Memória DNA | Com Amor | Capítulo 33



COM AMOR 
Novela de
Marcus Vinick
Miguel Rodrigues

Escrita por
Marcus Vinick
Miguel Rodrigues

Supervisão de Texto
- 
Colaboração de
- 
Direção
MIGUEL RODRIGUES
Direção Geral
MIGUEL RODRIGUES
HENZO VITURINO 
Núcleo
DNA - DRAMATURGIA NOVOS AUTORES
Personagens deste capítulo
TAYLA
MARINA
REJANE
MIGUEL
ARIEL
GREGÓRIO
RICARDO
DAVI
PATRÍCIA
LÍVIA
EULÁLIA
AUGUSTO
ALMIR
CECÍLIA
SOPHIA
SÉRGIO
HENRIQUE
ARTHUR
CONTINUAÇÃO DA CENA 47. ESTÚDIO FOTOGRÁFICO. INT. DIA.
TAYLA e MIGUEL se cumprimentam com um aperto de mãos. Em seguida, TAYLA cumprimenta ARIEL. MARINA se aproxima de MIGUEL e ele mantém seu olhar fixo. Ela estende a mão para cumprimentá-lo, contudo ele continua a olhando. MIGUEL estende a mão. Alternar entre os olhares dos dois.
MARINA         — É um imenso prazer conhecê-lo, Miguel Nunes.
MIGUEL          (sorrindo) — Pode me chamar apenas de Miguel. (Marina também sorri) Eu só ouvi falar de Tayla, não de você. Desculpe-me!
MARINA         — Meu nome é Marina. Marina Fontinelly.
MIGUEL          (surpreso) — Fontinelly também?
MARINA         — Sim. Eu e Tayla somos primas e donas desse estúdio fotográfico.
ARIEL              (sorrindo) — Que interessante! Um negócio entre primas.
TAYLA            (também sorrindo) — Sim. Bom... Vamos passar para o escritório?
MIGUEL          (olhando para Marina) — Sim. (Ele olha para Tayla) Vamos!

CONTINUAÇÃO DA CENA 46. CASA DOS BOAVENTURA. SALA INT. DIA.
PATRÍCIA se aproxima de RICARDO e fita DAVI.
PATRÍCIA       — Perdeu a língua, Davi?
DAVI               — Eu dormi aqui. Algum problema?
PATRÍCIA       — Não. Nenhum. Capaz! (Ela disfarça) Afinal vocês são amigos.
RICARDO        — O que veio fazer tão cedo aqui, Patrícia?
PATRÍCIA       — Na volta da faculdade, eu terei prova logo no primeiro dia de aula. Vim mais cedo para estudar à tarde. E te entregar essa caixa do seu chocolate favorito.
RICARDO pegou a caixa.
RICARDO        — Obrigado!
PATRÍCIA       — Podemos conversar?
RICARDO        — Sim. (Ele olha para Davi) Vai vir conosco, Davi?
DAVI               — Não, eu já estou indo embora.
PATRÍCIA       — Tchau, Davi!
RICARDO        — Eu vou te levar até o portão. Já volto Patrícia.
PATRÍCIA       — Ok!
RICARDO e DAVI se retiram. GREGÓRIO olha para PATRÍCIA (sem esta perceber) e balança a cabeça negativamente. Ele se retira.

CENA 01. FRENTE À CASA DOS BOAVENTURA. EXT. DIA.
RICARDO abre o portão e olha para DAVI, que está apreensivo.
RICARDO        — Está se sentindo bem?
DAVI               — Sim, estou. Por quê?
RICARDO        — Não parece. Ficou chateado com a vinda de Patrícia?
DAVI               — Eu não esperava.
RICARDO        — Eu também não. Acho até inconveniente ela vir esse horário, apesar de que já não é mais tão cedo.
DAVI               — Pois é... Ela pode acabar desconfiando de nós e eu não quero que isso ocorra. Na verdade, você não quer.
RICARDO       — Do que está falando?
DAVI               — Que você não quer que saibam do nosso relacionamento.
RICARDO       — Você está enganado. O fato é que eu não devo satisfações da minha vida para ninguém.
DAVI               — Se você estivesse namorando uma mulher, você agiria diferente.
RICARDO        — Em todos os relacionamentos que eu já tive até agora, sendo passageiros ou não, com homens ou com mulheres; eu sempre mantive discrição! Eu não faço questão de sair espalhando a minha vida íntima por aí.
DAVI               — Está bem, Ricardo. E também, não temos nada sério mesmo.
RICARDO        — Mas eu gosto de você. Eu gosto muito. O problema é que você é muito inseguro, Davi.
DAVI               —Tenho meus motivos.
RICARDO        — Por que eu também me sinto atraído por mulheres?
DAVI               — Não me sinto seguro tendo uma relação com um bissexual.
RICARDO        (sorrindo ironicamente) — Eu já disse que não gosto desses rótulos. Não acho certo que nós, sendo todos seres humanos, tenhamos que ser classificados como tal coisa.
DAVI               — Não é uma classificação.
RICARDO        — Mas esse é o meu ponto de vista. O importante, para mim, é estar bem acima de tudo! É estar feliz! E eu estou bem ao seu lado. Achei que você também se sentisse assim comigo.
DAVI fica olhando fixamente para RICARDO.
DAVI               (respira fundo) — Tenho que ir embora já.
RICARDO        — Se sente bem ao meu lado ou não?
DAVI               — Eu gosto muito de você. (Ricardo dá um sorriso) Só não quero te perder, porque eu...
RICARDO        (sorrindo) — Por quê?
DAVI               — Porque eu já me acostumei com você. (Ele dá um sorriso tímido) Já me apeguei, é isso.
RICARDO dá um sorriso. PATRÍCIA aparece.
PATRÍCIA       — Vai me deixar muito tempo sozinha, Ricardo?
DAVI desvia o olhar. RICARDO olha para ela.
RICARDO        — Já vou, Patrícia. (Ele olha para DAVI) Tchau, Davi! Nos falamos mais tarde pelo whattsapp.
DAVI               — Está bem.
DAVI vai embora. RICARDO se vira para PATRÍCIA.
PATRÍCIA       — Achei que fosse ficar uma eternidade falando com o Davi.
RICARDO        — E qual o problema?
PATRÍCIA       — O problema é que eu estou aqui. Quero dizer, não é um problema! Eu sei que a minha presença é sempre bem-vinda.
RICARDO        — Uhum... Vamos entrar!

CENA 02. ESTÚDIO FOTOGRÁFICO. ESCRITÓRIO. INT. DIA.
Vemos MIGUEL, ARIEL, TAYLA, MARINA e REJANE sentados, em volta de uma mesa onde se encontra um computador, um telefone, fotografias e alguns documentos de trabalho. MIGUEL está a falar sobre um pouco da história de sua vida.
MIGUEL          — Quando sai de Campo Bonito, eu tinha apenas 18 anos.
TAYLA            — E foi tentar a sorte em Curitiba?
MIGUEL          — Sim. Mas também tive outro motivo. Um motivo mais importante e que significa tudo para mim.
REJANE           (sorrindo) — Que motivo, pode nos contar? Agora fiquei curiosa, gente!
MARINA sorri. ARIEL fica sério.
MIGUEL          — Nada que venha ao caso agora. (Ele fica pensativo, mas logo volta a si) Só quero dizer que é um grande prazer participar desse ensaio e já estou ansioso para a sessão.
MARINA         — A sessão será amanhã, à tarde. Ocorrerá em um espaço que arranjamos, especificamente um galpão abandonado. Sei que é estranho, mas vocês irão gostar porque é bem iluminado e irá proporcionar o aspecto que queremos deixar em cada foto. (Ela olha para Miguel) Suas obras serão encaminhadas amanhã de manhã para lá.
ARIEL              — E quando será a exposição?
MARINA         — Já agendamos uma data. Provavelmente ocorrerá em alguns dias.
REJANE           — Estou ansiosa para ver suas obras de perto, Miguel. Eu sou sua fã.
MIGUEL          (dá uma risada) — Não sabe o quanto fico lisonjeado.
REJANE           — E eu nem sei como me sentir. Não é todo mundo que tem a chance de ter um ídolo ao lado, um grande e renomado artista.
ARIEL fita REJANE e percebe algo estranho.
MIGUEL          — Fico contente. Mas não me considero ídolo de ninguém.
MARINA         — Mas talvez seja um ídolo para quem está começando a ingressar no mundo da arte contemporânea.
MIGUEL          (fixamente olhando MARINA) — Sim. Estás certa.
TAYLA percebe algo naquele olhar lançado por MIGUEL à MARINA, mas disfarça desviando seu olhar.

CENA 03. RESTAURANTE. INT. DIA.
TAYLA, MARINA e REJANE estão almoçando.
MARINA         (fitando REJANE) — Você? Fã do Miguel?
REJANE           — Sim. O que tem de mais?
MARINA         (dando um sorriso irônico) — Sei.
TAYLA            (estranhando) — O que tem isso, Marina?
MARINA         — Você não percebeu, Tayla? A Rejane é esperta, estava dando em cima do cara se fazendo de fã.
REJANE fica boquiaberta.
TAYLA            — Eu percebi isso também, mas eu não iria falar nada.
REJANE           — E o que tem de mais, minha gente? Ele é um homem livre e eu sou uma mulher solteira.
MARINA         — Eu sabia que você estava “babando o ovo” dele por certas intenções. Eu não sou boba.
REJANE sorri e dá um gole em seu suco.
TAYLA            — Mas convenhamos que ele é um homem realmente interessante.
REJANE           — Com certeza. E o assessor dele também.
TAYLA            — São dois homens interessantes.
REJANE           — Realmente. Eu iria para a cama com os dois.
TAYLA            — Controle-se, Rejane!
MARINA         — O que a falta de homem não faz?
REJANE           — Você está mais encalhada do que eu.
MARINA         — Por escolha.
REJANE           (irônica) — Ui! Falou a solteirona que está sozinha por escolha!
TAYLA            — Estamos almoçando em um restaurante e não quero saber de discussões.
REJANE           (se levantando) — Já terminei. Vou atrás do Miguel e do... Como é o nome do outro mesmo?
TAYLA            — Ariel.
REJANE           (brinca) — Isso. Vou atrás do Miguel e do Ariel.
Ela se retira. MARINA fica séria.
TAYLA            — O que houve, Marina?
MARINA         — Nada.
TAYLA            — Eu percebi.
MARINA         — O quê?
TAYLA            — O modo com que Miguel te olhava.
MARINA         — Que modo? Do que está falando?
TAYLA            — Vai dizer que não percebeu?
MARINA         — Eu estava muito preocupada em resolver as questões da sessão e da exposição.
TAYLA            — Hum... Sei. Bom, vamos terminar de almoçar e voltar logo para o estúdio.
MARINA         — Sim.

CENA 04. AP DOS VIDAL FERRAZ. SALA. INT. DIA.
Descontraidamente, SOPHIA e CECÍLIA estão conversando. Relembram os tempos da juventude. SÉRGIO aparece.
SÉRGIO           — Posso saber o motivo por qual ambas estão rindo?
CECÍLIA          — Coisas do passado, meu filho. Dormindo até essa hora?
SÉRGIO           — Só enquanto eu não volto a ativa, mãe.
SOPHIA           — Cecília me falou que você é atleta.
SÉRGIO           — Sim. Pratico várias modalidades de esporte. Se quiser, um dia podemos saltar de asa-delta.
CECÍLIA          — É melhor não.
SOPHIA           — Também acho. Não tenho coragem.
CECÍLIA          — Uma vez, eu fui e desisti quando já estávamos com os equipamentos e prontos para saltar. Mas só fui porque o Sérgio insistiu, contudo não tive coragem. Eu morro de medo de altura.
SÉRGIO           — Vai recusar meu convite, Sophia?
SOPHIA           — Infelizmente, sim!
SÉRGIO           — OK! Já que é assim... Bom, eu vou nessa!
CECÍLIA          — Não vai ficar nem para almoçar?
SÉRGIO           — Não, mãe.
Ele beija o rosto da mãe e depois se despede de Sophia lhe dando um beijo no rosto também. SÉRGIO se retira. PATRÍCIA surge.
CECÍLIA          — Onde esteve, mocinha?
PATRÍCIA       — Com o Ricardo.
CECÍLIA          — Ah... Desde manhã cedo?
PATRÍCIA       — Sim. Eu fiquei de estudar agora à tarde.
CECÍLIA          — Sei (PATRÍCIA se retira. Cecília olha para Sophia) E então, não vai dar uma volta pela cidade?
SOPHIA           — Vou. Hoje à noite.
CECÍLIA          — Mas à noite é perigoso.
SOPHIA           — Eu não vou propriamente fazer um tour pela cidade.
CECÍLIA          — Vai onde?
SOPHIA           — No apartamento onde Marina mora.
CECÍLIA fica surpresa.

CENA 05. PRAIA DE COPACABANA. EXT. DIA.
MIGUEL está sentado sobre a areia da praia. Ao lado dele, está ARIEL. Os dois observam o mar.
MIGUEL          — É lindo, não é?
ARIEL              — Prefiro as praias australianas.
MIGUEL          — Você não gosta mesmo do Brasil. Essa cidade é tão linda, esse país é lindo! Uma pena que tenha um povo que luta para apenas receber migalhas em troca.
ARIEL              — Pouco me importa! Eu nasci aqui, mas minha alma é do mundo. Só não é do Brasil. (Ele se levanta) Vamos pro hotel, esse sol está me torrando!
MIGUEL          — Vá você! Eu vou ficar mais um pouco, admirando essa paisagem. Nunca parei em nenhum momento de minha vida para admirar a beleza da natureza. Vou aproveitar ao máximo agora.
ARIEL              (irônico) — Quem sabe você faz uma tour pelo país? Vai de norte à sul, se encante com as maravilhas do Brasil e se apaixone por cada detalhe. Se enfie no meio do meio do matagal da Amazônia também.
MIGUEL          — Sabe qual é o seu problema, Ariel?
ARIEL              (seriamente) — O meu problema?
MIGUEL          — O problema é que você está precisando de uma mulher, está precisando de sexo, porque esse seu mau humor só pode ser isso!
ARIEL              — Me respeite, Miguel!
MIGUEL          — Mas não estou te desrespeitando. Estou conversando com você de amigo pra amigo, homem pra homem.
ARIEL              — Você só não entende que eu não aguento esse lugar, eu não aguento estar aqui e ter que pisar nessa terra novamente.
MIGUEL          — Cara, bem de boa, você nasceu grudado comigo? Eu tenho certeza que não, mas já estou começando a duvidar! Você não é obrigado a ficar em um lugar onde você não se sente bem. Volte para a Europa e seja feliz.
ARIEL              (com os olhos marejados) — Mas eu sou feliz ao seu lado.
MIGUEL          (estranhando) — Ao meu lado?
ARIEL              — Ao seu lado, Miguel, porque eu e você já temos uma longa data de amizade. Eu era mais novo que você quando comecei a acompanha-lo nas exposições, nas viagens... Essa foi a minha vida. Você é quem sempre ganhou o deslumbre, mas é como se eu me aproveitasse disso e brilhasse também. Eu não sou de origem cigana (Ele dá um leve sorriso), mas se existe reencarnação, com certeza eu já fui um cigano.
MIGUEL          (dá um leve sorriso também) — Com certeza. (Ele se levanta) Eu só quero, Ariel, que você seja feliz de verdade.
ARIEL              — Eu era feliz de verdade.
MIGUEL          — Tem certeza?
ARIEL              (um pouco inseguro) — Tenho.
MIGUEL dá um leve sorriso novamente e balança a cabeça negativamente. Abraça o amigo fortemente. ARIEL se emociona e uma lágrima percorre seu rosto.

CENA 06. MANSÃO DOS VILLARY. INT. DIA.
LÍVIA abre a porta do que quarto que pertencera a WILLIAM. Ela entra e fica olhando tudo a volta. Passa-se em sua mente a lembrança do que ANGELINA lhe falara no último encontro delas.
Flashback:
ANGELINA       — Esse bebê não é o William.
LÍVIA                — É o Nicolas. Meu primeiro filho.
ANGELINA       — Ah, sim... A senhora não sente vontade de reencontrá-lo hoje em dia?
LÍVIA fica pensativa. Se retira do quarto e se dirige-se ao quarto que pertencera ao seu filho que fora roubado: Nicolas! Ela tira uma chave do bolso e abre a porta. Ao entrar, ela se dirige ao berço e o toca suavemente, passando suas mãos. EULÁLIA aparece.
EULÁLIA — Dona Lívia...
LÍVIA — Eulália.
EULÁLIA — Desculpe-me atrapalhar!
LÍVIA — Capaz, Eulália! Não se sinta tão encabulada.
EULÁLIA — Vim perguntar se a senhora não irá comer nada.
LÍVIA — Depois eu faço um lanche. Não precisa se preocupar com isso.
EULÁLIA — Está bem.
A empregada está preste a se retirar, quando LÍVIA a chama.
LÍVIA               — Eulália!
EULÁLIA         — Sim, dona Lívia?
LÍVIA               — Vou lhe fazer uma pergunta e quero que me responda com toda a sinceridade.
EULÁLIA         — Sim, senhora.
LÍVIA               — Você acha que Nicolas pode estar vivo?
EULÁLIA         — Por que a senhora está me fazendo essa pergunta?
LÍVIA               — Porque eu preciso saber. Você é muito mais do que uma empregada, você presenciou tudo que eu passei quando o Nicolas foi sequestrado e sabe que não foi nada fácil. Eu preciso que você me responda essa pergunta com bastante sinceridade. Apenas sinceridade.
EULÁLIA         — Não há porque ele estar morto, dona Lívia.
LÍVIA               — Você acha que aquela mulher jamais seria capaz de fazer algum mal a ele?
EULÁLIA         — Acho. Apesar de que o mundo está cheio de maldades, já vi muitos casos de bebês ou crianças serem sequestradas para cultos de bruxaria, feitiços... Eu não acredito nessas coisas, mas que esses casos acontecem. Mas não era o caso daquela mulher. Para mim, ela era obcecada!
LÍVIA               — Obcecada?
EULÁLIA         — Ela tinha passado por um aborto, se eu não me engano. Na época, logo que ela começou a trabalhar aqui como babá, ela havia me falado algo assim.
LÍVIA               (curiosa) — Um aborto?
EULÁLIA         — Sim. Ela desejava ter filhos, mas nunca conseguiu segurar uma gravidez até o fim. (Lívia fica pensativa) Ela também falava muito do marido e do casamento que não estava indo muito bem. Parece até que ele estava pensando em se mudar de cidade por causa da situação. Agora eu estou me lembrando.
LÍVIA               — Espera um pouco, Eulália. Ele pode ter mudado de cidade antes dela sequestrar o meu filho, por isso a polícia não achou o paradeiro dele.
EULÁLIA         — Sim. Peraí, dona Lívia, estou me lembrando de outra coisa.
LÍVIA               — O que é?
EULÁLIA         — Se lembra do Genésio?
LÍVIA               — Genésio...
EULÁLIA         — O motorista que trabalhava para o doutor Augusto na época.
LÍVIA               — Sim, eu estou lembrada. Só não recordava o nome dele. O que tem ele?
EULÁLIA         — Genésio era amigo ou conhecia esse marido daquela doida.
LÍVIA fica surpresa e uma reação estranha a invade.

CENA 07. EMPRESA. SALA PRESIDENCIAL. INT. DIA.
AUGUSTO e ALMIR analisam alguns documentos.
ALMIR             — E como estão as coisas, Augusto?
AUGUSTO       — Relacionado a empresa?
ALMIR             — Que eu mal lhe pergunte, mas relacionado a sua vida. Já vá se acostumando, eu me preocupo com quem trabalha ao meu lado.
AUGUSTO       (dando um sorriso sarcástico) — Pode ficar tranquilo, Almir, porque eu não vou lhe deixar sozinho na presidência.
ALMIR             — Não estou falando de presidência, muito menos dos negócios empresariais. Estou falando de como anda o seu emocional.
AUGUSTO       — Não precisa mais se preocupar com isso. Você já me ajudou e muito, Almir.
ALMIR             — Não é isso que vejo em seus olhos. Ao contrário, estou vendo que não está nada bem.
AUGUSTO       (sorrindo ironicamente) — Vai me dizer que é algum tipo de médium? Olha, Almir, eu não acredito nessas coisas.
ALMIR             — Porque é um homem cético. O homem que se deixa levar pelo ceticismo não tende a ter grandes evoluções.
AUGUSTO       — Já tive grandes evoluções. (Ele se levanta) Hoje, eu já posso me considerar milionário, estou preste a ficar entre os vinte empresários mais bem sucedidos do país na atualidade e minha empresa acabou de fechar contrato com uma multinacional poderosíssima. O que eu quero mais? Agora me diga: isso não é uma grande evolução? Se isso não é ser um homem evoluído, então eu já não sei mais qual é o conceito desta palavra.
ALMIR             — Na verdade, você nunca soube. (Augusto fica sério) Não falo de bens materiais, títulos ou posições. Falo da evolução que todo ser humano deve procurar ter por dentro.
AUGUSTO       (estranhando e balançando a cabeça negativamente) — Eu realmente não te entendo, Almir, você é dono de uma multinacional e parece não valorizar isso.
ALMIR             — Eu valorizo o que é proporcionado ao meu ser interior. Tudo que conquistei, todos os bens materiais e todo o dinheiro; quando eu morrer, eu não vou levar nada disso... Mas eu vou partir com a certeza de que irei levar a minha essência.
AUGUSTO       (continua a estranhar) — Eu continuo sem entender, Almir. Realmente, você é muito estranho.
ALMIR             — Você não me entende ou não consegue entender a si próprio? Porque quando não temos um entendimento próprio, jamais iremos entender o próximo.
AUGUSTO       — Em que mundo você vive?
ALMIR             — Eu que te faço essa pergunta. Nada é para sempre, Augusto, e nós só temos uma vez para concertar nossos erros, para não passarmos depois pelo mesmo sofrimento e pelos mesmos testes.
AUGUSTO       (irônico) — Oi? Almir, vamos trabalhar, OK? Tudo joia? Ah, que bom!
AUGUSTO senta-se na poltrona e volta a analisar os documentos. ALMIR o fita e balança a cabeça negativamente.

CENA 08. TAKES DO RIO DE JANEIRO.
Mostrar o entardecer do dia acompanhado pelo pôr-do-sol.

CENA 09. FACHADA DO EDÍFICIO ONDE MORA MARINA. EXT. NOITE.
Um carro chega e para do outro lado da rua, em frente ao edifício. A janela do automóvel é aberta. Vemos SOPHIA, que está no carro de CECÍLIA. Ela fica observando o edifício.

CENA 10. AP DE MARINA. INT. NOITE.
MARINA está preparando um macarrão. TAYLA coloca um CD no rádio e dá alguns passes de dança com a música. A campainha toca.
MARINA         — Quem será?
TAYLA            — Até já imagino.
MARINA vai atender a porta e se depara com ARTHUR, que parece estar impaciente.
ARTHUR         — A minha esposa, por favor?
MARINA         (se dirigindo a TAYLA) — O “cara de bunda” está aí, na porta.
TAYLA vai até a porta e ARTHUR a olha seriamente.
ARTHUR         — Resolveu me deixar sozinho hoje, para vir para cá ficar com sua querida prima?
TAYLA            — Vim jantar com ela e depois iremos olhar um filme, como fazemos de vez em quando.
ARTHUR         (irônico) — Ah! Que interessante!
MARINA         (interfere) — Você até poderia ficar para olhar o filme conosco, Arthur, mas acho sua presença extremamente desagradável e sua ausência extremamente necessária.
ARTHUR         (irritado) — Fique quieta! (Ele olha para a esposa) Se você quer ficar com essa sua prima que mal respeita o seu marido, fique à vontade! Eu vou jantar fora.
MARINA         (dá uma risada irônica) — Aproveita e toma uma chá de sumiço, intragável!
TAYLA            — Deu né, Marina? (ARTHUR se retira e TAYLA fecha a porta) Marina, tudo bem que você não goste do Arthur, mas tratá-lo dessa forma já é demais.
MARINA         — Quando eu não gosto de uma pessoa, eu não faço questão de esconder. E ele é um homem intragável, eu não posso fazer nada com relação a isso. Mas você pode.
TAYLA            — Hã?
MARINA         — Se livrando dele. Se despachando desse encosto. Isso aí não é marido, é castigo! Você merece coisa melhor, você merece um homem melhor e que saiba te valorizar, porque você é uma mulher de valor... De muito valor.

CENA 11. FRENTE AO EDIFICIO. EXT. NOITE.
SOPHIA continua dentro do carro. Faz menção de sair, mas se sente insegura. Respira fundo e solta o ar com nervosismo.

CENA 12. HOTEL COPACABA PALACE. QUARTO. INT. NOITE.
MIGUEL saboreia uma taça de vinho e pensa em MARINA. ARIEL aparece.
MIGUEL          — Elas são primas.
ARIEL              — Elas quem?
MIGUEL          — Marina e Tayla. Ou seja, nenhuma das duas é filha de Guilherme. Ele era filho único.
ARIEL              — Não sei. Não faço ideia.
MIGUEL          — Como não sabe?
ARIEL              — Sei lá, Miguel.
MIGUEL          — Fico imaginando como deve ser a filha ou o filho de Sophia.
ARIEL              — Hum...
MIGUEL          — Guilherme devia ter primos. Devia, não! Deve ter... Ele fez tanto para ficar com Sophia, que acabou sem ela. Ele pagou pelo o que fez.
ARIEL              — (não dando muita atenção) Pois é...
MIGUEL          — Espero nunca mais ver esse infeliz na minha frente.
ARIEL              — Vocês não iriam se reconhecer.
MIGUEL          — Com esse mundo virtual e essa tecnologia toda, não tem como o fulano não reconhecer o beltrano. E ele é um homem influente na Holanda, ou seja, notícias e fotos percorrem. Provavelmente, ele sabe como eu estou hoje em dia e deve me odiar mais do que nunca.
ARIEL              — Acredito que ele não pense em você. Não há porque guardar ressentimentos depois de tantos anos.
MIGUEL          — Ele não deve guardar ressentimentos, ele deve guardar muito ódio.
ARIEL              — Então o deixe viver com o ódio dele. Ele está bem longe de você. (“Assim como Sophia”, ele pensou)
MIGUEL fica quieto e serve mais um pouco de vinho.

CENA 13. AP DOS VIDAL FERRAZ. INT. NOITE.
SOPHIA entra, tranca a porta e larga a chave em cima de uma cômoda. CECÍLIA aparece um pouco aflita.
CECÍLIA — E então?
SOPHIA — Eu não tive coragem.
CECÍLIA fica apreensiva e abraça SOPHIA fortemente.

CENA 14. TAKES DO RIO DE JANEIRO.
Um novo dia amanhece na cidade maravilhosa. Mostrar stock-shots de pessoas caminhando, correndo ou andando de bicicleta pelo calçadão da praia de Copacabana. Partir até a Baía de Guanabara. Em seguida, mostrar o Cristo Redentor.

CENA 15. GALPÃO. ENSAIO FOTOGRÁFICO. INT. DIA.
O cenário para o ensaio está sendo montado por uma equipe. Algo simples. Alternar cenas entre a equipe contratada e a produção que cuida em produzir MIGUEL para o ensaio. As obras do artista já estão postas em seus devidos lugares. Algumas modelos irão participar e estão sendo produzidas também. MARINA, TAYLA e REJANE discutem os últimos acertos. ARIEL está a observar tudo. Alternar entre a produção da equipe e MIGUEL em flashes.

CENA 16. LEBLON. SALÃO DE EVENTOS. INT. DIA.
A exposição com as fotos do ensaio de MIGUEL e suas obras é vista pelos convidados que circulam pelo imenso e espaçoso salão de eventos. O artista dá autógrafos e entrevistas. MARINA e TAYLA são entrevistadas também.

CENA 17. AP DOS VIDAL FERRAZ. INT. DIA.
HENRIQUE está em frente ao notebook, sentado à mesa, e fica surpreso ao ver uma notícia um site.
HENRIQUE     — Cecília, Cecília!
CECÍLIA aparece.
CECÍLIA          — O que houve, Henrique?
HENRIQUE     — Veja isso.
Ele vira o notebook para a esposa. Ela vê a notícia e fica boquiaberta.
CECÍLIA          — Eu vou ter que contar isso para Sophia, mas eu nem sei como.
HENRIQUE     —É muita coincidência.
CECÍLIA          — Não chamo isso de coincidência, chamo isso de destino.
Na tela do notebook, aparece a notícia de que as fotografas Marina Meirelles Fontinelly e Tayla Fontinelly Villary estão concedendo uma exposição fotográfica com o artista renomado Miguel Nunes de Castro.

CENA 18. SALÃO DE EVENTOS. INT. DIA.
MARINA está a observar as obras da coletânea “A Alma de Sophia”, que está aparecendo em um dos telões. MIGUEL se aproxima.
MIGUEL          — “A Alma de Sophia”, a minha coletânea mais renomada e aclamada pela crítica.
MARINA se vira para MIGUEL e fica o olhando fixamente. 
1º INTERVALO COMERCIAL
CENA 19. SALÃO DE EVENTOS. EXPOSIÇÃO. Interior. Dia.
Continuação da última cena do capítulo anterior. MIGUEL e MARINA continuam a se olhar. MARINA dá um sorriso.
MARINA         — As obras são lindas, magníficas!
MIGUEL         — (a olha fixamente; sorri) Obrigado.
MARINA estranha o modo como MIGUEL está a olhando. Disfarça. Volta a admirar as obras de MIGUEL. MIGUEL aproxima-se MARINA. MARINA sente uma sensação estranha. Quebra o silêncio.
MARINA         — (sorrindo) Realmente são obras maravilhosas... Em quem você se inspirou para criá-las? Quem é a sua musa inspiradora?
MIGUEL fica apreensivo. Desvia o olhar por alguns instantes. Volta a olhar para MARINA.
MIGUEL         — (mente) Não... Não tive uma inspiração... Eu apenas me deixei levar, permiti que minha mente agisse através do pincel, da tinta e do lápis... Então, eu criei a coletânea.
MARINA         — (olha para Miguel) Hum... Entendo... Então quer dizer que a Sophia das obras nunca existiu?
MIGUEL volta a ficar apreensivo. Dá alguns passos. Vira-se novamente para MARINA.
MIGUEL         — (mente) Não!
MARINA         — Interessante!
MARINA volta a olhar as obras. Um garçom passa por eles. Serve uma taça de champanhe. MIGUEL pega a taça. Dá um gole e circula pelo salão.

CENA 20. TAKES DO RIO DE JANEIRO. GERAIS. Exterior. Dia.
Damos um giro pela cidade do Rio de Janeiro, até chegarmos à praia do Leblon. Pessoas caminham, outras fazem Cooper. Em outro ponto vemos um grupo jogando vôlei. Rapazes surfam no mar. Uma família ajuda a filha a fazer um castelo de areia. Mostramos essa sucessão de imagens, até irmos de encontro com SOPHIA que caminha pela areia pensativa. O vento bate em seus cabelos. Ela para. Senta-se na areia de frente pro mar. Fica a olhar fixamente para aquela imensidão. Pensa em Miguel. Lembra-se da última vez em que se despediram.
FLASHBACK
MIGUEL          - Não faça isso comigo, Sophia, eu te imploro!

SOPHIA           - Está tudo acabado.

MIGUEL          - E o nosso amor?

SOPHIA           - Você acabou de destruir tudo isso. Adeus, Miguel! Seja feliz!

Sophia vai embora. Deixa Miguel desesperado.

MIGUEL          - (grita) Sophia!

Voltamos para SOPHIA que continua pensativa. Após alguns segundos, levanta-se. Volta a caminhar pela areia, pensativa.

CENA 21. AP DOS VIDAL FERRAZ. SALA. Interior. Dia.
A porta do apartamento abre-se. SOPHIA entra. Depara-se com CECÍLIA nervosa. Caminha de um lado para o outro. SOPHIA percebe seu nervosismo.
SOPHIA          — O que houve Cecília?
CECÍLIA         — Sophia, ainda bem que você chegou... Sente-se, preciso lhe falar algo.
SOPHIA          — (preocupada) Cecília, o que está acontecendo? Você está me deixando preocupada.
CECÍLIA         — Sente-se!
SOPHIA senta preocupada. Entrega seu celular para SOPHIA. SOPHIA pega o celular. Lê a notícia da exposição fotográfica para o estúdio de MARINA e TAYLA. CECÍLIA pega seu celular. SOPHIA emociona-se.
SOPHIA          — (emocionada) Miguel... Miguel...
SOPHIA chora. Enterra a cabeça por entre os braços. Deixa as lágrimas caírem por seu rosto. CECÍLIA senta-se ao seu lado para consolá-la. Abraça SOPHIA fortemente. SOPHIA encosta a cabeça no ombro de CECÍLIA. Continua a chorar.
CECÍLIA         — Quando eu vi essa notícia, fiquei muito surpresa... Parece inacreditável que Miguel tenha voltado ao Brasil e fosse logo conceder uma exposição fotográfica para o estúdio de Marina... Logo ela que é sua filha, Sophia... Isso não ocorreu por acaso... O destino deve estar arranjando uma forma de reaproximar você e ele novamente.
SOPHIA           — Eu não estou conseguindo assimilar as coisas direito... Eu jamais pude imaginar algo assim. O Miguel está aqui, no Brasil, e conhece a minha filha.
CECÍLIA         — É o destino.
SOPHIA          — Eu não sei o que fazer.
CECÍLIA         — Você sabe, sim!... Você vai se reaproximar da sua filha... Pedi-la perdão e vai procurar Miguel.
SOPHIA e CECÍLIA se abraçam. Ficam abraçadas por alguns instantes.

CENA 22. salão. EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA. Interior. Dia.
Movimento no salão onde ocorre a exposição fotográfica de MIGUEL. SÉRGIO chega. Parece distraído. Observa tudo. TAYLA conversa com alguns convidados. Está de costas para SÉRGIO que não a percebe. TAYLA vira-se de uma vez para dar um giro pelo salão. SÉRGIO esbarra em TAYLA que quase derrama champanhe na camisa dele.
TAYLA            — Quase que derramo em champanhe em você. (Ela olha para ele e o reconhece) Ah...
SÉRGIO           (sorrindo) — Prazer em revê-la.
TAYLA            (surpresa) — O prazer é meu.
SÉRGIO           — Quero lhe parabenizar pela exposição.
TAYLA            (sorrindo) — Obrigada!
SÉRGIO           — Você é uma ótima fotógrafa.
TAYLA            — Fico lisonjeada.
SÉRGIO           — Além de ser uma ótima fotógrafa, você é uma mulher muito bonita.
TAYLA            (sem jeito) — Fico... Fico grata pelo elogio.
SÉRGIO           — Apenas digo a verdade. Você está sozinha?
TAYLA            — Como assim?
SÉRGIO           — Digo se está circulando por aqui sozinha, sem nenhuma companhia...
TAYLA            — Ah, mas isso é normal. Na verdade, eu e minha prima estamos circulando sozinhas, afinal temos que parar para dar entrevistas, mostrar as imagens que mais despertam interesse dos convidados. É isso. Quando o meu marido vinha às exposições, ele não me acompanhava porque não paro de caminhar. (Ela dá uma risada) É isso.
SÉRGIO           (surpreso) — Você é casada?
TAYLA            — Sim.
SÉRGIO           — Nossa!
TAYLA            — “Nossa”, por quê?
SÉRGIO           — Nada. Não imaginei afinal você é tão jovem.
TAYLA            — Sim, ainda sou uma mulher jovem e me casei cedo... Porém um pouco mais velha do que você.
SÉRGIO           (disfarçando estar inconformado) — Entendo.
TAYLA            — Bom, eu quero agradecer a sua presença. Sinta-se à vontade e aproveite.
SÉRGIO dá um leve sorriso e balança a cabeça positivamente. TAYLA se retira e se surpreende ao ver o marido. Ela se dirige até ARTHUR, que está parado observando tudo com uma expressão de desgosto.
TAYLA            — Que milagre!
ARTHUR         — Milagre, o quê?
TAYLA            — Você ter vindo à exposição.
ARTHUR         — Só fiz isso umas duas ou três vezes até agora. Realmente é um milagre.
TAYLA            — Veio prestigiar o meu trabalho e de Marina?
ARTHUR         — Não. Vim prestigiar Miguel Nunes, o grande artista fotografado por vocês.
TAYLA            — Entendo. Contudo, eu e Marina também merecemos prestigio.
ARTHUR         — Vou cumprimentar Miguel.
ARTHUR se retira e TAYLA fica magoada, contudo disfarça.
CORTA, PARA;
No mesmo ambiente, vemos MARINA pegar uma taça de champanhe servida pelo garçom. REJANE se aproxima com uma taça na mão.
REJANE           — O que vocês tanto conversavam, hein?
MARINA         — “Vocês”, quem?
REJANE           — Você e o Miguel.
MARINA         (impaciente) — Por que não conversa com ele também e já não se atira em cima?
REJANE           — Eu estaria fazendo o que você não está com coragem de fazer.
MARINA         (seriamente) — O que você falou?
REJANE           — É percebível que ele está interessado em você.
MARINA         — Acho que você não está muito bem, Rejane.
REJANE           — É inacreditável que você ainda não tenha percebido.
MARINA         — Isso não tem fundamento.
REJANE           — Se eu fosse você, não perderia tempo! Não é todo dia que um homem, além de bonito, é talentoso; bate à porta de uma mulher!
REJANE se retira. MARINA fica pensativa.
CORTA, PARA;
MIGUEL e ARIEL estão ao lado de um quadro. Os convidados do evento formam uma roda em volta do artista e do assessor. TAYLA e MARINA parecem não estarem entendendo muito que virá a seguir. Os fotógrafos da imprensa continuam a fotografar cada detalhe.
MIGUEL          — Primeiramente, eu quero agradecer a presença de todos neste evento que, para mim, está sendo maravilhoso e marca o meu retorno definitivo ao Brasil. Quero também deixar exposta a minha gratidão a Marina e à Tayla que, além de serem duas ótimas fotógrafas e simplesmente incríveis em seu trabalho, proporcionaram tudo isso que estão vendo. Não sei se fui um bom modelo, (Risadas) mas espero ter me saído bem em cada foto. (MARINA dá um sorriso e MIGUEL a olha) Bom, vocês devem estar se perguntando o porquê de eu ter aparecido com esse quadro, certo? Eu fiz essa obra há um ano. Ela ainda não foi divulgada, ou seja, é um lançamento. E quero dar como uma forma de agradecimento à Tayla e a Marina, para que fique exposta no estúdio fotográfico.
Os convidados aplaudem. Os flashes das câmeras se voltam para MARINA e TAYLA, que se dirigem a MIGUEL e o agradecem com um abraço. Após isso, eles posam para as fotos.

CENA 23. AP DOS VIDAL FERRAZ. INT. DIA.
Vemos SOPHIA sentada à mesa, com o notebook a sua frente. Ela vê informações sobre Miguel e sua carreira como artista. CECÍLIA aparece e coloca duas xicaras de chá sobre a mesa. Senta-se e olha SOPHIA.
CECÍLIA          — Em nenhum momento, você procurou saber sobre ele e sua carreira?
SOPHIA           — Eu nunca esqueci Miguel, mas também nunca procurei saber a fundo sobre a vida artística dele. Só sabia que ele viajava por todo o mundo e era um artista famoso. Na verdade, ainda é um artista famoso.
CECÍLIA          — Como ele é famoso, com certeza deve ter um pouco de sua vida pessoal exposta.
 SOPHIA          — Sim. Eu estava lendo aqui que ele já foi casado duas vezes. O primeiro casamento aconteceu em junho de 1997 e, após três meses aproximadamente, ele entrou na justiça com uma petição de divórcio.
CECÍLIA          (surpresa) — Gente! Mas e da pra chamar isso de casamento?
SOPHIA           — Já o segundo ocorreu em 2013.
CECÍLIA          — Recente, praticamente.
SOPHIA           — E eles se separaram recentemente. Durou dois anos apenas.
CECÍLIA          — Pelo menos foram dois anos.
SOPHIA           — Dafne Stevenson é o nome da ex-esposa dele, uma modelo canadense que vive causando polêmicas e metida em escândalos.
CECÍLIA          — Acho que já ouvi falar nela.
SOPHIA           — Eu também. (Ela dá um sorriso ao deixar uma foto de Miguel na tela) A vida é realmente surpreendente.
CECÍLIA          — Realmente. E esse sorriso em seu rosto é o mesmo de quando falava sobre Miguel para mim. (Sophia olha para a amiga e balança a cabeça positivamente) Sophia, você não pode perder mais tempo. Você tem que ir atrás de Miguel. Se a vida está dando a chance de vocês se reaproximaram novamente, você terá que agarrar essa oportunidade com todas as garras.
SOPHIA           — Eu já disse que não sei qual seria a reação dele ao me rever.
CECÍLIA          — E qual seria a sua reação ao revê-lo?
SOPHIA           — Quando isso acontecer, eu vou desabar.
CECÍLIA          — Desabar? Pode até desabar, mas desabe nos braços dele.
SOPHIA           — Sabe o que você me lembrou agora?
CECÍLIA          — O quê?
SOPHIA           — Você quando jovem.
CECÍLIA          — Ah, sim... Sophia, não fuja do assunto. Você vai procurar Miguel o mais rápido possível. E isso é não é um pedido, é uma ordem!
SOPHIA           — E se ele não me perdoar?
CECÍLIA          — Um amor como o de vocês não acaba assim, de uma hora para outra. Aliás, um amor verdadeiro não tem fim. Você irá falar para ele tudo que aconteceu, começando pelo fato de que sua mãe armou aquela armadilha que separou vocês por esse tempo todo.
SOPHIA           — Eu nem gosto de lembrar isso.
CECÍLIA          — Procure Miguel, conte tudo que aconteceu e peça perdão por não ter acreditado nele. Com Miguel ao seu lado, será até mais fácil vir a suportar mais um desafio que será conseguir o perdão de sua filha. Você terá o homem de sua vida te apoiando.
SOPHIA           — Entendo. Contudo, o que mais desejo é me reaproximar de Marina. Eu quero recuperar todo esse tempo perdido.
CECÍLIA          — Sim.

CENA 24. MANSÃO DOS VILLARY. EXT. DIA.
LÍVIA está sentada à mesa no caramanchão. Encontra-se pensativa. EULÁLIA aparece.
EULÁLIA         — Dona Lívia, já estou indo pra casa.
LÍVIA               — Não era pra você ter ficado comigo.
EULÁLIA         — Mas não queria lhe deixar sozinha. Estou indo embora porque o doutor Augusto já chegou. Vemo-nos na segunda.
LÍVIA               — Eulália, antes de você ir embora, preciso te falar algo.
EULÁLIA         — Sim?
LÍVIA               (levanta-se) — Eu decidi que vou procurar o meu filho.
EULÁLIA         (surpresa) — Mas como a senhora fará isso?
LÍVIA               — Começando pelo Genésio. Eu vou procurar o endereço dele em algumas papeladas velhas que o Augusto guarda em algumas pastas. E nesta segunda-feira, iremos a casa dele.
EULÁLIA         — Fazer o que lá?
LÍVIA               — Perguntar sobre informações do marido da bandida que roubou o meu filho. Se nós soubermos onde o marido dela se encontra hoje em dia, nós iremos ter pistas para encontrá-la e, finalmente, poder rever o meu Nicolas. (EULÁLIA balança a cabeça concordando. LÍVIA pega as mãos dela.) Eu sei que não deveria estar te metendo nessa história, mas você é a única pessoa com quem eu posso contar.
EULÁLIA         — Eu sei dona Lívia e, ao mesmo tempo, nem sei o que dizer. Fico agradecida por contar comigo. No que a senhora precisar, eu vou lhe ajudar.
LÍVIA               — Você vai comigo para onde eu for pelo Nicolas?
EULÁLIA         (emocionada) — Vou.
LÍVIA não conteve as lágrimas e abraçou EULÁLIA fortemente.

CENA 25. STOCK SHOTS DO RIO DE JANEIRO.
ANOITECE.

CENA 26. FACHADA DO HOTEL COPACABANA PALACE. EXT. NOITE.

CENA 27. COPACABA PALACE. RESTAURANTE. INT. NOITE.
Dando um giro pelo restaurante do hotel luxuoso, logo se pode observar ARIEL que está sentado a uma das mesas, com seu notebook sobre esta. Ele está conversando com NATHALIE, via Skype.
ARIEL              (degusta um doce) — Eu não vou revelar para o Miguel que Marina é filha de Sophia.
NATHALIE      — Você está errando em fazer isso. E se ele descobrir? Ele não tem acesso à informação, não?
ARIEL              — O Miguel não é muito ligado à tecnologia, digamos assim. E também, ele pensa que Marina e Tayla são realmente primas.
NATHALIE      — Você disse que elas se tratam assim.
ARIEL              — Sim. E ele acha que, como são primas, não há possibilidade de nenhuma das duas ser filha de Guilherme, porque este não tem irmãos. Tayla é filha de Alessandro Guttcheres Fontinelly, primo de Guilherme e filho de um dos irmãos do falecido Carlos Alberto.
NATHALIE      — Hum... Mas eu não entendo o porquê de você não querer falar a verdade. Você está mentindo.
ARIEL              — Eu não estou mentindo. Eu estou omitindo. Por enquanto, eu estou me fazendo de desentendido.
NATHALIE      — E como essa tal de Marina não tocou no fato de que o avô dela patrocinou a carreira de Miguel?
ARIEL              — Ela nem deve saber. E o patrocínio dado pelo Carlos Alberto naquela época, não era algo totalmente aberto para a mídia. Depois que Carlos Alberto faleceu, Miguel conseguiu se virar muito bem pelo seu talento e porque já era aclamado e já tinha provado para o mundo das artes quem era.
NATHALIE      — Agora, me responda: por que você não quer falar a verdade?
ARIEL              — Nem mesmo eu sei. É como se eu quisesse evitar algum tipo de aproximação da Sophia, é como se Marina fosse uma ligação entre ele e aquela que ele diz amar até hoje.
NATHALIE      — Uma ligação? Uma ligação seria se caso Marina fosse filha de Miguel, mas não é...
ARIEL              — Você não vai entender Nathalie. A minha omissão também servirá para afastar Marina de Miguel, porque tem algo que me deixou muito incomodado durante a exposição.
NATHALIE      — Você acha que está rolando alguma coisa?
ARIEL              — Eu não acho, eu tenho certeza... Mas eles já vão se afastar.
NATHALIE      — Não estou gostando desse seu modo de falar. Você está querendo manipular a vida do Miguel, é isso?
ARIEL              — Eu já vou desligar. Tchau!
Ele manda um beijo e fecha o notebook. Fica pensativo.

CENA 28. AP DE MARINA. INT. NOITE.
Ouve-se o barulho do chuveiro. MARINA está tomando banho. Ela deixa a água percorrer seu corpo e fecha os olhos. Começa a pensar em MIGUEL.
MIGUEL          — (mente) Não... Não tive uma inspiração... Eu apenas me deixei levar, permiti que minha mente agisse através do pincel, da tinta e do lápis... Então, eu criei a coletânea.
Ela volta a si e desliga o chuveiro.

CENA 29. AP DOS VILLARY FONTINELLY.
A campainha toca. TAYLA corre e atende a porta. Ao abrir, se depara com um entregador de flores que carrega um buquê de rosas.
ENTREGADOR — Para Tayla Villary.
TAYLA          — Sou eu mesma.
Ele entrega o buquê e dá um papel para ela assinar. TAYLA assina com um pouco de dificuldade.
TAYLA          — Muito obrigada!
O entregador dá um sorriso e vai embora. TAYLA fecha a porta e fica encantada com o buquê.
TAYLA          — Que lindas!
ARTHUR       (enciumado) — De quem são, hein Tayla?
TAYLA          (sorrindo) — De algum gentil cavalheiro que lembra que uma mulher receber flores ainda não é um clichê e nunca será. Um cavalheiro que, provavelmente, serve de exemplo para dar uma lição em você. (Revoltado, ARTHUR arranca o bilhete do buquê) O que é isso, Arthur?
Ele abre o bilhete e lê.
ARTHUR       — É do Miguel. (Ele coloca o bilhete no buquê novamente) É uma forma de agradecimento.
TAYLA          — Não precisava ter arrancado o bilhete assim. Grosso!
ARTHUR       — Eu sou teu marido e não vou admitir que você receba flores de alguém que eu não conheça. Neste caso, o Miguel mandou... Até então, tudo bem.
TAYLA balança a cabeça negativamente e se retira.

CENA 30. MANSÃO DOS VILLARY. INT. NOITE.
LÍVIA vê que Augusto já está dormindo. Vai ao escritório. Lá, ela abre a terceira gaveta de uma cômoda e tira algumas pastas que contém papeis e documentos velhos. Passa-se alguns minutos. Ela pega uma pasta vermelha e encontra papéis relacionados a funcionários que já trabalharam na mansão há anos. AUGUSTO aparece.
AUGUSTO     — O que você está fazendo aí, Lívia?
Ela toma um susto e fica olhando o marido.

CENA 31. FACHADA DO EDÍFICIO. EXT. NOITE.
SOPHIA sai de seu carro e fica observando o prédio. Ela se identifica e o porteiro a deixa entrar. SOPHIA se dirige a recepção do edifício, que está por conta de um rapaz.
SOPHIA           — Boa noite!
RECEPCIONISTA — Boa noite! O que gostaria?
SOPHIA           (mente) — Eu sou uma amiga de Marina Fontinelly, já faz um bom tempo que não nos vemos e quero saber se posso subir até o apartamento dela. Eu quero fazer uma surpresa.
RECEPCIONISTA — Infelizmente, a sua surpresa não poderá ser feita. Eu terei que entrar em contato com dona Marina pelo interfone e informar a sua vinda.
SOPHIA           — Por favor, peço que abra uma exceção para mim.
RECEPCIONISTA — Minha dama, eu não posso abrir exceções nem mesmo para moradores quando se trata de cumprimento de regras e normas que são estabelecidas nesse edifício. Eu estaria pondo meu trabalho em risco.
SOPHIA           (tira algumas notas de dinheiro da carteira. O rapaz fica boquiaberto) — É um caso sério. Na verdade, eu não sou amiga de Marina. Eu sou a mãe dela e tenho como provar isso. Ela não sabe que voltei ao Brasil e preciso pedir perdão a minha filha, preciso falar com ela.
RECEPCIONISTA — A senhora está me subornando?
SOPHIA           — Não me importo! Eu quero ir até o apartamento de minha filha e você irá me dizer o andar e o número.
Ela coloca as notas em cima da bancada. O rapaz pega disfarçadamente e olha de canto para a câmera.
RECEPCIONISTA — Tudo bem.
SOPHIA           — Depois você se vira e dá um jeito de apagar as imagens das câmeras.
RECEPCIONISTA — O cara que está lá na salinha é iniciante e é meu amigo.
SOPHIA           — É? Melhor para você.

CENA 32. AP DE MARINA. INT. NOITE.
A campainha toca. MARINA limpa a boca com um guardanapo, pois estava jantando. Ela se levanta e se dirige a porta. Ao abrir, dá um sorriso ao se deparar com MIGUEL.
MARINA         — O que você está fazendo aqui?
MIGUEL          — Vim entregar pessoalmente esse buquê de rosas.
MARINA pega o buquê e dá um sorriso novamente. Olha fixamente para MIGUEL.
MARINA         — Não estou acostumada a receber flores, mas são lindas.
MIGUEL          — Sim. São lindas.
MARINA         — Quer entrar? Ah, é óbvio que você quer entrar. (MIGUEL ri e MARINA também) Não recebi o interfone da recepção de que você estaria subindo.
MIGUEL          — Eu sou um pintor famoso, se esqueceu?
MARINA balança a cabeça negativamente e sorri novamente. Eles se olham fixamente.
SOPHIA está se aproximando e vê MIGUEL parado a frente do apartamento de sua filha. Ela coloca a mão contra o peito, começa a respirar ofegante e se encosta na parede. O nervosismo e a emoção lhe tomam conta. 
2º INTERVALO COMERCIAL

CENA 33. EDIFÍCIO. CORREDOR. INT. NOITE
Continuação da cena 32.
MIGUEL entra no apartamento e MARINA fecha a porta. SOPHIA ainda continua encostada a parede. Não está passando bem. Sua respiração está ofegante. Com um pouco de dificuldade, ela se dirige ao elevador e aperta o botão.

CENA 34. RECEPÇÃO DO EDIFÍCIO. INT. NOITE.
O recepcionista vê SOPHIA e fica preocupado.
RECEPCIONISTA — A senhora está se sentindo bem?
SOPHIA           — Não comente nada com Marina sobre minha vinda. Se ela ficar sabendo, eu vou saber que você quem contou e volto aqui!
Ela vai embora e o rapaz balança a cabeça negativamente.

CENA 35. AP DE MARINA. INT. NOITE.
MARINA        — Eu estava jantando.
MIGUEL        — Desculpe te atrapalhar. Eu não devia ter vindo.
MARINA        — Sem problema. Eu já estava acabando mesmo.
MIGUEL        — Ah, sim...
MARINA       — Por que não se senta?
MIGUEL        — Sim, claro.
MIGUEL se senta no sofá e MARINA fica o olhando.
MARINA        — O que te trouxe aqui?
MIGUEL        —Na verdade, eu não sei o que estou fazendo aqui.
MARINA        (dando um leve sorriso) — Eu... Eu não entendi.
MIGUEL        — Eu não consigo explicar direito.
MARINA        — Então fique calmo, porque eu estou vendo que você está nervoso. Quer uma água?
MIGUEL        — Não, Marina. (Ele se levanta e vai à direção dela) Tem algo em você que me lembra alguém. Alguém do meu passado.
MARINA se afasta e fica um pouco confusa.
MARINA        — Miguel, eu... Eu não sei do que você está falando ou de quem você possa estar se referindo.
MIGUEL        — Não é por aparência. É por algo que vem de dentro de você. É algo que eu não consigo explicar, mas ocorreu desde que pus meus olhos em você pela primeira vez.
MARINA        (sorrindo ironicamente) — Então você está me confundindo com essa pessoa que fez parte do seu passado?
MIGUEL        (se aproximando dela) — Eu não sei explicar.
MARINA        — Miguel, eu acho melhor você ir embora. Nós fizemos um trabalho juntos, mas não nos conhecemos direito pessoalmente.
MIGUEL        — Engraçado! Parece que eu já te conheço o bastante para saber que você também está sentindo algo.
MARINA        — Eu não vou mentir: eu senti, sim! Senti um interesse passageiro, uma simples atração. Foi algo rápido.
MIGUEL        (provocativo) — Tem certeza?
MARINA        (fica o fitando) — Vá embora, Miguel, por favor?!
MIGUEL fica a olhando por mais alguns segundos e depois vai embora. Fecha a porta após sair. MARINA passa as mãos pelos cabelos e respira com nervosismo.

CENA 36. MANSÃO DOS VILLARY. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.
LÍVIA se levanta e encara AUGUSTO.
LÍVIA             (mente) — Eu estava procurando alguns documentos.
AUGUSTO     — Documentos? Mas aí só tem documentos velhos, papeis e outras coisas.
LÍVIA             —São coisas minhas, Augusto.
Ela ajeita tudo no lugar e depois se retira. AUGUSTO acha estranho e fica pensativo.

CENA 37. AP DOS VIDAL FERRAZ. INT. NOITE.
SOPHIA está sentada na cama, enquanto CECÍLIA a aconselha.
CECÍLIA          — Você tem ficar calma, Sophia.
SOPHIA           (respirando ofegante) — Não há como eu ficar calma. Eu não entendo, eu realmente não entendo. O que ele foi fazer lá?
CECÍLIA          — Certamente tinha mais alguém no apartamento dela. Neste momento, eles devem estar comemorando o sucesso que foi a exposição hoje.
SOPHIA           — Eu não consigo pensar que seja isso.
CECÍLIA          — Porque você viu o Miguel pela primeira vez após mais de vinte anos.
SOPHIA           — Se tivesse alguma comemoração lá, o recepcionista teria me falado.
CECÍLIA          — A Tayla, prima de Marina, mora no mesmo prédio. Certamente, ela devia estar lá e ainda com o marido.
SOPHIA           — Como você sabe disso?
CECÍLIA          — Quando você me pediu para procurar informações sobre a vida de Marina, eu fui um pouco mais a fundo, digamos assim.
SOPHIA           — Tayla... Eu estou lembrada. Quando a vi pela primeira, ela era apenas uma menina, assim como Marina. Ela é filha de um primo do Guilherme, na verdade. Não estou lembrando do nome dele. Mas isso não vem ao caso agora.
CECÍLIA          — Sim. O que você vai fazer agora?
SOPHIA           — Eu quero dar um tempo.
CECÍLIA          — Dar um tempo?
SOPHIA           — Sim. Eu poderia voltar lá amanhã, mas... Vou deixar para outro dia, talvez.
CECÍLIA          — Já está mais calma, pelo menos?
SOPHIA           — Sim. (Ela dá um leve sorriso) Nem estou acreditando que revi Miguel. (Cecília sorri) Ele continua lindo.
CECÍLIA          — Não vejo a hora de ver vocês juntos novamente. Chega de sofrimento, Sophia.
SOPHIA dá um leve sorriso novamente e fica pensativa.
CENA 38. STOCK SHOTS DA NOITE CARIOCA.

CENA 39. STOCK SHOTS DO AMANHECER.
Mostrar o Sol se erguendo pelo céu e a movimentação do domingo.

CENA 40. CASA DOS BOAVENTURA. EXT. DIA.
Câmera se aproxima e vemos RICARDO, DAVI, PATRÍCIA e WESLEY. Este citado por último está na piscina. PATRÍCIA está sentada em uma cadeira de praia. Ela tira o shortinho e olha para RICARDO. DAVI olha para ela e revira o olhar disfarçadamente. WESLEY olha para as pernas de PATRÍCIA e morde os lábios.
PATRÍCIA     — Ricardo, passa protetor solar em mim?
RICARDO      (dando um sorriso) — Wesley!
PATRÍCIA estranha. WESLEY sai da piscina e senta-se na cadeira ao lado da amiga.
PATRÍCIA     — O que está fazendo?
WESLEY        — Vou fazer o que Ricardo me pediu.
PATRÍCIA     — Oi? Eu não ouvi ele te pedir nada. (WESLEY pega o protetor solar e passa em PATRÍCIA. Ela fica irritada, mas disfarça.) Passa devagar! É por isso que pedi ao Ricardo, ele não é grotesco como você!
WESLEY        — Pare quieta!
PATRÍCIA     (não consegue mais disfarçar) — Qual é o problema, Ricardo, de me fazer um simples favor?
RICARDO      — Eu não quero sair da sombra. Está muito bom aqui.
WESLEY        — Está muito bom é amaciar essa pele morena. (PATRÍCIA se revolta, pega o protetor solar e atira nele) Você é maluca?
PATRÍCIA     — Eu vou amaciar é a sua cara e será com uma bofetada da próxima vez.
WESLEY        — Eu apenas brinquei, Patrícia.
PATRÍCIA     — Vá brincar com o diabo!
WESLEY        — Você é o próprio.
RICARDO e DAVI caem na risada. Revoltada, PATRÍCIA pega seu shortinho e o usa para bater em WESLEY, que a pega pelos braços e a empurra na piscina.
PATRÍCIA     (grita revoltada) — Idiota!
WESLEY       — Tchau, Patrícia!
PATRÍCIA     — Por sua culpa, o meu short também molhou!
WESLEY       — Volta seminua para casa. Tchau!
Ele vai embora.
RICARDO      — Coloque seu short na centrifuga, talvez depois seque com esse sol. Caso não dê, eu peço para minha mãe te emprestar um vestido ou uma roupa.
PATRÍCIA o olhar seriamente e sai da piscina. Vai até a área de serviço. RICARDO olha para DAVI, que está lendo um livro.
RICARDO         — Que livro é esse?
DAVI             — “Jogando Xadrez Com Os Anjos”, da Fabiane Ribeiro.
RICARDO      — Já ouvi falar. Dizem que é bom.
DAVI             — Como mistura um pouco de fantasia, é emocionante e fantástico ao mesmo tempo.
RICARDO      — Entendo. Você está bem?
DAVI             — Não. A Patrícia vive tentando de tudo para dar em cima de você.
RICARDO      — Ah, mas eu me diverti agora. O Wesley é gamado nela.
DAVI             — É, também me diverti. Só espero que um dia ela veja que ele gosta dela de verdade. Ele é um cara legal.
RICARDO      — Também espero.

CENA 41. STOCK SHOTS. 
ANOITECE.

CENA 42. SUCESSÃO DE IMAGENS.
AMANHECE.

CENA 43. FACHADA DA MANSÃO DOS VILLARY. EXT. DIA.

CENA 44. MANSÃO DOS VILLARY. COPA. INT. DIA.
LÍVIA aparece na copa e vê EULÁLIA que termina de lavar a louça do café.
LÍVIA             — Augusto já foi?
EULÁLIA       — Já sim, senhora.
LÍVIA             — Ele saiu tarde hoje. Eu encontrei o endereço do Genésio.
EULÁLIA       — Temos que rezar, dona Lívia, para que ele não tenha mudado de endereço.
LÍVIA             —Sim. Mas se Deus quiser, vai dar tudo certo! Vamos!
EULÁLIA tira seu avental e se retira acompanhada por LÍVIA.

CENA 45. CASA DOS BOAVENTURA. QUARTO. INT. DIA.
RICARDO se ajeita. GREGÓRIO entra no quarto.
GREGÓRIO   — Já está pronto?
RICARDO      — Sim.
GREGÓRIO   (sorrindo) — Estou muito orgulhoso de você, meu filho. Hoje será seu primeiro dia de trabalho em um escritório de arquitetura. Você irá trabalhar no que estudou muito para conseguir realizar e isso é realmente gratificante: fazer o que se gosta!
RICARDO      — Sim, pai. Está se iniciando um novo ciclo na minha vida. Logo, logo já poderei ir embora.
GREGÓRIO   — Você pense em nos deixar?
RICARDO     — Não poderei ficar aqui por muito mais tempo. Tenho que dar um rumo na vida.
GREGÓRIO   —Já conversou sobre isso com sua mãe?
RICARDO     — Ainda não. Ela ficará triste, mas entenderá.
GREGÓRIO dá um leve sorriso e abraça o filho.

CENA 46. AP DE MARINA. INT. DIA.
TAYLA e MARINA tomam café. TAYLA larga a xícara e olha seriamente para MARINA.
TAYLA          — Por que não me mandou mensagem falando sobre isso?
MARINA       — Porque eu queria te falar pessoalmente.
TAYLA          (dá um sorriso) — Bem que eu notei que ele estava mesmo interessado em você.
MARINA — Ele me falou que lembro alguém do passado. Isso é estranho.
TAYLA          — Você acha que ele está mentindo?
MARINA       — Todo mundo sabe que ele vive de relacionamentos passageiros. Os dois casamentos dele não duraram. Certamente, ele quis jogar a mesma conversa que joga para outras mulheres e, assim, conseguir o que quer.
TAYLA          — Não o vejo como um homem assim. A mídia gosta de polemizar através da imagem de um artista.
MARINA       — Eu acho que nesse caso a mídia não está polemizando.
TAYLA          — E se ele estiver falando a verdade? Marina, ele pode mesmo estar gostando de você.
MARINA       — Não, Tayla, eu não sou mulher para uma ou duas noites apenas.
TAYLA          — Mas e você? Não sente nada? (MARINA desvia o olhar) Não adianta mentir, Marina.
MARINA       — Confesso que quando ele veio aqui, eu fiquei mais mexida ainda. Só que tem algo estranho, como se eu tivesse a obrigação de me afastar dele.
TAYLA          — Como assim?
MARINA       — Eu não entendo direito. Isso é estranho.
TAYLA          — É realmente estranho.
MARINA       — Mas o que você tinha para me falar?
TAYLA          — Sérgio Ferraz estava na exposição aquele dia.
MARINA       — Aquele atleta que deu em cima de você na praia?
TAYLA          — Ele não deu em cima de mim naquele dia. Sei lá também se não era essa a intenção dele, mas na exposição quase ocorreu.
MARINA       (espantada) — Quase ocorreu o quê?
TAYLA          — Nada do que se passou pela sua cabeça. Acho que ele quis dar em cima de mim. Na verdade, ele estava “jogando verde pra colher maduro”, mas eu agi de forma mais esperta, digamos assim, e toquei no fato de que tenho marido.
MARINA       — Por que você fez isso?
TAYLA          — Porque eu sou mulher casada e ele é um pouco mais jovem.
MARINA       — Você ainda é uma mulher casada.
TAYLA          — Sim, ainda.
MARINA       — Ele mexeu com você, não foi?
TAYLA          — Só de pensar nisso...
MARINA       — Te dá um calor.
TAYLA          — Marina, por favor!
MARINA       — Ok! Só estou descontraindo um pouco.
TAYLA          — Eu não consigo tirar essa criatura da minha cabeça. Aí parece que algo chega a mim e diz: “Tayla, você é uma mulher casada. Sim, você é casada”.
MARINA       — Esse “algo” é a sua consciência e você não é obrigada a ouvi-la. (TAYLA fica séria) Não que eu esteja dizendo para você não ouvi-la e dar trela para Sérgio, mas na hora de praticar a traição o ser humano não está nem aí com sua consciência e com que ela “diz” a respeito.
TAYLA          — Pois é...
MARINA       — E também, se você cometesse, apenas estaria devolvendo o troco. O Arthur não é santo e você sabe muito bem disso.
TAYLA          — Se eu toco nesse assunto, ele jura que não estava se envolvendo com aquela mulher.
MARINA       — Mas você viu com seus próprios olhos.
TAYLA          — Apenas o vi colocando a mão dele sobre a dela.
MARINA       —E se você não tivesse ligado, mais tarde, ele iria colocar a mão dele em outras partes do corpo dela; isso se ele já não estava fazendo isso antes. Ele se aproveitou que o casamento de vocês estava em crise para aprontar, apesar de que homem trai com casamento em crise ou até as mil maravilhas.
TAYLA          — Eu sei disso. Mas não vou devolver o troco depois de tanto tempo. E também, eu estaria me comparando a ele, caso ele tenha me traído mesmo.

CENA 47. EMPRESA. SALA PRESIDENCIAL. INT. DIA.
AUGUSTO está sentado em sua poltrona à frente de ARTHUR.
AUGUSTO     — Eu estou desconfiado de que a Lívia está escondendo algo.
ARTHUR       — O que poderia ser?
AUGUSTO     — Não faço ideia. Já era tarde da noite no sábado, eu me acordei e fui até o escritório. Quando vi, ela estava mexendo nas pastas onde tem alguns documentos e papeis velhos. Eu perguntei o que ela estava fazendo e ela respondeu que estava vendo coisas dela. Ela estava muito estranha nesse domingo.
ARTHUR       — Cuidado, Augusto! (ALMIR entra na sala, pede licença e vai à direção da mesa de Augusto e pega alguns papeis) Lívia pode estar preparando algum golpe.
ALMIR           — Olá, Arthur!
ARTHUR       — Olá, Almir! Tudo bem?
ALMIR           — Tudo. E com você?
ARTHUR       — Está tudo bem.
ALMIR           — Com licença!
ALMIR SE RETIRA.
ARTHUR       — E como está sendo trabalhar com ele?
AUGUSTO     — Está sendo ótimo. Mas continuemos falando sobre Lívia.
ARTHUR       — Você tem que tomar cuidado. Lívia quer divórcio e, é claro, que ela não quer sair perdendo.
AUGUSTO     — Você acha que ela seria capaz de jogar baixo comigo?
ARTHUR       —Eu não apenas acho, como tenho certeza!

CENA 48. CORREDOR/EMPRESA. INT. DIA.
ARTHUR sai da sala de AUGUSTO. Aperta o botão do painel do elevador e fica esperando.
ALMIR           — Arthur!
ARTHUR se vira para ALMIR.
ARTHUR       — Sim?
ALMIR           — Você é advogado, não?
ARTHUR       — Sim. Sou.
ALMIR           — Como advogado, deveria se portar como tal sobre qualquer situação.
ARTHUR       (acha estranho) — O que você falou?
ALMIR           — Você ouviu muito bem. Eu e o Augusto temos conversado ultimamente e ele tem certa confiança em mim e sei que ele está passando por um momento difícil. A esposa quer se separar dele. Eles acabaram de perder um filho também.
ARTHUR       — Seja mais claro, Almir!
ALMIR           — Você, como advogado, deveria analisar ambas as partes e não ficar colocando seu irmão contra a esposa.
ARTHUR       (dá uma risada irônica) — Você está se metendo em um assunto que não lhe convém. Cara, você não exatamente nada a ver com isso! Fique na sua!
Impaciente, ele aperta o botão do painel novamente.
ALMIR           — Reserve o seu veneno para si mesmo, Arthur.
Revoltado, ARTHUR se vira para ALMIR e o encara seriamente.
ARTHUR       — Quem é você pra me dizer isso?
ALMIR           — Eu é quem pergunto: quem é você? Quem somos nós? O Augusto precisa de ajuda e eu estou aqui para fazer isso.
ARTHUR       — Com que interesse?
ALMIR           — O interesse de mostrar ao seu irmão que a superioridade que ele alimenta dentro de si não irá o levar a nada.
ARTHUR       (dá uma risada irônica novamente) — Me poupe, Almir! Certamente, você tem algum interesse a mais e está se fazendo de bom homem, amiguinho e mimimi. Você não me engana. Ah, e pode ficar tranquilo: eu não vou falar dessa conversa que tivemos para Augusto. Mas quando eu tiver a oportunidade de arrancar sua máscara, eu vou fazer isso sem dó nem piedade.
ALMIR           — Piedade: algo que você não tem por ninguém e nem por si mesmo. Continue alimentando seu ar de superioridade e verá as consequências mais tarde. E se você tivesse piedade, não iria ficar envenenando seu próprio irmão, quando ele e a esposa estão passando por um momento difícil e precisam compreender um ao outro.
ARTHUR       — Você não tem o direito de falar assim comigo. Quem é você para dizer se vou sofrer consequências pelas minhas atitudes ou não? Você nem me conhece!
ALMIR           — Não é preciso te conhecer. Você exala superioridade pelo ar. Carrega consigo mesmo uma energia pesada.
ARTHUR       — Eu não vou ficar aqui discutindo. Você não regula muito bem, é um louco!
O elevador chega e a porta se abre. ARTHUR entra. ALMIR se retira.

CENA 49. AVENIDA. TRÂNSITO. EXT. DIA.
LÍVIA e EULÁLIA enfrentam um congestionamento.
LÍVIA           — Só pode ter acontecido algum acidente. Não é possível uma coisa dessas.
EULÁLIA     — A senhora está muito nervosa. Pode ocorrer da gente não encontrar Genésio em casa.
LÍVIA           — Se ele não estiver em casa, a gente espera.
O trânsito volta a andar. LÍVIA pisa no freio e o movimento (que já é lento) para novamente e ela acaba batendo no automóvel da frente.
LÍVIA           — Merda! (Ela vê o motorista preste a sair do carro batido) Me espere aqui, Eulália! (Ela desce do automóvel e vê que o motorista é FERNANDO, que ainda não a vê, pois está indignado olhando para a batida em seu carro)
FERNANDO    — Olha o que foi feito no meu... (Ele olha para LÍVIA e fica surpreso) Você bateu no meu carro?
LÍVIA               — Foi você quem parou e eu não pude conter a batida!
FERNANDO    — O trânsito parou novamente, você não viu?
LÍVIA               — E como eu iria ver com esse inferno formado por automóveis?
FERNANDO    — Agora eu vou ter que pagar o prejuízo.
Ele fica olhando o estrago. Está indignado.
LÍVIA               (um pouco apreensiva) — Não precisa se incomodar. Eu pago.
FERNANDO    — Não, pode deixar.
LÍVIA               — Eu insisto.
FERNANDO    — Não precisa, eu já disse.
LÍVIA               — Eu pago o concerto do seu carro.
FERNANDO fica a olhando. Ela o olha seriamente.

CENA 50. BORRACHARIA & CONCERTOS. EXT. DIA.
EULÁLIA está dentro do carro. LÍVIA e FERNANDO conversam do lado de fora.
FERNANDO      — Garanto que você devia estar com pressa.
LÍVIA                — Sim, eu estava. Eu tinha um compromisso importante.
FERNANDO      — Compromisso? Então por que insistiu em pagar o concerto e vir até aqui?
LÍVIA                — Porque eu não queria que você pagasse por um prejuízo causado por mim.
FERNANDO      — Sei... Que forma agradável de nos reencontramos, não acha?
LÍVIA                — Não, não acho.
FERNANDO      (dando um sorriso e estendendo sua mão) — Prazer, meu nome é Fernando Diaz.
LÍVIA                (apertando a mão dele) — Lívia Villary. O prazer é meu!
O mecânico aparece.
MECÂNICO      — Ô, parceiro! O concerto do teu carro não vai ficar pronto para hoje. No máximo, amanhã.
FERNANDO      — Tudo bem. (O mecânico se retira. FERNANDO olha para LÍVIA) Vou ter que pegar um táxi para voltar pra casa.
LÍVIA                — Não se preocupe com isso. Eu te levo até sua casa.
FERNANDO      — Só se você aceitar almoçar comigo, mas isso eu pago.
Ele sorri e LÍVIA fica o olhando.
LÍVIA                (hesitando) — Eu não sei se posso aceitar.
FERNANDO      — Eu insisto que aceite.
LÍVIA                — Eu vou falar com Eulália.
FERNANDO      — Ok!
LÍVIA entra em seu carro. EULÁLIA a olha.
EULÁLIA          — Bonitão ele.
LÍVIA                (sorrindo) — Ele nos convidou para almoçar e não posso recusar o convite.
EULÁLIA          — Convidou nós, uma vírgula. Ele convidou a senhora.
LÍVIA                — Mas você virá conosco.
EULÁLIA          — Me largue em um ponto de táxi, dona Lívia, que eu voltarei para a mansão.
LÍVIA                — Nós tínhamos que ir à casa do Genésio.
EULÁLIA          — Façamos isso amanhã ou outro dia.
LÍVIA                — Tudo bem.

CENA 51. ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA. INT. DIA.
RICARDO é apresentado pelo seu chefe aos seus colegas de trabalho.
HOMERO      — Seja bem vindo, Ricardo.
Os funcionários aplaudem. ANGELINA se aproxima de RICARDO.
ANGELINA       — Seja bem vindo... Ricardo! (Ela fica o olhando estranhamente e o reconhece. RICARDO acha estranho) Eu estou reconhecendo você.
RICARDO         — Certamente, você deve me conhecer da faculdade. Eu me formei faz muito pouco tempo.
ANGELINA       — Não. Eu fui namorada do William Villary.
RICARDO         (apreensivo e nervoso) — William Villary?
ANGELINA       — Sim.
RICARDO         — O rapaz que...
ANGELINA       — Me desculpe, mas eu não pude me conter.
RICARDO         — Eu te entendo. Com licença!
Ele fica nervoso e se retira. ANGELINA fica pensativa.

CENA 52. ESTÚDIO FOTOGRÁFICO. INT. DIA.
TAYLA termina uma sessão fotográfica. As modelos se retiram. Ela analisa as fotos tiradas e, repentinamente, ouve passos dados por uma pessoa que está de salto-alto. Ela se vira para trás.
TAYLA              — Boa tarde!
SOPHIA             — Boa tarde!
TAYLA              — O estúdio já está sendo fechado para o horário de almoço e minha colega não está presente no momento para atendê-la.
SOPHIA             — Eu não vim para ser atendida. Eu quero falar com Marina.
TAYLA              — A Marina também não está no momento. Ela virá um pouco mais tarde. Mas quer que eu deixe um recado para ela?
SOPHIA             — Tayla. Lembro-me de você.
TAYLA              (sorrindo) — Desculpe-me, mas eu não estou lembrada de onde posso conhecê-la.
SOPHIA             — O seu pai é primo do meu ex-marido.
TAYLA              (sorrindo) — O meu pai tem tantos primos. Mas como é seu nome?
SOPHIA             — Meu nome é Sophia.
TAYLA tem um choque e fica boquiaberta. Congela em Sophia.
FIM DO CAPÍUTLO 33

2 comentários:

  1. Olá pessoal, estou tão empolgado.
    Meu ex-namorado está de volta depois de um rompimento. Estou extremamente feliz por morarmos juntos novamente. O meu nome é Dulce Beverly, de Cingapura. Meu namorado de 4 anos acabou de terminar comigo e estou grávida de 20 semanas. Chorei até dormir a maior parte das noites e não pareço me concentrar durante as palestras, às vezes fico acordado quase a noite toda pensando nele e começo a chorar de novo. Por causa disso, acabo não tendo energia para as aulas do dia seguinte, minha participação caiu e estou sempre na universidade e no horário. Geralmente ele é um cara muito legal, ele terminou porque disse que estávamos discutindo muito e não nos dando bem. Ele está certo que discutimos muito durante a gravidez. Após o término, eu continuei ligando para ele e dizendo que eu mudaria. Estou apaixonado por esse cara e ele é o melhor cara que eu já estive. Ainda estou magoado e incrédulo quando ele disse que não tinha mais nenhum sentimento romântico por mim que me machucou mais rápido do que uma seringa letal. Ele me manda mensagens de vez em quando principalmente para checar como estou indo com a gravidez, ele é favorável a ela, mas não é justo comigo, ele me manda uma mensagem porque eu só quero lamentar a dor e não ter nenhum estresse devido à gravidez .i estava realmente chateado e precisava de ajuda, então procurei ajuda on-line e me deparei com um site que sugeria que o Dr. IYAYA pudesse ajudar a resolver problemas conjugais, restaurar relacionamentos rompidos e assim por diante. Então, eu senti que deveria experimentá-lo. Entrei em contato com ele e ele me disse o que fazer e eu fiz, então ele fez um feitiço para mim. 28 horas depois, meu namorado veio até mim e pediu desculpas pelos erros que cometeu e promete nunca mais fazê-lo. Desde então, tudo voltou ao normal. Eu e meu namorado estamos vivendo felizes juntos novamente. Tudo graças ao Dr. IYAYA. Se você tiver qualquer problema, entre em contato com o Dr.IYAYA agora e garanto que ele o ajudará. Envie um e-mail para: doctoriyaya@gmail.com, você também pode ligar ou adicioná-lo no Whats-app: +2347032756397 Visite o site, link in ?? v
    https://dr-iyaya-herbal-remedy.webnode.com

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  2. Quero aproveitar esta oportunidade para agradecer muito a um grande lançador de feitiços chamado Dr.Azaka, que trouxe de volta minha felicidade, trazendo de volta meu ex-amante depois de muitos meses de separação e solidão. Com isso estou convencido de que você é enviado a esta palavra para resgatar as pessoas de um desgosto e também a solução para todos os problemas de relacionamento. para aqueles que têm um problema de relacionamento ou outro,por que não contatar o Dr.Azaka em seu email:Azakaspelltemple4@gmail.com

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