Episódio 23 - Aconteceu Aos 16



A bala foi real, o tiro também, e toda a claridade que meus olhos Estevam a contemplar foi substituídos por escuridão.
Tudo tinha se apagado a minha volta, não existia mas luz, so tinha trevas em meio a todo aquele salão.
Nesse momento a minha mente me levou ao subconsciente da minha vida, eu ouvir gritos por todos os lados, ouvir dor, ranger de dentes, choro, angustia, tinha quase certeza de que tinha chegado ao ápice da minha vida, estava ciente de que tinha descido ao inferno.
Vir-me andando em um caminho largo, era uma ponte que estava cercada por larvas que estavam borbulhando a todo vapor.
Eu estava me dirigindo ao final da ponte, estava indo de encontro ao lago de fogo.
E eu caminhava em passos lentos e cautelosos, de forma simples e delicada.
Mas eu fui
Com um pé atrás do outros e como a certeza de que aquele era o meu destino.
E fui mudo sem falar nada, sem medo, e sem recuar.
A ultima passada tinha sido dada, só faltava mas um passo para eu mergulhar no meu destino final.
Foi ai que veio em minha direção uma luz, luz essa que me consumia e me tomava por inteiro, e na medida em que eu estava caindo dentro do lago, à luz me abria um caminho, e a cada profundida do lago ela me fez passar sem me queimar, era um lago fundo muito fundo que a sua profundidade não se calculava.
E ao chegar ao fundo das camadas de larva eu a luz me tomou por completo.
E eu abrir os olhos
E vir que aquilo não era real
Vir que eu não tinha morrido.
Entendi que aquela cena foi apenas o meu medo, e que na verdade a escuridão foi de fato o lustre que a Beth havia destruído com um tiro, na tentativa de me fazer fugir.
Os gritos e angustia era todos os convidados correndo em meio à escuridão no salão.
E a luz que me tinha tirado na realidade era a Beth, que estava me chamando.
- Menteu, Menteu.
E eu respondi sem medo de não reconhecer a voz dela.
- Beth, aqui Beth.
Fui em direção a ela, e mesmo sem enxergar muito eu conseguir sentir, conseguir ver ela, e conseguia sentir, e lentamente caminhei rumo a ela, e mesmo sem convicção de onde eu poderia para, eu fui, com a certeza de que era ao lado dela que eu teria que chegar.
- Menteu, Menteu.
Ela gritava.
- Beth, eu estou aqui.
Ao lado do piano eu dei a curva, e me segurava as teclas do teclado, que fazia um ritmo desentoado, ritmo esse que foi completado por outra pessoa que estava usando o mesmo método, e foi ai que o som parou, as teclas acabaram para ambos, e eu toquei a mão dela, e ela segurou a minha.
- Menteu?
- Beth.
Ela me abraçou, e me apertou de uma forma inexplicável.
- Eu tive tanto medo de te perder.
Beth falou pra mim em choros.
- Mas eu estou bem, estou vivo, e com você.
Beijei sua testa.
- Como conseguiu me achar em meio a toda essa escuridão?
- Não sei, mas acho que o que Sinto por você acabou me tornando um objeto.
- E qual seria esse objeto?
- Um imã
- Um Imã?
-É, me tornei um Imã, que contem dois polos que consequentemente se atraem, quando são colados em lados opostos, a única diferença e que eu sou o lado Norte desse Imã, e você é o meu lado Sul.
Ela sorriu.
- Menteu, precisamos ir, ainda corremos perigo aqui.
- Claro, mas sabemos que estar tudo fechado, não temos uma saída.
- Lembra-se da noite do velório?
Beth me perguntou.
- Sim, Lembro.
- Na hora do meu “desmaio” eu notei que um lado do chão no qual eu bati o braço estava oco.
- Então, você acha que pode ter alguma passagem por lá ?
- Sim, tenho certeza, o comprimento era de uma porta quadrada de 1 metro, ninguém faria uma abertura daquela por nenhum motivo, é uma saída.
- E onde fica aquela esse local?
- Bem aqui, nos nossos pés.
Ela bateia o pé no chão e eu a acompanhei.
- Quando eu atirei no Lustre, eu procurei o local exato, e aqui Menteu, metade desse lado e o restante por baixo do piano.
- Eu te venero Beth, Eu te Venero.
A movimentação de gente e os gritos ainda estavam circulando no meio do pátio, mas parecia que tudo  havia congelado, é como se Beth me entregasse o controle da paz.
- Agora como vamos quebrar essa entrada?
Beth me questionou.
- Deixa que isso eu resolvo.
Me agachei e rastejei com a mão no chão na tentativa de encontrar alguma coisa afiada.
E encontrei uma base de ferro que servia de apoio ao lustre.
- Se afaste.
Falei pra Beth
Track, track, track.
Com toda força sobre o piso de madeira eu conseguir abrir um buraco no chão, depois outro e mais outro.
- Vamos Beth?
- Vamos Menteu, Só segura em minha mão, por favor.
Ela pegou em minha mão e eu na dela, o buraco estava escuro, desci as escadas primeiro, ela veio atrás de mim, era quase 2 metros de degraus abaixo.
Olhemos para o ambiente, e no final do tonel avistemos uma pequena iluminação, era um túnel de quase 20 metros de comprimento.
E corremos em direção a nossa liberdade.
Ela do meu lado e eu do dela.
Cegamos no final, e sim, era como tínhamos deduzido, o túnel dava para o jardim, em um escapamento de ar como se fosse um bueiro.
- E agora o que faremos Menteu?
Tirei o celular do bolso e falei.
- Vamos descobrir quem é nosso assassino.
Ela olhou para o celular, eu olhei pra ela, e depois olhei para o espaço, e raciocinei que talvez a nossa maratona policial estivesse chegando ao fim.
Ou não.

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