Novela de
Marcus Vinick e Miguel Rodrigues
Escrita por
Marcus Vinick, Miguel Rodrigues
Direção
Miguel Rodrigues e Henzo Viturino
Direção Geral
Miguel Rodrigues
Núcleo DNA – Dramaturgia Novos
Autores.
Personagens deste capítulo
SÉRGIO
TAYLA
ARTHUR
MIGUEL
MARINA
PATRÍCIA
SOPHIA
CRISTINA
RICARDO
ANGELINA
LÍVIA
FERNANDO
AUGUSTO
ALMIR
Participações Especiais
VICENTE
CÍNTIA
HELENA
EXECUTIVOS
FIGURANTES DO SHOPINNG
CRIANÇAS DO ORFANATO
SANTO ANTÔNIO
CENA
1/ CONDOMÍNIO/ RECEPÇÃO/ INTERIOR/ NOITE.
Continuação imediata. Tayla espera Sérgio. Caminha de um lado para o
outro. O vê chegando. Aproxima-se.
Sérgio - (preocupado)O que aconteceu?
Tayla - Eu te falo mais tarde... Eu só preciso sair daqui.
Sérgio - E para onde iremos?
Tayla - Qualquer lugar, desde que eu esteja longe daqui.
Sérgio fica olhando para Tayla. Está preocupado.
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CENA 2/ BARRA DA
TIJUCA – SÃO CONRADO/ PRAIA DA JOATINGA/ EXTERIOR/ NOITE.
Tayla e Sérgio sentados à beira mar, próximos a algumas rochas. Tayla
parece apreensiva. Olha ao seu redor.
Tayla - Não é perigoso?
Sérgio - Não se preocupe. Qualquer coisa, eu irei
lhe proteger com unhas e dentes... Mais dentes, na verdade, porque minhas unhas
estão terríveis.
Tayla dá um sorriso. Olha para Sérgio. Fica assim por alguns instantes.
Volta a olhar para o mar.
Sérgio - (cont.) Você não irá me falar o que
aconteceu?
Tayla - (T: toma fôlego) Eu errei Sérgio, errei em ter deixado de
viver a minha vida para casar tão cedo... Eu estava muito apaixonada, jamais
imaginei que iria passar pelas coisas que passo agora.
Sérgio - O seu marido fez alguma coisa que te
machucou? Ele não te agride, não é?
Tayla - Jamais. Arthur nunca encostou um dedo em mim... O que
mais fere são suas palavras, o comportamento dele e sua prepotência.
Sérgio - Ele não te dá o valor merecido, não
é?
Tayla - É... Ele não me valoriza como esposa dele... Eu nem sei por
que estou te falando essas coisas.
Sérgio - Somos amigos agora, se esqueceu?
Tayla - Mas mesmo assim... A Marina não estava em casa e decidi ligar
para você. Espero que eu não esteja te impedindo de fazer algo... Não sei se
você tem algum compromisso ou queria estar dormindo a essa hora.
Sérgio - Não... Eu não tinha nenhum compromisso,
nem queria estar dormindo... Meu compromisso agora é com você e te confortar.
Tayla - (T: decidida) Quer saber? (levanta-se; Sérgio também levanta;
Tayla continua) Eu vou dar um novo rumo na minha vida e vou aproveitar
mais... Eu sou uma mulher jovem, não sou obrigada a me prender a certas
coisas.
Sérgio - (sorrindo) É assim que se fala.
Sérgio e Tayla ficam se olhando fixamente. Tayla corre em direção ao
mar. Se atira na água. Sérgio vai atrás dela. Tira a blusa. Joga na areia. Se
atira na água também. Tayla e Sérgio brincam atirando água um no outro.
Retiram-se da água. Correm pela areia. Tayla cai em cima de Sérgio. Dão risada.
Sérgio - (cont.) Você gosta de cair em cima de mim,
não é?
Tayla - Comecei a gostar agora.
Tayla e Sérgio olham-se fixamente de novo. Sérgio vai para cima de
Tayla, que dá um grito. Eles caem na risada novamente.
Sérgio - Posso fazer uma coisa?
Tayla - Dependendo do que você vai fazer.
Sérgio aproxima-se do rosto de Tayla. Respira ofegantemente. Tayla
também respira ofegante. ATENÇÃO SONOPLASTIA: Tema de amor de Tayla e Sérgio. Sérgio encosta sua boca na boca de
Tayla. Tayla cede. Beijam-se longamente. Valorizar o momento dos dois.
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CENA
3/ CONDOMÍNIO ONDE TAYLA E ARTHUR MORAM/ RECEPÇÃO/ INTERIOR/ NOITE.
A porta do elevador se abre. Arthur retira-se. Caminha em direção à
bancada do recepcionista. Vê que o rapaz está quase dormindo. Lhe dá um tapa no
braço.
Vicente - (assustado) O que houve?
Arthur - Acorda imprestável!
Vicente - Pega leve aí, doutor Arthur... Não é fácil
ficar aqui acordado a noite toda.
Arthur - Eu não quero saber o que é fácil ou
difícil em sua vidinha medíocre... Quero saber se você viu a minha esposa.
Vicente - Como vou saber? Ela é sua esposa, não minha!
Arthur - Você é recepcionista e deve ter idéia de
quem sai e quem entra nesse prédio... Quero saber se você não a viu saindo ou
algo assim.
Vicente - Não vi, infelizmente... Certamente, eu
estava no banheiro ou fazendo alguma coisa.
Arthur - Só por ser um recepcionista irresponsável,
na próxima reunião de moradores eu vou te denunciar para sindica do edifício e
você irá perder seu emprego.
Vicente - Tenha calma, doutor Arthur... Ela deve
estar com Marina.
Arthur - Marina não está em casa... Eu a vi saindo.
Vicente - Então espere, doutor Arthur.
Arthur fica revoltado. Retira-se. Vicente revira os olhos. Volta a
dormir.
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CENA
4/ AP DOS VIDAL FERRAZ/ SALA-QUARTO DE SÉRGIO/ INTERIOR/ NOITE.
Sérgio abre a porta do apartamento. Tayla entra. Sérgio fecha a porta
vagamente.
Sérgio - Não faça barulho... Meus pais já devem
estar dormindo.
Tayla - Está bem.
Tayla e Sérgio vão para o QUARTO DE SÉRGIO/ INTERIOR/ NOITE.
Patrícia vai sair do quarto e vai perceber que Sérgio está acompanhado por uma
mulher. Dá um sorriso malicioso. Sérgio não percebe Patrícia. Tranca a porta do
quarto. Tayla se senta na cama. Não contém a risada.
Sérgio - O que houve?
Tayla - Eu estou me sentindo uma adolescente.
Sérgio - E isso não é bom?
Tayla - Eu já sou uma mulher adulta. Eu não devia estar me comportando
dessa forma.
Sérgio - Mas você mesma disse que iria aproveitar a
vida.
Tayla - Entrando escondida na casa dos pais de um rapaz?
Sérgio - Sem problemas.
Tayla - Sem problemas? Juro que irei me acordar bem cedo, antes que
seus pais acordem e vou embora.
Sérgio dá um sorriso. Senta-se na cama. Toca o rosto de Tayla.
Sérgio - Você é tão linda, sabia?
Tayla - (sorrindo) Fico lisonjeada. (Sérgio tira a camisa. Tayla toca
seu peitoral) Eu já estou decidida sobre como vou começar a nova fase de minha
vida.
Sérgio - E eu continuo fazendo parte dessa nova
fase?
Tayla - Só se você quiser.
Sérgio - Eu quero.
Tayla dá um sorriso. Sérgio também. Eles se beijam longamente. Deitam-se
na cama aos beijos e carícias. Valorizamos o momento dos dois.
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CENA
5/ COPACABANA PALACE/ QUARTO DE MIGUEL E ARIEL/ INTERIOR/ NOITE.
Marina está com sua cabeça deitada sobre o peito de Miguel, que dorme
profundamente. Marina levanta-se. Fica olhando para Miguel. Lembra-se do que
Ariel lhe dissera.
Flashback
ARIEL - Você acha mesmo que
Miguel irá ficar com você mesmo correndo o risco dele e Sophia se
reencontrarem?
Marina volta a si. Toca o rosto de Miguel.
Marina - Sinto muito, mas você terá que ser
prejudicado também... Não vou deixar que ela seja feliz ao seu lado.
Marina fica olhando para Miguel por alguns instantes.
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1º INTERVALO COMERCIAL
CENA
6/ RIO DE JANEIRO/ PLANOS GERAIS/ EXT/ AMANHECER.
Belos planos do amanhecer. Corta para:
CENA
7/ AP DOS FONTINELLY VILLARY/ COZINHA-SALA-QUARTO DO CASAL/ INTERIOR/ DIA.
Arthur prepara seu café na cafeteira. Ao pegar no aparelho, queima-se.
Arthur -(grita; revoltado) Droga!
Ouvimos um barulho na porta. Acompanhamos Arthur até a SALA/
INTERIOR/ DIA. Nos deparamos com Tayla. Arthur fica a olhando seriamente.
Arthur - Onde você passou a noite e com quem passou
a noite?
Tayla - Arthur, eu vou arrumar as minhas malas.
Arthur - Como assim?
Tayla - Eu vou embora.
Arthur - Tayla... Você não está falando sério.
Tayla - Eu nunca falei tão sério em toda minha vida.
Arthur - (incrédulo) Você está se separando de mim?
Tayla - Eu te avisei que isso iria acontecer um dia e você não quis me
ouvir... Eu sinto muito, Arthur, mas nosso casamento está acabando aqui e
agora.
Tayla se retira. Vai até o QUARTO DO CASAL/ INTERIOR/ DIA. Abre o
roupeiro. Começa a jogar suas roupas na cama.
Arthur - Por favor, Tayla, vamos conversar... As
coisas não podem ser assim.
Tayla - Não podem ser assim, porque não é do seu jeito.
Arthur - Você está agindo de forma precipitada.
Tayla - Não, Arthur, eu estou agindo conforme o que o meu coração
deseja... Quero dar um novo rumo na vida e você não faz mais parte disso.
Arthur - Como pode me dispensar assim de sua vida?
Esqueceu-se de tudo que vivemos?
Tayla - Foi você quem provocou tudo isso, Arthur... Eu tentei salvar
nosso casamento, eu conversei com você sobre isso, eu tentei abrir seus
olhos... Você só me respondeu com grosserias, com a sua altivez... A sua
prepotência ao extremo. No início, tudo é muito bom... Nosso namoro foi muito
bom... E foi só nos casarmos para você mostrar o verdadeiro Arthur Villary, que
estava escondido atrás da pele de cordeiro enquanto namorávamos.
Arthur - Onde você passou a noite, Tayla? Com quem
você ficou durante todas essas horas? Você está me traindo, não é? Está me
trocando por outro homem.
Tayla - Eu não vou mentir, Arthur... Não estou me separando apenas
porque não agüento mais viver esse casamento infeliz ao lado de um homem que
não me valoriza em aspecto nenhum, mas também porque eu não iria continuar
casada com você, sendo que passei a noite com outro homem.
Arthur - (grita; revoltado) Vagabunda!
Tayla, transtornada, dá uma bofetada em Arthur.
Tayla - (grita) Você nunca mais me chame disso. Você não tem esse
direito.
Arthur - Como você acha que estou me sentindo?
Tayla - E como você acha que eu me senti, quando descobri que você
estava me traindo? E mesmo assim, eu fiquei com você.
Arthur - Agora vai dizer que apenas deu o troco?
Tayla - Então, você admite que me traiu daquela vez? Daquela vez, você
só faltou ficar de joelhos dizendo que não havia me traído, dizendo que me
amava de verdade... Você nem sabe o que é amar de verdade.
Arthur - Eu estou humilhado.
Tayla - Você está se sentindo assim porque, além de prepotente, você é
um machista! É o tipo de homem que pode trair, mas não pode ser traído...
Talvez eu tenha errado em fazer o que eu fiz, mas não foi pensando em lhe dar o
troco... Eu pensei em mim mesma e no fato de que eu precisava me sentir amada
novamente.
Arthur - Você me paga, Tayla!
Tayla - O que você vai fazer, Arthur? Você não vai poder fazer nada...
Siga a sua vida, que eu vou seguir a minha... E para facilitar as coisas para
você, eu estou indo embora.
Arthur - Eu vou tirar aquele estúdio de você...
Aquilo não é tudo que você tem na vida?
Tayla - Não tem como você fazer isso.
Arthur - Quem é o proprietário do estabelecimento?
Acho que você não está lembrada.
Tayla - Marina e eu somos donas daquele estúdio e temos nossos
direitos, mesmo você sendo proprietário... E as finanças estão muito bem, não
há como você tirar de mim.
Arthur dá uma risada debochada. Depois olha com raiva para Tayla.
Arthur - Eu vou acabar com sua vida, Tayla... Se
você acha que estando casada comigo já é um inferno, não queira saber como será
pior estando separada.
Arthur se retira. Tayla fica pensativa.
Corta
para:
CENA
8/ AP DOS VIDAL FERRAZ/ SALA DE JANTAR/ INTERIOR/ DIA.
Sérgio e Patrícia tomam café. Estão em silêncio. Até que Patrícia quebra
o gelo.
Patrícia - (maliciosa) Quem era aquela, hum?
Sérgio - Quem?
Patrícia - A que eu vi entrando em seu quarto, ontem à
noite.
Sérgio - Agora você deu pra espionar o que eu faço?
Patrícia - Eu estava indo tomar um copo d’água.
Sérgio - Você não me engana, Patrícia.
Patrícia - Pode ficar tranqüilo, maninho, eu não vou
falar nada... Do que adiantaria também? Só acho uma injustiça que eu não possa
fazer o mesmo.
Sophia aparece sorridente. Cumprimenta Sérgio e Patrícia.
Sophia - Bom dia!
Sérgio - (sorri) Bom dia!
Sophia - Não responde ao meu “bom dia”, Patrícia?
Patrícia - (de má vontade) Bom dia!
Sérgio - (levanta-se) Não dê bola, Sophia, a
Patrícia dorme e acorda com essa cara de limão azedo.
Patrícia levanta-se. Faz menção de bater em Sérgio. Sérgio dá uma
risada. Foge. Patrícia senta-se novamente à mesa.
Sophia - Patrícia, você está de tempo livre hoje?
Patrícia - Por quê?
Sophia - Vamos ao shopping.
Patrícia - Ao shopping? Você está me convidando para ir
ao shopping?
Sophia - Sim... O que tem de mais?
Patrícia - Nada.
Sophia - Eu gosto de você, Patrícia. Você também
vai gostar de mim algum dia.
Patrícia - Na verdade, eu... Eu não tenho nada contra
você.
Sophia - Sério? Achei que não gostasse da minha
presença.
Patrícia - É estranho ter você aqui em casa, mas... O
que eu posso fazer?
Sophia - Eu entendo você... E sei que, por trás
dessa imagem de menina mimada e durona, há uma garota legal.
Patrícia - Eu não sou uma garota legal e nem faço
questão disso.
Patrícia dá um gole em seu suco. Sophia balança a cabeça negativamente.
Dá um sorriso.
Corta para:
CENA
9/ CASA DOS BOAVENTURA/ SALA DE JANTAR/ INTERIOR/ DIA.
Ricardo e Cristina estão à mesa do café da manhã. Tomam café, enquanto
conversam. Conversa já iniciada.
Cristina - E você acha que foi ela quem deixou sua
colega trancada no sanitário?
Ricardo - E deve ter feito isso por ciúmes... Ela é
louca.
Cristina - Ela sempre gostou de você... Isso sempre foi
algo percebível.
Ricardo - O Wesley é muito afim dela e ela finge não
perceber ou simplesmente não dá a mínima para isso.
Cristina - Normal. E você e o Davi?
Ricardo - Eu e ele continuamos nos curtindo, mas o
que me incomoda é essa insegurança dele.
Cristina - E essa sua colega, a Angelina?
Ricardo - Imagine só que ele já sentiu ciúmes dela!
Cristina - Vocês são apenas colegas ou está acontecendo
alguma coisa a mais?
Ricardo - Como assim, mãe? Não estou entendendo.
Cristina - Você fala com um tom diferente quando está
falando dela... É estranho.
Ricardo - É impressão sua.
Cristina - Eu espero... Sei que você jamais magoaria Davi,
mas ele é um garoto especial.
Ricardo - Entre mim e Angelina não irá acontecer
nada... Somos apenas colegas de trabalho e nos tornamos parceiros... Eu gosto
muito do Davi, ele sabe disso.
Ricardo dá um gole no café. Cristina come um pedaço de pão. Olha para
Ricardo.
Corta
para:
CENA
10/ RUA CARIOCA/ CONFEITARIA COLOMBO/ INTERIOR/ DIA.
Angelina e Cíntia tomam café na Confeitaria Colombo. Cíntia percebe algo
estranho em Angelina.
Cíntia - O que está lhe afligindo, Angelina?
Angelina - Por quê?
Cíntia - Porque está com uma cara estranha... Eu
não gosto de tomar café acompanhada e a pessoa estar de um jeito estranho como
se estivesse acontecendo algo... Fale!
Angelina - Não é nada, Cíntia.
Cíntia - Fale, Angelina... Eu até larguei esse bolo
delicioso para te ouvir. Vamos!
Angelina - Eu não sei como explicar isso... É estranho.
Cíntia - Estranho? Seja mais clara, por favor?!
Angelina - Eu estou... Na verdade, eu não estou...
Cíntia - Oi?
Angelina - Eu acho... Sim, eu acho porque eu não tenho certeza...
Eu acho que estou gostando do Ricardo.
Cíntia - E por que isso é estranho? Já estava na
cara que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde... Aconteceu até cedo
demais.
Angelina - É estranho porque não faz muito tempo que
William partiu, então eu não deveria estar me sentindo assim.
Cíntia - Deve ser a carência batendo.
Angelina - Você acha?
Cíntia - Eu tenho certeza... E se ele for solteiro,
aproveite!
Angelina fica pensativa por alguns minutos.
Corta
para:
2º INTERVALO COMERCIAL
CENA
11/ RUAS DE ITAPERUNA/ FRENTE DO ORFANATO SANTO ANTÔNIO/ EXTERIOR/ DIA.
Fernando e Lívia chegam de carro em frente a um portão de ferro alto.
Fernando - É aqui, Lívia.
Lívia olha para o lugar. Balança a cabeça negativamente.
Lívia - O meu filho foi abandonado nesse lugar?... Só de pensar que eu
poderia estar com ele nesse momento...
Fernando - Mas nós vamos descobrir o paradeiro dele...
Vamos descer?
Lívia - Vamos!
Lívia e Fernando descem do carro. Fernando aperta o botão do interfone.
Ele é atendido.
Corta imediato
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CENA
12/ ORFANATO SANTO ANTÔNIO/ CORREDORES/ INTERIOR/DIA.
Lívia e Fernando estão sentados em um banco. Algumas crianças passam
correndo. Lívia as acompanha com o olhar. Uma mulher aparece.
Lena - Voltem aqui, crianças! Mas esses meninos são muito levados.
(ela olha para Lívia e Fernando) Vocês devem ser...
Lívia e Fernando levantam-se. Cumprimentam Lena com um aperto de mãos.
Lívia - (simpática) Meu nome é Lívia Villary e esse é meu amigo,
Fernando... Viemos em busca de uma informação muito importante.
Lena - Vamos ver no que poderei lhes ajudar... Meu nome é Helena,
mas todos me chamam de Lena... Acompanhem-me até minha sala, por favor?
Lívia, Fernando e Lena retiram-se.
Corta
para:
CENA
13/ EMPRESA DE AUGUSTO VILLARY/ SALA DE REUNIÕES/ INTERIOR/ DIA.
Damos um giro pela sala de reuniões. Podemos ver que a sala está cheia
de executivos. Estão em reunião. A reunião já está no fim. Almir levanta-se.
Fica olhando para Augusto.
Almir - Você está bem?
Augusto - Não. Posso tirar seu tempo um pouco?
Almir - Claro.
Augusto fecha a porta. Senta-se à mesa. Almir também faz o mesmo.
Augusto - Eu não sei o que está acontecendo comigo.
Lívia e eu estamos separados, mas vivemos ainda na mesma casa... Ela foi para a
casa de praia em Paraty e isso me deixou aflito. Eu tenho medo de perder a
minha esposa.
Almir - Perder em que sentido?
Augusto - Medo que ela acabe se apaixonando por outro
homem... Medo que ela vá embora e me deixe.
Almir - Mas ela já fez isso... Digo, ela já te deixou... Mesmo que
vocês estejam morando na mesma casa ainda.
Augusto - E o que você acha disso?
Almir - Sou eu quem te pergunto, Augusto... O que você acha disso?
Augusto - Não estou te entendendo, Almir.
Almir - O que eu pude perceber até agora, é que você nunca deu o valor
devido à sua esposa... Você nunca soube ser o marido que ela esperava que você
fosse... Ela apenas está seguindo o rumo dela, dando uma nova direção à vida
dela e ao que ela acreditar ser eficaz para que seja uma mulher feliz.
Augusto - Só que eu amo Lívia.
Almir - Não acha que já está tarde demais para ter admitido isso para
si mesmo?
Augusto - Eu só queria uma nova chance.
Almir - E vai ter... Acredite que irá dar tudo certo e tente se tornar
uma pessoa melhor... Tudo o que você precisa, Augusto, é de amor próprio
primeiramente e ver que não somos nada perto do universo. Somos menos que grãos
de areia.
Augusto - O que está querendo dizer com isso?
Almir - Que a prepotência te cegou e isso acabou com seu casamento,
acabou com a relação com seu filho... Passe a se importar mais com o próximo,
passe a se pôr mais no lugar do outro e você verá que a vida irá lhe responder
positivamente.
Augusto fica com uma expressão triste no rosto. Almir o observa.
Corta
para:
CENA 14/ SHOPPING RIOSUL/ INTERIOR/ DIA.
Sophia e Patrícia passeiam pelo shopping. Entram de loja em loja... Patrícia
senta-se em uma poltrona, em frente a um provador. Sophia aparece com um
vestido. Patrícia faz cara de que não gostou. Balança a cabeça negativamente.
Sophia aparece com outro vestido. Patrícia balança a cabeça negativamente
novamente. Sophia sorri.
Após alguns minutos, as duas estão sentadas a uma mesa na praça de
alimentação.
Sophia - Eu iria convidar sua mãe para vir comigo,
mas ela teve um novo trabalho hoje.
Patrícia - É... Mas eu gostei.
Sophia - Sério?
Patrícia - Sim. Foi legal ter vindo ao shopping com
você... Faz tempo que eu não faço isso com minha mãe, talvez porque ela tenha
perdido essa “liberdade” comigo.
Sophia - Entendo... Mas não custa nada a convidar
um dia... Garanto que ela irá ficar feliz.
Patrícia - (sorri) Ela vai estranhar, isso sim.
Sophia - Na verdade, Patrícia, eu te convidei
porque eu queria saber como é um “programa” de mãe e filha... Eu tinha essa
curiosidade e agradeço por ter colaborado comigo.
Patrícia - Já sei de sua história... Na verdade, eu sei
um pouco... Eu não fico prestando atenção no que você e minha mãe falam.
Sophia - Entendo. Já podemos ser amigas, não?
Patrícia - Podemos. Você parece ser uma pessoa legal e
comprou um para de botas pra mim, não tem como eu não gostar de você depois
disso.
Sophia dá uma risada. Balança a cabeça negativamente. Patrícia dá um
sorriso.
Corta
para:
CENA 15/ ESTÚDIO FOTOGRÁFICO/ INTERIOR/ DIA.
Conversa já iniciada. Marina dá um grito de felicidade. Abraça Tayla.
Tayla - Por que essa felicidade toda?
Marina - Porque você finalmente largou aquele
traste... Por que não me avisou que iria fazer isso? Eu poderia ter comprado o
champagne.
Tayla - Marina, não está sendo fácil. Por favor, respeite esse meu
momento?
Marina - Tudo bem. Desculpe-me! Contudo, eu não
irei mentir que estou quase não conseguindo me conter de tanta alegria. Já
estava na hora de você largar o Arthur mesmo. Mas para onde você vai?
Tayla - Para o seu apartamento, já que não tenho para onde ir por
enquanto.
Marina - (sorri) Iremos morar juntas, como antes.
Vem aqui! Dê-me um abraço!
Tayla dá um abraço em Marina.
Tayla - Onde você foi ontem à noite?
Marina - Passei a noite com Miguel.
Tayla - Eu não estou acreditando, Marina.
Marina - Não vamos falar sobre isso agora.
Tayla - Você está agindo de forma errada.
Marina - Pouco me importa... Eu tenho um propósito
e já tenho um plano em mente.
Tayla - Marina, eu não vou compactuar com nada que você venha a fazer,
já fique sabendo disso.
Marina - Então não se meta, muito simples.
Marina retira-se. Tayla fica preocupada.
Corta
para:
CENA 16/ ORFANATO SANTO ANTÔNIO – ITAPERUNA/ SALA DE HELENA/ INTERIOR/
DIA.
Lívia e Fernando estão sentados à frente da mesa de Helena. Conversa já
iniciada. Helena olha seriamente para Lívia.
Lena - Eu me lembro dessa história... Aquele homem chegou aqui,
largou a criança nos braços de uma de nossas voluntárias e mentiu que havia
encontrado o bebê no meio da estrada, enrolado em um saco de lixo... Contudo,
ele estava muito estranho e essa voluntária conversou com ele... Ele falou a
verdade e disse que a esposa havia
seqüestrado aquele bebê.
Lívia - E por que a polícia não foi chamada?
Lena - Porque eu e essa voluntária éramos amigas confidentes. Ela
realmente não sabia se aquele homem estava falando a verdade sobre o seqüestro,
ele estava confuso.
Lívia - Eu passei todos esses anos sem o meu filho por
irresponsabilidade. E não foi só por parte dele, mas por sua parte também.
Lena - Ela havia se encantado pelo bebê e o homem a fez jurar que
ela não falaria a verdade para ninguém sobre o seqüestro. Ela e o marido
adotaram o menino.
Lívia - Quem foi esse casal?
Helena fica olhando para Lívia. Closes alternados de Lívia, Fernando e
Helena. Congela em “Lívia”.
Corta
para:
FIM DO CAPÍTULO 37.
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