Desejo de Amar - Episódio 02



 EPISÓDIO 02 

O JANTAR.

 CENA 1 - RUA.  

Toda a turma está rindo de Henrique no chão. Mas neste momento Michel rapidamente ajuda Henrique a se levantar.


MICHEL (terminando de ajudar Henrique) – Está bem? (Para Celso) O que você está fazendo?


CELSO – Acha que é quem pra defender o E.T.?


Henrique apenas observa constrangido.


MORGANA – É tão fresco que precisa de alguém pra defender, E.T.?


CELSO (debochando) – Fresco? Então esse deve ser o namorado dele... Pra ficar legal, Henrique, vou te chamar de “Moranguinho” uma fruta bem fresca.


Todos começam a rir.
Michel então fecha os olhos. Vemos Michel fechando o punho e num golpe certeiro, atinge o olho de Celso fortemente, que logo vai ao chão.
Todos param de rir. Celso no chão permanece atônito. Henrique se choca com o que acontecera e Michel apenas observa Celso no chão.


CELSO (se levantando / irado) – Tá maluco?!


MICHEL – Se alguém na face dessa terra tiver um relacionamento com alguém do mesmo sexo, é o direito que cada uma dessas pessoas tem... E você não tem nada a ver com isso. Agora, não quero ver você se metendo com o Henrique.


CELSO (irado) – Olha aqui...


MORGANA (cortando-o) – Vamos, Celso... Talvez seja melhor irmos agora.


Celso a olha com ira nos olhos, mas sai junto com a namorada. O resto da turma começa a se dissipar.


MICHEL (preocupado) – Está bem, Henrique?


HENRIQUE – Estou... Obrigado por me defender. Mas não precisava. Já estou acostumado com o Celso.


MICHEL – Acostumando a sofrer?


HENRIQUE – Então... Eu agradeço a ajuda. (Leve sorriso) Nem sei o que fazer para agradecer.


MICHEL (sorrindo) – Jante lá em casa hoje.


HENRIQUE – Eu não sei...


MICHEL – É o jeito de agradecer pelo que fiz agora.


Henrique novamente sorri e concorda sem dizer uma palavra. Assim ele parte para casa e Michel apenas sorri olhando o amigo ir embora.


CORTA PARA

 CENA 2 - CASA DE ALFREDO. 

Vemos Morgana entrando em casa. Celso entra com ela e o vemos com uma mão tapando o rosto.


MORGANA – Se sente aqui no sofá. Vou buscar um pedaço de bife e...


ALFREDO (cortante) – Bife pra essezinho? Nem pensar. Se quiser, será gelo e olhe lá.


MORGANA – Mas pai...


ALFREDO – Já disse, Morgana. Agora vá fazer a trouxa de gelo.


Morgana então sai revoltada.


ALFREDO (sussurrando) – Foi o Henrique quem te bateu?


CELSO – Claro que não! Foi outro cara que não conheço. (P) Ele foi defender o E.T.


ALFREDO – Alguém defendendo o Henrique... Estranho. (P) Mas eu quero que você continue fazendo bullying com ele. Logo a mãe dele vai me dar a casa e vou pode fazer as minhas pesquisas lá.


CELSO – O que tem naquela casa pro Senhor ficar tão interessado.


ALFREDO – Coisa minha. Isso não te interessa.


MORGANA (chegando) – Aqui, meu amor.


Alfredo sai de perto de Celso e Morgana cuida do namorado.


CORTA PARA

 CENA 3 - CASA DE HENRIQUE. 


Vemos Henrique fechando a porta de casa. Ele caminha passando pela sala em direção a escada, mas vê sua mãe sentada na cadeira com contas e mais contas espalhadas pela mesa.


HENRIQUE (preocupado) – Está tudo bem?


IDALINA (disfarçando choro) – Está sim, meu filho...


HENRIQUE (se aproximando) – Você está chorando...


IDALINA (secando as lágrimas) – Meu amor... Está complicado... Me perdoa?


HENRIQUE – Perdoar pelo quê? Você é a melhor mãe do mundo!


IDALINA (se levantando) – Talvez tenhamos que sair dessa casa. (P) O problema é que não temos pra onde ir.


Henrique abraça Idalina.


HENRIQUE – Vai ficar tudo bem, mãe. Vai ficar tudo bem...


Mãe e filho permanecem abraçados enquanto Idalina chora.


CORTA PARA

 CENA 4 - IMAGENS GERAIS. 


Sonoplastia: O Sonho se Perdeu – Milton Guedes


Vemos o sol num tom crepúsculo por entre as folhas da copa de uma árvore.
Vemos as nuvens correr pelo céu enquanto a lua aparece e junto com ela, as estrelas e o azul índigo.
Vemos a pequena cidade de Dourados iluminada com a luz da lua e com a iluminação pública.


CORTA PARA

 CENA 5 - PENSÃO DO OTÁVIO. 


A câmera vai descendo nos mostrando que Michel está fechando a Pensão.


IDALINA (segurando uma travessa enrolada num plástico) – Já fechando, Michel?


MICHEL (surpreso) – Nossa, que alegria em vê-los! (P) Fechando porque terei duas pessoas para jantar em minha casa... Duas pessoas mais que especiais.


IDALINA – Você é um bom menino desde criança.


MICHEL – Meu pai soube me educar.


IDALINA – Com toda a certeza.


Idalina e Michel trocam um sorriso. Quieto Henrique chegou e permaneceu.
Num corte, vemos todos sentados à mesa.
Henrique termina de ser servido por Idalina. Michel termina de se servir e de servir Otávio.


IDALINA – Então voltou para ajudar o Seu Otávio...


MICHEL – Não posso deixar meu pai sozinho.


OTÁVIO – Eu disse que daria um jeito. Procurar um ajudante não é difícil...


MICHEL – Mas alguém que se disponha a ganhar pouco que é a questão, papai.


HENRIQUE – Talvez... (Cortando-se)


MICHEL (animado) – Ouvi sua voz nessa noite. Talvez o quê?


IDALINA – Fale, filho.


HENRIQUE (tomando coragem) – Talvez minha mãe possa ajudar.


IDALINA (animada) – É verdade... Se quiser eu posso ajudar. (P) Pra ser sincera eu estou precisando muito de um emprego. A pensão do pai do Henrique não tem nos suprido...


MICHEL – Então, começa amanhã. (sorri)


IDALINA – A questão é do Henrique... Ele não pode ficar sozinho... (preocupada)


HENRIQUE – Mãe... Eu já sei me cuidar!


MICHEL – Se me permitir, posso fazer companhia a ele durante o dia, após o horário da escola. Pela manhã eu fico aqui na pensão também.


IDALINA – Eu aceito, Michel. (feliz)


Assim, todos continuam comendo e conversando.


CORTA PARA

 CENA 6 - PENSÃO DO OTÁVIO. 


A câmera nos mostra a fachada da casa onde Henrique e Idalina moram.
Idalina, Henrique e Michel caminham até o portão.


IDALINA – Agradeço o jantar e o emprego.


MICHEL – Eu quem agradeço. A sobremesa estava uma delícia.


IDALINA – Obrigada. Conversem um pouco...


Idalina entra em casa e Henrique se volta para Michel, que o observa com um leve sorriso.


HENRIQUE – Agradeço pela boa noite que tive.


MICHEL – Você é tão diferente do que era antes...


HENRIQUE (na defensiva) – Diferente? Como assim?


MICHEL (colocando a mão no ombro de Henrique) – Tão frágil... Tão indefeso...


Neste momento Henrique nada diz.


MICHEL – Depois da escola, eu virei aqui. Dorme bem e boa aula, meu amigo.


Michel parte. Henrique o observa ir. Rapidamente ele entra em casa.
Num corte, o vemos entrando em seu quarto e caminhando até a janela, onde observa de longe e consegue ver Michel entrando na casa ao lado da Pensão. Henrique apenas respira fundo e então sente uma ligeira tonteira.
Henrique se apoia na parede e de olhos fechados, vai vagarosamente para sua cama, onde se senta e abre os olhos. Assustado, ali permanece quieto.

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