoso
dá um leve sorriso) Vamos brindar com um uísque a volta de meu pai ao
Brasil?
CARDOSO — Eu não posso
consumir bebidas aqui.
GUILHERME — Ah,
Senhor Cardoso, não minta pra mim... Vai dizer que o senhor resolve todos os
problemas dessa universidade, sem que beba um uísque antes?
Cardoso sorri
novamente. Levanta-se da poltrona. Tira uma garrafa de dentro de um
compartimento falso, da estante de livros.
CARDOSO —
Não é uísque... É vodka.
GUILHERME —
(SORRI) Tanto faz... Desde que possamos brindar, Senhor Cardoso.
Eles riem.
Cardoso serve o copo de Guilherme e o dele. Entrega o copo para Guilherme.
Erguem os copos. Brindam e tomam um gole.
CORTA PARA:
CENA 04. STOCK-SHOT. TAKES
DE CURITIBA.
Anoitece.
CORTA PARA:
CENA 05. AP
DE MIGUEL. SALA. INT. NOITE.
Miguel entra em seu apartamento. Caminha
em direção seu quarto.
CORTA
PARA:
Miguel entra em seu quarto. Tira a camisa.
Ouve-se batidas na porta. Miguel pega um pedaço pau e volta para a sala.
CORTA
PARA:
Miguel atravessa a sala em direção à
porta, sempre com o pedaço de pau em punho. Abre a porta. Vemos Juliana em pé.
Assusta-se ao ver que o primo segura um pedaço de pau.
JULIANA — (espantada) O
que você vai fazer com isso?
MIGUEL —
Juliana?!
Juliana fica
olhando para Miguel.
JULIANA —
Miguel...
Juliana abraça
Miguel, fortemente. Não contém as lágrimas.
MIGUEL —
Me solte, Juliana...
JULIANA —
Por favor... Me deixe ficar agarrada a você?
MIGUEL —
Me solte!
Juliana se solta
de Miguel. Fica olhando para o rapaz.
JULIANA —
Miguel, eu...
MIGUEL —
(T: ofegante, a interrompe) De onde você veio? Como conseguiu o meu endereço?
JULIANA —
Um rapaz lá no albergue onde você morava antes, me deu o seu endereço.
MIGUEL —
Só pode ter sido o Rigo.
JULIANA —
Eu voltei pra Curitiba e precisava te ver.
MIGUEL —
Você
não tinha ido pra São Paulo? Você se despediu de mim como se nunca mais fosse
voltar, mas pelo visto, você estava mentindo pra vir me infernizar depois de
algum tempo.
JULIANA — É uma longa
história. (T: toma fôlego) Eu vou te falar tudo.
MIGUEL —
(T: ainda ofegante) Eu não quero saber de nada... Eu quero que você vá embora.
JULIANA —
Eu não tenho lugar para ficar.
MIGUEL —
E o seu namoradinho?
JULIANA —
Eu não quero nunca mais ver aquele desgraçado na minha frente.
MIGUEL —
Assim como eu não quero te ver na minha frente também... Vá embora!
JULIANA —
Por favor, Miguel, eu te imploro!
Miguel fica
pensativo por alguns instantes. Passa as mãos pelos cabelos. Escancara a porta.
MIGUEL —
Entra, Juliana!
Juliana entra.
Olha para todos os lugares. Observa o apartamento do primo. Miguel fecha a
porta. Vira-se para Juliana. A encara seriamente.
MIGUEL —
(cont.) E então?
JULIANA —
Eu vou te falar tudo.
MIGUEL —
Então comece.
Miguel fica em
pé, próximo à Juliana. A encara seriamente. Juliana começa a falar, fora de
áudio. Miguel fica atento às palavras de Juliana.
CORTA PARA:
CENA 06. AP DE
GABRIELA E SOPHIA. COZINHA. INT. NOITE.
Sophia prepara o jantar. Vira-se. Percebe
que Gabriela está atrás. Gabriela olha seriamente para Sophia.
SOPHIA — (séria) O que
você quer?
GABRIELA — O
clube esteve fechado hoje.
SOPHIA —
(coloca o prato sobre a mesa) E daí?
GABRIELA — E
daí que você não trabalhou.
SOPHIA —
(T: encara Gabriela) Você anda me perseguindo, é isso?
GABRIELA —
(ronda Sophia) Eu não preciso ficar te perseguindo pra ficar sabendo das
coisas... A sogra do dono do clube faleceu hoje de manhã, ou seja, o clube esteve
fechado.
SOPHIA —
(aproxima-se de Gabriela, a encara) E o que você tem a ver com isso?
GABRIELA — O que eu tenho a
ver, Sophia? O que eu tenho a ver é que você anda me enganando e já faz um bom
tempo. Onde você passou o dia todo?
SOPHIA — Eu já não sou
mais uma adolescente de 16 anos... Esqueceu? Eu não te devo satisfações... Até
porque você nunca se importou comigo.
GABRIELA — Eu
não gosto de ser feita de idiota... Aliás... Eu não sou idiota. (t) Eu sei que
você está aprontando alguma coisa, eu só não tive tempo de descobrir.
SOPHIA —
(encara Gabriela) Não teve tempo porque vive bebendo!
GABRIELA — Você é muito
atrevida, garota! Está se achando, não é? Só porque já completou seus 18 anos.
Você está muito enganada, Sophia... Enquanto você não completar seus 21 anos,
terá que me dar satisfações, sim! E mesmo assim, se continuar debaixo do meu
teto, terá que dar do mesmo jeito.
SOPHIA — Você não é
digna de que eu lhe dê satisfações das coisas que eu faço ou deixo de fazer...
Comparado às coisas imundas que você deve fazer por aí, o que eu faço não é
praticamente nada.
Gabriela se
revolta. Dá uma bofetada no rosto de Sophia.
GABRIELA —
Achou que não fosse mais levar um tapa, garota atrevida?
SOPHIA —
Isso não é nada. Isso já não dói mais. A minha verdadeira dor está por dentro,
está no meu coração, na minha alma.
GABRIELA —
(T: fria) E eu espero que essa sua dor aumente cada vez mais... Enquanto eu
estiver viva, essa sua dor só irá se aprofundar cada vez mais. Eu não vou te
deixar ser feliz, Sophia.
SOPHIA —
(T: altera a voz, está nervosa) Eu vou ser feliz, sim! E você terá de
inveja de mim, pois nunca conseguiu o afeto de ninguém. E se alguma vez
conseguiu algum tipo de sentimento, você não soube retribuir e nem mesmo se
deixar ser amada.
GABRIELA — Está querendo
falar de seu pai, não é?
SOPHIA —
É
dele mesmo. Ele só te amou porque nunca imaginou que você seria capaz de fazer
as coisas que fez comigo, as marcas que você deixou em mim, as feridas dentro
do meu coração que não querem cicatrizar de forma alguma.
GABRIELA — E você acha
que se seu pai amado estivesse aqui, tudo teria sido diferente?
SOPHIA —
Teria.
GABRIELA —
Não, não teria... Nós estaríamos vivendo como mendigos... Não estaríamos mais
nesse apartamento.
SOPHIA —
E você
acha que fez alguma coisa tão gloriosa para nos tirar da situação em que
estávamos?
GABRIELA — Fiz.
SOPHIA —
O que
você fez? Trouxe aqueles homens para cá? Era um diferente a cada noite. Eu via
tudo aquilo, eu tive que presenciar a minha própria mãe fazendo da casa onde eu
morava em um verdadeiro bordel. O que mais você fez? Bebia feito uma doida,
saía quase todas as noites e só voltava quando estava amanhecendo. Você nunca
me deu nada, só não me negou um prato de comida porque já seria algo muito
cruel, algo muito mais cruel do que as outras atrocidades. (Gabriela fica com os olhos
marejados. Não se contém em derramar as lágrimas. Sophia continua) Eu
perdi todas as pessoas que me amavam de verdade. Você não me abraçou nenhuma
vez quando meu pai morreu naquele acidente. Você jogou a notícia da morte do
Leonardo na minha cara, sem que tivesse nem um pouco de sentimento por mim, sem
nem um pouco de pena. E quando meu avô faleceu, você só queria saber do
dinheiro que tinha conseguido com a venda da fazenda; aquela fazenda que, por
direito, era minha. Você não teve dó de mim, mas eu também não vou ter por você
quando eu te ver doente em cima de uma cama. Eu ainda vou ter o prazer de te
ver morrendo.
GABRIELA — Isso só mostra
que você está se tornando uma pessoa cruel também... Você irá se tornar a minha
cópia, Sophia.
SOPHIA —
Não,
eu não vou ser a sua cópia, eu vou ser diferente porque eu tenho um coração,
por mais que ele esteja ferido. Eu tenho sentimentos, por mais que eles estejam
detonados.
GABRIELA — Esse é o seu
destino, Sophia, não fuja dele.
SOPHIA —
(grita) Eu não sou como você e nunca serei.
GABRIELA —
(encara Sophia) Isso é o que nós veremos.
Gabriela
retira-se rapidamente. Sophia serve seu jantar. Come pouco. Deixa algumas
lágrimas caírem de seus olhos.
CORTA PARA:
CENA 07. AP DE MIGUEL. SALA. INT. NOITE.
Miguel senta-se no sofá. Fica olhando para
Juliana.
MIGUEL — Você está me
dizendo que foi obrigada a se prostituir?
JULIANA —
Eu estava nas mãos de verdadeiros bandidos.
MIGUEL —
E como conseguiu fugir?
JULIANA — A polícia invadiu
aquela casa através de uma denúncia que havia sido feita. Eu me aproveitei da
situação e fugi. Eu fui parar em uma estrada, precisava de uma carona e acenei
para todos os automóveis que passavam, até que um caminhão parou.
MIGUEL — Eu não consigo
acreditar que você tenha vivido tudo isso.
JULIANA — Você
não está acreditando em mim?
MIGUEL —
Não é
isso, Juliana, é que uma situação muito difícil de aceitar; você teve que se
prostituir pra não acabar morrendo nas mãos de bandidos.
JULIANA — (T:
soluça; não contém as lágrimas) Eu sofri tanto.
Miguel comove-se
com a situação de Juliana. Levanta-se. Abraça Juliana fortemente.
MIGUEL —
Tudo isso já acabou agora.
JULIANA —
Eu achava que nunca mais fosse sair daquele inferno.
MIGUEL —
Nem
todo mal dura para sempre. Você e as outras garotas que estavam passando por
tudo agora estão livres.
Juliana começa a beijar o pescoço de
Miguel, em seguida beija seu rosto.
JULIANA — Eu te amo,
Miguel, eu te amo.
MIGUEL —
Pare
com isso, Juliana! Você acha que só porque estou comovido pode se aproveitar de
mim? Você não mudou nada mesmo.
JULIANA — Eu nunca te tirei
da minha cabeça, Miguel, eu nunca deixei de pensar em você.
MIGUEL — Que bom, porque
enquanto você pensava em mim, eu estava com a Sophia. É ela que eu amo e sempre
vou amar. Isso que você sente por mim já não é mais amor, paixão, seja lá o que
for isso já está se tornando obsessão.
JULIANA — A Sophia. Sempre a
Sophia... Será que ela realmente te ama?
MIGUEL — Não ouse duvidar
do amor que ela sempre por mim. Você não tem esse direito e nem mesmo presencia
o que nós vivemos.
JULIANA — Então vocês
estão juntos e firmes.
MIGUEL —
Estamos.
Agora eu não quero falar sobre minha relação com a Sophia, porque isso não tem
nada a ver com você. Eu quero saber o que você vai fazer de sua vida.
JULIANA — Eu ainda não
sei o que fazer... Eu não tenho pra onde ir.
MIGUEL —
Volte para Campo Bonito.
JULIANA —
Eu não posso voltar, o meu pai jamais me aceitaria de volta.
MIGUEL —
Então o que você vai fazer da sua vida aqui, em Curitiba?
JULIANA —
Eu não sei que caminho vou seguir... Eu só tenho você.
MIGUEL —
Você
foi muito idiota de ter acreditado no Gustavo, de ter saído de Campo Bonito
achando que vocês dois fossem viajar pelo mundo atrás de sonhos, objetivos... A
vida não é assim.
JULIANA — Muitos
conseguem.
MIGUEL —
Muitos
conseguem quando se tem uma pessoa realmente confiável ao lado. Você estava se
relacionando com um verdadeiro crápula, que na sua frente era um santo, mas
pelas suas costas estava “abrindo um buraco” para que você caísse.
JULIANA — Você só está
me dizendo essas coisas porque não quer me ajudar.
MIGUEL —
Eu não tenho condições de te ajudar... O dinheiro que eu ganho é muito pouco.
JULIANA — Eu não quero que
você pague um quarto de albergue pra eu ficar hospedada, se é isso que você
está pensando. Eu quero ficar aqui, Miguel.
MIGUEL — (surpreso)
Aqui?
JULIANA —
Aqui... Com você. (Miguel dá um sorriso irônico. Balança a cabeça negativamente) Viu? Você até já
está sorrindo de alegria.
MIGUEL — Você é muito
abusada, provocativa. Eu não estava sorrindo por alegria. O meu sorriso foi por
causa da ironia causada pelo fato.
JULIANA — Vai me deixar
ficar aqui ou não? Eu não tenho pra onde ir, você tem que pensar nisso.
MIGUEL — Eu não posso.
JULIANA —
Por quê? Miguel, não seja tão mal comigo.
MIGUEL —
A Sophia não iria gostar.
JULIANA —
A Sophia, por acaso, mora aqui com você?
MIGUEL —
Não.
JULIANA —
Então, Miguel... Eu não tenho pra onde ir, eu estou sem nada.
MIGUEL —
O que
a Sophia iria pensar vendo outra mulher morando aqui, comigo?
JULIANA — Eu não sou
outra mulher... Eu sou sua prima.
MIGUEL —
A Sophia sabe que você... (T: respira fundo) Que você gosta de
mim.
JULIANA — (tenta
disfarçar o sorriso) Ela sabe?
MIGUEL —
Eu
não contei que você já se declarou, já tentou até mesmo me agarrar, mas ela já
deve ter percebido. E também, Juliana, eu não quero você aqui.
JULIANA — Você não pode
fazer isso comigo.
MIGUEL —
Volte
pra Campo Bonito, lá você terá uma casa, terá os seus pais ao seu lado.
JULIANA — Eu já disse
que meu pai não vai me aceitar lá.
MIGUEL —
Então eu não sei o que você vai fazer.
JULIANA —
Me deixe ficar aqui, é a única solução.
MIGUEL —
A solução para acabar com o meu namoro, é isso?
JULIANA —
Você é quem pensou nisso.
MIGUEL —
Juliana,
eu não vou arriscar perder a Sophia por sua causa. O meu amor por ela é muito
forte e eu não quero ver ela triste ou magoada comigo.
JULIANA — Tudo bem,
Miguel... Já que você não quer me ajudar, eu vou embora.
Juliana
abre a porta para sair. Miguel a impede.
MIGUEL —
Fique, Juliana!
Juliana
dá um leve sorriso. Disfarça ao olhar para Miguel.
JULIANA —
Você vai me deixar ficar?
MIGUEL —
Apenas
essa noite. Amanhã, eu vou pensar em como vou arranjar um lugar para que você
fique.
JULIANA — Obrigada,
Miguel!
Juliana
abraça Miguel. Miguel se solta dos braços de Juliana. Se afasta.
MIGUEL —
Você
pode dormir no meu quarto, eu vou ficar essa noite aqui no sofá.
JULIANA — Não... Eu
durmo no sofá.
MIGUEL —
Eu
não vou deixar você passar a noite nesse sofá duro. Eu posso até não gostar de
você, mas também não vou ser tão grosseiro.
JULIANA — Se você não
gostasse de mim, teria me deixado ir embora. Aliás, você nem teria me deixado
entrar aqui e parado pra me ouvir
Miguel fica
olhando para Juliana. Desvia o olhar.
MIGUEL — Eu vou tomar
um banho.
Miguel
retira-se. Juliana dá um sorriso de satisfação.
CORTA PARA:
1° INTERVALO PARA COMERCIAIS
CENA 08. STOCK
– SHOT. TAKES DE CURITIBA.
Amanhece.
CENA 09. CLUBE. CAIXA. INT. DIA.
Sophia chega ao
clube. Abre o caixa. Revisa o dinheiro. Deixa uma moeda cair. Abaixa-se para
pegar. Levanta-se distraída. Percebe uma pessoa à sua frente. Sophia fica
surpresa e ao mesmo tempo não consegue conter o tremor e o nervosismo.
SOPHIA — Eu não estou
acreditando.
CECÍLIA —
Eu voltei!
SOPHIA —
Cecília!
Sophia
faz a volta. Abraça Cecília fortemente. Não contém as lágrimas.
CECÍLIA —
Pare de chorar, Sophia.
SOPHIA —
Como
você quer que eu não chore? Você ficou todo esse tempo sumida. Você tem noção
do sofrimento que me causou? Você sabe o quanto a sua mãe está sofrendo por sua
causa?
CECÍLIA — Eu tive que
fugir, eu não iria agüentar o desprezo do meu pai.
SOPHIA —
E pra onde você foi? Como você está? E o seu filho, Cecília?
CECÍLIA —
Nós
iremos conversar, mas não podemos agora. Eu não quero atrapalhar o seu
trabalho.
SOPHIA — Eu até já estava
me esquecendo disso. Eu estou com tantas saudades de você.
CECÍLIA — Na hora do seu
intervalo, estarei te esperando na cantina perto à piscina.
SOPHIA — Está bem.
CECÍLIA —
Até logo!
Cecília
retira-se, mas antes de ir, é impedida por Sophia que grita por ela.
SOPHIA —
Cecília, espere! (Cecília para. Vira-se para Sophia. Sophia corre, a abraça fortemente)
Promete que não vai fazer mais isso?
CECÍLIA —
(dá
um leve sorriso) Eu não posso te prometer nada... Mais tarde iremos
conversar.
Cecília
retira-se. Sophia sorri de felicidade.
CORTA PARA:
CENA
10. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA.
Mais
tarde.
CENA 11. CLUBE. PISCINA.
EXT. DIA.
Sophia
e Cecília almoçam. Conversam.
CECÍLIA —
Quando
eu fugi, peguei um ônibus e nem sabia que rumo ele estava tomando. Eu fui parar
em uma uma cidade do interior. Lá, eu fui internada em um hospital, pois eu
havia passado fome por vários dias e já estava ficando desnutrida.
SOPHIA — E o seu filho,
Cecília?
CECÍLIA —
Eu não tive o meu filho.
SOPHIA —
O quê?
CECÍLIA —
Eu
fugi, Sophia, porque meu pai me obrigou a abortar o meu filho. Eu tive medo do
que iria ser do meu filho sem ter como sustentá-lo.
SOPHIA — Mas você
estava morando na casa de seus pais.
CECÍLIA —
O meu pai não iria me dar nada do mesmo jeito... Ele já tinha me dito isso.
SOPHIA —
(transtornada)
Eu não estou acreditando nisso.
CECÍLIA —
O meu
pai me obrigou a abortar o meu filho, mas eu preferi não contar isso pra minha
mãe. Eu tive medo que eles se separassem e minha mãe acabasse cometendo uma
loucura. Eu não agüentei ter que viver na mesma casa que meu pai e acabei
fugindo.
SOPHIA — O seu pai cometeu
uma crueldade, ele não devia ter feito isso.
CECÍLIA — Mas ele fez. Ele
me levou em uma clínica clandestina e o aborto foi feito lá. Eles me deram uma
injeção. Era apenas um feto, mas foi algo que doeu muito em mim.
Sophia fica
abalada. Derrama algumas lágrimas.
SOPHIA — O seu pai
estragou a sua vida.
CECÍLIA —
Estragou.
Agora eu tenho medo de nunca mais poder ter um filho, medo de casar e não poder
constituir uma família.
SOPHIA — Eu sinto
muito, minha amiga.
CECÍLIA —
Ninguém sente mais do que eu, Sophia, ninguém.
SOPHIA —
E onde você está agora?
CECÍLIA —
Estou com o meu noivo.
SOPHIA —
Noivo?
CECÍLIA —
Sim,
no hospital, eu acabei me apaixonando pelo enfermeiro que me tirou da rua e
conseguiu que eu fosse internada. Se não fosse ele, eu teria morrido.
SOPHIA — Então você já
está refazendo a sua vida?
CECÍLIA —
Por um lado, sim... E a minha mãe como ela está?
SOPHIA —
A sua mãe se separou de seu pai já faz um ano.
CECÍLIA —
Eles
se separaram? Mas minha mãe não tinha nada.
SOPHIA — A sua mãe está
muito bem financeiramente, ela conseguiu tirar um bom dinheiro de seu pai.
CECÍLIA — E o meu pai?
SOPHIA —
Eu nem sei como te falar isso.
CECÍLIA —
O quê? O que aconteceu com meu pai?
SOPHIA —
Cecília,
logo que seu pai se separou de sua mãe, ele começou um envolvimento com outra
mulher.
CECÍLIA — E o que isso tem
de mais, Sophia? Que ele seja muito infeliz ao lado dessa mulher!
SOPHIA — Acontece é que
essa mulher era a minha mãe.
CECÍLIA —
(quase
se engasga) O quê?
SOPHIA —
Mas
eles não estão mais juntos. Foi algo muito passageiro. Durou até que minha mãe
conseguiu arrancar uma boa grana dele também.
CECÍLIA — Eu estou muito
surpresa com isso. Eu jamais pude imaginar meu pai iria se envolver logo com a
sua mãe.
SOPHIA — A minha mãe é
uma pessoa muito ambiciosa.
CECÍLIA —
E você sabe onde a minha mãe está?
SOPHIA —
Sei... Eu vou te dar o endereço.
CECÍLIA —
E o seu relacionamento com o Miguel?
SOPHIA —
Já
estamos juntos há dois anos. Eu sou muito feliz ao lado dele. O meu único
problema continua sendo a minha mãe.
CECÍLIA — Mas não vamos
falar dela.
SOPHIA —
Você deve está com nojo dela, não é?
CECÍLIA —
Ninguém me dá mais nojo nessa vida do que o meu próprio pai.
SOPHIA —
Eu sinto a mesma coisa pela minha mãe.
CECÍLIA —
Vamos mudar de assunto?
SOPHIA —
Vamos!
CECÍLIA —
Me fale do Miguel.
SOPHIA —
Não...
Eu quero saber sobre o seu noivo e como essa relação começou. Eu jamais
imaginei que você fosse se prender a alguém.
CECÍLIA — Pensando bem,
Sophia, a vida me deu uma grande rasteira, mas serviu para que enxergasse os
meus erros e resolvesse virar uma mulher de verdade. O Henrique me surgiu em um
bom momento, ele me fez amadurecer...
Cecília continua
falando fora de áudio. Sophia presta atenção em Cecília. De vez em quando
sorri.
CORTA PARA:
CENA 12. STOCK-SHOT. TAKES
DE CURITIBA.
Anoitece.
CENA 13. CLUBE. ENTRADA. EXT. NOITE.
Sophia sai do
clube. Vê que Miguel a espera. Corre para abraçá-lo. Beijam-se. Miguel a olha
fixamente.
MIGUEL — Que sorriso
diferente é esse em seu rosto?
SOPHIA —
É porque eu estou com você agora.
MIGUEL —
Mentira! Deve ter acontecido alguma coisa.
SOPHIA —
Como pode não acreditar em mim?
MIGUEL —
Você está feliz por algo muito bom que deve ter ocorrido.
SOPHIA —
Está bem, Miguel, eu vou lhe dizer.
MIGUEL —
Acho bom mesmo.
SOPHIA —
A Cecília voltou.
MIGUEL —
Não estou acreditando.
SOPHIA —
(grita.
Ri de felicidade) A minha amiga voltou!
Miguel
e Sophia se abraçam fortemente. Beijam-se. Sem que eles percebam, Gabriela os
vigia de longe. Em “Gabriela”.
CORTA PARA:
2º INTERVALO PARA COMERCIAIS
CENA 14. AP DE GABRIELA E SOPHIA. SALA. INT.
NOITE.
Sophia abre a porta da sua casa. Entra. A
sala está escura. Vai acender a luz, mas Gabriela é mais rápida. Põe sua mão no
interruptor assustando Sophia. Acende a luz.
SOPHIA — Você acabou de
me dar um susto.
GABRIELA —
Você é quem anda se assustando a toa.
SOPHIA —
Acho que você está enganada.
GABRIELA — (T:
olha seriamente para Sophia) Eu queria estar enganada sobre muitas
coisas.
Sophia olha para
Gabriela por alguns instantes. Atravessa a sala em direção ao seu quarto.
Entra. Tranca-se. Vemos Gabriela pensativa. Caminha até o sofá. Senta-se.
Permanece pensativa.
CORTA PARA:
CENA 15. AP DE MIGUEL. COZINHA. INT. NOITE.
Miguel chega em
casa. Atravessa a sala em direção à cozinha. Depara-se com o jantar já pronto.
Juliana aparece. Dá um sorriso ao ver o primo.
JULIANA —
Achei que você fosse chegar mais tarde.
MIGUEL —
E o jantar iria ficar esfriando?
JULIANA —
Era essa a minha preocupação há alguns minutos atrás... Mas ainda bem que você
chegou. (T: Miguel revira o olhar. Olha para Juliana seriamente. Juliana
continua) Gostou? Eu fiz seu prato favorito: panqueca de espinafre.
MIGUEL —
Eu não pedi pra você fazer jantar nenhum.
JULIANA —
Não tinha nada pra comer na geladeira.
MIGUEL —
Eu poderia comer qualquer coisa, até mesmo fazer um lanche.
JULIANA —
Você devia me agradecer, Miguel.
MIGUEL —
Eu não tenho nada pra te agradecer, Juliana.
JULIANA —
Eu não quero discutir com você.
MIGUEL —
E nem pode, afinal está dentro do meu apartamento.
JULIANA —
Vai jogar na minha cara agora?
MIGUEL —
Eu vou dormir que eu ganho mais.
JULIANA —
E o jantar?
MIGUEL —
Jante sozinha!
Miguel
retira-se. Juliana senta-se na cadeira. Faz menção de bater com as mãos na
mesa. Mas se contém.
CORTA PARA:
CENA 16. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA.
Mais tarde.
CENA 17. AP DE MIGUEL. SALA. INT. MADRUGADA.
Juliana entra na
pequena sala. Observa Miguel dormindo. Encosta-se na parede. Fica olhando para
Miguel com certo desejo. Suspira. Sorri.
CORTA PARA:
CENA 18. STOCK-SHOT. TAKES
DE CURITIBA.
Amanhece.
CENA 19. CLUBE. CAIXA. INT. DIA.
Sophia atende o
penúltimo cliente da fila que havia se formado. Passa para o último, que por
sua vez é Guilherme.
GUILHERME — (tenta
reconhecer a moça) Espera aí! Eu estou me lembrando de você de algum
lugar.
SOPHIA —
(dá
um leve sorriso) Eu também estou me lembrando de você.
GUILHERME — Você
é aquela linda jovem que eu quase atropelei na universidade.
SOPHIA —
Ah, sim... Tudo bem?
GUILHERME —
Melhor agora.
Sophia fica um
pouco encabulada. Segue seu trabalho.
SOPHIA —
Trinta e seis cruzados novos e noventa e cinco centavos.
GUILHERME —
Exatamente o quê?
SOPHIA —
A sua conta.
GUILHERME — (tira
a carteira do bolso; conta as notas) Ah, me desculpe! (T:
galanteador) Eu estava tão distraído com a sua beleza que nem me dei
conta da minha dívida.
SOPHIA —
Você é muito galanteador!
GUILHERME — Você
acha?
SOPHIA —
Só que os seus galanteios não funcionam comigo.
GUILHERME — Eu
posso melhorar se você quiser.
SOPHIA —
Não,
eu não quero. Você aparenta ser um homem mais velho do que eu, não devia se
comportar como um jovem adolescente tentando flertar uma garota.
GUILHERME — Você está me
tratando mal, sabia?
SOPHIA —
Eu
não estou te tratando mal. Só quero deixar bem claro que eu não sou uma dessas
garotas com quem você deve se envolver após as enrolar bastante.
GUILHERME — Você nem me
conhece direito, garota!
SOPHIA —
Você também não me conhece direito e se viu no direito de vir com “gracinhas”
pra cima de mim!
Guilherme
cala-se. Coloca algumas notas de dinheiro na bancada. Sophia pega as notas.
Coloca o troco na bancada. Guilherme pega. Coloca na carteira e a coloca no
bolso. Retira-se.
CORTA PARA:
CENA 20. AP DE MIGUEL. COZINHA. INT. DIA.
Miguel toma o
café-da-manhã. Juliana chega. Senta-se à mesa. Miguel muda sua expressão.
Juliana fica olhando para Miguel. Miguel a olha sério de rabo de olho. Juliana
quebra o gelo.
JULIANA —
No que você está trabalhando?
MIGUEL —
Estou trabalhando em um espaço de educação artística na universidade... Eu
auxilio o professor e os alunos.
JULIANA —
Hum... E como conseguiu esse apartamento?
MIGUEL —
Foi
através do Senhor Ítalo, ele é professor de arte e se interessou pelo meu
trabalho quando eu estava expondo meus quadros nas ruas. Eu contei minha
história e ele resolveu ajudar me dando esse apartamento, por mais simples e
pequeno, e me deu emprego na universidade. Eu devo muito a ele.
JULIANA — Você teve
sorte em ter encontrado uma pessoa tão boa como esse senhor em sua vida.
MIGUEL —
Eu tive muita sorte, sim.
JULIANA — (fixa
o olhar em Miguel) Eu queria encontrar uma pessoa assim. (Miguel
fica quieto. Dá um gole no café. Juliana continua) A Sophia já dormiu
com você aqui?
MIGUEL —
(sério)
Por que quer saber?
JULIANA —
Por nada.
MIGUEL —
Ninguém faz uma pergunta por nada.
JULIANA —
Eu apenas fiquei curiosa.
MIGUEL —
(irritado)
O
que mais você quer saber, Juliana? Quer saber se eu e ela já dormimos juntos?
JULIANA — Você está
irritado comigo... Por que você me trata assim, Miguel? O que eu fiz pra você?
MIGUEL —
Você
está aqui, esse é o motivo por eu estar irritado... E o pior é que você sempre tem que tocar no
nome da Sophia.
JULIANA — E qual é o
problema?
MIGUEL —
O problema é que eu não quero que o nome dela fique rolando na sua boca.
JULIANA —
Ela já sabe que eu estou aqui?
MIGUEL —
Quer saber, Juliana?... Eu vou trabalhar.
Miguel
levanta-se e vai retira-se, mas Juliana interrompe a ação de Miguel com
insinuações.
JULIANA —
Ela não sabe que eu estou aqui... Eu já devia ter imaginado.
MIGUEL —
Você não tem nada a ver com isso.
JULIANA — (provocativa)
Ontem,
você teve a oportunidade de falar com ela. Por que não fez isso? Ah, já sei: a
namoradinha iria ficar bravinha e cheia de ciúmes.
MIGUEL — (grita;
a segura pelo braço) Cale a boca!
Juliana olha
seriamente para Miguel. Solta-se. Caminha pela cozinha.
JULIANA —
Você não estava indo trabalhar?
MIGUEL —
E por que você não vai procurar um trabalho?
JULIANA —
Eu vou fazer isso.
MIGUEL —
Acho
bom mesmo, porque você não vai continuar aqui sem fazer nada.
Miguel pega sua mochila. Retira-se.
Juliana cruza os braços. Dá um sorriso de canto de boca.
JULIANA — Então aquela
idiota da Sophia ainda não sabe que eu estou aqui...
Juliana dá um
sorriso malicioso. Retira-se.
CORTA PARA:
CENA 21. AEROPORTO. SALA DE ESPERA. INT. DIA.
Guilherme espera
a chegada de Carlos Alberto, seu pai. Alguns passageiros saem pela porta de
desembarque. Em seguida, Carlos Alberto aparece. Guilherme vai ao encontro do
pai.
GUILHERME —
Senhor Fontinelly...
ALBERTO —
Filho! (Guilherme e Alberto se abraçam) Eu não gosto quando você me
chama de Senhor Fontinelly.
GUILHERME — Mas
é assim que todos lhe chamam.
ALBERTO — Você
é meu filho, há uma diferença.
GUILHERME — O
senhor sabe que eu apenas brinco.
ALBERTO —
Tem que brincar menos.
GUILHERME — O
senhor já chegou me dando lição de moral, é isso?
ALBERTO —
Entenda como quiser, Guilherme.
GUILHERME — (dá
um leve sorriso) Ah, mas eu não estou acreditando nisso.
Guilherme e
Alberto caminham até a entrada do aeroporto.
CORTA PARA:
3º INTERVALO PARA COMERCIAIS
CENA 22. CURITIBA.
RUA. CARRO DOS FONTINELLY. INT. DIA.
Guilherme está
quieto. Olha o trânsito pelo retrovisor do carro. Carlos Alberto percebe o
silêncio do filho. Fica o olhando por alguns instantes.
ALBERTO —
Por que está tão quieto, Guilherme?
GUILHERME — Ah,
não tenho nada pra falar.
ALBERTO — Você está
indiferente. Você não levou à sério o que eu lhe disse no aeroporto?
GUILHERME — Não, pai, eu sabia
que o senhor estava apenas brincando comigo também. Eu estava aqui pensando em
algumas coisas.
ALBERTO — São problemas
na universidade?
GUILHERME — Não, não tem a ver
com a universidade. Eu já tive uma conversa com o Senhor Cardoso e está tudo em
ordem, a não ser aqueles típicos problemas que se tem em uma unidade
educacional.
ALBERTO — Então por que você
está assim? Não precisa nem me responder, porque eu acho que já estou
percebendo.
GUILHERME — E é isso
mesmo.
ALBERTO — Sempre que você
viaja a algum país, você acaba se apaixonando por um “rabo de saia”.
GUILHERME — Mas dessa vez é
diferente. Quando eu coloquei meus olhos nela, parecia que tudo tinha mudado a
minha volta, parecia que nada mais existia naquele momento.
ALBERTO — Você sempre sente
isso por alguma mulher, aliás, por alguma garota mais jovem, até que você
consegue o que quer e depois as larga do nada.
GUILHERME — Também não é
assim, pai.
ALBERTO — É assim, sim! Eu
te conheço, Guilherme, você é o meu filho. E te digo mais: você tem que parar
de viver desse jeito, já não é mais um jovem rapaz de dezoito anos que não quer
saber de um relacionamento fixo, que se envolve com uma e com outra. Você já
tem 23 anos.
GUILHERME — Mas eu ainda
sou jovem.
ALBERTO — Não é um jovem
para viver do jeito que vive. Você sempre diz que está apaixonado, mas nunca se
prende a ninguém. Essa garota, por qual você diz estar interessado, vai ser
mais uma a “cair na sua rede” e depois acabará sendo abandonada.
GUILHERME — Ela não quer saber
de mim, ela já me deu um “basta” antes mesmo de eu tentar uma aproximação.
ALBERTO — Essa tem o meu
respeito.
GUILHERME — Às
vezes penso, que o senhor nunca está do meu lado.
ALBERTO — Não quando se
trata desses seus relacionamentos passageiros, se é que dá pra chamar isso de
relacionamento.
Guilherme prefere ficar quieto. Continua a
olhar o movimento do trânsito. O sinal fecha. Guilherme pára o carro. Olha para
Carlos Alberto.
GUILHERME — Ela até pode ter
me dado um “basta”, mas eu ainda não desisti e é agora que eu vou conquistá-la
a todo o custo.
Carlos Alberto revira o olhar. Balança a
cabeça negativamente. O sinal abre e Guilherme dá a partida.
CORTA PARA:
CENA 23.
STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA.
Sucessão de
imagens de mudança de tempo da cidade de Curitiba. Final de tarde.
CORTA PARA:
CENA 24. AP DE MIGUEL. SALA. INT. FINAL DE TARDE.
Sophia chega ao
apartamento de Miguel. Tira a cópia da chave do apartamento do bolso. Abre a
porta e entra no apartamento. Toma um susto ao ver Juliana.
SOPHIA —
Quem é você? O que está fazendo aqui?
JULIANA —
Não se lembra de mim?
SOPHIA —
(olha
seriamente para Juliana. A reconhece) Eu estou te reconhecendo, você é
a prima do Miguel... Mas o que você está fazendo aqui?
JULIANA — (cínica;
provocativa) Eu estou morando aqui.
SOPHIA —
(T:
surpresa; indignada) Morando? O Miguel não me falou nada disso.
JULIANA — (continua
provocando Sophia) Talvez porque ele ache que não te deva satisfações.
SOPHIA —
Como
assim? Como ele acha que não me deve satisfações? Eu sou a namorada dele. Ele
não pode colocar outra mulher dentro do apartamento que ele mora sem me avisar
nada.
JULIANA — Eu não sou outra
mulher... Eu sou prima dele.
SOPHIA —
E o
que interessa? Ele não podia ter feito isso sem me contar nada.
JULIANA — (irônica;
provocativa) Vai brigar com ele? Vai fazer um escândalo? Vai querer que
ele me expulse daqui?
SOPHIA —
Você acabou de me dar uma boa ideia.
JULIANA — (grita)
Não se atreva!
SOPHIA —
Eu
não vou permitir que uma mulher fique no meu apartamento do meu namorado.
JULIANA — (altera
a voz) Eu sou a prima dele!
SOPHIA —
(grita)
Mas não deixa de ser uma mulher!
Juliana dá um
sorriso debochado. Caminha pela sala. Desvia o olhar e em seguida olha para
Sophia.
JULIANA — (T:
provocativa) O que houve, Sophia? Eu sou uma ameaça para esse romance
ridículo entre você e o Miguel? É assim que você me vê?
SOPHIA —
Eu confio no Miguel.
JULIANA — Então
por que não me quer aqui?
SOPHIA —
Para
que eu possa te ver bem longe. Você acha que eu sou boba? Eu sei que você gosta
do Miguel, eu sempre soube disso. Desde quando éramos crianças, você jamais
gostou de mim. Por que será? Porque desde aquela época, você já nutria certo
sentimento por ele, mas não percebia porque era apenas uma criança, assim como
eu e o Miguel.
JULIANA — O Miguel
passou anos sofrendo por sua causa.
SOPHIA —
E hoje estamos juntos.
JULIANA — Ele poderia ter
sido mais feliz comigo, se ao menos me enxergasse como uma mulher e não vivesse
com você na mente.
SOPHIA — Não, ele não iria
ser feliz com você. Ninguém é feliz com quem não ama realmente.
JULIANA — Você acha que esse
romance ridículo entre vocês dois irá durar pra sempre? Nada é pra sempre!
SOPHIA — Eu e o Miguel
iremos enfrentar todos os problemas, mas sempre iremos ficar juntos.
JULIANA —
Não, Sophia... Você e ele ainda pensam como duas crianças.
SOPHIA —
Nós nos amamos de verdade.
JULIANA —
Não irá durar para sempre, vocês não irão ser felizes juntos.
SOPHIA —
Isso é o que você quer, mas não irá conseguir.
JULIANA —
O Miguel irá enxergar que você não é a mulher certa.
SOPHIA —
E
quem é a mulher certa para ele? Você? Me poupe! Você está obcecada, tem que se
tratar o mais rápido possível. (Sophia vai se retirar, mas é impedida de
abrir a porta) Saia da minha frente!
JULIANA — Você irá falar
pro Miguel sobre essa conversa, não irá?
SOPHIA —
Eu
não preciso falar nada pra ele. Eu posso usar outros artifícios pra te tirar
daqui de uma vez por todas. Agora saia da minha frente!
Sophia afasta
Juliana. Abre a porta. Retira-se. Juliana não contém as lágrimas de raiva.
CORTA PARA:
CENA 25. UNIVERSIDADE. FRENTE. EXT. TARDE.
Sophia
vai chegando à universidade. Tenta atravessar a pista. Olha para os lados.
Miguel sai. Vê Sophia e corre ao seu encontro. Vai lhe dar um beijo, mas Sophia
afasta-se. Miguel estranha a atitude da moça. Fica sem entender.
MIGUEL —
O que houve, Sophia?
SOPHIA —
(olha
seriamente para Miguel) Tem certeza que não sabe o que houve?
MIGUEL —
Se você não me falar, como vou saber?
SOPHIA —
Eu fui ao seu apartamento.
MIGUEL —
(T:
espantado) Você esteve lá?
SOPHIA —
Por que o espanto, Miguel?... Já deve ter percebido o porquê de eu estar assim.
MIGUEL —
Sophia, eu ia te falar, mas eu estava com certo receio.
SOPHIA —
Você não pode esconder as coisas de mim.
MIGUEL —
Eu não sabia como ia te falar... Como eu disse, eu estava com certo receio.
SOPHIA —
E o
que você acha que eu pensei quando cheguei lá e vi aquela mulher?
MIGUEL —
Ela é a minha prima.
SOPHIA —
Não interessa, Miguel... Por que ela está lá, hein?
MIGUEL —
Ela
não tem pra onde ir. A Juliana tinha ido pra São Paulo, mas acabou passando por
coisas muito graves, agora está de volta e não tem um lugar pra ficar.
SOPHIA — Ela não tem um
lugar pra ficar... Ou quer ficar perto de você?
MIGUEL —
Sophia,
eu também não me sinto confortável com toda essa situação, mas eu tive pena de
deixá-la ir parar na rua.
SOPHIA — Por mim, a sua
prima iria pra qualquer lugar, até pra debaixo da ponte, mas não ficaria no seu
apartamento.
MIGUEL — Você está
sendo cruel, Sophia.
SOPHIA —
Não... Eu estou sendo realista.
MIGUEL —
Eu
também não gosto do fato dela estar lá, mas eu não podia dar às costas a alguém
da minha família, por mais que eu não goste da pessoa.
SOPHIA — (ironicamente)
Ah, sim!
MIGUEL —
A
Juliana passou por muitos problemas, ela está sem nada agora e nem mesmo pode
voltar pra Campo Bonito porque tem medo de ser rejeitada pelo meu tio.
SOPHIA — Ah,
pobrezinha! Quer saber, Miguel?...
Gabriela
está num táxi. Faz o sinal para o motorista parar próximo ao casal. Os observa.
Leva um choque ao ouvir o nome de Miguel. Sophia continua a conversa com o
namorado.
SOPHIA —
Pouco me importa os problemas da sua prima.
MIGUEL —
Você está agindo como a sua mãe.
SOPHIA —
(irritada)
Eu
não estou agindo como a minha mãe. E quem é você pra dizer isso? Você não
conhece a minha mãe direito.
MIGUEL — Não é preciso que
eu conheça direito, você é quem me relata tudo. Você está agindo da mesma
forma.
SOPHIA — Só por que eu
não me importo com a sua prima?
MIGUEL —
Não
quero que você se importe, eu queria apenas que você enxergasse os fatos; a
Juliana não tem pra onde ir, ela não tem nada.
SOPHIA — Então ela vai
continuar lá?
MIGUEL —
Vai. Até que ela possa encontrar um trabalho, nem que seja pra pagar um quarto
em algum albergue.
SOPHIA —
Então tá, Miguel.
MIGUEL —
Você já se conformou?
SOPHIA —
Não.
MIGUEL —
Sophia,
você não confia em mim? Eu não vejo a Juliana como uma mulher, porque ela é a
minha prima e também porque eu te amo e jamais me envolveria com outra pessoa.
Eu jamais te trairia.
SOPHIA — Eu confio em você,
mas eu não vou ter paz enquanto ela continuar lá, morando com você. Eu tenho
que ir embora.
Sophia se retira.
Miguel corre atrás de Sophia.
MIGUEL — (grita)
Sophia, e nós dois? Como nós ficamos?
SOPHIA —
(vira-se)
Eu quero dar um tempo.
MIGUEL —
Você está terminando comigo?
SOPHIA —
Não é
isso, Miguel, eu apenas estou te pedindo um tempo.
MIGUEL —
Pra quê?
SOPHIA —
Pra nós dois.
MIGUEL —
Só
que eu não quero esse tempo. Eu não acredito que o nosso relacionamento está
sendo abalado por esse seu ciúme bobo.
SOPHIA — Miguel, outra
hora nós conversamos.
MIGUEL —
(a
puxa pela cintura) Eu não quero outra hora.
Miguel
e Sophia olham-se fixamente por alguns instantes. Sophia quebra o clima.
SOPHIA —
Eu já disse que tenho que ir embora.
MIGUEL —
Eu te amo, Sophia... Eu achei que você acreditasse nisso.
SOPHIA —
Não
duvide de mim, Miguel, eu sempre acreditei no seu amor.
MIGUEL — Então pare com
essa frescura.
SOPHIA —
Deixe-me pensar um pouco.
MIGUEL —
Não há nada pra ser pensado, Sophia.
SOPHIA —
Mas eu preciso pensar... Você tem que entender isso.
Miguel
muda de expressão. Solta Sophia. Balança a cabeça negativamente.
MIGUEL —
Pode ir, Sophia... Até qualquer hora!
SOPHIA —
Até.
Sophia
retira-se. Miguel passa as mãos pelos cabelos. Deixa cair algumas lágrimas.
CORTA IMEDIATAMENTE PARA:
CENA 26. AP DE
GABRIELA E SOPHIA. SALA. INT. TARDE.
Gabriela
chega em casa furiosa, surtada. Pega um vaso e atira contra a parede.
Esbraveja, tentando liberar todo o seu ódio.
GABRIELA — Eu
não acredito que aquele moleque imundo está com a minha filha... Mas como
aquela peste conseguiu sair daquele final de mundo? Ah, mas isso não pode ficar
assim, não mesmo! Eu vou acabar com esse romance. (pega um copo; põe cachaça
dentro. Bebe tudo de uma vez só; não se dá por satisfeita; coloca mais cachaça
no copo e bebe tudo de uma vez só novamente. T: indignada) A Sophia
está achando que irá ser feliz por muito tempo... Ela está muito enganada,
porque eu vou tirar aquela imundícia do meu caminho!
Põe
mais cachaça no copo. Bebe tudo de uma vez. Passa as mãos pelos cabelos. Está
nervosa. Lacrimeja de raiva. Surta novamente. Esbraveja atirando o copo e a
garrafa de cachaça contra a parede. Em seguida, retira-se para o seu quarto.
CORTA PARA:
CENA 27. AP DE MIGUEL. SALA.
INT. TARDE.
Miguel
chega em casa, desconsolado. Fecha a porta. Juliana aparece na sala. Fica
olhando para Miguel. Aproxima-se.
JULIANA —
Você está se sentindo bem?
MIGUEL —
A Sophia esteve aqui, não esteve?
JULIANA —
Ela esteve aqui... Foi terrível!
MIGUEL —
Como assim?
JULIANA —
Você já deve imaginar, Miguel. Ela não quer que eu fique aqui... Ela mesma
disse isso... Ela acha que eu posso oferecer risco ao romance de vocês.
MIGUEL —
Ela disse isso?
JULIANA — (mente)
Disse. (T: dissimulada) Ela me disse muitas coisas... Eu fui
humilhada; já não chega as coisas que eu tive que passar nos últimos tempos.
MIGUEL —
Eu quero te pedir desculpas se a Sophia falou algo que te deixou assim... Mas
ela também está com a razão.
JULIANA — (T:
dissimulada) Você acha mesmo, Miguel? E qual é a razão dela?... Agora
eu quero te fazer outra pergunta: acha mesmo que a Sophia confia totalmente em
você?
MIGUEL —
(a
olha seriamente) E com que direito você acha que pode me fazer essa
pergunta?
JULIANA —
Se ela confiasse mesmo, ela não teria me dito o que me disse... Pense nisso!
Miguel
fica calado. Pensativo. Juliana vira-se de costas dá um sorriso malicioso.
Respira fundo. Retira-se em direção ao quarto.
FUNDE PARA:
Juliana
deita na cama. Agarra o travesseiro. Sorri maliciosamente de novo.
CORTA PARA:
CENA 28. AP DE
GABRIELA E SOPHIA. SALA. INT. FINAL DE TARDE.
Sophia
chega em casa. Depara-se com um vaso, um copo e uma garrafa quebrados no chão.
Atravessa a sala.
CORTA PARA:
Caminha
pelo corredor rumo ao quarto de Gabriela. Abre a porta. Entra e vê que a mãe
está dormindo. Olha Gabriela por alguns instantes.
SOPHIA —
Até onde você vai parar desse jeito?
Sophia
retira-se. Fecha a porta. Vemos Gabriela dormindo de qualquer jeito na cama,
devido a embriaguez.
CORTA PARA:
CENA
29. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA.
Amanhece.
CENA 30.
UNIVERSIDADE. SALA DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA. INT. DIA.
Miguel
trabalha, mas deixa transparecer seu nervosismo. Ítalo o observa de sua mesa.
Percebe que Miguel está nervoso. Decide chamá-lo.
ÍTALO —
Miguel.
MIGUEL —
(vira-se
para Ítalo) Sim?
ÍTALO —
Venha aqui. (T: Miguel aproxima-se. Ítalo continua) Você está se sentindo
bem?
MIGUEL —
(tenta
disfarçar) Sim, claro.
ÍTALO —
Não parece... Aconteceu alguma coisa?
MIGUEL —
(muda
sua expressão) Problemas com a minha namorada... Desculpe eu estar
desse jeito logo aqui, no meu trabalho.
ÍTALO —
Não,
você sabe que tem a total liberdade aqui dentro. Você não está dentro de um
escritório.
MIGUEL — Obrigado,
Ítalo!
ÍTALO —
É primeira vez que está me chamando pelo nome, sem pronunciar a palavra
“senhor” antes.
MIGUEL —
(dá
um leve sorriso) Ah, é mesmo...
ÍTALO —
Vai
ficar tudo bem entre você e sua namorada, vocês dois se amam muito e isso dá
pra perceber de longe.
MIGUEL — Eu espero que
fique tudo bem.
ÍTALO —
É apenas uma fase.
Miguel
sorri para Ítalo que sorri também. Miguel volta ao trabalho.
CORTA PARA:
CENA
30 A. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA.
Final de tarde.
Fachada do clube onde Sophia trabalha.
CENA 30 B. CLUBE. LANCHERIA. INT. FINAL DE TARDE.
Sophia se vê
obrigada a limpar algumas mesas da lancheria do clube. Um rapaz aproxima-se.
BRYAN — Sophia, já
estou indo embora.
SOPHIA —
Está bem, Bryan... Eu fecho tudo depois.
BRYAN —
Por que vai ficar aí, limpando as mesas?
SOPHIA —
É pra ganhar um dinheiro extra e também uma das faxineiras não veio hoje.
BRYAN —
O seu serviço não é esse.
SOPHIA —
Não quer me ajudar?
BRYAN —
Não, muito obrigado! Até amanhã!
Bryan
retira-se. Sophia continua o que estava fazendo. Distrai-se. Guilherme aparece.
Observa Sophia.
GUILHERME —
Achei que você trabalhasse apenas no caixa.
Sophia
leva um susto ao ouvir aquela voz. Olha rapidamente para Guilherme.
SOPHIA —
O que você está fazendo aqui?
GUILHERME —
Desculpe se te assustei, não foi a minha intenção.
SOPHIA —
(ríspida)
Eu te fiz uma pergunta.
GUILHERME —
Calma!
SOPHIA —
O clube já está fechando, eu não sei se você ainda não percebeu!
GUILHERME — Eu
posso falar?
SOPHIA —
Fale!
GUILHERME — Eu
vim te pedir desculpas pelo meu comportamento de ontem.
Sophia
fica olhando para Guilherme. Alternamos os rostos de Sophia e Guilherme se
olhando. Congela em “GUILHERME”.
CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO 20
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