De Volta Pra Casa - Capítulo 16



Novela de Eric Carvalho Cattin

Capítulo 016

NO CAPÍTULO ANTERIOR...

CAMPELLO / RECEPÇÃO
HILDA CHEGA TRISTE E SENTA-SE NA CADEIRA, LANA CHEGA

LANA – Aconteceu algo Hilda está chorando?

HILDA – Desculpe dona Lana, estou com um problema muito sério na minha família, me desculpe também pelo atraso.

LANA – Sem problema, se precisar pode tirar o dia de folga.

HILDA – Não imagina, eu preciso trabalhar para ocupar a cabeça, a senhora precisa de algo?

LANA – Sim, eu preciso que me faça um relatório das finanças da Campello durante esses dez anos, faça isso o mais rápido possível por favor.

HILDA – Claro vou providenciar o mais rápido.

LANA – Obrigado Hilda, se me procurarem avise que fui ao cartório e logo volto!

HILDA – Tudo bem pode deixar!

(som Porque eu te amo – ANAVITÓRIA) LANA ENTRA NO CARRO E SEGUE PELAS RUAS DO RIO DE JANEIRO –
IMAGENS AÉREAS DA AVENIDA DE COPACABANA LANA OUVE O SOM E CANTA JUNTO...

MIGUEL DESCE DO TAXI NA AVENIDA

MIGUEL – Obrigado!

TAXIXSTA – As ordens chefe! (e sai)

MIGUEL VAI ATÉ A PRAIA E FICA OLHANDO PARA O MAR

LANA ESTACIONA O CARRO E DESCE OLHANDO PARA A PRAIA, ELA COLOCA OS DOCUMENTOS NO BANCO DO CARRO E VAI PARA A PRAI, ONDE CAMINHA OLHANDO PARA O MAR... MIGUEL SEGUE CAMINHANDO E OS DOIS ACABAM SE ESBARRANDO. (instrumental Because of you)

MIGUEL – Lana?

LANA – Miguel?

FIQUE AGORA COM O CAPÍTULO DEZESSEIS...

(instrumental Because of You)

MIGUEL (surpreso) – Nossa como está mudada! Mais linda ainda!

LANA – Obrigada, e você também está mais bonito... Bom preciso ir!

MIGUEL (a segura pelo braço) – Espere Lana, vamos tomar um suco, conversar sei lá faz tantos anos que não nos vemos.

LANA – Desculpe, mas não tenho nada para falar com o assassino do meu pai me solte, por favor se não eu grito!

MIGUEL – Por favor meu amor, vamos tomar um suco comigo? Eu prometo que será rápido, sinto tanta saudades de você, aceita por favor?

LANA (comovida) – Tudo bem, um suco rápido porque tenho muito trabalho.

MIGUEL (animado) – Muito obrigado meu amor!

LANA – Por favor, Miguel não me chame de meu amor, me chame de Lana.

MIGUEL – Como quiser! Vamos?

MIGUEL E LANA VÃO PARA UMA LANCHONETE PRÓXIMA E SENTAM-SE NA MESA ONDE PEDEM DOIS COPOS DE SUCO.

MIGUEL – Senti tanta sua falta Lana.

LANA – Miguel por favor não comece, viemos apenas para tomar um suco!

MIGUEL – Eu sei mas você precisa acreditar em mim, eu sou inocente meu amor jamais eu teria coragem de cometer um crime, ainda mais contra o pai da mulher que eu amo isso não faz o menos sentido Lana.

LANA (se levanta) – Se foi pra isso que quis vir aqui eu vou embora!

MIGUEL (se levanta) – Não foi pra isso que te chamei aqui não! Foi pra isso... (ele a puxa e a beija) (começa a tocar “Porque eu te amo – ANAVITÓRIA)

LANA TENTA RESISTIR AO BEIJO APAIXONADO DE MIGUEL, MAS ACABA SEDENDO E OS DOIS SE BEIJAM APAXONADOS... CORTA PARA CAMA DO MOTEL QUERO MAIS, MIGUEL RETIRA LENTAMENTE AS ROUPAS DE LANA, QUE EM SEGUIDA RETIRA AS ROUPAS DELE ONDE SE ENTREGAM A PAIXÃO E FAZEM AMOR.

PEDRA ROSA/DIA
DELEGACIA MUNICIPAL – DONA VERUSKA É LEVADA PARA A SALA DO DELEGADO (instrumental cômico)

DELEGADO CLEMENCIO – A senhora mais uma vez envolvida em um escândalo hein Dona Veruska! Dessa vez a senhora passou dos limites, desacatou nosso prefeito e nossa primeira dama!

DONA VERUSKA – Olha aqui senhor delegado Clemencio, eu não fiz nada, foi aquela perua manca que me provocou, não tenho sangue de barata!

DELEGADO CLEMENCIO (passando a mão nas mãos dela) – Terei que prender a senhora, mas podemos fazer um acordo se é que me entende.

DONA VERUSKA (retira a mão) – O senhor delegado está achando que eu sou uma prevaricada? Tire essas mãos imundas de cima das minhas lindas mãos, e  senhor que ousa toca-las novamente que meto um processo por assédio, e vamos ver quem vai parar atrás das grades! Eu hein palhaço! (arrumando os cabelos) Vou sair por essa porta aqui, e não quero ninguém atrás de mim entendeu senhor delegado?

DELEGADO CLEMENCIO (medo) – Sim, senhora pode indo, está tudo certo! Sargento deixe-a ir! Passar bem Dona Veruska!

DONA VERUSKA – Gosto assim de pessoas de fácil entendimento! Com licença! (ela sai da delegacia)

DELEGADO CLEMENCIO – Que mulher é essa? Adoro essas mulheres bravas com atitude! (o sargento fica olhando) Tá olhando o que? Não tem nada pra fazer não? Some daqui! (ele coloca as pernas sob a mesa e sorri)

DONA VERUSKA CHEGA CORRENDO NO HOTEL

CREUZA – Credo Dona Veruska parece que viu um fantasma.

DONA VERUSKA – Tô vendo um agora na minha frente! Cuida da sua vida serviçal abusada!

CREUZA – Credo só estava preocupada, olha tem uma tal de Madame Helô que está chegando para se hospedar!

DONA VERUSKA – E eu com isso Creuza? Quem é a recepcionista aqui?

CREUZA – Eu!

DONA VERUSKA – Pois então se vire!

CREUZA – Credo que mau humor! Só achei que quisesse saber de novos hospedes, e olha acho que essa é bem diferente dos outros hospedes!

DONA VERUSKA – Creuza cala a boca! (ela sai)

CASA HILDA
HILDA E ESPETO CONVERSA NA SALA

HILDA (preocupada) – Estou com medo do que Miguel possa fazer contra aquela família meu filho, vejo muito ódio nos olhos dele ainda mais depois de Joca ter sido levado pelo conselho tutelar.

ESPETO – Não sei não mãe, o Miguelito é tão suave que não acho que ele vá se meter em treta de novo por causa dessa gente não, ele vai focar no rastreio do moleque Joca.

HILDA – Sei não Wanderson, estou muito preocupada!

ESPETO – A senhora tinha que está queimando os cocos ai é com as paradas lá dos exames que cê fez minha véia. Já colou lá nos médico?

HILDA – Meu filho chega a doer os ouvidos essas gírias que você usa, está marcado pra hoje, depois de quase dois anos marcado essa consulta, sabe como é os atendimentos em hospitais públicos né meu filho.

ESPETO – Se sei... Vou vazar pro trampo, quando chegar quero saber dos papo aí com os médico! Tchau minha véia! (ele beija a mãe e sai)

HILDA – Tchau meu filho! Vai com Deus!

HILDA PEGA O EXAME DENTRO DA GAVETA DO ARMÁRIO E RESPIRA FUNDO. (instrumental triste)

HILDA – Só espero que não seja o que estou pensando! (ela sai e vai para o médico)

MANSÃO NEGRINI
QUARTO ALEX – ALEX FALA AO TELEFONE COM MELISSA
(som de “Sympathy for the devil”)

ALEX – Você não vai voltar mais não garota? Ou estou precisando de assistência sexual!

MELISSA (ao telefone) – Calma ai meu cachorrão estou chegando pra te satisfazer e me satisfazer também, porque aqui nesse fim de mundo chamado São Paulo eu não tô pegando nem gripe.

ALEX (ao telefone) – Te arrebento se pegar outro homem! Você é só minha! Entendeu SÓ... M.I.. NHAAA..

MELISSA – Iiiii a sonsa da Lana não tá dando a assistência necessária?

ALEX – Hahaha engraçadinha, sabe que essa vadia nunca nem chegou perto de mim! Tenho que suporta-la por causa de nossa insistência em por a mão na fortuna desse povo insuportável.

ALFREDO OUVE ATRÁS DA PORTA E FICA CHOCADO


INTERVALO – ABERTURA DA NOVELA


ALFREDO – Sabia que esse Alex não era flor que se cheire! Preciso fazer alguma coisa para ajudar minha Lana!

CONSTÂNCIA – Falando sozinho de novo Alfredo? Ou ouvindo atrás da porta?

ALFREDO TAPA A BOCA DE CONSTÂNCIA E A LEVA PARA LONGE

ALFREDO – Ficou louca Constância? Se o Dr. Alex nos pega ali não ia sobrar nem um fio de cabelo nosso pra contar história!

CONSTÂNCIA – Você ainda vai acabar se dando mal com essa mania de ficar ouvindo tudo atrás das portas!

ALFREDO – Seu te contasse tudo o que escuto aqui, você jamais iria acreditar!

CONTÂNCIA – Acha que eu não escuto as coisas aqui? Já escutei muita coisa, mas me faço de cega, surda e muda para manter meu ganha pão!

VITÓRIA ENTRA NA COZINHA

VITÓRIA – Não sabia que eu pagava a criadagem para ficarem de papo na cozinha! Não tem o que fazer Alfredo? Virou cozinheiro agora?

ALFREDO – Desculpe Mandame, já estava de saída para buscar as roupas da mandame no alfaiate, com licença!

VITÓRIA – E você Constância? Não tem nada pra cozinhar? Ou vai esperar o meu almoço ficar pronto sozinho? Pelo amor de Deus parece que cada ano que passa está ficando mais lerda, claro né está parecendo uma múmia de tão velha, as vezes me pergunto por que ainda não te coloquei no olho da rua. É que sou tão generosa as vezes que tenho raiva de mim mesma! (ironia)

CONSTÂNCIA (triste) – Desculpe senhora!

VITÓRIA – E nem adianta fazer essa cara de cachorro que caiu da mudança que não me comove! Trata de fazer seus afazeres se não te coloco no olho da rua, e depois irá morrer de fome, porque ninguém mais irá contratar uma velha gagá como você minha querida! (ela sai)

CONTÂNCIA CAI EM PRANTOS!

ALEX ABRE O COFRE ATRÁS DO QUADRO DE LANA E COMEÇA A COLOCAR VARIOS MONTANTES DE DINHEIRO EM UMA BOLSA. (instrumental armação) ELE FECHA O COFRE E SAI DO QUARTO.
ALFREDO SAI DE TRÁS DA PORTA

ALFREDO – Preciso fazer alguma coisa, alguém precisa saber da pessoa canalha que vive nesta casa! E vou fazer isso! Se ele quiser extorquir Vitória tudo bem, mas minha Laninha não! Isso eu não admito!

HOSPITAL PÚBLICO
HILDA É CHAMADA NA SALA PARA CONSULTA APÓS QUATRO HORAS DE ESPERA. (instrumental tenso triste)

HILDA – Boa tarde Doutor!

MÉDICO – Sente-se, e me diga o que está sentindo?

HILDA – Agora nada Doutor.

MÉDICO – A senhora vem aqui e não está sentindo nada?

HILDA – É que vim trazer uns exames para o senhor ver o resultado.

MÉDICO – Certo, me dê aqui!

HILDA ENTREGA OS EXAMES, O MÉDICO ABRE E OBSERVA RÁPIDAMENTE.

HILDA – E então doutor? O que eu tenho? É grave, olha pode me falar a verdade sou forte, estou preparada para qualquer coisa!

MÉDICO – A senhora pode ficar quieta por favor, se não eu não vou conseguir te dar o resultado!

HILDA – Desculpe! É que estou preocupada sabe, tenho minha família, são dois meninos lindos o senhor precisa ver.

MÉDICO – Olha aqui dona Hilda,  não sou psicólogo então me poupe de suas histórias familiares,  eu olhei aqui que a senhora fez todos os exames necessários para chegar ao diagnóstico preciso.

HILDA – Sim fiz vários exames, mas nenhum médico me disse nem sequer o que suspeitam que seja! Olha doutor passei quase dois anos atrás de uma vaga... (interrompida)

MÉDICO – A senhora está com câncer!

HILDA FICA PARALIZADA (instrumental triste)

HILDA – Como disse? Não entendi direito doutor?

MÉDICO – É isso mesmo a senhora está com câncer maligno na região do fígado, e pelo que consta aqui está num estágio bem avançado, o que não tem muito a ser feito, podemos começar imediatamente com a quimioterapia, porém isso irá prolongar a vida da senhora em mais ou menos uns seis meses, e lhe causará grandes desgaste físico e mental.  Com a quimioterapia a senhora ficará um pouco debilitada e começará a perder os cabelos e lhe asseguro um tempo de vida em torno de seis meses.

HILDA (lagrimas caem dos olhos) – O senhor está me dizendo que tenho um câncer no fígado em estado terminal com toda essa frieza?

MÉDICO – Desculpe minha senhora, mas tenho que ser realista, não tenho tempo para rodeios, tenho mais pacientes para atender. Agora fica ao seu critério fazer ou não a quimioterapia.

HILDA SE LEVANTA PEGA OS EXAMES DAS MÃOS DO MÉDICO E SAI BATENDO A PORTA.

MÉDICO – Próximo? (outra mulher entra no consultório)

(instrumental triste) IMAGENS DAS ONDAS DA PRIAS (câmera lenta) HILDA SENTA-SE NA AREIA E FICA OLHANDO PARA O MAR (palavras do médico na cabeça) LAGRIMAS CAEM DE SEUS OLHOS

MOTEL QUERO MAIS
LANA E MIGUEL ABRAÇADOS NA CAMA

MIGUEL – Como eu sonhei com esse momento meu amor!

LANA – Isso não poderia ter acontecido Miguel, imagine se alguém fica sabendo? Além de adultera eu iria sair como louca por deitar com o assassino do meu pai.

MIGUEL (se levanta) – Adultera? Como assim? Você está casada Lana?

LANA (sem graça) – Sim, estou casada com o Alex!

MIGUEL – Alex? Aquele playboyzinho que vivia no seu pé, que eu flagrei vocês dois na cama?

LANA – Esse mesmo, mas você sabe que a parte de pegar nós na cama foi armação de minha mãe e dele né!

MIGUEL (decepcionado) – Mesmo você com toda aquela raiva de mim, eu jamais imaginaria que fosse capaz de se casar com outro homem, eu tinha esperança de um dia você acreditar em mim e reatarmos.

LANA – Miguel eu toquei minha vida, e tem muita coisa que você não sabe, então por favor, não venha querer me julgar, e outra depois de tudo das provas e de seu julgamento que lhe provou culpado eu jamais vou acreditar que você seja inocente! O que aconteceu aqui foi um erro e que jamais acontecerá novamente! Alias preciso voltar para a Campello agora! Você vai ficar aí?

MIGUEL – Como você mudou Lana, se tornou uma mulher fria sem sentimentos! Trata nosso amor como se não tivesse existido!

LANA – Eu enterrei o amor que u sentia por você junto com o meu pai aquela menininha ingênua que você conheceu não existe mais! Você vai ficar? Estou indo!

MIGUEL – Eu vou também, se você soubesse da metade do que sua mãe já fez pra mim, você jamais me trataria com tanta frieza, e veria quem é o inimigo de verdade!

LANA – Tchau Miguel!

MIGUEL – Pode me dar uma carona até Pedra Rosa?

LANA – Não sei, estou atrasada pegue um taxi é melhor! Não quero que ninguém nos veja junto.

MIGUEL – Por favor Lana, a última coisa que te peço,  é caminho de seu trabalho.

LANA – Tudo bem vamos, mas te deixo bem antes de chegar em Pedra Rosa.


OS DOIS ENTRAM NO CARRO E SAEM DO MOTEL... COMEÇA A CHOVER
LANA DIRIGE DISCUTINDO COM MIGUEL (instrumental suspense/tenso)

LANA – Eu queria ver se fosse ao contrário Miguel, se eu tivesse sido a culpada pela morte de sua mãe se você iria ficar do meu lado ou não! Tenho certeza de que pensaria da mesma forma que eu!

MIGUEL – Não tem nada a ver uma coisa com a outra, aliás tem sim! Tenho certeza de que minha mãe foi assassinada pela mesma pessoa que matou seu pai.

LANA (irônica)  – Ah é? E quem seria esse serial killer de sua mente fabulosa?

MIGUEL – Sua mãe! Ela matou minha mãe e matou seu pai!

LANA (cai na risada) – Como você é ridículo Miguel! Acha que minha mãe mataria meu pai?

UM CAMINHÃO SAI FORA DA PISTA E VAI PRA CIMA DO CARRO DELES

MIGUEL (grita) – Cuidadoooo...

LANA DESVIA DO CAMINHÃO E O CARRO BATE EM OUTRO CARRO E CAPOTA VÁRIAS VEZES ATÉ PARAR.

FOCO NO CARRO


Sobe os créditos ao som instrumental tenso.

Fim de capítulo

"esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade"

Um comentário: