O Vidente - Capítulo 40



Uma Novela de Nathan Freitas
Capítulo 40
Direção #DNA de Dramaturgia
Henzo Viturino

Cena 01. Interna. Casa de Soraia. Sala. Manhã.
A campainha toca. Zulmira vai atender. É Cássio com um enorme buquê de rosas. Plínio aparece.
Plínio: Dr. Cássio, quanta honra o senhor na minha casa. Entre, sente. Fique a vontade!
Cássio: A Soraia está.
Plínio: Sim, está. Zulmira vá chamar minha irmã.
Zulmira sai.
Plínio: Sabe dr. Cássio, eu tenho muita saudade do tempo que trabalhava com o senhor. Ah! Quanta saudade.
Cássio: Mas você pode ir nos visitar quando quiser. As portas vão estar sempre abertas pra você, plínio.
Plínio: Verdade, Dr. Cássio? Como eu tenho vontade!
Soraia aparece, e fica decepcionada ao ver Cássio.
Cássio: (sorridente) Soraia?
Soraia: Dr. Cássio? É o senhor?
Cássio: Esperava mais alguém?
Soraia: Não, é que...
Derrepente aparece Daniel, com um pequeno buquê de flores já quase murchas.
Soraia: Daniel?
Daniel: (Olhando p/ cássio) O que esse homem faz aqui?
Plínio: O que é isso? Que maneira é essa de entrar na minha casa?
Daniel: (Desolado) Me desculpe. Estou sobrando aqui.
Daniel sai.
Soraia: Daniel!
Plínio: Essa juventude de hoje!
Soraia vai atrás.
Cena 02. Externa. Frente da Casa de Soraia. Manhã.
Daniel vem saindo. Soraia logo atrás.
Soraia: Daniel!
Daniel hesita e volta-se.
Daniel: Essas flores eram para você, Soraia. Mas eu vi que você recebeu um buquê bem maior. E muito mais caro.
Soraia: Ontem eu vi você aos beijos com a Raquel no clube.
Daniel: E eu vi você saindo do carro do seu patrão. Você também devia explicação. Agora que eu vi o dr. Cássio na tua casa. Lhe cortejando. Você não deve explicar nada.
Soraia: Você não tem o direito de me pressionar, Daniel.
Daniel: Você que não tem o direito de me enganar. Nem a mim e nem o murilo. Você tem um caso com seu patrão porque ele é rico? Por que pode dá do bom e do melhor?
Soraia mete uma tapa em Daniel.
Soraia: (Chorando) Nunca mais fale comigo, daniel. Nunca mais.
Daniel sai.
Cena 03. Interna. Casa de Soraia. Sala. Manhã.
Plínio e Cássio.
Plínio: Desculpe o jeito da minha irmã, Dr. Cássio.
Cássio: Eu sei de tudo, Plínio. E sei que esse rapaz não é uma boa companhia para Soraia. Ele não merece sua irmã.
Plínio: Eu também acho. (Pausa) Eu tenho muito gosto de tê-lo aqui, Dr. Cássio.
Soraia aparece.
Plínio: Soraia... Vai deixar o Dr. Cássio plantado aqui?
Soraia: Me desculpe se fui indelicada. Mas compreenda... Não me sinto bem.
Plínio: Soraia, você está mandando Dr. Cássio ir embora?
Cássio: Não, que isso! Eu compreendo Soraia.
Soraia: Agradeço pelas flores. Mas preciso descansar.
Cássio: Soraia, saiba que fora da empresa eu não sou seu patrão, quero que me considere como um amigo. Me procure assim que precisar. Boa noite!
Plínio: Boa noite, Dr. Cássio.
Cássio sai.
Plínio: É um cavalheiro. Eu não entendo Soraia... Como você pode despachar um homem como o Dr. Cássio?
Soraia: Agora não, Plínio. Eu preciso descansar.
Soraia sai. Zulmira por ali.
Zulmira: A essa altura da vida, deu pra ser alcoviteiro?
Plínio: Ver lá como você fala comigo. Eu te ponho no olho da rua.
Zulmira: Você quase entregou a Soraia numa bandeja pro Dr. Cássio.
Plínio: É um bom partido. É viúvo, dono da empresa de alimentos.
Zulmira: Ela não gosta do dr. Cássio. Ela ama o Daniel.
Plínio: Vocês mulheres acham que tudo é amor. Eu não quero aquele miserável com a Soraia. E tenho dito.
Plínio sai.
Zulmira: Coitadinha da minha Soraia.
Cena 04. Externa. Takes de Fortaleza. Noite.
Anoitece...
Cena 05. Interna. Frente da Casa de Daniel. Noite.
Murilo por ali. Aparece Daniel.
Murilo: Daniel?
Daniel: Eu sei que tem motivos pra está com raiva de mim.
Murilo: (Cínico) Eu? Claro que não. Eu quero sua felicidade e da Soraia. Sei que não adianta mais tentar. O único jeito é caminhar pra frente.
Daniel: Murilo, não minta. Eu sei o que está no seu coração. Você ainda ama. Teve esperança de que se nós separássemos, reatariam o namoro, não é?
Murilo: Não vou negar, tive sim. Mas eu não tentaria um golpe baixo. Quero sua felicidade e da Soraia. Que cara é essa?
Daniel: Estou magoado. Mas não quero falar sobre isso agora.
Murilo: Então? Vamos sair, tomar um chop? Como nos velhos tempos.
Daniel: Não posso. Vai ficar pra próxima. Preciso acordar cedo.
Murilo: Você não vai fazer uma desfeita dessa com seu amigo aqui, não é?
Daniel: (Pensa, e decide) Tudo bem. Mas só uma cervejinha. Mas primeiro vou avisar meu pais. Eles pensam que tou com a Soraia.
Murilo: Tudo bem.
Daniel sai.
Cena 07. Interna. Casa de Daniel. Sala. Noite.
Célia vendo tv. Ele entra triste, abatido.
Célia: Meu filho... Estava preocupada com você. Saiu cedo e só volta agora? O que houve?
Daniel: (Sentando) Tive outra decepção, mãe. Hoje tive a certeza que a Soraia tá de caso com o patrão dela.
Célia: A Soraia de caso com o patrão? Tem certeza, Daniel? Ela me parece uma moça tão simples. Não creio meu filho. E outra, ela lhe viu você aos beijos com a Raquel.
Daniel: Não significou nada, mãe. O caso da Soraia é diferente. Eu peguei os dois juntos, pela segunda vez. Ai mãe... É por causa do dinheiro, não é? Eu sou pobre, não tenho onde cair morto, como diz.
Célia: Nunca pensei que a Soraia fosse ambiciosa.
Daniel: É o dinheiro que manda nesse mundo. Às vezes eu penso: Eu queria ser rico! Muito rico.
Célia: Riqueza não trás felicidade, meu filho. Já te disse isso.
Daniel: Bom, eu vou sair.
Célia: De novo? Mal chegou ja vai sair?
Daniel: O Murilo me chamou pra tomar um chop com ele.
Célia: Vocês estão bem? Não brigaram?
Daniel: Graças a Deus estamos bem. Reatamos nossa velha amizade.
Célia: Volta cedo. Lembre que amanhã tem trabalho.
Daniel sai.

Legenda: 2 horas depois...

Cena 08. Externa. Praia de Iracema. Carro de Murilo. Noite.
Uns 8 ou 10 pessoas por ali, em volta do carro de Murilo que está com a porta aberta, uma viatura da polícia e vários curiosos. Vemos Daniel chegando no seu carro com Pablo.
Pablo: É o carro do Murilo.
Daniel e Pablo descem e vão até o local.
Daniel: Boa Noite? O que foi que houve ai, seu policial?
Policial: Assassinato.
Daniel: Assassinato? Quem é a vítima?
Policial: O nome dele é Murilo Duarte.
Daniel e Pablo se olham, surpresos.
Pablo: O Murilo, Daniel! Mas o que ralmente houve?
Policial: Recebemos uma ligação de que aqui, na praia se encontrava um carro abandonado, meio suspeito. Viemos averiguar, encontramos o corpo com três tiros.
Daniel: O Murilo foi assassinado, Pablito.
Pablo: Podemos ver o corpo?
Policial: Vocês conhecia a vítima?
Daniel: Éramos amigos.
O policial leva Daniel e Pablo até o carro, retira o pano que cobre o corpo de Murilo. A câmera faz um zoom. Murilo morto.
Pablo: Minha nossa! Quem pode ter feito uma coisa dessa com o nosso amigo, Daniel?
Daniel: Quanta crueldade! Vem cá, ninguém viu nada?
Policial: Bom, se viu não quer dizer. Nesses casos ninguem se manifesta. Mas nós estamos trabalhando pra desvendar esse crime.
Pablo: A morte do nosso amigo não pode ficar impune.
Daniel: Claro que não.
Cena 9 - Externa - Takes de Fortaleza - Manhã.
Amanhece.
Cena 10 – Cemitério – Externa - Manhã.
O caixão de Murilo num carro da funerária adentro o cemitério. Várias pessoas se fazem presentes. Daniel, Soraia, Raquel, Plínio, Luzia, Carmela, Armando, Teca, Luis Carlos, Estela, Marília, Tony, Pablo, Célia e Fábio. Osvaldo fazendo o sermão de praxe.
Em corte rápido o caixão de Murilo desde a cova. Close em Daniel, ele olha para o lado e ver o espírito de Murilo por entre os túmulos. Ele sai por ali, meio despercebido pelos demais.
Celia: O que foi, Daniel?
Daniel: Eu preciso fazer uma coisa. Licença.
Daniel sai.
Mais distante dali, já emocionado fala com o espírito de Murilo.
Daniel: Murilo?! Quem fez isso com você, meu amigo?
Murilo: Eu não sei. Tudo que vivi aqui na terra foi apagado de minha memória.
Daniel: Você não lembra de nada mesmo?
Murilo: Não. E não se preocupe, Daniel. Eu estou bem. E não faça nada. Avise ao Pablo... Sei que ele está com muita raiva e já falou que vai vingar minha morte. Impeça ele de cometer uma loucura. Lembre-se que vingança nunca foi e não será a melhor saída para os problemas.
Daniel: Vamos sentir muito sua falta, meu amigo. Você não poderia ter partido dessa forma.
Fábio percebe que Daniel ao longe conversa sozinho, e já imagina o que pode ser.
Cena 11 – Interna - Casa de Daniel - Sala - Manhã.
Daniel, Fábio e Célia entram, tristes. Daniel fica ali, pensativo.
Célia: Vocês querem café? Vou pegar.
Célia sai.
Fábio: Eu percebi você distante de nós, na hora do enterro, Daniel. Com quem você falava?
Daniel olha pra Fábio.
Daniel: (Tentando disfarçar) Com ninguem, pai. Eu tava tentando respirar um pouco. Tô sentindo muito a morte do Murilo, pai.
Fábio: Murilo era um bom rapaz. Tinha um temperamento meio forte, mas era um rapaz legal. (T) E a policia já sabe quem pode ter feito isso com ele?
Daniel: Ainda não. Mas estão tentando descobrir.
Fábio: Filho… será que você com seus poderes, não poderia descobrir quem foi quem fez isso com Murilo?
Célia surge com uma bandeja de café.
Daniel: E o senhor acha que eu já não tentei? Só que não consigo. Por mais que eu tente, não aparece nada.
Célia: Daniel… será que você perdeu seu dom? Ai minha nossa. Logo agora!
Fábio: Não exagera, célia.
Daniel: Pai, lembra uma vez que eu disse que quando algo se refere a mim, eu não consigo ver?
Fábio: Sim. E daí?
Daniel: Daí pai, que eu tô encucado com uma coisa… será que foi eu quem matou o Murilo? Será que nos momentos de delírio eu tenha cometido esse crime?
Célia: Meu Jesus Cristo! Você matou o Murilo, Daniel? Será meu Deus?
Fábio: Porque você mataria o Murilo, meu filho? Com qual finalidade? Vocês eram tão amigos.
Daniel: Pai, quando me dá essas esquisitices, eu fico fora de si. Não me controlo.
Célia: Faz tanto tempo que você não teve mais essas crises.
Daniel: Mas ela vem assim… de repente, mãe. Tou bonzinho, num instante eu começo a fazer coisas inexplicáveis.
Célia: Então explica-se o fato de você não conseguir ver quem matou o murilo. É isso?
Fábio: Não fala o que você não sabe, meu filho. O fato de você não conseguir ver quem matou o Murilo, não quer dizer que tenha sido você. Vai ver que seu poder diminuiu ou quem sabe fatos dessa natureza não seja uma de suas habilidades como paranormal.
Célia: É verdade, meu filho. Seu pai pode ter razão.
Daniel não se sente conformado, se achando culpado.
Daniel: Eu já sei o que vou fazer.
Fábio: Não faça nada de cabeça quente, Daniel.
Célia: Já sabe um jeito de como descobrir?
Daniel: Eu vou me entregar, pai. Eu vou dizer que foi eu quem matou o Murilo.
Nesse instante entra Pablo, Osvaldo e o delegado, e ouvem a última frase de Daniel.
Pablo: O que foi que você disse, Daniel?
Daniel percebe a presença do delegado. Clima tenso.
Nisso Corta Para…
Fim do Capítulo 40.
Por Wládia Barbosa

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