Memória DNA | Com Amor | Capítulo 22 (2ª fase - 2º Ciclo)




COM AMOR
Novela de
Marcus Vinick
Miguel Rodrigues
Escrita com
Marcus Vinick, Miguel Rodrigues
Direção
Miguel Rodrigues
Direção Geral
Miguel Rodrigues
Núcleo
DNA – Dramaturgia Novos Autores

Personagens deste capítulo

CARLOS ALBERTO
GUILHERME
SOPHIA
MIGUEL
GABRIELA
JULIANA
ÍTALO
CECÍLIA
VÂNIA (participação)
DR. GURGEL (participação)
HENRIQUE (participação)
ADOLESCENTES (participação)
CONVIDADOS DA EXPOSIÇÃO (participação)



CENA 01 / HOTEL / QUARTO / INTERNA / NOITE
Guilherme está sentado em uma poltrona na sacada. Pensa em Sophia.

FLASHBACK

SOPHIA           - Nós vamos nos reconciliar... Quando eu for embora, vou direto pro trabalho dele.

GUILHERME   - (disfarça a insatisfação) Que bom!

Voltamos para Guilherme pensativo. Carlos Alberto aparece. Vê o filho sentado na sacada. Aproxima-se. Fica olhando para o Guilherme. Senta-se numa poltrona de frente ao filho.

ALBERTO       - Ainda está chateado comigo?

GUILHERME  - Não.

ALBERTO       - Você está muito estranho, Guilherme.

GUILHERME  - É a Sophia.

ALBERTO       - Então esse é o nome da garota?

GUILHERME  - É um nome lindo... Você não acha?

ALBERTO       - É um nome muito bonito! Significa “sabedoria” em latim. Mas por que você está desse jeito, tão inquieto? Você nunca ficou assim por nenhuma garota, mesmo quando dizia que estava apaixonado.

GUILHERME  - Ela tem um namorado.

ALBERTO       - Então desista, meu caro.

GUILHERME  - Eu não vou desistir, pai.

ALBERTO       - Mas você acabou de me dizer que ela tem um namorado.

GUILHERME  - Isso não impede que eu consiga tê-la para mim.

ALBERTO       - É, você tem razão, mas não pensou em um único detalhe: e se ela gosta muito desse namorado? E se ela é apaixonada por ele?

GUILHERME  - Não há nada que possa me impedir.

ALBERTO       - Um sentimento verdadeiro sobrevive a qualquer ameaça.

GUILHERME  - (T: irritado) O senhor está do meu lado ou não?

ALBERTO       - Eu estou do lado do que é justo, meu filho, e você não está querendo agir de uma forma justa.

GUILHERME  - Tudo é válido quando se trata de uma conquista.

ALBERTO       - Só na sua mente. Você tem que aprender, Guilherme, que o mundo não gira ao seu redor. Essa tal de Sophia não me parece ser mais uma das garotas que você irá fisgar e depois largar ao vento.

GUILHERME  - Acontece que ela não é mais uma dessas garotas, porque eu estou gostando realmente dela. Ela é especial.

ALBERTO       - Você está gostando dela ou quer recuperar o seu orgulho ferido?

GUILHERME  - Eu não consigo entender o senhor.

ALBERTO       - Você se faz que não me entende, mas sabe muito bem o que eu estou falando.

GUILHERME  - (revoltado) Não... Eu realmente nem mesmo faço ideia. (T: toma fôlego) Eu só sei que quero a Sophia... E para isso, eu sou capaz até de dar um jeito de tirar esse tal namoradinho do meu caminho.

ALBERTO       - Desde que você não cometa uma bobagem até acabar sendo preso, para mim, tanto faz o que você irá fazer ou não. Só não venha reclamar nos meus ouvidos depois, eu já estou te avisando desde agora. Não venha se queixar mais tarde.
Guilherme começa a resmungar. Sem dar ouvidos, Carlos Alberto retira-se. Deixa Guilherme resmungando sozinho.

CENA 02 / STOCK-SHOT / PASSAGEM DE TEMPO
Música adequadamente frenética acompanha as imagens, num estilo cartão postal, indicando passagem de tempo. Seqüência de vários pontos da cidade de Curitiba, terminando na fachada de um cemitério.

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FUNDE PARA:

CENA 03 / CEMITÉRIO / TÚMULO DE MARCELO / EXTERNA / DIA
Sophia coloca um pequeno buquê de flores em cima do túmulo onde está sepultado os restos mortais de Marcelo. Emociona-se. Miguel a ampara.

SOPHIA           - Hoje, já faz dez anos que ele partiu.

MIGUEL          - É... O tempo passou muito rápido, seu pai deve estar te protegendo lá de cima.

SOPHIA           - Eu nunca sonhei com ele. Eu queria tanto poder ver aquele rosto novamente, poder sentir aquelas mãos carinhosas, iria ser um sonho tão lindo!

Miguel passa as mãos pelos cabelos de Sophia. A abraça fortemente.
CORTA PARA: TÚMULO DE LEONARDO
Instantes depois, Miguel e Sophia caminham pelo cemitério em direção ao túmulo de Leonardo. Chegam até o túmulo. Sophia agacha-se. Passa as mãos pela lápide. Dá um leve sorriso.

SOPHIA           - O Leonardo era a minha única chance de ser feliz naquela época. Ele estava preste a conseguir as tais provas para levar a um juiz e, assim, conseguir tirar minha guarda de minha mãe. Eu tinha a esperança de ir morar com meu avô e de sempre estar ao seu lado.

MIGUEL          - Como ele morreu?

SOPHIA           - A polícia disse que, provavelmente, ele tenha sofrido um assalto seguido de morte... Mas eu não consigo acreditar nisso. Quando eu penso na morte dele, algo me diz que não foi bem isso que aconteceu.

MIGUEL          - E o que você acha que pode ter acontecido?

SOPHIA           - Eu não faço ideia, mas é algo muito estranho... Até hoje, eu não me conformo.

MIGUEL          - Mas agora tudo isso passou, meu amor, nós estamos juntos e vou sempre estar ao seu lado.

Sophia fica olhando o túmulo de Leonardo por alguns instantes. Olha para Miguel e o abraça fortemente.

SOPHIA           - Vamos embora!

MIGUEL          - Vamos.

Miguel e Sophia dão as mãos e caminham pelo cemitério, rumo à entrada.

CENA 04 / AP DE GABRIELA E SOPHIA / SALA / INTERNA / DIA
Gabriela está embriagada novamente. Pega uma garrafa e a atira contra a parede. Fica olhando ao seu redor como se estivesse procurando algo ou alguém.

GABRIELA     - Pode aparecer, Marcelo, eu não tenho medo de você. Apareça! Apareça, desgraçado! Infeliz, se eu estou vivendo nesse apartamento ridículo, a culpa é sua! Se eu estou vivendo essa vida medíocre, a culpa é toda sua, seu canalha! (Sophia chega. Percebe que Gabriela está bêbada. Gabriela a encara) A garota ingrata acabou de chegar pra completar o inferno que está sendo o meu dia.

SOPHIA           - O seu dia está sendo um inferno porque deve carregar a culpa pela morte do meu pai.

GABRIELA     - O seu pai se matou, sua idiota!

SOPHIA           - Não interessa... Você foi a culpada!

GABRIELA     - Foi visitar o túmulo dele, não é? Saiba que dentro do caixão não há nenhum corpo, que já devia estar em decomposição, só há restos mortais assim como ele foi sepultado.

SOPHIA           - E você sente prazer em dizer isso, não é? Você não vale nada, está até mesmo bêbada.

GABRIELA     - Eu não estou bêbada, garota! Eu apenas tomei uma garrafa inteira de... De...

Gabriela não consegue terminar de falar. Passa mal. Fica tonta. Se segura no sofá.

SOPHIA           - (balança a cabeça negativamente) Você está tão embriagada que já está quase caindo.

GABRIELA     - (coloca a mão contra o peito) Eu não estou me sentindo bem... É uma dor muito forte!

SOPHIA           - (fria) Não há dor nenhuma, você já não se agüenta em pé de tanto beber como uma louca.

GABRIELA     - Eu estou sentindo uma dor no peito.

SOPHIA           - Quer que eu abra a porta pra você sair? Assim, eu não corro o risco de ter você morta aqui dentro.

Cheia de más intenções, Sophia abre a porta. Conduz Gabriela até o lado de fora. Gabriela dá alguns passos e cai desmaiada no chão. Sophia fecha a porta rapidamente. Respira ofegante. Contém as lágrimas.

CENA 05 / CONDOMÍNIO / CORREDOR / INTERNA / DIA
Vânia a vizinha de Gabriela, abre a porta para sair. Depara-se com Gabriela caída em frente ao seu apartamento. Assusta-se. Desespera-se.

VÂNIA            - (grita) Meu Deus! Socorro!

Vânia atravessa o corredor. Vai até o apartamento de Gabriela. Grita por socorro. Bate na porta.
CORTA PARA: SALA DO AP DE GABRIELA E SOPHIA
Sophia está encostada na porta. Escuta os gritos de Vânia, mas não toma nenhuma atitude. Fica pensativa. Respira ofegante. Abre a porta novamente. Fica olhando para Gabriela desmaiada.

VÂNIA            - Sophia, me ajude! A sua mãe está desmaiada e não quer acordar de jeito nenhum. Chame o Seu Armando.

Sophia olha para Vânia. Corre para chamar o zelador do prédio. Alguns vizinhos e moradores de outros andares aparecem. Ajudam Vânia que está desesperada por causa de Gabriela.

CENA 06 / HOSPITAL / SALA DE ESPERA / INTERNA / DIA
Sophia caminha de braços cruzados de um lado para o outro pela sala de espera. Aguarda uma resposta do médico. Miguel aparece. Vê Sophia impaciente. Caminha em sua direção. A abraça fortemente.

MIGUEL          - Como a sua mãe está?

SOPHIA           - Está sob observação.

MIGUEL          - Como tudo ocorreu?

SOPHIA           - (fica inquieta por alguns minutos; mente) Ela estava bêbada, como sempre... Ela abriu a porta e saiu de casa. Eu só ouvi quando a vizinha começou a gritar que ela estava desmaiada no chão.

MIGUEL          - Você deve ter ficado muito mal.

SOPHIA           - (confusa) Na verdade, eu não fiquei mal. Eu apenas fiquei um pouco... Eu não sei como te explicar.

MIGUEL          - Está bem... Eu te entendo.

Miguel e Sophia se abraçam novamente. Ficam assim por alguns instantes.

CENA 07 / HOSPITAL / SALA DO MÉDICO / INTERNA / DIA
Sophia senta-se em frente à mesa do médico. Parece nervosa. O médico percebe. Olha para Sophia.

DR. GURGEL  - Você está bem, moça?

SOPHIA           - Sim.

DR. GURGEL  - Você parece estar abatida, deve a preocupação com sua mãe. (Sophia fica quieta. Gurgel continua) A sua mãe foi submetida a alguns exames. Nos resultados, eu posso ver que ela bebe com muita freqüência.

SOPHIA           - Ela é alcoólatra há dez anos.

DR. GURGEL  - Já é um tempo significativo para que as conseqüências do uso freqüente e exagerado de bebidas comecem a surgir.

SOPHIA           - Ela tem alguma coisa grave?

DR. GURGEL  - Eu sinto muito lhe dar essa informação, mas é o meu dever como médico: é bem provável que a sua mãe já esteja desenvolvendo um câncer no fígado e um sério problema cardíaco. Ela ainda terá que passar por exames mais detalhados, para que eu possa ter certeza do diagnóstico.

Sophia fica quieta novamente e se deixa levar por um turbilhão de pensamentos e lembranças.

CENA 08 / HOSPITAL / SALA DE ESPERA / INTERNA / DIA
Sophia sai da sala de Gurgel. Sente uma tontura. Miguel percebe que Sophia não está bem e corre rapidamente. Segura Sophia para não deixá-la cair.

MIGUEL          - O que houve, meu amor? Você está se sentindo bem?

Sophia não responde. Olha para Miguel. Não contém suas lágrimas. Miguel abraça Sophia tentando ampará-la.

1° INTERVALO COMERCIAL

CENA 09 / STOCK-SHOT / TAKES DE CURITIBA
Amanhece.


CENA 10 / AP DE GABRIELA E SOPHIA / SALA / INTERNA / DIA

Gabriela chega em casa acompanhada por Sophia. Reclama.

GABRIELA     - Eu nunca mais vou me submeter àquele monte de exames.

SOPHIA           - Faça como quiser... Quem está quase morrendo é você mesmo.

GABRIELA     - O médico te falou alguma coisa?

SOPHIA           - Não foi preciso o médico ter me dito nada para saber o que já está na cara: a bebida está te consumindo.

GABRIELA     - Eu não vou morrer tão cedo, eu não vou te dar essa alegria. Eu tenho que viver muito pra não te deixar ser feliz. (Sophia olha para Gabriela. Dá um sorriso irônico. Gabriela continua) Agora o que eu queria me lembrar é como eu fui desmaiar logo no corredor.

SOPHIA           - Como quer se lembrar sendo que você estava embriagada? Você abriu a porta, saiu e acabou caindo.

GABRIELA     - E eu garanto que por você, eu teria ficado atirada ao chão.

SOPHIA           - Eu não vou discutir com você.

GABRIELA     - (pensativa) Eu queria me lembrar o que realmente aconteceu, mas é uma pena que eu não vou conseguir.

SOPHIA           - O médico recomendou que você ficasse de repouso.

GABRIELA     - Você diz isso como se realmente se preocupasse comigo.

SOPHIA           - (irônica) A verdade é que eu não me preocupo nem um pouco com você. É uma pena que eu tenha que agir tão falsamente.

Gabriela fica olhando para a filha e logo retira-se.

CENA 11 / STOCK-SHOT / TAKES DE CURITIBA
Anoitece.

CENA 12 / AP DE GABRIELA E SOPHIA / QUARTO DE GABRIELA / INTERNA / NOITE
Gabriela está deitada. Sophia entra no quarto. Traz consigo um copo d’água e uma tabela de comprimidos. Os põe em cima da mesinha de cabeceira. Gabriela olha para o copo d’água e a tabela de comprimidos. Olha para Sophia.

GABRIELA   - Que remédio é esse?

SOPHIA         - É um remédio que o médico receitou para o coração. Você tem que tomá-lo todas as noites, sempre antes de ir dormir.

Gabriela pega um comprimido. Coloca na boca. Sophia lhe alcança o copo d’água. Gabriela fica olhando para Sophia. Parece desconfiada.

SOPHIA           - Tome!

GABRIELA     - Por que você está fazendo isso?

SOPHIA           - Eu não estou fazendo nada de errado.

GABRIELA     - Está, sim! É algo que você devia considerar errado. Por você, eu já estaria morta.

Sophia se contém para não falar. Engole seco.

SOPHIA         - Tome o seu remédio!

Gabriela pega o copo e bebe um pouco da água para ajudar a ingerir o comprimido. Por ser um remédio muito forte, a mulher acaba dormindo em instantes. Sophia fica olhando Gabriela por mais alguns segundos e depois se retira.

CENA 13 / STOCK – SHOT / TAKES DE CURITIBA
Amanhece.

CENA 14 / AP DE MIGUEL / SALA / INTERNA / DIA
Miguel ainda está dormindo. O alarme do despertador toca e ele acorda sobressaltado. Miguel sente um cheiro de café. Dá um leve sorriso. Levanta-se. Caminha até a cozinha.

CENA 15 / AP DE MIGUEL / COZINHA / INTERNA / DIA
Juliana serve seu copo de café com leite. Senta-se à mesa. Miguel aparece. Sorri.

MIGUEL          - Bem que eu senti o cheirinho de café. Se acordou cedo hoje?

JULIANA        - Sim e, então, resolvi preparar o café.

MIGUEL          - Obrigado!

JULIANA        - Não precisa agradecer, Miguel, tudo que eu fizer pensando em você será uma obrigação e não um simples favor. (Miguel fica quieto; senta-se à mesa. Juliana continua) Você deve estar muito cansado ainda.

MIGUEL          - É, esses dois últimos dias não foram fáceis.

JULIANA        - E por que você não veio pra casa?

MIGUEL          - Porque a mãe da Sophia estava no hospital.

JULIANA        - (espantada) A mãe da Sophia estava no hospital?

MIGUEL          - Sim... Mas por que esse espanto?

JULIANA        - Por nada.

MIGUEL          - Eu também tive que trabalhar, apesar de que meu serviço é muito simples, mas é cansativo também.

JULIANA        - Pelo menos, você está trabalhando em um lugar que gosta.

MIGUEL          - É... Lá, eu fico mais envolvido ainda com a arte.

JULIANA        - E eu fico feliz te ver que você se sente feliz.

MIGUEL          - Eu jurava que você pensasse o contrário.

JULIANA        - Miguel, não vamos brigar agora.

MIGUEL          - Eu apenas estou sendo realista. Você nunca se sentiu feliz com a minha felicidade.

JULIANA        - Por causa da Sophia... Mas eu não quero falar sobre isso. Eu quero continuar em paz com você.

MIGUEL          - É bom que a gente continue em paz.

Miguel toma um gole de café com leite. Juliana corta um pão e passa manteiga.

CENA 16 / CLUBE / CAIXA / INTERNA / DIA
Chega a hora do intervalo. Sophia coloca a cabeça entre os braços. Guilherme aparece e fica apreensivo ao perceber que a jovem moça não está bem.

GUILHERME  - Você está bem, Sophia?

Sophia olha para Guilherme. Seca as lágrimas rapidamente.

SOPHIA           - Oi, Guilherme!

GUILHERME  - Você está chorando?

SOPHIA           - Não, eu...

GUILHERME  - Não adianta mentir pra mim. Eu posso apenas ser o seu conhecido, mas posso parar pra te ouvir e te consolar se você quiser.

SOPHIA           - (dá um sorriso) Eu não vou te importunar com os meus problemas.

GUILHERME  - (sorri) Não, você jamais me importunaria, mesmo se ficasse horas e horas falando sobre os seus problemas

SOPHIA           - Acho que não é uma boa ideia.

GUILHERME  - Vamos lá, Sophia!

Sophia hesita, mas acaba acompanhando Guilherme.

2° INTERVALO COMERCIAL

CENA 17 / CLUBE / LANCHONETE / INT / DIA
Guilherme senta-se à uma das mesas da lanchonete, acompanhado por Sophia.

GUILHERME – E então?

SOPHIA           – Eu não tenho nada pra te falar.

GUILHERME – Ah, deve ter, sim! Faça de conta que você está conversando com uma amiga, finja que eu sou uma mulher.

SOPHIA           – Eu não consigo te imaginar como uma mulher.

GUILHERME – Ah, que bom! Eu jurava que algumas pessoas achassem que eu tinha trejeitos femininos, eu entrava em pânico toda vez eu pensava nisso.

SOPHIA           (sorri) Deve ser porque você acha que tem e não é os outros que acham.

GUILHERME – Ô, muito obrigado! Valeu!

Sophia dá uma risada. Guilherme olha admirado para Sophia.

SOPHIA           – Por que está me olhando assim?

GUILHERME – Porque eu acabei de te fazer rir e isso já é tudo para mim.

SOPHIA           – Não, eu e ele apenas estamos fortes e firmes. O Miguel é tudo em minha vida. (Guilherme disfarça o desgosto ao ouvi-la falar aquelas palavras. Continua a olhando atentamente. Sophia continua) Os meus problemas estão relacionados à outra pessoa.

GUILHERME – Você pode me dizer quem é? Eu estou aberto para qualquer coisa que você queira me dizer, faça de conta que eu sou o seu psicólogo.

SOPHIA           – Não, eu não quero te falar nada agora.

GUILHERME – Tem que haver mais confiança entre nós dois, não é?

SOPHIA           – Não, não interprete minhas palavras dessa forma. Eu apenas não quero me abrir, por enquanto, eu prefiro ficar um pouco fechada.

GUILHERME – Só me diga se são problemas graves, pode haver algo em que eu possa lhe ajudar.

SOPHIA           – Não há nada que você possa fazer.

GUILHERME – Se for questões financeiras, eu posso te ajudar e muito. Dinheiro não me falta.

SOPHIA           – Muito obrigada pela sua preocupação, mas não há nada que possa ser feito.

GUILHERME – Então, tá... Vamos almoçar?

SOPHIA           – Até já estava me esquecendo disso. Se você não me lembrasse, o meu intervalo iria acabar e eu iria ficar sem comer nada pelo resto do dia.

GUILHERME - Já  pensou se isso acontecesse? Ficar com fome não é bom, ainda mais quando não estamos nos sentindo bem.

SOPHIA           – É verdade.

Sophia e Guilherme levantam-se. Vão fazer seu pedido.

CENA 18 / STOCK-SHOT / TAKES DE CURITIBA / PASSAGEM DE TEMPO
Sucessão de imagens da cidade de Curitiba indicando passagem de tempo. As imagens acompanham uma música em ritmo frenético, dando impressão de aceleração.

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CENA 19 / UNIVERSIDADE / GALERIA DE ARTE / INTERNA / DIA
Damos um giro pela universidade, até chegarmos à galeria de arte, onde está montada uma pequena exposição dos quadros de Miguel. Poucas pessoas haviam aparecido. Miguel está nervoso. Ítalo está ao seu lado recepcionando os convidados. Mostra simpatia. Miguel olha para Ítalo. Comenta.

MIGUEL          - Eu sabia que não ia aparecer muita gente.

ÍTALO             - Fique calmo, Miguel, a recém está no início. Logo, logo vai aparecer mais gente.

MIGUEL          - (nervoso) E a Sophia... Ainda não chegou?

Miguel procura por Sophia. Olha ao seu redor. Ítalo olha para Miguel. Sorri.

CENA 20 / UNIVERSIDADE / FRENTE / EXTERNA / DIA
Sophia chega à universidade acompanhada por Cecília e Henrique, o noivo de Cecília. Guilherme aparece. Fica surpreso.

GUILHERME  - Quem diria que iríamos nos reencontrar logo aqui?

SOPHIA           - Que surpresa!

CECÍLIA          - (olha para Guilherme; para Sophia) Sophia, o Henrique e eu já vamos pra exposição.

SOPHIA           - Está bem... Já estou indo.

Cecília olha novamente para Guilherme. Retira-se acompanhada por Henrique. Guilherme aproxima-se de Sophia. Dá um sorriso.
GUILHERME  - Então você veio à exposição.

SOPHIA           - Você também?

GUILHERME  - Não, mas o meu pai virá. Ele se interessa muito por arte.

SOPHIA           - Então, com certeza, ele irá se interessar pelas obras do meu namorado.

GUILHERME  - A exposição é do seu namorado?

SOPHIA           - Sim. Ele é um grande artista, tem muito talento. Mas o que você está fazendo aqui, então?

GUILHERME  - O meu pai é...

Neste momento, Miguel aparece. Interrompe Guilherme. Miguel olha seriamente para Guilherme.

SOPHIA           - (sorri) Miguel, esse é o Guilherme, um amigo. E, Guilherme, esse é grande artista de eu que eu estava te falando e que também é meu namorado.

Miguel e Guilherme se cumprimentam com um aperto de mãos.

GUILHERME  - Prazer em conhecê-lo, Miguel!

MIGUEL          - (sério) O prazer é meu... Vamos, Sophia?

SOPHIA           - Não vai vir conosco, Guilherme?

GUILHERME  - Daqui a pouco eu estarei lá... Até logo!

SOPHIA           - Até logo!

Miguel e Sophia retiram-se. Guilherme fica para trás. Os olha fixamente.

CENA 21 / UNIVERSIDADE / GALERIA DE ARTE / INTERNA / DIA
Miguel e Sophia ficam em um canto. Sophia percebe os olhares estranhos de Miguel.

SOPHIA           - Por que está me olhando desse jeito, Miguel?

MIGUEL          - Quem era aquele cara?

SOPHIA           - Ele é meu amigo.

MIGUEL          - Engraçado! Você nunca me falou dele.

SOPHIA           - Eu estava esperando que vocês dois pudessem se conhecer pessoalmente.

MIGUEL          - Você devia ter me falado mesmo assim. Aquele dia, quando eu fui ao clube, eu peguei vocês dois de papinho e você disse que ele era apenas um conhecido.

SOPHIA           - Até aquele dia, ele era mesmo apenas um conhecido.

MIGUEL          - E agora já é o seu amiguinho? Está bem, Sophia.

SOPHIA           - Miguel, você devia estar feliz, é a primeira exposição de sua vida. Eu não vou brigar com você.

MIGUEL          - Isso aqui está terrível!

SOPHIA           - Por quê?

MIGUEL          - Tem pouca gente.

SOPHIA           - Mas é normal que isso esteja ocorrendo, afinal não tem imprensa e nem nada do tipo. É a recém a sua primeira exposição.

MIGUEL          - Você está querendo fugir do assunto que estávamos falando.

SOPHIA           - Não, eu apenas estou tentando pôr na sua mente que hoje devia ser um dia especial pra você.

MIGUEL          - (ironicamente) Tá bom.

SOPHIA           - Eu não gosto quando você age dessa forma.

MIGUEL          - Eu já não falo mais nada, Sophia.

Sophia olha para Miguel. Desvia o olhar. Miguel retira-se.

CENA 22 / UNIVERSIDADE / GALERIA DE ARTE / OUTRO PONTO / INTERNA / DIA
Carlos Alberto chega à exposição. Ao colocar os olhos no primeiro quadro surpreende-se com os mínimos detalhes daquela obra. Ítalo aparece e fica olhando o homem.

ÍTALO             - Está surpreso?

ALBERTO       - Eu não tinha acreditado no que você tinha me falado, mas agora vendo com meus próprios olhos... Eu estou completamente embasbacado.

ÍTALO             - O Miguel é um grande artista.

Carlos Alberto circula o local. Analisa as obras.

ALBERTO       - Eu quero conhecer esse artista revolucionário.

ÍTALO             - (sorri) Venha comigo!

Ítalo caminha em direção a Miguel. Carlos Alberto o acompanha.

CENA 23 / UNIVERSIDADE / GALERIA DE ARTE / OUTRO PONTO / INTERNA / DIA
Miguel conversa com um grupo de adolescentes, enquanto Sophia está sozinha em um canto. Cecília aparece.

SOPHIA           - Cecília, você falou pro Miguel que estava conversando com o Guilherme?

CECÍLIA          - Mas é claro que não, Sophia! Quando ele me perguntou onde você estava, eu respondi que você estava falando com uma conhecida sua.

SOPHIA           - Ah...

CECÍLIA          - Por quê?

SOPHIA           - Ele ficou um pouco bravo.

CECÍLIA          - Ciúmes, minha amiga, ciúmes.

Sophia fica olhando para Miguel, que de vez em quando olha para ela.

CENA 24 / UNIVERSIDADE / GALERIA DE ARTE / OUTRO PONTO / INTERNA / DIA
Carlos Alberto se aproxima de Miguel. Ficou o olhando com uma certa admiração.

ALBERTO       - Miguel.

Miguel olha para Carlos Alberto. Dá um leve sorriso e estende sua mão. Carlos Alberto o cumprimenta com um aperto de mão.

MIGUEL          - Muito obrigado por ter vindo a minha exposição.

ALBERTO       - Você já ouviu falar de mim ou me conhece?

MIGUEL          - Não.

ALBERTO       - Meu nome é Carlos Alberto Fontinelly, sou dono dessa universidade.

MIGUEL          - (sorri) É um prazer ter o senhor aqui, na minha exposição.

ALBERTO       - O prazer está sendo meu, pois eu estou tendo a oportunidade de conhecer as obras de um verdadeiro artista revolucionário.

MIGUEL          - Muito obrigado!

ALBERTO       - Você tem um talento surpreendente.

MIGUEL          - Eu estou muito lisonjeado com essas palavras. É muito bom receber o reconhecimento de alguém tão importante quanto o senhor. Eu nem sei como lhe agradecer.

ALBERTO       - Eu praticamente já estava te procurando há muito pouco, porém eu sei como você pode me agradecer.

MIGUEL          - Como assim?

ALBERTO       - Eu vou te explicar melhor, meu caro: eu sou um homem muito rico, não apenas dono dessa universidade, mas de um império educacional. Só que eu também me interesso por arte, até mesmo entendo muito; aprendi com a minha esposa algumas coisas, a vida dela era a arte. Era a paixão dela.

MIGUEL          - Eu entendo. A arte também é a minha vida, a minha paixão.

ALBERTO       - Ela era uma artista muito talentosa, mas acabou falecendo precocemente. Ocorreu um dia antes de ela completar 47 anos. Ela foi derrotada por um câncer cerebral.

MIGUEL          - Eu sinto muito.

ALBERTO       - Hoje, eu sou um homem aposentado, quero dizer, ainda cuido dos meus negócios, mas já não tenho mais nada pra fazer da minha vida. E, então, eu resolvi que iria procurar um grande artista aqui, no Brasil. E eu acabei de achá-lo.

MIGUEL          - O que o senhor está querendo dizer com isso?

ALBERTO       - Que eu quero te colocar no mercado das artes, eu quero patrocinar a sua carreira.

Miguel fica surpreso. Começa a respirar ofegante. Tenta conter a emoção. Em Miguel.
CORTA PARA:

3º INTERVALO COMERCIAL



CENA 25 / UNIVERSIDADE  /  GALERIA DE ARTE / INTERNA / DIA
Continuação da cena anterior. Miguel continua olhando para Carlos Alberto, que sorri. Percebemos que Miguel está sem palavras.

MIGUEL          - Ainda não estou conseguindo acreditar nisso... Mas o senhor mal me conhece.

ALBERTO       - O Ítalo já tinha me falado sobre você e o seu trabalho artístico.

MIGUEL          - Então foi o Ítalo que...

ALBERTO       - (interrompe Miguel) Se não fosse ele, eu não teria ficado sabendo dessa exposição e nem teria vindo.

MIGUEL          - Eu tenho que agradece a ele.

Ítalo aparece. Miguel o olha com afeto.

ÍTALO             - Está chorando, Miguel?

MIGUEL          - Eu não estou acreditando que você falou sobre as minhas obras para o...

ALBERTO       - (sorri) Pode me chamar de Senhor Fontinelly.

ÍTALO             - Eu fiz isso porque você é um grande artista, Miguel.

MIGUEL          - O que eu posso fazer pra te agradecer?

ÍTALO             - Exponha o seu talento ao mundo. Mas agora, eu ficaria satisfeito apenas com um abraço.

Miguel dá um sorriso. Abraça Ítalo, fortemente.

MIGUEL          - Obrigado por tudo, meu amigo.

ÍTALO             - Seja feliz, Miguel.

Sophia aproxima-se. Miguel a olha. Sorri.

SOPHIA           - O que está acontecendo?

MIGUEL          - Eu acabei de receber uma grande proposta. Eu acabei de ganhar a chance que poderá me fazer ficar reconhecido pelo meu talento.

SOPHIA           - Eu não estou acreditando.

MIGUEL          - Eu também não.

SOPHIA           - Parabéns, meu amor!

Miguel e Sophia abraçam-se fortemente. Beijam-se.

ALBERTO       - (interfere) Vamos deixar as comemorações de lado. Eu quero saber se você aceita a minha proposta, Miguel.

MIGUEL          - Eu ainda estou tentando assimilar tudo isso, eu estou muito feliz.

ALBERTO       - Eu te entendo.

MIGUEL          - Mas é claro que eu aceito.

ALBERTO - Então, amanhã passe na reitoria porque eu estarei o dia todo aqui.

MIGUEL          - Muito obrigado!

ALBERTO       (sorri) Chega de agradecimentos, rapaz. (t) Agora eu tenho que ir embora. Até amanhã!

MIGUEL          - Até amanhã!

Carlos Alberto vai embora e Ítalo o acompanha. Miguel olha para Sophia. A abraça novamente.

CENA 26 / STOCK-SHOT / TAKES DE CURITIBA
Sequência de imagens da cidade de Curitiba em ritmo frenético. As imagens são mostradas como flashes.

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CENA 27 / UNIVERSIDADE / GRAMADO / EXTERNA / DIA
Miguel e Sophia estendem um pano sobre o gramado que fica nos arredores na universidade. Os dois deitam-se e se dão as mãos.

SOPHIA           (sorri) Você está preste a realizar o seu grande sonho.

MIGUEL          (empolgado) Ainda não consigo crer em tudo isso, eu fui pego de surpresa. Meu Deus! E eu achando que esse dia fosse demorar pra chegar.

SOPHIA           – É a recém o começo de uma nova fase na sua vida.

MIGUEL          – Nas nossas vidas. Com o tempo, iremos poder morar juntos.

SOPHIA           – Eu não vou poder morar com você.

MIGUEL          (levanta-se) O quê?

Miguel fica sentado. Olha para Sophia seriamente. Sophia também se senta.

SOPHIA           – Miguel, eu não posso deixar a minha mãe.

MIGUEL          – Mas nós vamos continuar aqui, em Curitiba.

SOPHIA           – O Senhor Fontinelly irá querer te levar pra Europa.

MIGUEL          – E você vem comigo.

SOPHIA           – E a minha mãe?

MIGUEL          – Mesmo depois de todo o sofrimento que ela te causou, você ainda pensa nela?

SOPHIA           – Eu não queria deixá-la sozinha. Às vezes, eu penso em abandoná-la, em deixar que ela morra sem ter ninguém ao lado dela, mas eu... Eu não quero fazer isso.
MIGUEL          – E eu, Sophia?

SOPHIA           – Miguel, não pense que eu estou te deixando. Eu apenas não queria deixar a minha mãe sozinha, pelo menos por enquanto.

MIGUEL          – A sua mãe acabou com a sua vida... Aliás, ela não sabe ser mãe, ela nunca soube. Se você estivesse na situação dela, ela não iria se preocupar em ficar do seu lado. Ela iria querer te ver morta.

SOPHIA           – E você acha que eu não penso nisso também? Tudo isso passa pela minha mente, tudo isso me perturba. Quantas vezes, eu não cheguei a desejar a morte dela? Quantas vezes, eu não quis vê-la longe de mim? Eu não vou carregar nenhuma lembrança boa dela. Eu só vou carregar mágoas, as dores, as feridas que me corroem por dentro. Só que, ao mesmo tempo, eu não queria deixá-la porque eu lembro que ela é a minha mãe.

MIGUEL          – Eu até entendo que sua mãe esteja doente, mas ela não parece se importar com isso. Ao contrário, ela só quer viver pra continuar te infernizando, você mesma me disse isso.

SOPHIA           – Você não entende que, por mais que ela tenha acabado com a minha vida, há algo que me prende a ela.

MIGUEL          – Eu não te entendo e nunca vou te entender, Sophia. Há algum tempo atrás, você queria ir comigo pra qualquer lugar que eu fosse, mas repentinamente mudou de ideia por causa de uma pessoa que não te ama e nunca vai te amar de verdade.

SOPHIA           – Ela é a minha mãe.

MIGUEL          – Uma mãe desnaturada que só te deixou traumas, que conseguiu te transformar em uma pessoa confusa.

SOPHIA           – Eu não sou uma pessoa confusa.

MIGUEL          – Você é uma pessoa confusa porque já não sabe mais o que quer em sua vida.

SOPHIA           – Você está exagerando.

MIGUEL          – Não, Sophia, eu não estou exagerando. Você queria viver comigo e agora está colocando nossos sonhos fora.

SOPHIA           – Você irá realizar o seu sonho.

MIGUEL          – Eu só vou realizar se você estiver comigo, senão não será a mesma coisa. Eu não vou ser feliz sem você ao meu lado.

Miguel chora. Sophia não contém suas lágrimas ao ver Miguel chorando.

SOPHIA           – Se eu pudesse fazer com que tudo fosse diferente.

MIGUEL          – As coisas podem ser diferentes, é só você querer, Sophia!

Sophia toca o rosto do rapaz. Ele a olha triste.

SOPHIA           – Eu te amo muito.

MIGUEL          – Você quer desperdiçar o nosso amor.

SOPHIA           – Não, eu não quero fazer isso.

MIGUEL          – Então fique comigo.

SOPHIA           – Eu já estou com você.

MIGUEL          – Eu quero ter a certeza e a segurança de que você sempre estará comigo, não importando em que lugar eu esteja. (Sophia ficou quieta e se levantou. Miguel continua) Será que nossas promessas não valiam de nada? Será que estávamos mentindo um ao outro sem imaginarmos?

SOPHIA           – Nós não estávamos mentindo, Miguel.

MIGUEL          – Mas é assim que eu estou me sentindo agora. Será que eu enganei a mim mesmo?

SOPHIA           – Não diga mais isso. (Miguel fica quieto) Eu já vou embora.

Sophia fica olhando Miguel. Miguel continua quieto. Sophia retira-se.
CENA 28 / HOTEL / QUARTO DE GUILHERME E ALBERTO / INTERNA / DIA
Carlos Alberto e Guilherme estão sentados à mesa. Conversa já iniciada. Conversam sobre Miguel. Guilherme olha seriamente para Carlos Alberto.

GUILHERME (revoltado) Eu não acredito que o senhor irá patrocinar a carreira daquele pintorzinho.

ALBERTO       (corrige Guilherme) Pintorzinho, não! Ele é um grande artista revolucionário!

GUILHERME – Ele é o namorado da Sophia.

ALBERTO       (surpreso; sorri) Então ele é o namorado da Sophia? Eu jamais pude imaginar que o rival do meu filho é o meu artista prodígio. A vida é muito irônica!

GUILHERME – O senhor não pode patrocinar a carreira dele.

ALBERTO       (sério) Guilherme, o fato de o Miguel ser namorado da garota por qual você diz estar apaixonado, não me impede de patrocinar a carreira dele. Eu não tenho a ver com isso.

GUILHERME – O senhor é o meu pai e deveria estar ao meu lado.

ALBERTO       – Eu não vou ficar ao lado de um homem cheio de caprichos, que enfiou na mente que tudo e todos giram ao seu redor.

GUILHERME – Só que o pai não pode ajudar uma pessoa que está atrapalhando o meu caminho.

ALBERTO       – Eu irei patrocinar a carreira dele, irei dar a chance que ele precisa para expor o talento dele ao mundo. Agora, essa guerrinha ridícula que você quer declarar contra ele não tem nada a ver comigo.

  Guilherme aproxima-se mais de Alberto. Fica o fitando.

GUILHERME (sério) Eu mando botar fogo naquele espaço de arte para que aquelas obras queimem.

ALBERTO       (sem paciência) O Miguel é uma fonte inesgotável de talento, apenas iria ser uma parte do trabalho dele que seria perdida. E também, se você mandar você fazer isso, eu sou o primeiro a te entregar na polícia. (Guilherme se afastou e passou as mãos pelos cabelos com nervosismo. Carlos Alberto continua) Você não iria ser capaz de colocar o prédio da universidade em risco, afinal também faz parte da sua herança.

GUILHERME (ofegante) O senhor não pode patrocinar a carreira daquele infeliz.

ALBERTO       (altera a voz) Não adianta insistir, Guilherme, não adianta! Quando eu coloco algo em minha mente, não há diabo que consiga tirar e me fazer mudar de ideia. (Guilherme dá um leve sorriso irônico. Carlos Alberto continua) Por que você não vai dormir? Vá dormir! Vá ver se descansa um pouco essa mente e tire essas bobagens da cabeça. Tire a Sophia também de sua cabeça.

Guilherme retira-se revoltado. Carlos Alberto levanta-se. Serve um copo com uísque. Senta-se em uma poltrona na varanda do quarto.

CENA 29 / AP DE MIGUEL / SALA / INTERNA / DIA
Miguel chega ao seu apartamento. Fecha a porta. Fica encostado na parede. Juliana aparece. Ficou o olhando.

JULIANA –      E como foi a exposição?

Miguel não responde nada. Retira-se. Juliana acha estranho. Vai atrás dele.
CORTA PARA: Quarto de Miguel
Miguel senta-se na cama. Tira o sapato. Juliana aparece. Encosta-se na parede.

JULIANA         – Miguel, por que você não respondeu a minha pergunta?

MIGUEL          – Me deixe em paz, Juliana!

JULIANA         – Eu só queria saber o que aconteceu. Eu não gosto de te ver assim.

MIGUEL          – A exposição deu muito certo.

JULIANA         – Então por que você está assim?

MIGUEL          – Eu já não respondi a sua pergunta, agora você já pode me deixar em paz.

JULIANA         – Só que você está abatido, está mal.

MIGUEL          (grita revoltado) Me deixe em paz!

JULIANA         (com os olhos marejados) Está bem.

Juliana rapidamente. Miguel tira a camisa. Desaba na cama em seguida.

CENA 30 / AP DE GABRIELA E SOPHIA / SALA / INTERNA / DIA
Sophia chega em casa. Senta-se no sofá. Não contém as lágrimas. Gabriela aparece. Fica olhando para Sophia.

GABRIELA      – Você vive chorando, Sophia, isso é algo enjoativo!

SOPHIA           (limpa as lágrimas) O que você está fazendo aqui?

GABRIELA      – Ora... Eu estou na minha casa.

SOPHIA           – Você já devia ter tomado o seu remédio e já ter dormido.

GABRIELA      – Pare de fingir que se preocupa comigo.

SOPHIA           – Já que você pensa assim, eu não vou mais ligar pro fato de que você precisa tomar seus remédios.

GABRIELA      – Que bom! Até porque eu não gosto de pessoas fingidas.

SOPHIA           – Não é preciso que eu me finja para que você não goste de mim.

GABRIELA      – Isso é verdade.

SOPHIA           – Então você admite que não gosta de mim?

GABRIELA     - E isso vai fazer alguma diferença em sua vida, garota?

SOPHIA           – Você não é uma mãe de verdade. Eu não mereço ter uma mãe como você, eu não mereço ter essa vida.

GABRIELA      (debochada) Cada um tem o que merece, aprenda isso.

SOPHIA           – Você diz como se estivesse satisfeita com sua vida.

GABRIELA      – Pelo menos, eu não vivo chorando.

SOPHIA           – Você faz pior, você enche a sua cara de bebida.

GABRIELA      – Fazer drama pra quê? Eu também não estou satisfeita com a minha vida, eu também não desejei ter uma filha como você, aliás, eu não queria ter filhos... Eu só engravidei porque aquele idiota do Marcelo sonhava em ter uma menina, mas a verdade é que nem ele soube ser um pai de verdade.

SOPHIA           – Pelo menos, ele me amou de verdade. Ele me fez feliz, ao contrário de você que só me trouxe infelicidade.

GABRIELA      – Por que a maioria dos seres humanos tem essa ideia inútil de nutrir que só é feliz quando se recebe o amor de verdade? É isso que eu não entendo. Ninguém é feliz porque é amado, as pessoas são realmente felizes quando tem amor próprio.

SOPHIA           – Quem é você pra falar de amor próprio ou de felicidade? Você é a pessoa que menos tem amor próprio nesse mundo, você é a pessoa mais infeliz que eu conheço. Se você tivesse amor próprio, não estaria acabando com sua própria vida.

GABRIELA      – E por que será que eu faço isso? Porque eu tive um marido fracassado e tenho uma filha que nunca me deu motivos para sentir orgulho ou qualquer outro tipo de sentimento ou afeto.

SOPHIA           – Sentimento e afeto: você não sabe o significado dessas palavras. Você nunca vai saber o que é um afeto de verdade. Eu estava preste a deixar o único caminho de minha felicidade para trás por sua causa, porque eu realmente estava ficando preocupada... Mas eu não vou fazer isso. Eu não vou desistir da minha felicidade por sua causa, eu não vou deixar que você me destrua novamente.

GABRIELA      – Você tanto acredita em felicidade que acabará mais infeliz do que eu.

SOPHIA           (revoltada) A sua praga não irá pegar.

GABRIELA      (sonsa) É o seu destino, Sophia.

SOPHIA           (com os olhos marejados) O seu destino é que irá ser triste. Eu não tenho pena de você, eu tenho pena é do que irá ser de você.

GABRIELA      – Você vai acabar como eu, Sophia.

SOPHIA           – Não, você está muito enganada, eu vou ser feliz. Agora o que irá ser de você, só Deus sabe.

Sophia retira-se. Gabriela dá um sorriso malicioso.

GABRIELA      – Você me paga, Sophia!

Gabriela olha psicoticamente para um lugar vago da casa. Pega um copo. O serve com cachaça. Bebe de uma vez.

CENA 31 / STOCK-SHOTS / TAKES DE CURITIBA
Amanhece.

CENA 32 / UNIVERSIDADE / REITORIA / INTERNA / DIA SEGUINTE
Miguel senta-se na poltrona em frente a uma mesa. Fica a espera de Carlos Alberto. Após alguns minutos, o homem aparece.

ALBERTO       – Me desculpe a demora, Miguel.

MIGUEL          – O rapaz que me trouxe até aqui falou que o senhor estava em uma reunião.

ALBERTO       – Era uma reunião muito importante.

Eles se cumprimentam com um aperto de mãos. Carlos Alberto senta-se também à mesa.

ALBERTO       – E, então, já podemos fechar um acordo?

MIGUEL          – Senhor Fontinelly, nós precisamos conversar antes de qualquer coisa.

ALBERTO       – Sim, claro, nós iremos conversar...

MIGUEL          – Mas não é sobre nosso acordo, quero dizer, é sobre ele, porém eu quero lhe dizer outra coisa.

ALBERTO       – Fale, meu caro.

MIGUEL          – Eu não vou mais aceitar a sua proposta.

Carlos Alberto olha surpreso para Miguel. Miguel o encara. Carlos Alberto fica sem ação.

4º INTERVALO COMERCIAL

CENA 33 / UNIVERSIDADE / GALERIA DE ARTE / INTERNA / DIA
Guilherme entra na galeria de arte. Fica olhando com raiva para as obras de Miguel, que ainda estavam expostas. Ele pega um dos quadros. Faz menção de quebrar a tela. Ítalo aparece neste exato momento.

ÍTALO             – O que você está fazendo com esse quadro?

Guilherme larga o quadro. Olha seriamente para Ítalo que o fitava.

GUILHERME – Eu estava admirando a obra.

ÍTALO             – Você só pode admirar, não pegá-la!

GUILHERME – O senhor diz isso como se fossem as obras de um grande artista.

ÍTALO             – Mas são as obras de um grande artista. (Guilherme dá uma risada irônica. Ítalo não gosta de seu comportamento) Você já pode se retirar, não acha?

GUILHERME – E se eu não quiser, seu velho caduco? Com quem você acha que está falando?

ÍTALO             – Eu estou falando com o filho do dono dessa universidade, mas isso não te faz melhor do que ninguém aqui dentro.

GUILHERME – Eu vou ser dono de tudo isso aqui. E quando isso ocorrer e, se por uma desgraçada vontade da vida, você ainda estiver vivo, eu te escorraço daqui e você nunca mais põem seus pés aqui dentro. E acabo com essa maldita galeria de arte.

Ítalo fica quieto. Guilherme retira-se  revoltado.

CENA 34 / UNIVERSIDADE / REITORIA / INTERNA / DIA
Carlos Alberto levanta-se da poltrona. Fica inquieto. Miguel olha para Carlos Alberto.

ALBERTO       – Miguel, por que você mudou de ideia repentinamente?

MIGUEL          – Eu queria poder lhe explicar, mas é algo que não convém.

ALBERTO       – Até entendo o fato de você não querer me explicar, mas é algo que devia, afinal eu lhe fiz uma proposta que pode mudar a sua vida “da água para o vinho” e, repentinamente, você decide que não quer mais aceitar.

MIGUEL          – Eu tenho os meus motivos.

ALBERTO       – Você não está com toda a convicção sobre essa sua decisão.

MIGUEL          – Como assim?

ALBERTO       – Você não está seguro disso, eu posso ver no modo como você está agindo e me olhando. É como se você estivesse sendo obrigado a fazer isso.

MIGUEL          – Eu estou fazendo isso por vontade própria.

ALBERTO       – Ou está agindo contra sua vontade?

MIGUEL          – Eu não vou poder te explicar nada, Senhor Fontinelly, só quero agradecer por ter me dado essa chance.

ALBERTO       – E quando você vai encontrar uma outra chance dessas? Você está jogando no lixo o seu próprio futuro, não está enxergando?

MIGUEL          – Com licença, Senhor Fontinelly, mas eu preciso ir embora agora.

Miguel retira-se rapidamente. Carlos Alberto tenta se adiantar. Grita.

ALBERTO       (desconcertado) Miguel, volte aqui! Volte aqui, Miguel!- Disse Carlos Alberto, desconcertado.

Carlos Alberto inconformado, senta-se na poltrona e fica pensativo. Recosta a cabeça na poltrona. Parece estar sem chão.

CENA 35/UNIVERSIDADE/FRENTE/EXTERNA/DIA
Guilherme sai da universidade. Deixa transparecer a sua revolta. Ele entra em seu carro, dá a ré e quase acaba batendo em outro carro.

MIGUEL          (in-off) Não viu o meu carro, não?

Guilherme retira-se de seu carro para ver quem havia feito aquela pergunta. Ao ver Miguel, surpreende-se. Miguel e Guilherme ficam se fitando seriamente por alguns segundos.

CENA 36/CONFEITARIA/SALÃO/INTERNA/DIA
Juliana está à espera de alguém. Gabriela chega. Senta-se à mesa em que Juliana está.

JULIANA         (estranha) Por que mandou me chamar aqui?

GABRIELA      – Porque nós precisamos ter uma conversa séria.

JULIANA         – É sobre aqueles dois, não é?

GABRIELA      – Sobre quem mais poderia ser? Nós temos que separar eles de uma vez... Eu não quero mais ver a Sophia ao lado daquele moleque imundo.

Juliana fica olhando para Gabriela com admiração. Gabriela acende um cigarro. Olha para trás e chama um garçom. Olha para Juliana com ar superior. Juliana sorri. Gabriela fica séria.

CENA 37/UNIVERSIDADE/FRENTE/EXTERNA/DIA
Guilherme e Miguel continuam se olhando por mais alguns instantes. Miguel aproxima de Guilherme com indignação.

MIGUEL          – Não viu o meu carro?

GUILHERME – Quem mandou você deixar essa lataria atrás do meu carro?

MIGUEL          – Você poderia ter batido nele, não interessa o fato de que ele estava atrás do seu carro.

GUILHERME – E se eu tivesse batido, o que você iria fazer?

MIGUEL          – Eu iria te fazer pagar o conserto.

GUILHERME – Essa lataria já não tem mais conserto. E da próxima vez, não deixe essa porcaria atrás do meu carro, porque senão eu bato mesmo.

MIGUEL          – Quero ver você fazer isso.

GUILHERME – E o que você vai fazer, seu molóide?

Miguel perde a paciência. Pega Guilherme pelo colarinho da camisa.

MIGUEL          – Eu vou te ensinar a não ser tão desaforado, seu mauricinho ridículo!

GUILHERME – Me agrida! Vai! Você me agride e o meu pai irá ficar sabendo.

MIGUEL          (irônico) Vai correr pro papai então? Eu nem conheço o teu pai, seu idiota!

GUILHERME – Tem certeza que não conhece o milionário que quer patrocinar a sua carreira?

Miguel o larga. Fica o olhando.

MIGUEL          (surpreso) Você é filho do Carlos Alberto Fontinelly?

Guilherme não responde. Apenas dá um sorriso debochado. Ítalo aparece rapidamente.

ÍTALO             – O que está acontecendo aqui?

GUILHERME – Não está acontecendo nada.

Guilherme ficA olhando alguns segundos para o rival. Entra em seu carro e vai embora.

ÍTALO             – Miguel, o que houve pra você quase agredir aquele insuportável?

MIGUEL          – Pelo visto, você também não gosta dele.

ÍTALO             – Ele é muito abusado. Mas o que estava acontecendo?

MIGUEL          – Ele quase bateu no meu carro.

ÍTALO             – Só por isso?

GUILHERME – Não, ele quase apanhou porque é muito desaforado. E só de pensar que ele se tornou amigo da Sophia, me dá mais raiva ainda... Eu não imaginava que ele fosse filho do Senhor Fontinelly.

ÍTALO             – É, ele é filho do Carlos Alberto, sim! E é bem diferente do pai.

Ítalo e Miguel conversam por alguns instantes. Em seguida, Miguel entra no carro, dá a partida e vai embora. Ítalo acena para o rapaz.

CENA 38/CONFEITARIA/SALÃO/INTERNA/DIA
Gabriela dá um gole em seu cappuccino. Juliana fica a olhando. Gabriela percebe que Juliana a olha e a encara.

GABRIELA      – Por que não bebe o seu cappuccino, não gosta?

JULIANA         – Não, eu estava aqui te observando.

GABRIELA      – Me observando? Vai dizer que me admira?

JULIANA         – Eu não entendo o porquê de uma mãe não querer a felicidade da própria filha.

GABRIELA      – Não me veja dessa forma. Eu quero ver a Sophia ao lado de outro homem, não ao lado do seu primo. E também, você irá se beneficiar da infelicidade dela, afinal poderá ter a chance de conquistar o Miguel e tê-lo como o homem que você deseja.

JULIANA         – Eu tenho medo de te ajudar a separar os dois e o Miguel nunca esquecer a sua filha... Aliás, ele nunca vai esquecê-la, ocorrerá a mesma coisa que aconteceu há dez anos atrás.

GABRIELA      – Eu não acredito que você está pensando em desistir por causa disso.

JULIANA         – Eu não quero separar os dois e acabar não tendo o que eu quero.

GABRIELA      – Você terá o que quer, é isso que você tem que colocar em sua mente. Há dez anos atrás, eles não se esqueceram porque não ficaram magoados um com o outro, mas dessa vez será diferente. A Sophia terá que ter uma grande decepção com o Miguel.

Juliana fica um pouco pensativa. Olha para Gabriela em seguida.

JULIANA         – Eu tenho que pensar ainda.

GABRIELA      (irritada) Você quer mais um tempo para pensar? Olha aqui, garota, eu não sou mulher de perder tempo!

JULIANA         (enfrenta Gabriela) E se você não me der mais um tempo, eu não vou te ajudar em nada.

GABRIELA      – Está bem. Eu vou te dar mais um tempo.

JULIANA         – Não é mais um tempo, é o tempo que eu quiser!

GABRIELA      – Só que nós podemos perder mais tempo. Eu quero separar a minha filha daquele desgraçado e tem que ser pra agora, porque depois será tarde demais.

Gabriela dá mais um gole no seu cappuccino. Come um pedaço de bolo. Juliana olha apreensiva para Gabriela. Toma também um gole de cappuccino e come um pedaço de bolo, sempre de olho em Gabriela.

CENA 39/STOCK-SHOTS/TAKES DE CURITIBA/PASSAGEM DE TEMPO
Sucessão de imagens da cidade de Curitiba mostrando uma passagem de tempo. As imagens são mostradas em ritmo frenético, acompanhado por uma música ambiente.

Inserir legenda: Alguns dias depois...

CENA 40/PRÉDIO ONDE SOPHIA MORA/FRENTE/EXTERNA/DIA
Cecília e Sophia conversam em frente ao prédio onde Sophia mora com Gabriela. Despedem-se.

SOPHIA           – Adeus, minha amiga!

CECÍLIA          – Por que “adeus”, Sophia? Provavelmente iremos nos rever no ano que vem, eu quero você seja a madrinha do meu casamento.

SOPHIA           – Até logo, então!

As duas se abraçam fortemente. Emocionam-se.

CECÍLIA          – Eu vou sentir muito a sua falta.

SOPHIA           (sorri) Eu também, Cecília.

CECÍLIA          – Seja feliz, minha amiga! Seja feliz e não desperdice nenhuma chance de encontrar novos caminhos que te levem apenas a felicidade.

Sophia balança a cabeça positivamente. Cecília entra no automóvel. Está acompanhada por Henrique. O carro dá a partida. Eles se vão. Sophia fica olhando para o carro. Sorri. Acena para o carro.

CENA 41/STOCK-SHOTS/TAKES DE CURITIBA
Dia seguinte.

CENA 42/CLUBE/SALÃO/INTERNA/TARDE
Sophia está saindo de seu trabalho. Guilherme aparece repentinamente trás uma rosa vermelha.

GUILHERME (galante) Uma linda rosa para uma rosa mais linda ainda.

Sophia pega a rosa. Sente seu aroma. Dá um sorriso.

SOPHIA           – Obrigada, Guilherme!

GUILHERME – Já está indo pra casa?

SOPHIA           – Não, eu vou passar na universidade pra me encontrar com o Miguel.

GUILHERME – Eu posso te levar até lá.

SOPHIA           – Desta vez, eu vou aceitar a sua carona, mas só porque você me deu essa linda rosa.

GUILHERME – Eu posso te dar muito mais do que uma rosa, você sabe disso.

SOPHIA           – Já vai começar, Guilherme?

GUILHERME (galante) Mas é verdade, Sophia. Eu sou herdeiro de uma herança inestimável. Eu posso dar o que você quiser, basta você corresponder os meus sentimentos.

Guilherme toca o rosto de Sophia. Miguel aparece na mesma hora. Fica furioso ao ver Guilherme tocando o rosto de Sophia. Vai com tudo em direção à Guilherme.

MIGUEL          (grita) Desgraçado!

Miguel dá um soco em Guilherme. Guilherme cai no chão. Alternamos olhares de Sophia, Miguel e Guilherme. Congela em “Guilherme”.

FIM DO CAPÍTULO 22

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