De Volta Pra Casa - Capítulo 15



Novela de Eric Carvalho Cattin

Capítulo 015

NO CAPÍTULO ANTERIOR...

CREUZA SAI CORRENDO DA PENSÃO PRO MEIO DA PRAÇA GRITANDO, VERUSKA CORRE ATRÁS (instrumental cômico) A CAMERA VAI SUBINDO MOSTRANDO AS DUAS CORRENDO NA PRAÇA...

(começa tocar Alegria, alegria – Caetano Veloso) ENQUANTO A CAMERA SE DISTÂNCIA, A PEQUENA PEDRA ROSA COMEÇA A CRESCER VEMOS CASAS E PREDIOS SE ERGUEREM AO REDOR DA PEQUENA PRAÇA CENTRAL – CORTA PARA LANA PASSANDO A MÃO NA BARRIGA (a câmera passa em volta de Lana) MOSTRANDO A BARRIGA CRECENDO, EM SEGUIDA VEMOS LANA CORRENDO COM UMA CRIANÇA DE MÃOS DADAS – CORTA PARA MIGUEL NO PÁTIO DO PRESÍDO LIMPANDO O CHÃO...

11 ANOS DEPOIS... (2013)
VOLTAMOS PARA DONA VERUSKA E CREUZA CORRENDO NA PRAÇA

DONA VERUSKA – Vai logo lerdeza, temos que pegar um bom lugar para ver o prefeito de perto!

CREUZA – Calma dona Veruska já vi um lugar bom ali ô!

PREFEITO GENIVALDO FERRÃO CHEGA NO PALANQUE ACOMPANHADO DE SUA ESPOSA ALZIRA E SEU FILHO GABRIEL (instrumental cômico).

GENIVALDO – Meus caros habitantes de Pedra Rosa, é com imenso prazer que que eu Genivaldo Ferrão o primeiro prefeito de Pedra Rosa venho inaugurar a nossa praça central com o nome de nossa saudosa Conceição da Silva Pereira, alguém gostaria de fazer as honras em corta o laço?

DONA VERUSKA – Eu aqui ó! (pulando acenando)

GENIVALDO – Dona Veruska? Muito bem vem aqui cortar a fita e inaugurar nossa praça central!

ALZIRA – Valdinho não gosto dessa mulher... homem ai sei lá o que essa pessoa é! Eu não vou com a cara dela.

GENIVALDO (sem graça) – Não me chame de Valdinho em publico Alzira, sabe que não gosto! Dona Veruska é gente boa fica tranquila!

DONA VERUSKA SOBE NO PALANQUE, E AO SUBIR TROPESSA E CAI EM CIMA DE ALZIRA, E TENTANTO SE SEGURAR ACABA RASGANDO TODA A ROUPA DE ALZIRA QUE FICA NUA EM PRAÇA PUBLICA! TODOS FICAM PASMOS E COMEÇAM A RIR, DONA VERUSKA FICA SEM GRAÇA.

PENITENCIÁRIA (som Alegria, Alegria – Caetano Veloso)
OS PORTÕES DA PENITENCIÁRIA SE ABREM, E MIGUEL SAI... HILDA E ESPETO CORREM PARA ABRAÇA-LO, ELES SE ABRAÇAM EMOCIONADOS...

MIGUEL – Finalmente livre!

FIQUE AGORA COM O CAPÍTULO QUINZE...


MIGUEL (olhando para os lados) – Cadê Joca? Ele ta na escola?

HILDA E ESPETO SE OLHAM E ABAIXAM A CABEÇA.

MIGUEL – Onde está meu irmão tia Hilda? Me diz por que não falam nada? Aconteceu alguma coisa com ele?

HILDA – Calma Miguel, vamos pra casa e lá nós conversamos! Vamos!

ELES ENTRAM NO TAXI E VÃO PARA PEDRA ROSA...

CONSTRUTORA CAMPELLO / SALA VITÓRIA
ALEX ENTRA (instrumental suspense)

VITÓRIA – Não bate mais na porta para entrar rapaz? Não admito que entre sem se anunciar!

ALEX – Desculpa sogrinha, mas é que precisava lhe trazer uma noticia nada agradável.

VITÓRIA – Não venha me dizer que aquele povinho Mexicano não vai mais fechar com nós a construção do condomínio?

ALEX – Não é isso, é bem pior!

VITÓRIA (nervosa) – Meu Deus fale de uma vez criatura, pare de joguinhos e desembucha logo!

ALEX – O favelado está de volta!

VITÓRIA (se levanta da cadeira) – O que? Como assim de volta?

ALEX – Isso mesmo, o favelado acaba de deixar a penitenciária, tenho minhas fontes e elas acabaram de me dar essa péssima noticia!

VITÓRIA – Como saiu? A pena dele ainda não acabou ele tem mais de um ano para cumprir ainda, fora o nosso plano de fazê-lo ficar por mais uns dez! Como ele pode sair mais cedo?

ALEX – Ele ganhou um ano de redução na sua pena por bom comportamento e por trabalhar dentro da prisão!

VITÓRIA Vamos ter que fazer alguma coisa Alex e rápido, antes que esse favelado venha tirar satisfações comigo ou até mesmo procurar Lana, ele não pode nem sonhar que tem uma filha, tenho certeza de que ele vai vir atrás de mim, mas já sei o que fazer para me defender! Ele vai querer nunca ter saído da prisão!

ALEX – Desculpe minha sogra, mas o que pretende fazer?

VITÓRIA – Vamos eliminar de vez esse verme de nossas vidas! Vamos sumir com o favelado da face da Terra!


PEDRA ROSA / PRAÇA CENTRAL
DONA VERUSKA SE LEVANTA DO CHÃO ENVERGONHADA, TODOS RIEM DELA E DA PRIMEIRA DAMA (instrumental comico)

ALZIRA (envergonhada) – Olha o que você fez sua louca desequilibrada! Parece que nunca viu um microfone na vida!

DONA VERUSKA – Desculpe dona Primeira Dama eu acabei tropeçando na escada.

ALZIRA – Você fez de propósito sua louca invertida!

DONA VERUSKA – Como é? Você me chamou de que?

ALZIRA – Invertida! Não é isso que você é?

DONA VERUSKA – Ahh mas agora a senhora vai ver quem é invertida aqui, eu que vou deixar você toda invertida sua primeira dama da peruas!

VERUSKA PEGA ALZIRA PELOS CABELOS E A ARRASTA ATÉ O BOLO, ONDE ENFIA A CARA DA PRIMEIRA DAMA NO BOLO (instrumental cômico)

DONA VERUSKA (limpando as mãos) – Agora você vai ficar docinha docinha, e também  tem motivos para me chamar de louca, perua homofóbica.

PREFEITO GENIVALDO – Gente calma vamos parar com isso, Dona Veruska desça do palanque por gentileza!

DONA VERUSKA – Não vou descer! Vim até aqui para corta a faixa vermelha, e vou corta a faixa vermelha, aliás cadê ela?

PREFEITO GENIVALDO – A senhora já cortou caindo em cima dela. Agora desça desse palanque antes que eu chame as forças policiais para lhe retirar!

DONA VERUSKA – Vem, mais vem me tirar que eu quero ver! O senhor prefeito também está precisando adoçar a sua vida um pouco!

VERUSKA ESFREGA A OUTRA PARTE DO BOLO NO ROSTO DO PREFEITO, QUE PEGA UMA PARTE E TAMBÉM ESFREGA NO ROSTO DE VERUSKA, E BOLO VAI VOANDO PARA TODOS OS LADOS CAINDO SOBRE A POPULAÇÃO DE PEDRA ROSA, CREUZA CAI NA RISADA, ELA PEGA ESCONDIDA UM PEDAÇO DO BOLO E SAI COMENDO.

ALZIRA (raiva) – Eu vou fazer de tudo para fechar essa espelunca que você chama de hotel pra ver você  sumir da minha cidade!

DONA VERUSKA – Isso é o que nós vamos ver, cheguei aqui bem antes de você sua perua despenada!

ALZIRA – Valdinho, mande prender essa louca imediatamente!

PREFEITO GENIVALDO – Senhores policiais prendam esse... essa... esse...(confuso)  Ahh prendam Dona Veruska agora!

DONA VERUSKA É ALGEMADA PELOS POLICIAIS E LEVADA PARA A DELEGACIA DE PEDRA ROSA

DONA VERUSKA – Não podem me prender sou uma comerciante nata de Pedra Rosa, me soltem agora!

POLICIAL – A senhora tem o direito de permanecer calada, e será presa por baderna publica!

DONA VERUSKA – Baderna publica? Nem sabia que existia isso.

PREFEITO GENIVALDO – Se não existe eu acabo de lançar essa lei! A senhora está presa por baderna publica! Podem leva-la.

DONA VERUSKA É LEVADA PARA A VIATURA, TODOS FICAM OLHANDO.

DONA VERUSKA – O que estão olhando bando de desocupados!


INTERVALO – ABERTURA DA NOVELA


CASA HILDA
HILDA, MIGUEL E ESPETO ENTRA NA SALA

MIGUEL – Que bagunça naquela praça credo, isso aqui não mudou nada (risos). Então Tia estou esperando vocês me dizerem onde está meu irmão?

HILDA – O Joca foi levado pelo Conselho Tutelar, eu e nem Espeto tínhamos a guarda de Joca, e por isso ele foi levado.

MIGUEL (chora desesperado) – Mas como levaram ele Tia? Como souberam onde ele estava?

HILDA – Não sei meu querido, parece que foi uma denuncia anônima.

MIGUEL (raiva) – Foi aquele demônio, aquela desgraçada arruinou com minha vida e da minha família, primeiro eu vou atrás de Joca e depois e vou até o inferno para me vingar daquela desgraçada!

HILDA – Calma meu filho, de quem você está falando?

MIGUEL – Estou falando da mulher que acabou com minha vida e a de meu pai, Vitória Negrini.

HILDA – Vitória Negrini?

MIGUEL – Sim, conhece essa mulher?

HILDA – Ela é minha patroa Miguel!

MIGUEL – Sua patroa? Como assim? Você não disse que trabalha numa construtora?

HILDA – Exatamente meu filho, Vitória vendeu a clinica e logo em seguida reabriu uma antiga construtora que me parece que era do falecido pai dela, e já faz mais de dez anos isso.

MIGUEL – Melhor ainda, pois já sei onde encontra-la!

HILDA – Miguel deixa esse povo pra lá meu filho, se foi ela quem fez tudo isso com você então já sabe que do que essa mulher é capaz, não vai se meter em outra confusão meu filho você acabou de sair da prisão, retome sua vida esqueça o passado.

MIGUEL – Jamais vou esquecer tudo o que aquela mulher me fez passar tia, só eu sei o que eu passei naquele lugar onde eu fiquei onze anos injustamente pagando por um crime que eu não cometi. Agora eu vou atrás de meu irmão que deve está precisando de mim mais do que nunca.

HILDA – Claro, eu vou com você!

ESPETO – Até queria colar lá com vocês, mas tenho que voltar pro trampo! Vai na fé irmão que você acha seu parcinha!

MIGUEL – Valeu Espeto!

RIO DE JANEIRO / MANSÃO NEGRINI / SALA
LANA ENTRA NA SALA

LANA – Bom dia Alfredo, sabe me dizer se Julia já ligou hoje?

ALFREDO – Bom dia senhorita Lana, não a pequena Julia ainda não telefonou.

LANA – Essa viagem está me preocupando, Julia passa horas sem me ligar nem parece que lembra que tem mãe.

ALFREDO – Calma senhorita, a pequena Julia deve está estudando muito, é claro que ela lembra da senhorita, inclusive se me permite a senhorita quando era jovem fazia as mesmas coisas (risos), deixava todos aqui de cabelos em pé sem noticias.

LANA – Pior que eu sei disso, bom assim que ela telefonar peça que me ligue no meu celular porque estou indo para a construtora agora preciso resolver alguns pepinos lá, tchau Alfredo.

ALFREDO – Pode deixar senhorita, tchau bom trabalho.

IMAGENS AEREAS DO RIO DE JANEIRO – CRISTO REDENTOR – ONDAS DAS PRAIAS (ao som de Porque eu te amo – ANAVITÓRIA)
CONSTRUTORA CAMPELLO / SALA LANA
LANA OLHA PELA JANELA COM PENSAMENTO EM MIGUEL

LANA – Onde será que você está? Será que ainda está preso?

ALEX ENTRA NA SALA

ALEX – Conversando sozinha agora meu amor?

LANA – Você e essa mania de entrar sem bater hein Alex!

ALEX – Bom dia pra você também meu amor, o que você quer tanto falar comigo que veio até mais cedo pra empresa hoje?

LANA – Eu vim para dizer que a partir de hoje eu quero tomar a frente de toda a administração da Campello!

ALEX (surpreso) – Como é?

LANA – Isso mesmo que você ouviu Alex, eu quero tomar a frente de tudo, já está mais do que na hora deu exercer aquilo que me formei a anos.

ALEX (preocupado) – Mas meu bem você não precisa trabalhar eu e sua mãe  nos damos conta de tudo por aqui, sempre foi assim já faz mais de dez anos que está tudo indo a mil maravilhas.

LANA – Eu sei disso, mas quero trabalhar  mais cansei de ficar em casa apenas estudando, agora quero entrar de cabeça na Campello e pra isso preciso dos relatórios de todos os anos da Campello, peça para que Hilda traga pra mim ainda hoje.

ALEX – A Hilda ainda não chegou, mas assim que chegar eu peço isso a ela, já que faz tanta questão disso.

LANA – Muito obrigado meu querido.

ALEX (beijando o pescoço dela) – Amanhã é nosso aniversário de casamento, vamos fazer uma pequena viagem para comemorar o que acha?

LANA  (se esquiva) – Não estou com cabeça pra isso Alex estou preocupada com Julia lá nos Estados Unidos, enquanto ela não voltar não vou ficar bem, e espero que respeite isso!

ALEX – Você está cada vez mais distante.

LANA – Lembre-se que casamos não por amor, e sim para que Julia tivesse um pai o que você concordou logo de cara, espero que não se esqueça disso Alex, pois sabe muito bem que não sinto e nunca senti nada por você, agora saia da minha sala que tenho coisas a fazer!

ALEX – Tudo bem como queira, com licença! (ele sai)  Vadia, sempre me humilhando, mas ainda vai ter o que você merece sua cretina!


CONSELHO TUTELAR DO RIO DE JANEIRO
MIGUEL E HILDA ENTRAM

MIGUEL – Bom dia, vim buscar meu irmão Joaquim da Silva Pereira.

RECEPCIONISTA – Buscar seu irmão? Como assim senhor?

MIGUEL – Vocês foram e pegaram meu irmão na casa minha tia, e agora eu vim busca-lo de volta.

RECEPCIONISTA – Só um momento que vou procurar a ficha dele. (...)  Infelizmente isso não será possível senhor.

MIGUEL – Como não? Ele é meu irmão e eu vim buscar ele para morar comigo!

RECEPCIONISTA – Desculpe, mas seu irmão foi encaminhado para uma casa de adoção e foi adotado por outra família!

MIGUEL (nervoso) – Como vocês colocam uma criança para ser adotada se ela tem família?

HILDA – Calma Miguel, não adianta você se exaltar!

RECEPCIONISTA – Como o jovem Joaquim perdeu os pais ele ficou sob sua tutela que é o irmão mais velho dele, e como consta aqui o senhor estava detido por assassinato seu irmão não tinha com quem ficar por isso o Conselho Tutelar fez a busca do jovem.

MIGUEL - Me diz onde é essa casa de adoção que vou lá agora!  Essa família vai ter que devolver meu irmão, ele não é órfão!

RECEPCIONISTA - Infelizmente não posso te passar essa informação, se o senhor quiser recorrer a justiça terá que conseguir um bom advogado, eu sinto.

MIGUEL DA UM SOCO NO BALCÃO E CHORA DESESPERADO (instrumental triste) HILDA O ABRAÇA

HILDA – Vamos meu filho não temos nada mais para fazer aqui, vamos procurar um bom advogado e vamos conseguir trazer Joca de volta.

MIGUEL (chora) – Tia o Joca foi adotado por outra família, como vamos traze ele de volta? Isso tudo por causa daquela desgraçada! Mas eu vou encontrar meu irmão nem que eu tenha que ir até o fim do mundo!

HILDA – Vai encontrar sim meu querido, vamos preciso ir trabalhar já estou atrasada. (os dois vão embora)

CAMPELLO / RECEPÇÃO
HILDA CHEGA TRISTE E SENTA-SE NA CADEIRA, LANA CHEGA

LANA – Aconteceu algo Hilda está chorando?

HILDA – Desculpe dona Lana, estou com um problema muito sério na minha família, me desculpe também pelo atraso.

LANA – Sem problema, se precisar pode tirar o dia de folga.

HILDA – Não imagina, eu preciso trabalhar para ocupar a cabeça, a senhora precisa de algo?

LANA – Sim, eu preciso que me faça um relatório das finanças da Campello durante esses dez anos, faça isso o mais rápido possível por favor.

HILDA – Claro vou providenciar o mais rápido.

LANA – Obrigado Hilda, se me procurarem avise que fui ao cartório e logo volto!

HILDA – Tudo bem pode deixar!

(som Porque eu te amo – ANAVITÓRIA) LANA ENTRA NO CARRO E SEGUE PELAS RUAS DO RIO DE JANEIRO –
IMAGENS AÉREAS DA AVENIDA DE COPACABANA LANA OUVE O SOM E CANTA JUNTO...

MIGUEL DESCE DO TAXI NA AVENIDA

MIGUEL – Obrigado!

TAXIXSTA – As ordens chefe! (e sai)

MIGUEL VAI ATÉ A PRAIA E FICA OLHANDO PARA O MAR

LANA ESTACIONA O CARRO E DESCE OLHANDO PARA A PRAIA, ELA COLOCA OS DOCUMENTOS NO BANCO DO CARRO E VAI PARA A PRAI, ONDE CAMINHA OLHANDO PARA O MAR... MIGUEL SEGUE CAMINHANDO E OS DOIS ACABAM SE ESBARRANDO. (instrumental Because of you)

MIGUEL – Lana?

LANA – Miguel?

FOCO EM LANA


Sobe os créditos ao som de Because of You – Kelly Clarckson

Fim de Capítulo. 

"esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade"

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