Episódio 02 - Aconteceu Aos 16

(Bairro San Jose, praça dos segredos, Avenida 3001, 18h47min da noite)

Ele sempre foi um cara fácil de controlar, deixar ele confuso não era tão difícil, só precisava o deixar pensar.

E lá estava ele mais uma vez, chamando a atenção como um louco em seus ataques psicológicos.

Deitado em um calçamento, Menteu Sprint um fracasso de ser humano.

Às vezes penso em desistir da humanidade.

Ás vezes quero que ela desista de mim.

Mas sabe… Eu acho tão divertido brincar com a mente dos outros, pois acabo por si só me satisfazendo com derrotados como o Menteu.

Eu sempre falei para ele que não poderia comer demais, falei também que os amigos dele iriam o abandonar um por um, e sem falar na sua família que iria continuar tendo ele como o louco.

E foi isso que aconteceu, Menteu fez com que seu estômago rejeitasse a comida que ele colocava para dentro, e eu mostrei para ele como colocá-la para fora.

Com a sua pessoalidade conseguiu afastar todos os seus amigos ou pensou que eles se afastaram por culpa dele. E sua família? A cada dia que se passava o chamava de louco.

Mais eu não o culpo por ter escolhido isso a culpa não é dele, acreditem a culpa é minha.

Eu já falei uma, duas, três vezes Sobre o que a vida dele era, mostrei a ele sua forma real de viver, o problema é que ele me escuta, e isso talvez seja a maior forma de reprimir a si mesmo.

Já era noite, e os amigos de Menteu sentiram sua falta e decidiram ir atrás dele. Ao fazer o mesmo percurso que Menteu sempre fazia, eles conseguiram o localizar caído em uma calçada em frente a uma vitrine de uma Loja. Seu rosto estava coberto e seu semblante era assustador.

Fred ao notar a situação na qual o amigo se encontrava ficou desesperado, diferente de Beth que foi fria e calculista.

– Menteu?

Disse ela com uma voz suave e doce.

– Sou eu Menteu, a Beth.

Mais quem de fato era a Beth? Bom me deixa tentar a descrever em um simples e direto posicionamento. Menina sorriso, alma ingênua e coração vivo, era contagiante a forma que ela transmitia paz para os que a arrodeava, virava sorriso em tempos de tristeza, garoa em tempos de tempestades, e relva em tempos de seca… Porém entre amar e ser amada ela escolheu viver.

Menteu se levantou devagar e com a ajuda de Fred Conseguiu se apoiar com suas próprias pernas.

– Menteu? Cara você está assustando a gente.

– Eu estou bem Fred, só preciso ir para casa.

– Tudo bem.

Os três se dirigiram para casa, seguindo um percurso diferente do de Menteu, e no caminho Fred e Beth perguntaram a ele o que de fato aconteceu envergonhado por causa da garota, mais uma vez ele mentiu.

– Distúrbio alimentar pessoal, eu passei mal por causa da comida, acabei caindo por trás daquela vitrine, e apaguei.

– Você come porcarias demais Menteu. Disse Beth após agitar o seu cabelo.

Fred conseguia decifrar todo ou qualquer movimento do amigo, e ele sempre o conduziu como se fosse de fato o seu irmão, por esse motivo logo percebeu que o seu amigo estava mentindo, porém ele não quis constranger seu companheiro e preferiu ficar de boca calada durante a caminhada.

– Eu vou me controlar, eu prometo.

O céu estava estrelado, as ruas da Califórnia cada dia mais apaixonante, o vento fez uma pausa em meio aquele espetáculo, duas aves de rapina cruzaram os céus e rangeram como aves ferozes.

O resto do percurso foi conduzido por silêncios, parecia um velório, e talvez houvesse um, pois quase sempre necessitamos enterrar por um tempo algo, sejam nossos medos, nossos defeitos, nossos sentimentos, nem sempre uma matéria e de fato o que deve ser enterrada, e nem sempre esse enterro deve ocorrer em catacumbas ou covas.