Maneiras de Ser - Capítulo 06



MANEIRAS DE SER

DE
WESLLEY FUCHS

ESCRITA POR
WESLLEY FUCHS

DIREÇÃO GERAL
HENZO VITURINO
MIGUEL RODRIGUES

DIREÇÃO DE NÚCLEO
MIGUEL RODRIGUES

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO


ALICE
BECK
BEN
EVA/ROBERTA
FERNANDO
HELOÍSA
JOAQUIM
JORGE
JÚLIA
KARINA
PANDORA
RAYSSA
VICKI
VINICIUS

CENA 01/ LANCHONETE/ INTERIOR/ DIA
Cont. imediata da última cena do capítulo anterior. Heloísa com lágrimas nos olhos diante de Jorge. Heloísa vai falar, mas não consegue
JORGE                        — Calma, Heloísa/...
HELOÍSA                    — (Corta; nervosa com lágrimas nos olhos) Me acalmar como? Me diz? Como eu posso me acalmar, pai? (t) não sei se eu ainda devo te chamar de pai
JORGE                        — Mas é claro que você deve me chamar de pai, Heloísa. Eu sou o seu pai, não de sangue, mas eu sou o seu pai.
HELOÍSA                    — A minha mãe te traiu?
JORGE                        — Não, Heloísa. A sua mãe não me traiu. Tudo aconteceu por conta de uma inseminação de sêmen em uma clinica de Los Angeles.
HELOÍSA                    — (Surpresa) Então a minha mãe não te traiu?
JORGE                        — Não. Ela não me traiu.
HELOÍSA                    — E eu vim ao mundo graças a uma inseminação artificial?
JORGE                        — É Heloísa... Eu e sua mãe sempre tivemos um grande sonho: ter um filho ou uma filha, ter uma família completa (T) só que isso não ia ser possível (T) quer dizer, logo depois foi possível. Depois que descobrimos esse processo que naquela época só acontecia no exterior, mais precisamente nos Estados Unidos.
HELOÍSA                    — (Chorando) Você não pode ter filhos?
JORGE                        — Eu sou estéreo, filha. Eu sou incapaz de ter filhos durante toda a vida e eu só contei isso pra sua mãe depois do casamento, pois eu tive medo que ela me abandonasse. Ela sempre deixou claro dês do inicio que ela queria ter um bebê, que queria trocar a frauda, dar banho e acima de tudo oferecer todo o amor e carinho do mundo, quando eu contei pra ela não foi fácil pra nenhum de nós dois, ela ficou sem falar comigo durante dois meses e estávamos indo para o segundo ano de casamento.
HELOÍSA                    — (Chorando) E você só tá me contando isso agora?
JORGE                        — Pela Pandora você nunca ia ficar sabendo.
HELOÍSA                    — (Se levanta) Não interessa. Não interessa, pai. Eu tinha o direito de saber (tenta lembrar) sei lá com... (chuta) 13 anos. 13 anos eu já tinha uma noção geral das coisas, vocês não poderiam ter escondido tudo isso de mim.
JORGE                        — Mas, meu amor/... Eu estou te contando agora e como eu disse a sua mãe nunca ia te contar, tanto que ela fez de tudo para que o doador fosse bastante semelhante a mim e ela conseguiu praticamente um clone meu (T) por isso que somos parecidos pela cor dos cabelos louros e os olhos castanhos, isso você puxou do seu pai, mas aparência e os traços são todos da Pandora.
HELOÍSA                    — Vocês chegaram a conhecer o doador?
JORGE                        — Não... As características dele estão na ficha, que inclusive sua mãe deve ter guardado. Lá possuí todas as informações do seu pai biológico.
HELOÍSA                    — (Chorando) E você, pai?
JORGE                        — (Lágrimas nos olhos) Eu vou continuar sendo o seu pai para todo o sempre, minha filha. Pra sempre. Foi assim que eu e a sua mãe combinou quando saímos daquela clínica, que você ia ser criada com todo o amor e nunca deixaríamos te faltar nada porque você é a nossa filha (T) a nossa flor.
HELOÍSA                    — (Com lágrimas nos olhos) Eu te amo.
JORGE                        — (Sorri) Eu também te amo.
Jorge se levanta e abraça Heloísa que se emociona no abraço.
CORTA PARA:
CENA 02/ JARDIM PAULISTA/ EXTERIOR/ DIA
Vemos o carro de Beck passar, ela no volante e Vicki ao seu lado. Vemos a fúria de Beck
BECK                           — Eu ia deixar pra conversar com você em casa, mas já estou vendo que no centro vai ter um engarrafamento terrível e com certeza vai ser um bom tempo para uma excelente conversa.
VICKI                          — Mãe, por favor, eu já escutei tudo o que eu tinha que escutar/....
BECK                           — (corta) Pois vai escutar mais um pouquinho para nunca mais esquecer, Vicki (T) antes de tudo eu vou fazer uma pergunta pra você e eu quero que você detalhe bastante o que eu vou te perguntar agora como se você fosse escrever um livro de 200 páginas. Qual é a necessidade de fazer bullying com uma colega de aula e qual é a graça de organizar um trote (T) que aliás eu vou pegar a sua irmã depois que ela também não vai escapar dessa conversa (Cont.) mas que ideia de trote é essa contra os bolsistas? Hein Victória? Me responde.
VICKI                          — Mãe, eu só estava brincando com a Rayssa/...
BECK                           — (corta) Se você confunde brincadeira com ofensa, a partir de hoje eu vou confundir filha com cachorro (T) brincadeira, Vicki? Brincadeira pra você que se divertiu as custas do sofrimento dos outros por conta do seu bullying sem-noção, agora eu te pergunto: o que você faria se te chamassem de uma péssima jogadora de tênis? O que você faria se inventassem apelidos de puro mal gosto ao seu respeito (olha para Vicki) vou até de dar uns exemplos: raquete enferrujada, xérox mal feito, a burra de exatas e por aí vai... (T) aliás você estava zoando a sua colega por ser inteligente? Eu posso saber qual é a graça de ser inteligente porque é assim que eu defini a palavra “nerd” e “cdf” a vida toda.
VICKI                          — (Não sabe o que dizer) Mãe, tudo bem, ok. Tô arrependida/
BECK                           — (Corta) Mas eu ainda nem comecei, muito pelo contrário isso aqui é o prólogo do meu livro de 200 páginas, vamos para o capítulo 1, já que no seu livro só teve apenas uma frase e acabou. Livro de gente desinteressante é assim mesmo, né filha? (T) agora deixa eu dar continuidade no meu que está bastante interessante e você não imagina o quanto. 
VICKI                          — Mãe, por favor/...
BECK                           — Agora é mãe, por favor? Pensasse melhor e agisse como quase uma adulta (T) bom, porque de fato, você é quase uma adulta e já deveria estar se preparando para agir como uma, porque daqui há um ano e meio você termina o ensino médio, então eu acho que já passou da hora de você parar de agir como uma aluna de quinta série e agir feito uma pessoa séria, Vicki. E sobre os bolsistas: eu quero deixar claro que eu já fui bolsista de uma escola pública na minha adolescência e eu sofri muito nas mãos de gente como você, Vicki e esses dias mesmo eu me reencontrei com uma dessas pessoas (T) como você sabe eu virei uma autora e uma escritora renomada, já a pessoa que eu encontrei teve um triste fim, era um garoto que me chamava de morta de fome e invasora de direitos, hoje ele é o pobre pois o pai não deixou nada para ele, para aprender como é a vida, ele é casado com uma mulher e tem (sorri) pasme: seis filhos, mora em Paraisópolis e a vida deu o troco a ele (olha para Vicki) e você, filha? Não tem medo das voltas que o mundo dá?
VICKI                          — (Triste) Eu já estou arrependida, mãe.
BECK                           — Ótimo. Pois eu já estou com a garganta seca de tanto falar com você agora, eu espero que de fato você esteja ciente do que você fez e eu quero um pedido de desculpas digno quando você sair da sua suspensão que aliás vai sujar e muito o seu histórico escolar, mas eu não posso bater o pé porque de fato você mereceu essa punição, esses três dias serão ótimos para você pensar no que você fez.
Na dureza de Beck.
CORTA PARA:
CENA 03/ COLÉGIO CEI/ CORREDOR/ INTERIOR/ DIA
Júlia e Alice andando. Conversa já iniciada
ALICE                          — Mas você não tem redes sociais?
JÚLIA                          — Só o Facebook mesmo.
ALICE                          — Credo, Júlia. O Facebook anda tão ultrapassado.
JÚLIA                          — Fazer o que, né?!
Fernando passa por elas e as cumprimentam, o olhar de Júlia o segue e Alice percebe.
ALICE                          — É impressão minha ou você está interessada no Fernando?
JÚLIA                          — (Foge do assunto) É claro que eu não estou interessada pelo Fernando, Alice. Pelo amor de Deus, né.
ALICE                          — Eu já fiquei com ele, mas é passado e só foi uma ficada em uma festa que eu fiquei louca, foi a primeira vez que eu bebi, foi uma garrafa inteira de tequila, amiga. O primeiro pt a gente nunca esquece
JÚLIA                          — Eu é que estou surpresa com você toda patricinha já ter bebido
ALICE                          — Ah, mas é comum com todo mundo aqui no colégio, até a Heloísa Blake já bebeu uma vez com a gente, ela ficou louca, ainda bem que a imprensa não ficou sabendo.
JÚLIA                          — A Heloísa Blake estuda aqui?
ALICE                          — Estuda. E o pior de tudo é que ela é crush do Fernando, o Fernando é caidinho nela.
Júlia então reage: magoada, ela olha rapidamente para Fernando que está com os amigos.
ALICE                          — (Percebe) Júlia, você está gostando dele...
JÚLIA                          — Capaz, Alice... Claro que não
ALICE                          — (Sorri) Júlia, está escrito na sua testa: você está caidinha pelo Fernando, porque você não toma alguma atitude e se aproxima dele?
Júlia olha para Alice e se levanta, Alice sorri, Júlia se afasta indo em direção de Fernando.
JÚLIA                          — Fernando.
Fernando olha para Júlia
FERNANDO               — Júlia.
Ben e Vinicius por ali
VINICIUS                    — Eu vou pro ensaio da banda, viu Fernando? Bom papo aí
BEN                            — (Brinca) É bom papo ae.
Os dois saem dando risada. Fernando olha para Júlia que se sente desconfortável
JÚLIA                          — Que tipo de comportamento foi esse dos meninos?
FERNANDO               — Nem liga, Júlia. Você precisa de alguma coisa?
Júlia hesita, não sabe o que dizer, Fernando então sorri.
FERNANDO               — Tá tudo bem, Júlia?
JÚLIA                          — (Nervosa) Caramba, eu até esqueci o que eu ia falar com você, fiquei tão irritada com esses garotos que eu sou capaz de dar um tapa na cara deles.
FERNANDO               — (Sorri) Durona do jeito que eu te conheci.
Fernando sai. Júlia então começa a refletir:
JÚLIA                          — Ele me acha durona... Tá aí um motivo pelo qual ele talvez por algum motivo não consiga gostar de mim, já que a Heloísa é toda vaidosa e bonita, pelo menos nas redes socias (T) mas ela não deve ser diferente na vida real...
Na reflexão de Júlia
CORTA PARA:
CENA 04/ MANSÃO DE PANDORA/ SALA DE ESTAR/ INTERIOR/ DIA
Heloísa entra, Pandora descendo as escadas
PANDORA                 — A onde você estava?
HELOÍSA                    — (Enxugando as lágrimas) Conversando com o meu pai (t) quer dizer, o meu pai de consideração.
Reação de Pandora
PANDORA                 — O que foi que aquele salafrário te falou, filha?
HELOÍSA                    — A verdade, mãe. Ele me contou sobre a inseminação.
Pandora se desespera
PANDORA                 — Desgraçado!!! Cafajeste!!! (Revoltada) Ele não tinha esse direito, ele não tinha esse direito
HELOÍSA                    — Calma, mãe. Tá tudo bem
PANDORA                 — (Chorando) Foi algo que eu pedi para ele esconder durante uma vida inteira, a gente fez uma promessa um para o outro, a gente jurou que você nunca... Que você jamais saberia dessa história, tanto que eu trabalhei muito pesquisando um doador que tivesse as características idênticas do seu pai (Grita) para aquele ordinário acabar com tudo agora (revoltada) eu vou acabar com ele
HELOÍSA                    — (Segurando a mãe) Calma, mãe. Não precisa disso
PANDORA                 — Ele não tinha esse direito, Heloísa. Ele não tinha esse direito (revoltada) eu mato esse infeliz, eu acabo com a vida dele agora mesmo (chora) ele não sabe a inimiga que ele acabou de fazer
HELOÍSA                    — Mãe, calma está tudo bem... Eu já compreendi ambos os lados, o papai me explicou tudo, eu confesso que no começo eu fiquei revoltada com vocês dois, mas depois eu comecei a entender os lados de cada um... Ele me ama assim com você me ama, mãe... (T) O papai ele só quis me dar o direito de saber a verdade sobre a minha história, ele me contou que você jamais me contaria, porque você mesma disse isso a ele, ele só fez o que eu também considero o certo
PANDORA                 — (Chorando, se acalmando) Mas você é a minha única, filha. A minha única filha... E eu tenho tanto medo de te perder, Heloísa (T) a cada dia que passa eu morro de medo, é por isso que eu me culpo por não passar muito tempo com você, mas eu também penso que eu tenho que trabalhar para dar a vida mais confortável pra você (chorando) porque você merece, Heloísa. Você é merecedora de tudo isso.
Pandora chora abraçando Heloísa que chora junto com ela. Tempo.
PANDORA                 — (Se acalmando) Mas eu preciso falar com o seu pai, filha. Não tem jeito. Eu e o Jorge precisamos conversar
HELOÍSA                    — (preocupada) Mãe, eu não sei/...
PANDORA                 — Heloísa, você não devia ter nem saído de casa porque você está de atestado, médico... Amanhã você volta pro colégio e estará firme e forte (T) e o seu pai vem encher a sua cabeça com essa história no momento errado e na hora errada?
HELOÍSA                    — Eu briguei com ele, mãe. Eu discuti. Eu disse que eu tinha que ter ficado sabendo dessa história há séculos, mais precisamente há três anos atrás, porque com treze anos eu já teria consciência e/....
PANDORA                 — (Corta) Eu quero o endereço do seu pai, Heloísa! Eu quero agora!
HELOÍSA                    — (Se levanta) Ok, mãe. Você venceu, eu vou dizer onde ele está.
Pandora se levanta.
PANDORA                 — Ótimo.
Na determinação de Pandora.
CORTA PARA:
CENA 05/ COLÉGIO CEI/ SEGUNDO ANO B/ INTERIOR/ DIA
Eva passando o conteúdo no quadro. Os alunos dessa sala estão a copiar, ela então se senta
EVA                             — Pronto, agora é só copiar
KARINA                      — Ué, Roberta? Você não vai explicar? Porque eu não estou entendendo nada do que está no quadro, e olha que as notas musicais do ensaio estão rolando solta na minha mente (T) eu sou burra, ainda mais sem explicação
EVA                             — Pra você é professora Roberta, querida. Deixa eu dar uma lida no conteúdo antes de explicar
RAYSSA                     — Na aula passada você fez a gente recapitular a tabuada, achei ridículo.
EVA                             — (Séria) E ninguém pediu a sua opinião, querida. Fica na sua
Júlia fica reparando em Eva.
JÚLIA                          — O seu rosto não é estranho... (T) você já apareceu na televisão alguma vez?
EVA                             — (Fugindo do assunto) Não e você já copiou o conteúdo do quadro, querida?
Eva começa a se concentrar nos papeis. Júlia comenta com Alice
ALICE                          — Que professora chata, mas ela passando a tabuada na aula de ontem que foi o primeiro dia dela foi ridículo.
JÚLIA                          — Ontem eu não estava, né? (t) Mas eu acho que eu já vi o rosto dela em algum lugar, mas eu não sei da onde.
CORTA PARA:
CENA 06/ HOTEL/ QUARTO DE JORGE/ INTERIOR/ DIA
Abre na televisão passando a notícia sobre Eva novamente falando que ela está foragida, câmera se afasta e mostra Jorge assistindo, o interfone toca, ele vai e atende
JORGE                        — (Ao inter.) Alô?
CORTA DESCONTÍNUO PARA:
Jorge abrindo a porta: Pandora ali.
PANDORA                 — A gente pode conversar?
Pandora séria.
CORTA PARA:
CENA 07/ COLÉGIO CEI/ CORREDOR/ INTERIOR/ DIA
Todos os alunos saindo, Júlia vai atrás de Eva
JÚLIA                          — Roberta, será que a gente pode conversar?
EVA                             — Agora não, Júlia. Eu estou muito ocupada.
Eva vai indo mais rápido, ficamos com ela.
EVA                             — Meu disfarce pode ficar ameaçado com essa garota no meu caminho.
Na preocupação de Eva.
CORTA PARA:
CENA 08/ HOTEL/ QUARTO DE JORGE/ INTERIOR/ DIA
Pandora entra, Jorge ainda meio sem reação.
PANDORA                 — Jorge, eu já chorei tudo o que eu tinha pra chorar, porém, o meu ódio pelo que você fez pelo visto será eterno.
JORGE                        — Você já quer começar direto nesse ponto?
PANDORA                 — (Séria) Quero. Quero começar direto nesse ponto SIM. Por que você não tinha o direito de contar nada para a Heloísa sem a minha autorização.
JORGE                        — Porque eu sabia qual seria a sua resposta
PANDORA                 — (Com raiva) Então se você já sabia qual seria a minha resposta, no mínimo, em consideração a minha palavra, já que a minha pessoa você não tem mesmo depois daquela traição infeliz, você deveria ter me obedecido e não ter contado nada pra Heloísa, Jorge.
JORGE                        — E deixar a menina viver uma mentira durante a vida inteira?
PANDORA                 — Da mesma maneira que você me fez acreditar no seu amor durante 18 anos?
JORGE                        — E quem disse que eu não te amava?
PANDORA                 — Traição agora é um ato de amor, Jorge?
JORGE                        — Pandora, isso já tem seis meses, foi um deslize meu, um deslize idiota/
PANDORA                 — Você me xingou de vários nomes terríveis, Jorge e eu (lágrimas nos olhos) nunca vou me esquecer de nenhuma daquelas palavras e da sua expressão fácil naquele momento.
JORGE                        — Pandora, eu estava bêbado e a gente não vai discutir isso de novo? O assunto aqui é outro.
PANDORA                 — Justamente, mas por que será que eu voltei de novo nesse assunto, Jorge? Não foi à toa, muito pelo contrário, é por conta de mais uma ação sua contra mim para destruir os meus sentimentos cada dia a mais.
JORGE                        — Pandora/....
PANDORA                 — (Chorando) Olha, Jorge. Eu espero mesmo que seja a última vez que a gente tenha um diálogo e que seja a última vez que eu te olhe, porque eu nunca mais quero olhar pra você (T) porque olhar pra você e ouvir a sua voz é reviver os momentos de dor que eu passei por sua causa e sem falar que não está sendo fácil a Heloísa lidando com a verdade. Passar bem.
Pandora sai. Jorge fecha a porta reflexivo.
CORTA PARA:
CENA 09/ CASA DE MARIZA/ SALA DE ESTAR/ INTERIOR/ DIA
Júlia entra, Mariza entra em seguida
JÚLIA                          — Ué mãe, chegou cedo.
MARIZA                     — A Pandora me dispensou mais cedo... Está tendo umas brigas familiares e aí ela preferiu que eu viesse pra casa.
JÚLIA                          — Até gente rica tem problemas.
MARIZA                     — Todo mundo tem problemas, Júlia. Qualquer ser-humano independente de raça, gênero, classe social, não importa, os problemas estão presentes na vida de cada um.
JÚLIA                          — Eu mesma já tive um problema no primeiro dia de aula, acredita? Umas gêmeas riquinhas descoladas tentaram fazer trote com os bolsistas e pelo visto eu era a primeira da lista.
MARIZA                     — E aí você contou pro diretor, né?
JÚLIA                          — Claro que não, né mãe? Eu fiz melhor, dei um discurso sobre a vida dos bolsistas, o diretor no começo não gostou muito até todos os alunos menos nariz empinado terem protestado contra ele falando que tudo que eu tinha falado era verdade, aí, no fim da história: as gêmeas más foram punidas.
MARIZA                     — (Sorri) Estou feliz com a sua força e garra (T) nunca tinha ouvido falar de duas gêmeas más, só uma boa e a outra má.
JÚLIA                          — Elas são trigêmeas, porém, tem uma boazinha que até virou minha amiga, é patricinha mas dá pro gasto.
MARIZA                     — (Ri) Ai filha, só você mesmo.
Mariza rindo e Júlia sorri.
CORTA PARA:
CENA 10/ MANSÃO DE MAURÍCIO/ SALA DE ESTAR/ INTERIOR/ DIA
Vicki desce as escadas, Beck e Maurício terminando de falar com Marina.
BECK                           — Espero que tenhamos sido bem claros com você, Marina.
MARINA                     — Sim.
MAURÍCIO                 — Agora vem, amor. Amanhã tem a caracterização dos atores e eu quero estudar tudo isso com você.
Maurício e Beck sobem as escadas. Vicki vai até Marina
MARINA                     — Ai véi que saco, levei uma dura aqui.
VICKI                          — Pode pah, eu também levei, primeiro da mãe e depois do pai.
Alice desce as escadas.
ALICE                          — Gente e essas gírias?
VICKI                          — Como você se sente sendo a considerada a gêmea boa?
ALICE                          — (Séria) E você: Vicki, como se sente sendo um péssimo exemplo?
VICKI                          — Não vai me dar lição de moral porque hoje eu já recebi bastante.
MARINA                     — Ai vocês duas não começam, não tenho paciência.
Marina sobe as escadas. Alice se senta perto de Vicki
ALICE                          — O Valentim quer te ver.
VICKI                          — (Surpresa) O Valentim?
ALICE                          — Eu não sou garota de recado, mas ele quer te ver lá no Jardim Ibirapuera às 15:00 da tarde.
VICKI                          — Vou pensar.
ALICE                          — Você que sabe.
Alice sobe as escadas e Vicki fica pensativa
VICKI                          — Três da tarde.
Na reflexão de Vicki.
CORTA PARA:
CENA 11/ MANSÃO DE PANDORA/ SALA DE ESTAR/ INTERIOR/ DIA
Heloísa pós-choro no sofá, chega mensagem no celular dela.
WHATSAPP:
PANDORA: FILHA, ESTOU INDO PRO TRIBUNAL, INFELIZMENTE NÃO POSSO FALTAR, QUALQUER COISA VOCÊ DEIXA MENSAGEM NA CAIXA POSTAL QUE EU RETORNO. TE AMO MAIS QUE TUDO, MEU AMOR, SEMPRE SAIBA DISSO.
Heloísa então fica refletindo.
Outra mensagem chega em seu celular:
WHATSAPP:
BRANDON: COLA AQUI, QUERO TE VER, A GENTE PRECISA CONVERSAR. A GENTE ESTAVA COM A CABEÇA MUITO QUENTE
CORTA DESCONTÍNUO PARA:
CENA 12/ MANSÃO DE MARCUS/ QUARTO DE BRANDON/ INTERIOR/ DIA
Heloísa diante de Brandon
HELOÍSA                    — Eu só vim porque você não parou de insistir, Brandon. A cada segundo você ligava e eu precisava estudar pra série, então eu vim.
BRANDON                 — Era sobre isso que eu queria conversar, você pensou no que você vai escolher?
Reação de Heloísa
HELOÍSA                    — Como assim, Brandon? Eu te dei a resposta naquele dia (lágrimas nos olhos) e eu pensei que você tinha me ligado pra gente conversar sobre isso e tentar consertar a situação.
BRANDON                 — E é exatamente por isso que eu te chamei, Heloísa. Eu acho que você aceitou a série por impulso, sem saber que/...
HELOÍSA                    — (corta) Você acha mesmo que eu ia te escolher entre você e a série Brandon? E está achando que foi de cabeça quente depois de uma proposta como aquela? Fazer uma escolha (t) eu não pensei duas vezes, eu não quero um relacionamento machista em minha vida (T) e aliás, você não mudou nada, né Brandon? É impressionante.
BRANDON                 — Heloísa/...
HELOÍSA                    — (Chorando) Eu não quero mais ouvir uma palavra da sua boca, não quero ouvir mais nada vindo de você (T) porque eu estou conhecendo o meu ex-namorado de verdade agora. Um machista opressor que não aceita NÃO como resposta e que ainda por cima se empoe a ser dono de uma pessoa que não quer ser controlada.
BRANDON                 — Então vai ser assim?
HELOÍSA                    — (firme) Vai ser assim, sim. Enquanto você não mudar, Brandon. Não vai ter mais eu e você. Nunca mais.
Heloísa sai. Brandon então da um murro no armário.
CORTA PARA:
CENA 13/ MORUMBI/ EXTERIOR/ DIA
Heloísa atravessando a rua aos prantos e quase é atropelada por Eva que freia o carro e coloca a cabeça pra fora.
EVA                             — Ô garota, presta atenção.
HELOÍSA                    — (Chorando) Desculpa.
Heloísa atravessa e Eva parte com o carro. Heloísa então começa a refletir
HELOÍSA                    — Eu acho que eu já vi essa mulher em algum lugar...
No pensamento de Heloísa.
CORTA PARA:
CENA 14/ HOTEL DE LUXO/ SUÍTE DE EVA/ INTERIOR/ DIA
Eva entra desesperada.
EVA                             — Eu preciso me aproximar do Joaquim de uma vez por todas, eu não posso ficar perdendo tempo (refletindo) eu já sei. Eu tive uma ideia genial.
CORTA PARA:
CENA 15/ HIGIENÓPOLIS/ FRENTE/ EXTERIOR/ DIA
Joaquim saindo com o carro, ainda não entrou na rua, Eva a pé observa tudo, pega o celular e vai atravessando a rua devagarzinho enquanto Joaquim entra na rua e vai acelerando, ela então para de repente no meio da rua e se faz de surpresa, ele então freia o carro, mas ela dá um jeito de bater no carro e cair desmaiada no chão. Joaquim então desce do carro e vai até ela desesperado:
JOAQUIM                  — Roberta, Roberta, fala comigo, Roberta.
Em Joaquim tentando acordar Eva que finge desmaio.
CLOSE EM EVA “DESMAIADA”
CORTA PARA:

FIM

Um comentário:

  1. Gente, essa Eva é uma peste kkk e eu já tô com um ranço tão grande desse Jorge... Parabéns pelo capítulo, Weslley. Muito bom! 👏♥️

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