O Vidente - Capítulo 32

O VIDENTE

UMA NOVELA DE NATHAN FREITAS

CAPÍTULO 32

DIREÇÃO GERAL DE DRAMATURGIA #DNA

HENZO VITURINO

CENA 01. INTERIOR. CASA DE DANIEL. COZINHA. NOITE.

CONTINUIDADE DO CAPÍTULO ANTERIOR...

CÉLIA: OLHA O CAFEZINHO! DANIEL, MEU FILHO, VOCÊ TÁ SABENDO QUE EU E SEU PAI VAMOS VIAJAR SEMANA QUE VEM. E VOCÊ VAI TOMAR CONTA DA CASA PRA NÓS.

DANIEL: É NECESSÁRIO MESMO ESSA VIAGEM? POR QUE NÃO DEIXA PRA OUTRA OPORTUNIDADE?

FÁBIO; EU JÁ FALEI PRA ELA. MAS SUA MÃE INSISTE.

CÉLIA: HÁ ANOS QUE NÃO VEJO MINHA TIA EULÁLIA, COITADA. JÁ TA COM QUASE 90 ANOS. E QUER PORQUE QUER ME VER. NEM QUE SEJA A ÚLTIMA COISA NA VIDA.

CLOSE EM DANIEL... ENTRA FLASH BACK FORWARD:

“VÁRIAS IMAGENS DISTORCIDAS, PESSOAS GRITANDO, OUTRAS CORRENDO NO MEIO DE ÁRVORES. ROUPAS, CALÇADOS, BOLSAS ETC... TUDO ESPALHADO PELO CHÃO DE FOLHAGEM... FOCOS DE FUMAÇA... FOGO... E POR FIM SANGUE... MUITO SANGUE”.

VOLTA PRA DANIEL, DEIXA CAIR A XÍCARA DO CAFÉ, GRITA ASSUSTADO.

DANIEL: NÃAAAAOOOOO...

FÁBIO E CÉLIA TAMBÉM ASSUSTADOS.

FÁBIO: DANIEL? O QUE FOI MEU FILHO?

DANIEL SENTA NO SOFÁ COM CERTA ANGÚSTIA. OLHA PRA MÃE E PARA O PAI.

CÉLIA: O QUE HOUVE DANIEL? VOCÊ VIU ALGUMA COISA?

DANIEL: (CONFUSO) NÃO SEI MÃE. NÃO CONSEGUI VER DIREITO. TAVA... TAVA TUDO ESCURO, FECHADO, SEI LÁ. EU NÃO VI NADA DIREITO.

FÁBIO: MAS O QUE ERA MEU FILHO? PRA DAR ESSE GRITO, SÓ PODE TER SIDO COISA GRAVE.

DANIEL SAI CORRENDO PARA O SEU QUARTO.

CÉLIA: DANIEL!

FÁBIO: DEIXA, CÉLIA. É MELHOR QUE ELE FIQUE SÓ.

CÉLIA: O QUE SERÁ QUE O DANIEL VIU, FÁBIO?

FÁBIO: NÃO SEI. MAS DE UMA COISA EU TENHO CERTEZA.

CÉLIA: O QUÊ?

FÁBIO: A CADA DIA QUE PASSA A MEDIUNIDADE DO NOSSO FILHO SÓ AUMENTA.

CÉLIA: LÁ VEM VOCÊ COM ESSA HISTÓRIA DE MEDIUNIDADE. JÁ CHEGA.

CÉLIA SAI. FÁBIO ALI PENSATIVO.

CENA 2. INTERIOR. QUARTO DE DANIEL. NOITE.

DANIEL SENTADO NA CAMA, CHORANDO. ACENDE UM CIGARRO. LIGA O RÁDIO. FICA ALI PENSATIVO.

ENTRA A CENA DO FLASH BACK FORWARD NOVAMENTE:

“IMAGENS DISTORCIDAS, PESSOAS GRITANDO, OUTRAS CORRENDO NO MEIO DE ÁRVORES. ROUPAS, CALÇADOS, BOLSAS ETC... TUDO ESPALHADO PELO CHÃO DE FOLHAGEM... FOCOS DE FUMAÇA... FOGO... E POR FIM SANGUE... MUITO SANGUE”.

VOLTA PRA DANIEL. ELE MUITO TENSO, ASSUSTADO. ESTÁ SEM BLUSA, MUITO SUADO. OLHA PARA O LADO E SURGEM PEQUENOS FRAGMENTOS DO FLASH BACK. A CÂMERA FAZ CLOSE EM SEUS OLHOS MAREJADOS E VERMELHOS COMO SANGUE. COMEÇA A BATER COM AS MÃOS NA PARECE, ESMURRANDO. CAI NA CAMA. ADORMECE. FADE OUT.

CENA 03. EXTERIOR. TAKES DE FORTALEZA. MANHÃ.

STOCK-SHOTS DE FORTALEZA.

CENA 04. EXTERIOR. CASA DE PLÍNIO E SORAIA. COZINHA. MANHÃ.

SORAIA E PLÍNIO A MESA. ELE LENDO O JORNAL. APARECE TECA.

TECA: BOM DIA?

SORAIA: BOM DIA.

TECA: E AÍ SORAIA? DORMIU BEM AMIGA?

SORAIA: É. DEU PRA DORMI UM POUCO.

PLÍNIO: QUE COISA É ESSA, HEIN? NINGUÉM PERGUNTA SE EU DORMI BEM, NÃO?

TECA: VOCÊ EU SEI PLÍNIO. LÁ DO MEU QUARTO DEU PRA OUVIR O MOTOR DE ARRANQUE QUE TEM NO SEU QUARTO.

TECA E SORAIA RIR.

PLÍNIO: MOTOR DE ARRANQUE? VOCÊ TA MUITO SAIDINHA PRO MEU GOSTO. E QUEM DISSE QUE EU RONCO?

TECA: EU A TORCIDA DO FLAMENGO. (RI)

PLÍNIO: OLHA AQUI, DONA TECA, EU EXIJO MAIS RESPEITO, ESTAMOS ENTENDIDO? VOCÊ ENTRA E SAI DESSA CASA NA HORA QUE QUER E QUANDO QUER? TÁ PENSANDO QUE AQUI É A CASA DA MÃE JOANA? EU VI A HORA QUE VOCÊ CHEGOU ONTEM. 3 DA MADRUGADA. ESSA É HORA DE UMA MOÇA DIREITA CHEGAR EM CASA?

SORAIA: PLÍNIO? POR FAVOR! LOGO PELA MANHÃ, NÃO NÉ?

TECA: DEIXA SORAIA. PLÍNIO, SE VOCE NÃO SE LEMBRA, EU PAGO TODO MÊS O QUARTO QUE EU DURMO. AJUDO SUA IRMÃ NAS DESPESAS DA CASA E SEMPRE QUE POSSO DOU ATÉ UM DONHEIRO PRA COMPRAR ESSES SEUS REMÉDIOS. AGORA VOCÊ QUER EXIGIR DE MIM A HORA QUE TENHO ENTRAR E SAIR DE CASA? FAÇA-ME O FAVOR. (P/ SORAIA) BOM DIA SORAIA. EU TOMO CAFÉ NO BUTIQUIM.

SORAIA: FICA TECA.

TECA SAI.

SORAIA: POR QUE VOCÊ TEM QUE SER SEMPRE TÃO DESAGRADÁVEL? FIQUE VOCÊ SABENDO QUE SE A TECA SAIR DAQUI, VOCÊ VAI PASSAR FOME. QUE EU NÃO VOU TE EMPRESTAR DINHEIRO NEM PRA COMPRAR UM BOMBOM. TA ME OUVINDO?

PLÍNIO: ESSA DESAVERGONHADA CHEGA A HORA QUE BEM QUER EM CASA, E EU TENHO QUE ADMITIR ISSO? AQUI É UMA CASA DE FAMÍLIA, SORAIA. SE ELA QUER FAZER AS SEM VERGONHICES DELA QUE PROCURE UM BORDEL. E TENHO DITO.

SORAIA: SABE DE UMA COISA? VOCÊ UM DIA VAI ACABAR SOZINHO SEM NINGUÉM PRA LHE DAR NEM UMA MIGALHA DE PÃO.

PLÍNIO: TÁ ROGANDO PRAGA? TENHO O CORPO FECHADO.

SORAIA: VOU TRABALHAR QUE GANHO MAIS.

SORAIA SAI.

PLÍNIO: E NEM PENSAR DE TRAZER AQUELE GIGOLOZINHO PRA ALMOÇAR AQUI HOJE.

APARECE ARMANDO.

ARMANDO: BOM DIA, SEU PLINIO?

PLÍNIO: BOM DIA ARMANDO. SENTA AÍ. TOMA CAFÉ.

ARMANDO: O QUE ACONTECEU?

PLÍNIO: VOCÊ ACREDITA QUE A MARIA MADALENA CHEGOU ONTEM AS 3 DA MADRUGADA?

ARMANDO: A TECA? MAS ELA ME CONTOU QUE O NAMORADO DELA A CONVIDOU PRA IR AO SHOPPING, NA VOLTA FORAM JANTAR. E NO MEIO DO CAMINHO O CARRO DEU PREGO.

PLÍNIO: E VOCÊ ACREDITOU ARMANDO?

ARMANDO: UÉ, POR QUE NÃO? PODE TER SIDO ISSO.

PLÍNIO: VOCÊ É UM RAPAZ MUITO INGÊNUO ARMANDO. OU FINGE QUE NÃO ENXERGA AS COISAS COMO ELAS SÃO. ESSA TAL DE TECA NAMORA UM HOMEM CASADO, SABIA DISSO? VAI VER QUE A MULHER DELE DESCOBRIU E ARMOU O MAIOR ESCARCÉU. E VEIO A PÉ PRA CASA. FOI ISSO.

ARMANDO: (SURPRESO) A TECA NAMORA UM HOMEM CASADO? TEM CERTEZA SEU PLÍNIO?

PLÍNIO: CERTEZA EU NÃO TENHO. MAS DESCONFIO. POR QUE ELA NUNCA NOS APRESENTOU ELE PRA NÓS? É CHEIA DE SEGREDINHOS COM A SORAIA E A ZULMIRA.

ARMANDO: TALVEZ ELE SEJA UM HOMEM MUITO OCUPADO E SÓ TEM TEMPO A NOITE PRA VÊ-LA.

PLÍNIO: NÃO. AÍ TEM. E PODE APOSTAR QUE É CASADO.

ARMANDO: (PENSATIVO) SERÁ?

CENA 05. INTERIOR. EMPRESA POSITIVO. SALA DE SORAIA. MANHÃ.

SORAIA SENTADA ESCREVENDO ALGUMA COISA POR ALI. APARECE DANIEL, TODO SORRIDENTE AO VÊ-LA.

DANIEL: BOM DIA?

SORAIA: (SORRI) BOM DIA.

DANIEL PUXA PRA BEIJÁ-LA, ELA DETÉM.

SORAIA: NÃO. AQUI NÃO. O DR. CÁSSIO PODE VER E NÃO GOSTAR. E TEM O MURILO.

DANIEL: TUDO BEM. (CURIOSO) SONHOU COMIGO?

SORAIA (RI) A NOITE TODA.

DANIEL: FOI BOM?

SORAIA: NÃO PODERIA SER DIFERENTE. (FAZ CARA DE PREOCUPADA) A GENTE NÃO PODE SE EXPOR MUITO DANIEL. DEPOIS DO QUE ACONTECEU, SERIA ARRISCADO DEMAIS SE A GENTE FICAR SE ENCONTRANDO TODO TEMPO.

DANIEL: EU SEI. EU VOU PROCURAR O MURILO E CONVERSAR COM ELE.

SORAIA: MAS VÁ COM CALMA.

DANIEL: EU TENHO MEUS MÉTODOS DE COMO AMANSSAR A FERA.

SORAIA: AGORA, VÁ. DR. CÁSSIO DEVE ESTÁ LHE ESPERANDO.

DANIEL: ME DESEJE SORTE.

SORAIA: BOA SORTE, MEU AMOR. (DÁ UM SELINHO EM DANIEL. ELE ENTRA NO ESCRITÓRIO DE CÁSSIO)

CENA 06. INTERIOR. CASA DE CÁSSIO. SALA. MANHÃ.

GUSTAVO SENTADO NO SOFÁ LENDO UM GIBI. ENTRA LUANA E NÃO GOSTA DE VÊ-LO.

LUANA: EI, MULEQUE? QUEM MANDOU VOCÊ PEGAR NAS MINHAS REVISTINHAS?

GUSTAVO: EU SÓ TAVA LENDO.

LUANA: ALÉM DE RETARDADO E BURRO TAMBÉM. QUANTAS VEZES EU VOU DIZER QUE NÃO GOSTO DE SUA PRESENÇA AQUI EM CASA? VOCÊ É SURDO GAROTO?

GUSTAVO: O QUE TE FIZ DESSA VEZ, LUANA? POR QUE VOCÊ NÃO GOSTA DE MIM? EU QUERIA SER SEU AMIGO.

LUANA RI, DEBOCHADA.

LUANA: MEU AMIGO? TÁ MALUCO GAROTO? EU NUNCA VOU SER AMIGA DE UM PÉ-RAPADO FEITO VOCÊ.

GUSTAVO: EU NÃO SOU PÉ-RAPADO.

LUANA: É SIM! E VOU LOGO AVISANDO QUE NÃO QUERO VOCÊ MEXENDO NAS MINHAS COISAS.

GUSTAVO: VOCÊ VIVE DEIXANDO POR AÍ. NEM SE IMPORTA.

LUANA: EU DEIXO POR AÍ, POR QUE ESTOU NA MINHA CASA E COLOCO ONDE EU QUISER.

GUSTAVO VAI SAINDO. LUANA OLHA PRA BANDEJA DE SUCO QUE ESTÁ ALI SOBRE A MESINHA.

LUANA: VOLTE AQUI, GAROTO.

GUSTAVO VOLTA PRA ELA. LUANA JÁ COM A BANDEJA LHE ENTREGANDO.

LUANA: LEVE ESTA BANDEJA PRA COZINHA. AQUI NÃO É LUGAR DELA.

GUSTAVO PEGA A BANDEJA. LUANA SÓ DE PIRRAÇA PEGA O COPO DE SUCO, DERRAMA NO CHÃO.

LUANA: (FINGIDA) PUXA VIDA! COMO EU SOU DESPERCEBIDA. TEM NADA NÃO. VAI BUCAR O PANO DE CHÃO NA COZINHA.

GUSTAVO SAI. ELA RI IRÔNICA.

LUANA: ELE QUER SER MEU AMIGO? POIS VAI APRENDER A ANDAR NA LINHA.

GUSTAVO VOLTA COM UM PANO. ENTREGA A LUANA.

LUANA: EU NÃO! VOCÊ VAI LIMPAR.

GUSTAVO: EU? MAS EU NUNCA LIMPEI UM CHÃO NA MINHA VIDA.

LUANA: VOCÊ QUER SER MEU AMIGO? POIS ENTÃO! VOU LHE ENSINAR ALGUMAS REGRINHAS BÁSICAS DE COMO TORNAR MEU AMIGO.

GUSTAVO: ISSO É HUMILHAÇÃO DEMAIS, LUANA.

LUANA: QUER SER MEU BEST FRIEND?

GUSTAVO OLHA PARA O CHÃO, SE AJOELHA E COMEÇA A LIMPAR. ELA ALI OLHANDO, SENTA E COMEÇA A LER, TODA DONA DE SI.

CENA 07. INTERIOR. CASA DE PLÍNIO E SORAIA. SALA. MANHÃ.

MURILO POR ALI. APARECE PLÍNIO.

PLINIO: AH, É VOCÊ? A SORAIA JÁ FOI PRA EMPRESA.

MURILO: EU SEI. MEU ASSUNTO É COM VOCÊ.

PLÍNIO: COMIGO? OLHA, SE FOR SOBRE O CASAMENTO DE VOCÊS...

MURILO: (CORTANDO) NÃO. O ASSUNTO É OUTRO.

PLÍNIO: FALA RAPAZ! O QUE É?

MURILO: EU E A SORAIA ROMPEMOS O NOIVADO.

PLÍNIO: ROMPERAM O NOIVADO? POR QUE?

MURILO: ELA NÃO TE CONTOU?

PLÍNIO: NÃO. ELA NÃO ME FALOU NADA. JÁ SEI, SAIU DO EMPREGO?

MURILO: ANTES FOSSE ISSO, PLÍNIO.

PLÍNIO: E O QUE FOI?

MURILO: (CONFIDENCIANDO) EU PEGUEI A SORAIA AOS BEIJOS COM OUTRO HOMEM.

PLÍNIO: (SURPRESO) O QUÊ?

MURILO: É ISSO MESMO QUE VOCÊ OUVIU. A SORAIA ME TRAIU COM OUTRO.

PLÍNIO: A SORAIA FEZ ISSO? ENTÃO POR ISSO QUE ELA TAVA COM AQUELA CARA DE TACHO NA HORA DO CAFÉ. LOGO EU DESCONFIEI QUE ALGUMA COISA HAVIA ACONTECIDO. ENTÃO FOI ISSO? E O QUE VOCÊ FEZ?

MURILO: EU REAGI. UM CARA BEIJANDO MINHA NOIVA, EU IA FICAR OLHANDO? DE JEITO NENHUM. METI A MÃO NAS FUÇAS DO SAFADO.

PLÍNIO: FEZ MUITO BEM. SE FOSSE EU TERIA MATADO O TAL SUJEITO. E QUEM É ELE, VOCÊ CONHECE?

MURILO: É UM CANALHA, SEM VERGONHA. FILHO DUMA ÉGUA.

PLÍNIO: QUE POUCA VERGONHA. NUNCA IMAGINEI QUE A SORAIA FOSSE CAPAZ DE UMA LOUCURA DESSAS.

MURILO: POIS É. POR ISSO QUE EU VI LHE CONTAR PRA QUE NÃO HAJA HISTÓRIA MAL CONTADA. E DEPOIS NÃO SAÍREM DIZENDO QUE EU SOU O ERRADO NA CONFUSÃO.

PLÍNIO: FEZ MUITO BEM VOCÊ TER VINDO ME CONTAR. A SORAIA VAI OUVIR UMAS POUCAS E BOAS. AH SE VAI!

MURILO: FOI POR ISSO QUE VIM AQUI, PLÍNIO. PEDIR A VOCÊ PRA CONVERSAR COM ELA. EU AMO SUA IRMÃ. EU FAÇO DE TUDO PRA QUE ELA ESQUEÇA O TAL E VOLTE PRA MIM.

PLÍNIO: EU TE AJUDAR?!

MURILO: É. SE VOCÊ ME AJUDAR... EU TE PAGO. DOU O QUE VOCÊ QUISER.

PLÍNIO: O QUE É ISSO, RAPAZ? ASSIM VOCÊ ME OFENDE.

MURILO: DE JEITO NENHUM. SÓ QUERO HONRAR O NOME DA FAMILIA. JÁ PENSOU ELA FICAR FALADA NA CIDADE? A VERGONHA QUE VAI PASSAR? VOCÊ VAI COMPRAR O PÃO NA PADARIA E TODO MUNDO DIZENDO: OLHA LÁ, O IRMÃO DA VADIA. VEJA! “LÁ VAI O PARENTE DA MERETRIZ”.

PLÍNIO FICA HORRORIZADO.

PLÍNIO: SERÁ?

MURILO: VOCÊ NÃO SABE COMO É A BOCA DESSE POVO?

PLÍNIO: E QUANTO EU GANHO NISSO?

MURILO: 15% PRA COMEÇAR.

PLÍNIO: 20%.

MURILO: TÁ FECHADO.

MURILO ESTENDE A MÃO PRA PLÍNIO.

MURILO: NEGÓCIO FECHADO?

PLÍNIO: (APERTANDO A MÃO DE MURILO) FECHADO.

CENA 08. INTERIOR. EMPRESA POSITIVO. SALA DE CÁSSIO. MANHÃ.

DANIEL E CÁSSIO SENTADO. TEXTO EM ANDAMENTO.

DANIEL: ENTÃO, DOUTOR, É ISSO. TIVE POUCAS OPORTUNIDADES NA VIDA. E ESSA É A GRANDE CHANCE QUE QUERO AGARRAR COM AS DUAS MÃOS.

CÁSSIO: INTERESSANTE SUA HISTÓRIA. (LEVANTA) MAS EU TIVE ANALISANDO BEM O SEU PERFIL E VEJO QUE NÃO SE ENQUADRA NESSE SERVIÇO.

DANIEL: NÃO? MAS COM CERTEZA TERÁ OUTRO DISPONÍVEL. UMA EMPRESA TÃO GRANDE.

CÁSSIO: VOCÊ NÃO ENTENDEU RAPAZ? A SUA VAGA JÁ FOI PREENCHIDA.

DANIEL: PREENCHIDA? COMO ASSIM?

CÁSSIO: OUTRA PESSOA VEIO E TOMOU SEU POSTO. NÃO VAMOS MAIS PRECISAR DO SEU SERVIÇO.

DANIEL: MAS, DOUTOR...

CÁSSIO: PASSAR BEM RAPAZ.

CÁSSIO SAI. DANIEL FICA ALI TRISTE, DESORIENTADO. ENTRA SORAIA.

SORAIA: ENTÃO, MEU AMOR? DEU TUDO CERTO?

DANIEL SE LEVANTA MEIO ZONZO, FECHA OS OLHOS E DESMAIA. SORAIA SE DESESPERA.

SORAIA: DANIEL? RESPONDE! DANIEL, FALA COMIGO.

NO CLOSE DE DANIEL DESMAIADO, CORTA PARA...

FIM DO CAPÍTULO 32