Doce Magia

CENA 1.SALA QUE ANTECEDE O ESCRITÓRIO DE JAMES. INT. DIA 

Começamos com a imagem de uma porta de madeira fechada, sobre ela é possível perceber uma placa de metal, contendo os seguintes dizeres: “James Stephens, vice-presidente”. Instantes. Uma bela e atraente mulher surge no enquadramento da câmera, de uma maneira sedutora e pitoresca, ela abre a porta, apresentando-nos a uma pequena sala revestida de madeira e com alguns vasos de plantas, para contrastar com o tom de verniz presente nas paredes. Próximo à porta que se encontra do outro lado do ambiente, podemos visualizar Isabel, sentada em uma cadeira giratória, desatenta da vida, ela roí as suas com ferocidade, enquanto seu cotovelo apóia-se na grande e espaçosa mesa de MDF que compõe a decoração de seu espaço de trabalho.

No entanto, quando a mulher misteriosa, adentra o recinto com sua elegância e charme incontestáveis, Isabel levanta-se rapidamente da cadeira e com palavras delicadas e escolhidas com cuidado, a secretária tenta impedir a entrada da moça na sala que se esconde atrás da porta que ela vigia. 

Isabel – (amável) Oh Senhorita Sheila, receio que o senhor Stephens...

Sheila – (interrompendo-a, elegante)Não se preocupe Isabel, eu sei que ele gostará de me ver, apenas estou de passagem.

Para não entrar em atrito com Sheila, Isabel senta-se novamente em sua cadeira, deixando assim, o caminho livre para a entrada da megera que discretamente adentra a sala de James, sendo que o mesmo entretido em meio às figuras que compõe seu Portfólio, nem percebe a invasão feita pela elegante mulher. 

Sheila – (delicada, sorrindo cinicamente) James!

James rapidamente corre os olhos no rosto da intrigante e encantadora Sheila, que sorri sarcasticamente do outro lado da sala. 

James – (assustado) Sheila.

Ela move-se de maneira triunfante pela sala, composta por uma decoração um tanto quanto duvidoso, pois nela há mistura de objetos delicados, como uma boneca de porcelana chinesa com outros mais rústicos, como a cabeça empalhada de um cervo e cortinas vermelho ardente, sendo que seu bando é feito de um tecido mostarda aveludado, criando assim um choque de cores impactante. 

Sheila – Oh querido (desloca-se até James, rouba-lhe um beijo) Acabei voltando de Londres ontem e estava tentando encontrá-lo. (sorri) Deixei um recado com sua secretaria, mas como não tive noticias resolvi invadir seu escritório. (T) Por que não telefonou?

James – (nervoso, canastrão) Bem Sheila (T) Você sabe (T) Eu acabo de voltar (T) Eu estava (instantes, sua expressão muda, uma brutalidade ainda não vista em sua face toma-o com força) EU ME CASEI.

Sheila – (cínica) Sim, eu sei queridinho, congratulações.

James – (duro) Ora sei que tem toda a razão (instantes, James compreende que Sheila não o xingou e sim parabenizou-o pelo casamento, sua voz mudo, percebemos que novamente a doçura compõe seu rosto) Não se importa?

Sheila – (irônica, doce e dissimulada) Oh querido, importar? (sorri) É claro que importo-me, afinal se não tivesse ido para Londres como fui, poderia ter sido eu (aproxima-se de James, ficando face a face com ele) Mas sem ressentimento seu danadinho (T) Ah James, estou feliz por você e certa de que ela é um anjo ( afasta-se dele, retornando para as proximidades da porta) Passei por aqui apenas para convidar vocês dois para aparecerem está noite se não tiverem outro plano (T) Alguns de nossos amigos irão aparecer para um jantarzinho, mas não é nada de especial, muito intimo, destas festinhas de (franze o rosto, faz uma expressão bem canastrona, porém convence James) sentar no chão.

James – (intrigado) Ora, é muito delicado de sua parte Sheila (T) Mas não sei, talvez seja muito cedo para apresentar tanta gente desconhecida a ela...

Sheila – (intrigada, persuasiva) Muito cedo? Não seja tolo James, somos seus amigos, queremos conhecê-la. (Instantes, uma expressão cruel e cínica possui sua face, sua voz é delicada porém perturbadora e impactante)A menos que você sinta-se embaraçado?

James (desnorteado) Eu? É claro que não!

Sheila – (confiante) Ótimo! Então está tudo certo, sete e meio da noite (T) Eu preciso ir até logo.

Sheila rapidamente retira-se da sala de James, deixando-o confuso e pensativo no que poderá ocorrer durante o jantar.

CLOSE EM JAMES

CORTA PARA:

CENA 2. FACHADA DA CASA DE SHEILA. EXT. NOITE 

James e Samantha caminham de mãos dadas pela calçada que cerca a casa de Sheila. Instantes. Eles entram em seu pátio e dirigem-se até a porta, onde James toca a campainha. Samantha está apreensiva, sua expressão está tensa, misturada com uma profunda preocupação de perder o que tanto ama, caso os amigos de James rejeitem-na. Ela veste um suéter azul turquesa e por baixo dele um simples vestido marrom, feito de lã batida. O casal troca sorrisos enquanto espera ser atendidos pela anfitriã.

Samantha – (preocupada) Tem certeza que não nos vestimos adequadamente?

James – (relaxado, sorridente) Claro que sim, Sheila disse que é muito a vontade, muito intimo, dessas festas de se sentar no chão.

A porta abre-se e é Sheila quem vem recepcioná-los, ela usa um belo vestido longo lilás, seu cabelo esta perfeitamente arrumado, sua maquiagem combina profundamente com os traje que veste e seu sorriso raso e forçado, oculta as sombras existentes em sua alma obscura. 

Sheila – (sorrindo) Oh James,que bom que vieram! Entrem (convida-os com a mão direita, já que a esquerda segura a maçaneta).

O casal adentra o recinto, Samantha fita os convidados com um certo receio de não estar vestida adequadamente a festa, já que os demais estão usando trajes de galã. Sheila segue-os, rouba um selinho de James e após mira Samantha com desdém.

Sheila – (cínica) E está é a sua noivinha?

Samantha – (gentil) Muito prazer.

Sheila – (irônica) Oh James ela é um doce!

Samantha – (constrangida) Talvez eu devesse trocar de (segura o suéter)...

Sheila – (interrompendo-a) Nada disso querida, você está tão (T) doce (sorri) Jhon (sinaliza para o mordomo que acaba de passar pelo lado do grupo) ajude a senhora Sthepans com o (olha com desprezo para o casaco que Samantha veste)...

Samantha – (delicada) Suéter. (começa a tira-lo)

Sheila – (elegante) Eu posso dizer que você é do tipo que sempre se veste tão simples, você me compreende o tipo capaz (T) Oh James, aposto que é boa datilografa, cozinha, toma conta das economias da casa, joga golfe, você sabe todas as coisas que eu, pobre de mim não poderia fazer. (sorri)

Samantha – (educado, sutil) Que Pena (levanta a sobrancelha e esboça um sorriso cínico) 

Sheila – (revira os olhos, sorri) Não quer passar até a sala de jantar e conhecer meus amigos? 

Sheila desloca-se até a sala de Jantar, James e Samantha seguem-na. A câmera não os acompanha, apenas os pega de costas do ponto anterior mesmo.

Sheila – (feliz) Amigos, quero que conheçam a noivinha de James.

CORTA PARA:

CENA 3. CASA DE SHEILA. SALA DE JANTAR. INT. NOITE 

Sheila está sentada na cabeceira da grande e imponente mesa de jantar, que se localiza em uma posição privilegiada, já que em cima dela podemos visualizar um belo lustre de cristal, que ilumina a decoração pitoresca do ambiente. Ouvimos vários murmúrios saindo da boca dos convidados, porém não o compreendemos. A copeira serve o prato de sopa da anfitriã e após o de James que está sentado em seu lado direito. Do outro lado da mesa, está Samantha, fitando-os com raiva. Ela disfarça, começa a tomar a sopa que está servida em seu prato, quando James enfim consegue mirá-la.

James – (observando Sam) Você está bem querida?

Samantha – ( doce) Sim querido, estou ótima, obrigada.

Sheila – (olhando para James, cochichando, põe sua mão em cima do braço dele) Não se preocupe com Samantha, ela ficará bem, todos iremos ajudá-la. (sorri, levanta o tom de voz) Atenção a todos, uma vez que Samantha é uma estranha aqui, vamos fazê-la sentir-se em casa. (coça o queixo com a mãe esquerda, sutil) Bem querida, primeiro a levaremos a um bom costureiro...

Samantha – (alterando-se) Mas eu não preciso...

Sheila – (elegante) Ai então, a apresentaremos a Pierre, ele faz maravilhas com qualquer cabelo (pisca e sorri com desdém. Samantha passa a mão em seu cabelo, intrigada com as frases proferidas pela megera) Já não nos encontramos em algum lugar? 

Samantha – Acredito que não...

Sheila – (empolgada) Londres?

Samantha – (irritando-se) Não.

Sheila – Los Angeles? 

Samantha – (brava) Não.

Sheila – (vira-se para James, esquecendo-se de Samantha) Falando em viagens, lembra-se daquela vez que nos encontramos em Paris e você disse que gostaria imensamente que eu ficasse nua. (ri, bate no ombro de James, que rapidamente fita Samantha com um olhar de submissão)

Samantha toma a sua sopa depressa para descarregar a raiva que sente de Sheila por estar humilhando-a, quando de repente o homem que está em seu lado começa a puxar conversa.

Homem – (encantado) Sheila está sempre tão bonita (T) Não há um cabelo fora do lugar (T) É uma garota e tanto, não há o que não possa fazer (leva uma colher de sopa até a boca) Sabe ela tem seu próprio avião.

Samantha – (surpresa) Oh!

Homem – Você voa?

Samantha – Oh Sim!

A câmera foca em Sheila que fita o nariz de Samantha curiosamente e de maneira perturbadora. Quando a menina põe uma colher de sopa em sua boca, a megera chama-lhe a atenção.

Sheila – (elegante) Conhece o Doutor Redner, querida?(T) Samantha?

Samantha – Desculpe.

Sheila – (cínica) O doutor Redner conhece-o?

Samantha – Não.

Sheila – (gentil) O cirurgião plástico (desdém) Trabalha bem em narizes (sorri, leva a mão até o queixo)

Samantha – (incisiva) Não, não o conheço. 

Sheila – (cínica) Engraçado (sorri, mexe no anel de diamante) Eu poderia jurar...

Samantha – (cochichando) Eu não farei...

Sheila – (carismática) Eis James, lembra-se das horas maravilhosas que passamos com a Condensa de Maxien, pois bem, segundo minhas fontes, ultimamente eles envolveram-se no mais terrível escândalo...

Samantha – (sarcástica, cochichando) Talvez eu farei.

Samantha fita-a com desprezo e cinismo, com delicadeza ela passa o seu dedo indicador em sua franja e após mexe o nariz. Instantes. Sheila põe a mão no queiro, sorri, quando de repente uma mexa de seu cabelo perfeito desaba em seus olhos, elegantemente ela arruma-a. Arrumada a mexa, duas delas caem sobre seus olhos, à moça fica constrangida, sorri, troca olhares com Samantha que esboça um sorriso cínico e dá uma piscadela pra Sheila. Sheila vira-se na direção de James e a feiticeira leva seu dedo indicador até um de seus dentes e esfrega-o.

Sheila – (percebemos que há um tempero em um de seus dentes) Lembra-se como era gostoso James, esquentar-se na lareira nos...

James – (passando o dedo em seu dente) Sheila tem um...

A mulher rapidamente leva um guardanapo em sua boa e retira o tempero que ficará preso em seu dente. Samantha ri. Sheila finge que nada acontecerá.

Sheila – (levanta o cotovelo) Espere até ver o novo carro esporte que comprei na Europa (levanta o cotovelo)

Samantha fita fixamente a vilã com desdém e raiva. Ela empurra seu prato com leveza para frente e após mexe seu nariz com discrição. O prato de Sheila mexe-se para o lado, a megera distraída, acaba firmando o cotovelo dentro do prato de sopa. Ela sorri, e em seguida limpa-se com o guardanapo de James, já que o seu já fora utilizado. Ela levanta-se e dirige-se até a porta com elegância e requinte,chegando lá a copeira Jenevive que vem sorridente da cozinha não a vê e ambas esbarram-se, culminando assim em um surto de Sheila que começa a destratar a empregada. Instrumental cômico ao fundo. Para coroar a cena, Samantha morde o lábio inferior para ocultar seu sorriso, ela aproxima-se da vela e sopra-a. De repente a porta principal abre-se com um forte vento que balança o vestido de Sheila e faz a peruca que a megera usa voar, revelando assim seu segredo. Histérica e derrota, ela sobre as escadas apressadamente. A feiticeira, derruba a sua mão em cima da mesa e após usa a clássica mexida de nariz. A câmera foca novamente na vilã, que enquanto sobe as escadas, tropeça em seu vestido, causando assim um rasgo enorme que o faz cair, mostrando a moça apenas de roupas intimas.

Os convidados levantam-se para olhar, Samantha continua sentada, tomando a sua sopa, agora com a alma aliviada e limpa de qualquer crueldade que Sheila cometerá contra ela.

Samantha – (cínica) A sopa está deliciosa, assim que Sheila descer irei pedir a receita. (ri)

Os convidados sentam-se novamente, começam a rir, assuntos paralelos são desenvolvidos, James fita Samantha intrigado.

Samantha – (sorri) A sopa é boa (T) Realmente boa.

Ficamos com Samantha que toma mais uma colherada da sopa e após sorri sarcasticamente, quando vê que James continua a observá-la, ela beija a própria mão e sopra um beijo para o amado.

CORTA PARA:

CENA 4. CASA DE SAMANTHA E JAMES.COZINHA. INT. NOITE 

Samantha passa pela porta primeiro, James a segue, ela escora-se na maquina de lavar louça e sorri. O homem toma a sua frente e a encara.

James – Meu bem, não vou dizer que estava de todo errado a Sheila pediu por aquilo, mas você foi um pouco...

Samantha – (sarcástica) Até então, era difícil dizer qual das bruxas era a bruxa.

James – Meu bem...

Samantha – (sorri) É só um joguinho de palavras.

James – Só estou tentando dizer que você quebrou a

promessa (T) Você me deu a sua palavra que nunca mais ia fazer (tenta imitar a mexida de nariz)

Samantha – (abraçando-o) C-O-I-S-A-S.

James – Sim...

Samantha – (doce) É mais difícil perder o habito do que eu imaginava...

James – (gentil) Você pode fazê-lo, tenho muita fé em ti. (sorri)

Samantha – (aproximando seus lábios aos de James) Obrigada.

James e Samantha beijam-se com muito amor e ternura. Instantes. James fita-a com carinho, eles beijam-se novamente. 

CLOSE EM JAMES E SAMANTHA BEIJANDO-SE

FIM