De Volta Pra Casa - Capítulo 07

Novela de Eric Carvalho Cattin

Capítulo 007

NO CAPÍTULO ANTERIOR....

MIGUEL COLOCA O REVOLVER SOBRE A MESA

MIGUEL – A senhora não me chamou aqui para me mostrar um revolver não é?

VITÓRIA – Claro que não, te chamei aqui pra te perguntar quanto você quer pra deixar minha filha?

PEDRA ROSA - CORTA PARA ALEX DENTRO DO CARRO

CASA CONCEIÇÃO

JOCA – Mãe estou com vontade de comer mingau.

CONCEIÇÃO – De novo meu filho, não tem leite esqueci de comprar.

JOCA – Ah mãe vai lá na mercearia e pega um uai.

CONCEIÇÃO – Tá bom menino, vou lá buscar um litro de leite, e não saia daqui hein. (ela pega a bolsa e sai)

CONCEIÇÃO SAI DE CASA

ALEX A VÊ SAINDO  LIGA O CARRO E ARRANCA, CONCEIÇÃO ATRAVESSA A RUA PARA IR NA PRAÇA, ALEX ACELERA O CARRO, CONCEIÇÃO OUVE O BARULHO DO CARRO SE APROXIMANDO E OLHA PRA TRÁS, ALEX A ATROPELA... CONCEIÇÃO CAI NO CHÃO DESACORDADA, ALEX ARRANCA COM O CARRO E FOGE...

 FIQUE AGORA COM O CAPÍTULO SETE.

VARIAS PESSOAS CHEGAM AO LOCAL, JOCA SAI NA PORTA DE CASA AO OUVIR O BARULHO

JOCA (desesperado) – Mãeeeeeeee... Alguem ajuda minha mãe por favor, mãe? Mãe? Acorda mãe! (segurando a mãe no colo)

HILDA – Meus Deus o que houve Joca? Ceiça? Ceiça?

CURIOSO 1 – Eu vi um carro vindo em alta velocidade na direção da Conceição, ele atropelou e fugiu, parecia ser de propósito, porque não tentou desviar em nenhum momento.

HILDA – Alguém já chamou uma ambulância?

CURIOSO 2 – Já sim, estão a caminho!

HILDA – Aguenta firme minha amiga!

A AMBULÂNCIA CHEGA E LEVA CONCEIÇÃO PARA O HOSPITAL.

HILDA – Vão levar ela para o hospital publico?

PARAMÉDICO – Sim senhora, a vitima será removida para o hospital publico mais próximo aqui de Pedra Rosa.

HILDA – Eu vou com ela! Joca entre em casa e não saia de lá! Tente falar com seu irmão, e peça para que ele venha pra casa, não saia daqui!

JOCA (chorando)  – Tá bom tia Hilda, vou fazer isso.

A AMBULÂNCIA SEGUE PARA O HOSPITAL...

MANSÃO NEGRINI – ESCRITÓRIO

VITÓRIA – E então Miguel estou esperando sua resposta! Quanto quer para sumir da vida de minha filha e de minha família?

MIGUEL – O que te leva a pensar que pode sair por ai pagando as pessoas para elas simplesmente sumir? Jamais aceitaria dinheiro para deixar alguém, e muito menos alguém que amo como amo Lana! A senhora realmente não tem noção do que é amar, por isso faz esse tipo de proposta!

VITÓRIA – Então essa é sua resposta? Olha que estou disposta a oferecer uma bela quantia que lhe deixaria numa vida boa por uns cinco anos.

MIGUEL (raiva) – Pegue esse dinheiro e... Com licença se era só isso que queria vou voltar para a sala!

VITÓRIA – Espere rapaz! Já que não aceitou minha proposta, tenho que lhe avisar de uma coisa, você está comprando briga com uma pessoa que pode te esmagar com um simples estalar de dedos, se prepare porque a partir de agora vou fazer o possível e o impossível para fazer da sua vida um inferno!

MIGUEL – Eu não tenho medo da senhora, Dona Vitória! Com licença! (ele sai e bate a porta)

VITÓRIA – Faveladinho abusado, mas você não perde por esperar.

ELA PEGA O REVOLVER EM CIMA DA MESA COM UM PANO E O COLOCA DENTRO DE UM SACO PLÁSTICO

VITÓRIA – Isso aqui vai acabar de vez com sua vida seu idiota!

MIGUEL CHEGA NA SALA

LANA – O que minha mãe queria meu amor?

MIGUEL – Nada de mais Lana.

O TELEFONE TOCA NA MANSÃO, ALFREDO ATENDE

ALFREDO – Senhor Miguel, telefone para o senhor.

MIGUEL – Pra mim? Mas quem seria?

ALFREDO – Disse que é seu irmão.

MIGUEL ATENDE O TELEFONE

MIGUEL – O que? Como isso aconteceu Joca? Estou indo fique em casa que já estou chegando! (ele desliga)

LANA (preocupada) – O que aconteceu Miguel?

MIGUEL – Minha mãe foi atropelada na porta de casa, e parece que foi proposital.

VITÓRIA ENTRA NA SALA OUVE O QUE MIGUEL DIZ E SORRI

VITÓRIA (irônica) – Nossa que tragédia.

LANA – Meu Deus, que horror.

MIGUEL – Estou indo agora para casa, meu irmão ficou lá sozinho.

LANA – Vamos eu vou com você.

VITÓRIA – Você vai ir lá naquele lugar minha filha? Deixe ele ir sozinho, quanto mais gente pior nessas horas.

LANA – Ele é meu namorado mãe! E eu vou sim! Vamos Miguel.

PEDRA ROSA  - CASA DE DONA VERUSKA – (instrumental cômico)

VERUSKA OLHA PELA JANELA

CREUZA – O que a senhora está fazendo ai plantada na janela dona Veruska?

DONA VERUSKA – Ora, estou aqui esperando por mais um acontecimento, desde que chegamos aqui, não para de acontecer coisas, e reparou que aquela senhora sempre está envolvida.

CREUZA – A dona Conceição?

DONA VERUSKA – Essa mesma, ela parece ser uma boa senhora, espero que ela esteja bem. Estou doida para ela voltar para implicar mais com ela. (risos)

CREUZA – Ai Dona Veruska só a senhora mesmo. (risos)

DONA VERUSKA – Agora vai acabar de arrumar minhas coisas no quarto, que você está bem folgadinha Creuza, está aqui só enrolando seu serviço, eu te pago não é para ficar aqui fofocando não senhora! Vai anda vai acabar seus serviços, que quero abrir a pensão o quanto antes.

CREUZA – Ai credo dona Veruska nem posso ver os acontecimentos também hein.

DONA VERUSKA – Cala a boca Creuza!

CREUZA VOLTA PARA O QUARTO

MIGUEL E LANA CHEGAM EM CASA

MIGUEL – Joca como você está meu irmão? Onde levaram a mãe?

JOCA – Estou bem, eu não estava com ela Miguel, levaram ela para o hospital publico.

LANA – Como assim hospital público? Vamos lá agora Miguel e transferir ela imediatamente para a Negrini! Lá ela será muito bem atendida e terá cuidados bem melhores.

MIGUEL – Não temos condições de pagar hospital particular meu amor, ela terá que ficar no público mesmo.

LANA – Quem está falando de dinheiro aqui? A Negrini é de meu pai esqueceu? Vamos logo Miguel sua mãe precisa de cuidados.

MIGUEL – Tudo bem, mas farei questão de pagar cada centavo que for gasto!

LANA – Depois vemos isso, vamos!

MIGUEL – Joca tranque a porta que logo estarei de volta, não abre pra nenhum desconhecido!

MIGUEL E LANA ENTRAM NO CARRO E PARTEM...

HOSPITAL PUBLICO – SALA DE ESPERA – HILDA ESPERA AFLITA

MIGUEL E LANA CHEGAM E A ABRAÇA

MIGUEL – Onde está minha mãe Hilda?

HILDA (triste) – Levaram ela para o centro cirúrgico Miguel, ela esta muito ferida, e precisaram de operar as pressas.

IMAGENS DO CENTRO CIRURGICO, CIRURGIA DE CONCEIÇÃO EM ANDAMENTO (câmera lenta ao som de instrumental triste)... CORTA PARA A SALA DE ESPERA

O MÉDICO CHEGA

MÉDICO – Quem é da família de Conceição Pereira?

MIGUEL – Sou filho dela, como está minha mãe doutor?

MÉDICO – Ela sofreu um sério trauma cranioencefálico, e precisou ser operada as pressas, a cirurgia foi bem complicada.

MIGUEL – Mas ela está bem? Corre risco de vida doutor?

MÉDICO – Precisamos esperar vinte e quatro horas para saber como a paciente vai reagir pós cirurgia, ela perdeu bastante sangue, e sim ela ainda corre risco de vida!

MIGUEL CHORA E ABRAÇA LANA

MÉDICO – Com licença, preciso voltar! Qualquer novidade entraremos em contato.

HILDA – Ela pode receber visitas doutor?

MÉDICO – Infelizmente não, ela está recebendo os devidos tratamentos no CTI, e por isso é proibida qualquer tipo de visitas ao não ser médica.

LANA – Ela não pode ser transferida para um hospital particular?

MÉDICO – Como disse a vocês, ela está seriamente ferida, passou por uma cirurgia bastante delicada, enquanto não passar as vinte e quatro horas não podemos afirmar nada, apenas que esperem, se ela tiver uma reação positiva a cirurgia ai sim poderão realizar a transferência para um hospital particular. Com licença.

LANA – Vamos pra casa meu amor, não há nada a fazer aqui, temos que esperar as vinte e quatro horas que o médico disse.

MIGUEL – Não! Eu vou ficar aqui Lana, leve Hilda pra casa Joca está sozinho, Hilda você pode cuidar dele pra mim?

HILDA – Claro Miguel que isso, não precisa nem pedir, vou direto pra sua casa.

LANA – Você tem certeza de que vai ficar aqui?

MIGUEL – Não saio daqui sem ver minha mãe Lana, ela é tudo pra mim, não sei o que será de mim se acontecer algo com ela.

LANA – Não vai acontecer nada meu amor, logo ela ficará bem e voltará pra casa, não fique pensando nessas coisas. (ela da um beijo nele) Fica bem tá? Vamos Hilda?

LANA E HILDA SAEM, MIGUEL SENTA-SE NA CADEIRA E CHORA...

IMAGENS AEREAS DE MONTANHAS E MAR, ALEX CHEGA COM O CARRO E PARA EM UM BARRANCO, ELE PEGA O CELULAR E LIGA PARA MELISSA

ALEX (raiva) – Onde você está que ainda não chegou aqui? Preciso me livrar desse carro o quanto antes! Tá tá, anda logo não quero ficar aqui, esse lugar me da arrepios.

 MINUTOS DEPOIS MELISSA CHEGA DE CARRO

MELISSA – Vamos meu cachorro?

ALEX – Espera ai gata que vou me livrar desse carro!

ALEX DESENGATA O CARRO E VAI EMPURRANDO... O CARRO CAI BARANCO A BAIXO CAPOTANDO, ELE EXPLODE E CAI NO MAR ONDE AFUNDA, ALEX ENTRA NO CARRO DE MELISSA.

ALEX – Pronto, agora ninguém mais tem provas do crime!

MELISSA – Você está se arriscando demais se envolvendo com a Vitória Negrini, essa mulher é um monstro, já deu pra perceber né que ela não tem escrúpulos.

ALEX – Fica relax gata, estou fazendo isso tudo por nós, não quer ser rica? Não ser a dona daquele hospital todo? Morar naquela maravilhosa mansão?

MELISSA – Quero isso e muito mais!

ALEX – Pois então, pra isso teremos que tomar algumas atitudes drásticas como essa aqui, agoira toca daqui, vamos para um motel comemorar.

MELISSA – Que motel o que meu querido, amanhã tenho que esta bem cedo naquele hospital, vou começar meu estágio naquela joça.

ALEX – Ah que pena, então comemoramos quando chegar do estágio o que acha?

MELISSA – Ótimo meu cachorrão!

(começa tocar “SYMPATHY FOR THE DEVIL”) ALEX A BEIJA E ELES SEGUEM!

MANSÃO NEGRINI – QUARTO VITÓRIA

VITÓRIA TOMA CHAMPANHE

VITÓRIA – Agora aquele faveladinho deve está chorando as pitangas ao lado da favelada mãe, que deve estar toda quebrada. (risos)

ELA LIGA PARA ALEX.

VITÓRIA – Meus parabéns pelo belo serviço meu rapaz, a favelada mãe está morre e não morre no hospital.

ALEX (telefone) – Eu fiquei com dó da pobre senhora, mas fiz o que prometi a senhora, e qual será o próximo passo?

VITÓRIA – Vamos ver qual será a atitude do favelado, após esse recado, se ele não se afastar de Lana, daremos um próximo passo, mas por enquanto é isso, passar bem! (ela desliga) Ele que não se afaste de Lana não para ver o que sou capaz de fazer!

IMAGENS AEREAS DO CRISTO REDENTOR... AMANHECE...

HOSPITAL PÚBLICO – SALA DE ESPERA – MIGUEL DORME ENCOSTADO A PAREDE, LANA O ACORDA

LANA – Meu amor acorda. Miguel?

MIGUEL – Oi meu amor, acabei dormindo aqui, sabe alguma coisa de minha mãe?

LANA – Infelizmente ainda não deram noticias, vamos na cantina pra você comer algo.

MIGUEL (triste) – Não estou com fome Lana, não consigo parar de pensar em minha mãe coitadinha, como alguém pode ter atropelado ela de propósito? Eu não consigo entender isso.

LANA – As veze nem foi de propósito meu amor, os vizinhos podem ter confundido e achado que o rapaz atropelou de propósito.

MIGUEL – E por que ele não parou Lana? Por que não ajudou minha mãe?

LANA – Não sei meu amor, as vezes ele ficou com medo de ser linchado, isso acontece muito, mas também não é justificativa para ter fugido, vamos deixar que a policia tome conta disso, vamos ficar aqui mandando boas vibrações para sua mãe. (ela o abraça)

PEDRA ROSA – CASA LUCIA – COZINHA - TIÃO CHEGA DA RUA BEBADO

TIÃO – Lucia? Você viu que nossa vila tá de pernas pro ar?

LUCIA – Tá falando do que Tião?

TIÃO – Uai não viu que tem um boiola morando logo ali na frente? E ainda mora com uma mulher acredita? Mas não quero isso aqui na minha vila não! Esse boiola vai ter que procurar outro lugar para dar a bunda!

LUCIA – Como você pode falar assim das pessoas sem nem conhece-las Tião, essa vila aqui é publica, qualquer um pode morar aqui, você não manda nela!

TIÃO – Cala essa boca mulher, você só entende de cozinha mais nada.

TIÃO – Esse boiola que se prepare, porque vou colocar ele a ponta pés daqui! Vai la fazer aquele moleque calar a boca, não aguento mais choro de criança na minha cabeça!

LUCIA – Pra mim chega Tião, eu quero me divorciar de você! Não aguento mais ser tão mal tratada por você, que só sabe me ofender e me agredir! Não quero mais.

TIÃO (ri) – Divorcio Lucia? Tem certeza? Quem você ta pensando que é pra achar que pode se divorciar de mim?

TIÃO A PEGA PELOS CABELOS E PEGA A TABUA DE CARNES

TIÃO – Esta aqui seu divorcio!

ELE COMEÇA A ESPANCA-LA COM A TABUA DE CARNES, LUCIA GRITA DE DOR PEDINDO PARA QUE ELE PARE, MAS QUANTO MAIS ELA GRITA MAIS ELE BATE, ANDERSON CHORA

TIÃO – Nunca mais você vai tocar nesse assunto, fizemos nossos votos diante de Deus, e como o Padre disse, ficaremos juntos até que a morte nos separe!

TIÃO A JOGA NO CHÃO, LUCIA FICA CAIDA NO CHÃO TODA MACHUCADA

TIÃO – Levante e vá calar a boca daquela criatura que você chama de filho! (ele sai e bate a porta)

LUCIA FICA CAÍDA NO CHÃO AOS PRANTOS. (instrumental triste)

IMAGEM DA FACHADA DO HOSPITAL PÚBLICO – SALA DE ESPERA – O MÉDICO CHEGA

MIGUEL – E aí doutor alguma noticia de minha mãe?

MÉDICO (triste) – Infelizmente não trago boas noticias Miguel.

MIGUEL (desesperado) – O que houve doutor?

MÉDICO – O quadro de sua mãe sofreu uma piora durante a madrugada, onde precisou passar por uma nova cirurgia bem delicada, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, mas infelizmente Conceição não resistiu, eu sinto muito. (instrumental triste)

MIGUEL (aos prantos) – Não! Nãooooooo... Maeeeee (câmera lenta)

FOCO EM MIGUEL

Sobe os créditos com instrumental triste

Fim de capítulo

"esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade"