Desejo de Amar - Episódio 01



 EPISÓDIO 01 

UM HERÓI.

 CENA 1 - CASA DE HENRIQUE. NOITE. 

Com a câmera fechada, ouvimos o barulho de uma forte chuva.

Aos poucos a câmera vai abrindo e vemos, pelo lado de dentro da casa, que a chuva cai forte. Henrique sentado de frente à janela, apenas observa a chuva cair.
A câmera vai nos mostrando lentamente o rosto de Henrique enquanto o ouvimos pensar...


HENRIQUE (off) – Dizem que a vida é eterna... Ou talvez seja o que querem acreditar. É mais fácil acreditar que a vida é pra sempre do que pensar que vivemos num período de tempo onde a linha tênue entre o vivo e morto é mais fina do que a linha de costura. (Suspiro) Vivemos muito tempo dentro do pouco tempo que é oferecido pela eternidade. Estranho, não? (P) Sinceramente, mais estranho ainda é perder meu tempo pensando em coisas como essa.


Henrique se levanta sorrindo levemente e caminha em direção à sua cama.


HENRIQUE – E que amanhã, seja um bom dia...


Sonoplastia:É Preciso Saber Viver – Titãs


Henrique se deita na sua cama e apaga a luz do abajur ao seu lado.


CORTA PARA

 CENA 2 - RODOVIÁRIA. NOITE. 


Sonoplastia Continua


Vemos um bilhete escrito: “Destino: Dourados”
De repente baixam o bilhete da passagem nos revelando que é Michel.
Michel logo corre, pois o ônibus está quase partindo. Ele corre pedindo para o motorista aguardar e ao mesmo tempo se protegendo da chuva.


MICHEL(subindo no ônibus) – Obrigado por abrir a porta pra mim.


MOTORISTA– De nada. Acomode-se, pois a viagem é longa...


MICHEL(sorrindo) – Eu sei... (rindo)


Michel caminha pelo corredor do ônibus com cuidado até encontrar no final do ônibus a sua poltrona.
Ele coloca no bagageiro a sua mochila e logo se senta. Recostando a cabeça na janela, ele respira fundo e fecha os olhos para dormir.
Num corte, vemos pelo lado de fora o ônibus seguindo viagem.


CORTA PARA

 CENA 3 - IMAGENS GERAIS. 


Sonoplastia Continua


Vemos a noite virar dia. As flores desabrocham ainda úmidas pela chuva da noite.
Em Dourados, a cidade começa a ganhar movimento.


CORTA PARA

 CENA 4 - ESCOLA DOURADOS. 


Vemos Celso sentado sobre a mesa da primeira carteira perto da porta da sala de aula. Ao seu lado, está a filha do neto do fundador da cidade, a Morgana.


CELSO – O Baila de formatura vai ser bom. Vai ser no baile que vamos nos despedir deste inferno de escola.


MORGANA – Não aguento mais isso tudo. Quero me livrar... Embora que me divirto com você brincando com o Henrique.


CELSO – O Henrique... Garoto legal... Desde pequeno, toda vez que eu falo, ele quase chora.


Todos começam a rir e neste momento Celso olha para trás e vê Henrique o olhando.


CELSO – Mas olhem só... O E.T está aqui... O Estranho Terrestre.


Todos começam a rir. Henrique então passa por eles e se senta no canto da sala, completamente isolado.


CORTA PARA

 CENA 5 - CASA DE ALFREDO. 


Vemos Idalina aflita. Ela olha para Alfredo que analisa alguns papeis sentado em sua mesa.


IDALINA (alfita) – E então, doutor Alfredo?


ALFREDO – Analisando suas contas, vejo que você realmente fez muitos gastos... Embora a maioria aparece como “caráter de urgência”... (Tom duro) Infelizmente não posso deixar que falte com a mensalidade da casa deste mês.


IDALINA (aflita) – Mas doutor Alfredo...


ALFREDO (cortante) – Você já está me devendo há quatorze meses... Está achando que é a filha do Seu Madruga? Não posso e nem vou deixar mais um mês. Ou paga, ou sai da casa.


IDALINA (chocada) – E pra onde eu irei?


ALFREDO – Ai é problema seu... Mas já digo que nem debaixo da ponte eu quero. Quero a minha cidade linda e limpa de mendigaria. (P) Agora se puder tomar o rumo da porta, eu agradeço, pois tenho muito o que fazer.


Idalina sai esbravejando. Alfredo apenas sorri.


ALFREDO (tom leve) – Ela é brava.


CORTA PARA

 CENA 6 - PENSÃO DO OTÁVIO. 


Vemos Michel chegando com sua mochila. Otávio sorri e logo cumprimenta o filho.
Michel abraça o pai com muito carinho e cuidado.


OTÁVIO – Meu filho... Você voltou...


MICHEL – Eu não poderia deixar o meu pai sozinho. Soube que a Chica que ficava cuidando e ajudando o senhor se casou e foi para outro lugar.


OTÁVIO – Eu poderia me virar. Daria o meu jeito como sempre dei. (P) Mas e os seus estudos?


MICHEL – Terei muitas oportunidades, Pai. No momento, estou aqui e ficarei com o Senhor.


Michel abraça o Pai novamente. E os dois entram na Pensão.


CORTA PARA

 CENA 7 - PORTA DA ESCOLA DOURADOS. 


Henrique com sua roupa desarrumada e de tons escuros, um grande óculos e cabelo grande, vai caminhando pelo pátio de cabeça baixa, até chegar o portão da escola. Ao cruzar o portão, Morgana entra na frente do protagonista.


MORGANA (tom de deboche) – Já soube que a sua mamãezinha foi pedir mais tempo pra pagar o aluguel da casa... Olha, meu amorzinho, se não pagar o empréstimo, faço questão de visitar vocês na casa nova... Que será debaixo da ponte.


Todos começam a rir e os olhos de Henrique logo se enchem de lágrimas.


CELSO (segurando Morgana pela cintura) – Vamos, amor. Não vamos perder tempo com essa ameba.


Mas neste momento, Celso bate nos livros que Henrique carrega em suas mãos e os faz cair no chão.
Henrique apenas observa. Quando os outros se vão, logo ele se abaixa para catar seus pertences.


CORTA PARA

 CENA 8 - RUA. 


Vemos Henrique passando pela calçada bem cabisbaixo, carregando seus pertences sujos e da forma relaxada de ser. De repente ele tropeça e cai no chão.


MICHEL (solícito) – Eu te ajudo. (Surpreso) Henrique?!


HENRIQUE (surpreso e envergonhado) – Michel?!


MICHEL (levantando Henrique) – Tudo bem?


HENRIQUE – Tudo sim... Nossa, faz muitos anos que não te vejo.


MICHEL – Eu saí daqui, você era criança e eu adolescente...


HENRIQUE – Hoje eu tenho dezessete anos e você é um homem. (Sorri)


MICHEL (preocupado) – Você está bem? Está com um rostinho triste...


HENRIQUE – É... Estou um pouco, mas irá ficar tudo bem.


MICHEL – Então, por favor, venha jantar hoje aqui em casa. Você e sua mãe. Vamos conversar um pouco... Acho que te fará bem.


Henrique sorri olhando para Michel e levemente dá um meneio de cabeça concordando. Assim Henrique volta a caminhar em direção à sua casa e Michel ajeita a placa do cardápio do dia. Mas então escutamos um grande barulho e gargalhadas. Michel estranhando, logo caminha para mais a frente da Pensão afim de ver o que aconteceu.


CELSO (fazendo bullying) – O Estranho Terrestre caiu.


Toda a turma está rindo de Henrique no chão. Mas neste momento Michel rapidamente ajuda Henrique a se levantar.


MICHEL (terminando de ajudar Henrique) – Está bem? (Para Celso) O que você está fazendo?


CELSO – Acha que é quem pra defender o E.T.?


Henrique apenas observa constrangido.


MORGANA – É tão fresco que precisa de alguém pra defender, E.T.?


CELSO (debochando) – Fresco? Então esse deve ser o namorado dele... Pra ficar legal, Henrique, vou te chamar de “Moranguinho” uma fruta bem fresca.


Todos começam a rir.
Michel então fecha os olhos. Vemos Michel fechando o punho e num golpe certeiro, atinge o olho de Celso fortemente, que logo vai ao chão.
Todos param de rir. Celso no chão permanece atônito. Henrique se choca com o que acontecera e Michel apenas observa Celso no chão.

Um comentário:

  1. Uau, Gerusa, adorei! Confesso que eu não esperava tanto da minissérie, e simplesmente amei! Fiquei com muita dó do Henrique sendo chamado de E.T. E adorei o Michel, super gente boa ele. O soco que ele deu no Celso foi muito bem feito. O que me chamou muita atenção também foi a referência aos 14 meses de aluguel do Seu Madruga, amei muito! Parabéns, muito boa estreia! ❣️

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