Memória DNA | Com Amor | Capítulo 23 (2ª Fase - 2º Ciclo)




COM AMOR

Capítulo 23
SEGUNDA FASE
– Segundo Ciclo -

Novela de:
MARCUS VINICK
MIGUEL RODRIGUES

Direção Geral
Miguel Rodrigues
 Personagens deste capítulo

SOPHIA
MIGUEL
GUILHERME
ÍTALO
GABRIELA
CARLOS ALBERTO
JULIANA
CAROLINA
EVANDRO
VICTOR (participação)
MELLO (participação)
CARDOSO (participação)

ARIEL (participação)

CENA 01. CLUBE. SALÃO. INTERIOR. DIA.
Continuação da última cena do capítulo anterior. Revoltado, Miguel faz menção de agredir Guilherme novamente. Sophia o impede.

SOPHIA           – (apavorada) Chega, Miguel!

MIGUEL          – Vai defender esse desgraçado, é? Esse infeliz estava te tocando e você devia estar gostando, não é?

SOPHIA           – Eu já iria tirar a mão dele do meu rosto, eu não preciso que você me defenda e ainda mais agindo de forma agressiva.

MIGUEL          – (revoltado) E como você queria que eu tratasse esse playboyzinho? Queria que eu fizesse carinho nele, assim como ele estava fazendo em você?

SOPHIA           – Ele não estava fazendo me acariciando.

MIGUEL          – Mas queria.

SOPHIA           – Por que você não vai embora, Miguel?

MIGUEL          – Eu não acredito que você está me mandando ir embora.

SOPHIA           – Vá embora!

MIGUEL          – Pode deixar, mas não venha me procurar mais tarde.

Miguel vai embora irritado. Sophia ajuda Guilherme a se levantar.

SOPHIA           – Você se feriu?

GUILHERME – Sim, ele me deixou com um corte na boca.

SOPHIA           – Bem que você mereceu.

GUILHERME – Achei que você estivesse ao meu lado.

SOPHIA           – O Miguel errou muito em ter partido pra agressão, mas você também errou em ter me tocado.

GUILHERME – Eu apenas toquei o seu rosto.

SOPHIA           – (irritada) Não quero mais que você faça isso, aliás, eu não quero mais te ver por um bom tempo.

GUILHERME – E a nossa amizade?

SOPHIA           – Estava tudo bem entre nós até que você veio me dizendo àquelas coisas novamente.

GUILHERME – O que eu posso fazer se estou apaixonado por você?

SOPHIA           – (T: ofendida) Você falou que é herdeiro de uma herança inestimável e que poderia dar tudo que eu quisesse. Você acha realmente que pode me comprar com o seu dinheiro?

GUILHERME – Não foi a minha intenção lhe passar essa aparência.

SOPHIA           – Não seja falso, Guilherme! Você acha mesmo que pode me comprar, mas está muito enganado. Eu estou muito decepcionada com você.

Sophia retira-se. Joga a rosa vermelha que Guilherme lhe deu no chão. Guilherme a observa por alguns instantes. Retira-se.
CORTA PARA:

CENA 02. STOCK-SHOTS. TAKES DE CURITIBA
Dia seguinte.

CENA 03. UNIVERSIDADE. SALA DE ARTES VISUAIS. INTERIOR. DIA
Miguel tenta criar uma nova obra. Mas suas tentativas são em vão. Ítalo se aproxima. Fica o fitando.

ÍTALO             – Você e Sophia brigaram novamente?

MIGUEL          – Brigamos por causa daquele mauricinho nojento.

ÍTALO             – O Guilherme?

MIGUEL          – Esse infeliz mesmo.

ÍTALO             – Mas o que ele tem feito?

MIGUEL          – Você ainda não percebeu Ítalo? Ele está fazendo de tudo pra conquistar a Sophia, ele quer tirá-la de mim a todo o custo.

ÍTALO             – Cafajeste! Mas você tem que ficar tranqüilo, Miguel, a Sophia não irá cair nas “garras” dele.

MIGUEL          – Eu já não sei de mais nada, meu amigo. Eu e a Sophia temos brigado muito ultimamente.

ÍTALO             – Miguel, aceite a proposta do Carlos Alberto e vá pra qualquer lugar com Sophia, desde que seja até mesmo na Europa.

MIGUEL          – Isso não iria resolver os nossos problemas.

ÍTALO             – Iria, sim!

MIGUEL          – (T: decidido) Eu tenho que ter uma conversa séria com a Sophia. Hoje, eu vou até a casa dela.

Miguel olha para Ítalo. Ítalo fica quieto. Observa Miguel.
CORTA PARA:

CENA 04. STOCK-SHOTS. TAKES DE CURITIBA
Anoitece.

CENA 05. AP DE GABRIELA E SOPHIA. QUARTO DE GABRIELA. INTERIOR. NOITE.
Gabriela caminha até a sua cama. Senta-se. Abre a gaveta da mesinha de cabeceira. Tira a tabela de comprimidos de dentro. Abre um e coloca na boca. Põe água em um copo e bebe. Gabriela fica meio tonta. Deita-se e logo adormece.
CORTA PARA:

CENA 06. AP DE GABRIELA E SOPHIA. COZINHA. INTERIOR. NOITE.
Sophia termina de jantar. Lava a louça. A campainha toca. Ela vai atender a porta. Faz uma expressão séria ao ver que é Miguel.

MIGUEL          – Está brava comigo ainda?

Sophia não responde nada. Sai de casa.
CORTA PARA: CORREDOR
Fecha a porta ao sair. Fala em tom mediano com Miguel.

SOPHIA           – Engraçado! Você disse pra eu não ir te procurar.

MIGUEL          – Você havia me mandado embora, se esqueceu?

SOPHIA           – Porque você havia agido como um verdadeiro desvairado.

MIGUEL          – Eu tinha a minha razão.

SOPHIA           – Você perdeu a razão quando agrediu o Guilherme.

MIGUEL          – Você está ao lado dele, não é?

SOPHIA           – Eu não fiquei ao lado dele, ao contrário, eu praticamente pedi pra que ele fique longe de mim por um bom tempo.

MIGUEL          – Deveria ser pra sempre, não por bom um tempo.

SOPHIA           – Desde que ele se afaste...

MIGUEL          – Que bom que você está pensando assim agora. Finalmente, você viu que ele não vale nada.

SOPHIA           – O que você veio fazer aqui, Miguel?

MIGUEL          – Vim conversar com você.

SOPHIA           – Eu também preciso conversar com você. Vamos lá pra baixo!

Miguel e Sophia retiram-se. Descem às escadas.
CORTA PARA:

CENA 07. CONDOMÍNIO. RECEPÇÃO. INTERIOR. NOITE.
Miguel e Sophia chegam à pequena recepção. Sentam-se à porta. Encaram-se.

MIGUEL          – Posso começar ou você começa?

SOPHIA           – Comece!

MIGUEL          – Eu desisti da proposta do Senhor Fontinelly.

SOPHIA           – Por que você fez isso?

MIGUEL          – Porque eu não queria ir pra Europa ou pra qualquer outro lugar sem você ao meu lado.

SOPHIA           –Você não deveria ter feito isso.

MIGUEL          – Eu fiz isso por você, Sophia.

SOPHIA           – Você não pode desistir de seus sonhos por minha causa.

MIGUEL          – Eu não quero realizar os meus sonhos sem que você esteja comigo. Eu não vou ser feliz enquanto não ter a plena certeza de que você estará sempre ao meu lado.

SOPHIA           – Converse com o Senhor Fontinelly e aceite novamente a proposta.

MIGUEL          – E você, Sophia?

SOPHIA           – Eu vou com você pra onde você for, Miguel.

MIGUEL          – (T: dá um leve sorriso) Você está querendo dizer que...

SOPHIA           – Que eu te amo e que não vou deixar de ser feliz ao seu lado.

MIGUEL          – Não estou acreditando nisso.

SOPHIA           – Eu te amo, Miguel!

MIGUEL          – Eu também te amo, Sophia, você é tudo para mim, tudo! (T: eles se olham fixamente e acabam se beijando longamente) Sophia, eu só tenho que te dizer uma coisa.

SOPHIA           – O quê?

MIGUEL          – Eu não posso aceitar a proposta do Senhor Fontinelly.

SOPHIA           – Por quê?

MIGUEL          – Porque ele é o pai do Guilherme.

SOPHIA           – Miguel, isso não irá interferir em nada.

MIGUEL          – Eu temo que a gente não tenha paz com aquele mauricinho nos rondando.

SOPHIA           – Ele não vai ficar nos rondando, porque eu não quero nada com ele. Eu quero apenas viver o meu amor com você.

Miguel e Sophia beijam-se novamente. Valorizar o momento dos dois.
CORTA PARA:

1° INTERVALO COMERCIAL

CENA 08. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA.
Dia seguinte.
CORTA PARA:

CENA 09. UNIVERSIDADE. GALERIA DE ARTE. INTERIOR. DIA.
Carlos Alberto aparece na galeria de arte da universidade. Fica admirando as novas obras de Miguel. Miguel aparece. Fica o olhando. Carlos Alberto percebe a presença de Miguel. Olha para ele.

ALBERTO       – Miguel.

MIGUEL          – Tudo bem, Senhor Fontinelly?

ALBERTO       – Você pode me chamar de Carlos Alberto, se quiser, é claro! Gostei de suas novas obras.

MIGUEL          – Ainda não estão terminadas.

ALBERTO       – Mas já demonstram o quanto carregam os seus sentimentos.

MIGUEL          – O senhor consegue detectar o espírito da obra, isso é algo muito bonito.

ALBERTO       – A minha esposa me ensinou a ver uma obra artística através de um outro olhar, um olhar capaz de enxergar até muito mais do que cada desenho, do que cada pintura quer representar. Você também deve ter esse mesmo olhar, não tem?

MIGUEL          – Tenho. Quando eu fazia alguns desenhos sobre Sophia, eu queria enxergar a alma dela e colocar na obra de uma forma que transparecesse muito mais do que eu queria representar.

ALBERTO       – Você gosta muito dessa garota, não?

MIGUEL          – Ela é a minha vida. Eu a amo muito. Nós nos amamos desde crianças, mas naquela época não tínhamos noção de esse amor iria se tornar mais forte e que acabaríamos juntos.

ALBERTO       – Afinal, vocês eram duas crianças.

MIGUEL          – Sim. E também, nós ficamos oito anos afastados. Foi um tempo muito difícil.

ALBERTO       – Eu até posso imaginar.

MIGUEL          – Mas, hoje, estamos juntos e queremos ser apenas felizes. E é por isso que eu não aceito a sua proposta, Senhor Fontinelly.

ALBERTO       – Mas, Miguel, assim eu me sinto...

MIGUEL          – (interfere) Não me entenda de uma forma errada, por favor?

ALBERTO       – Mas por que a minha proposta poderia prejudicar a sua felicidade?

MIGUEL          – Porque o senhor é pai do homem quer tirar a Sophia de mim.

ALBERTO       – Miguel, esse não é o motivo.

MIGUEL          – É o motivo, sim! Eu não quero nenhuma aproximação com o seu filho e não quero que ele chegue mais perto da minha namorada.

ALBERTO       – Eu não tenho nada a ver com essa rixa entre você e o meu filho. Eu apenas quero que você aceite a minha proposta, porque você terá a chance de se tornar um artista renomado e, além disso, internacionalmente. Se você aceitasse a minha proposta, eu iria fazer você “estourar” com seu talento na Europa.

MIGUEL          – E o Guilherme?

ALBERTO       – Não se importe com o Guilherme! Eu conheço o meu filho e sei que ele irá acabar quebrando a cara quando acabar caindo com seu próprio orgulho e com sua própria arrogância.

MIGUEL          – (T: sincero) Isso se eu não quebrar a cara dele antes.

ALBERTO       – Se você fizer isso aqui, na minha universidade, eu chamo a polícia e os dois vão parar no xilindró. E digo mais: não tem graça ver dois homens brigando por causa de uma mulher. O bom mesmo é quando ocorre o contrário, pois o “barraco” tem mais emoção, apesar de que não deixa de ser ridículo também. (Carlos Alberto, sorri. Miguel acaba sorrindo também. Continua) E, então, meu caro, vai aceitar a minha proposta?

Miguel sorri novamente.

MIGUEL          – Aceito.

Carlos Alberto sorri para Miguel. Os dois se cumprimentam com um aperto de mãos.
CORTA PARA:

CENA 10. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA.
Mais tarde.

CENA 11. CLUBE. CORREDOR DOS VESTIÁRIOS. INTERIOR. HORA DO INTERVALO.
Sophia sai do vestiário. Depara-se com Guilherme. Sophia não lhe dá atenção. Passou reto. Guilherme vai atrás de Sophia. A pega pelo braço. Sophia tenta se soltar de Guilherme.

SOPHIA           – Me solte!

GUILHERME – Sophia, nós precisamos conversar.

SOPHIA           – Nós não temos nada pra conversar, eu já disse que não queria mais falar com você por um bom tempo.

GUILHERME – Mas eu quero conversar com você.

SOPHIA           – Me solte! Você está me machucando!

GUILHERME – Sophia, eu te amo! Você não pode fazer isso comigo, me dê uma chance de mostrar que eu não sou uma pessoa tão prepotente como você imaginar.

SOPHIA           – Eu já disse pra você me soltar.

GUILHERME – Me dê à chance de mostrar que eu realmente amo você.

SOPHIA           – Me solta!

GUILHERME – Eu não vou te soltar, eu vou te levar daqui e nós iremos conversar.

Um dos funcionários aparece. Interfere.

VICTOR           – (grita) Solte ela agora e vá embora!

GUILHERME – Quem é você pra me mandar ir embora?

VICTOR           – Se eu chamar os seguranças, será pior pra você. Vá embora!

GUILHERME – Eu vou mandar chamar o gerente dessa droga e vou te demitir, seu idiota!

VICTOR           – (T: grita revoltado) Vá embora!

GUILHERME – Eu ainda não desisti de você, Sophia.

Guilherme retira-se logo em seguida. Sophia olha para o colega com gratidão.

SOPHIA           – Obrigada, Victor!

VICTOR           – Se o Senhor Mello tivesse te pegado aqui, gritando com aquele brutamontes, ele não iria pensar duas vezes e te demitiria.

SOPHIA           – Eu sei disso e prometo que isso não vai mais se repetir. Obrigada novamente!

Victor retira-se. Sophia respira com alivio.
CORTA PARA:

CENA 12. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA.
Anoitece.

CENA 13. AP DE MIGUEL. SALA. INTERIOR. NOITE.
Miguel chega a casa. Juliana aparece apenas veste uma camiseta.

MIGUEL          - Isso é jeito de se vestir, Juliana?

JULIANA        - Eu não vejo nada de errado. E também, eu estou com meu primo e ele não se interessa nenhum um pouco por mim.

MIGUEL          - Você é muito engraçadinha!

JULIANA        - Você acha mesmo?

MIGUEL          - Ah, Juliana, hoje, você não vai conseguir estragar o meu bom humor.

JULIANA        - Aconteceu algo especial?

MIGUEL          - Aconteceu... Aconteceu é que a minha vida está preste a mudar totalmente. Ah, eu já falei com o Ítalo, meu amigo e dono desse apartamento, e ele deixou que você ficasse morando aqui.

JULIANA        - Eu não estou te entendendo, Miguel.

MIGUEL          - Então eu vou ser mais claro: daqui há alguns dias, ainda não sei exatamente quando, eu vou embora.

SOPHIA           - Embora? Como assim? Miguel, você não pode ir embora. Pra onde você vai?

MIGUEL          - Eu sinto muito, mas isso eu não vou te revelar.

JULIANA        - Você não é nem doido de me deixar aqui sozinha.

MIGUEL          - Eu nunca tive nada a ver com você.

JULIANA        - Mas, Miguel...

MIGUEL          - Acho até que vou passar em Campo Bonito pra me despedir de minha mãe e de meu pai. Não quer vir comigo? Assim, eu já te largo lá e você fica por lá mesmo.

JULIANA        - Você está brincando com a minha cara, só pode ser isso.

MIGUEL          - Não, eu estou falando até sério demais com você.

JULIANA        - E pra onde você vai depois?

MIGUEL          - Eu já disse que não vou te dizer, não entendeu ou quer que eu desenhe?

Miguel retira-se em direção ao seu quarto. Juliana vai atrás dele.
CORTA PARA: QUARTO DE MIGUEL
Juliana pega Miguel pelo ombro. Miguel vira-se. A encara.

JULIANA        - E você vai levar a Sophia junto, é isso?

MIGUEL          - A Sophia já não sai mais do meu lado.

JULIANA        - E a mãe dela já sabe que vocês pretendem viajar juntos?

MIGUEL          - A mãe dela não sabe de nada e nem irá ficar sabendo.

JULIANA        - Você acredita mesmo que irá ser feliz ao lado da Sophia?

MIGUEL          - E eu vou ser feliz ao lado dela. A Sophia é o amor da minha vida.

JULIANA        - Vocês não irão ser felizes, ainda mais se a mãe dela fizer alguma coisa pra vocês acabarem de afastando de vez.

MIGUEL          - Do que você está falando, Juliana?

JULIANA        - Nada.

MIGUEL          - Não, agora você irá me falar.

JULIANA        - Eu apenas te falei algo que está na cara.

MIGUEL          - A mãe dela não poderá fazer mais nada. Não há mais nada que possa me afastar da Sophia, mais nada.

JULIANA        - Se eu fosse você, não apostava muito nisso.

MIGUEL          - E você diz isso como se estivesse prevendo ou como se soubesse de algo.

JULIANA        - Eu não sei de nada. Eu apenas estou te dando um aviso, um conselho.

MIGUEL          - Eu não preciso de seus conselhos, Juliana, você é tão infeliz que chega a desejar que a mãe da Sophia faça algo pra nos afastar novamente... Mas você não irá conseguir o quer e acabará “caindo do cavalo”.

Miguel retira-se novamente. Juliana não contém as lágrimas. Fica pensativa por uns instantes.
FLASH-BACK
           Miguel tocou o cavalo e depois tocou a mão de Sophia. Ela olhou para ele e deu um sorriso. Juliana ficou revoltada e se retirou. Ela deu alguns passos olhando para baixo e se deparou com uma serpente... Ela pegou a cobra com as mãos e a levou até o pequeno cercado. Largou o animal por perto e ficou observando para ver o que iria ocorrer logo em seguida.

Juliana continua pensativa.
FLASH-BACK

JULIANA          - Eu não vou deixar vocês dois ficarem juntos.

Voltamos para Juliana. Que chora de ódio. Ela pega um vaso. Grita. Atira o vaso contra a parede. Em seguida, num surto, Juliana solta sua fúria em alguns objetos do quarto, que se quebram.
CORTA PARA:
CENA 14. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA. PASSAGEM DE TEMPO.
Sucessão de imagens da cidade de Curitiba em ritmo frenético. As imagens da cidade são mostradas de um modo acelerado, indicando passagem de tempo.
Inserir Legenda: Alguns dias se passam...
CORTA PARA:

CENA 15. CAMPO BONITO. FRENTE DA CASA DE CAROLINA E EVANDRO. EXTERIOR. DIA.
Miguel chega a Campo Bonito. Ao ver Miguel, Carolina emociona-se. Corre para abraçar Miguel.

CAROLINA     – (emocionada) Meu filho, você voltou!

Eles ficam abraçados por alguns instantes. Não contém as lágrimas.
FUNDE PARA:

CENA 16. CASA DE CAROLINA E EVANDRO. COZINHA. INTERIOR. DIA.
Miguel come um pedaço de bolo e toma um xícara de café-com-leite. Carolina o observa. Miguel olha para a mãe.

MIGUEL          - Eu já estava com saudades dos seus bolos, minha mãe.

CAROLINA     – (sorri) Parece que eu estava adivinhando que você viria e preparei esse bolo de aipim.

MIGUEL          - É o meu favorito!

CAROLINA     - Estou muito feliz por você, meu filho. Você, finalmente, vai realizar todos os seus sonhos.

MIGUEL          - Eu vou pra Europa, mas jamais irei esquecer de mandar cartas e sempre vou mandar dinheiro.

CAROLINA     - Não precisa mandar dinheiro nenhum, meu filho.

MIGUEL          - Não, mãe, eu quero ajudar a senhora e o pai. Daqui há alguns anos, talvez, vocês podem ir morar comigo, eu venho buscar vocês.

CAROLINA     - Não, meu filho, eu não saio daqui de Campo Bonito de jeito nenhum e nem mesmo o seu pai.

MIGUEL          - Mas, mãe...

CAROLINA     - Não, filho, o nosso lugar é aqui. Já o seu lugar é lá, na Europa. Lá, você irá ser reconhecido e ficará famoso.

MIGUEL          - Eu queria tanto a senhora ao meu lado.

CAROLINA     - A Sophia já estará ao seu lado.  (não contém as lágrimas novamente. Continua) Eu estou muito orgulhosa de você, meu anjo.

- Eu te amo, mãe!

Miguel e Carolina se abraçam fortemente.

CAROLINA     - Seja feliz, meu filho, e brilhe como o grande artista que você é.

MIGUEL          - Obrigado, minha mãe, muito obrigado! Obrigado por tudo!

CAROLINA     - Não precisa agradecer, meu anjo. Eu te amo muito.

MIGUEL          - Eu também te amo.

Evandro aparece. Emociona-se ao ver a cena. Evandro sorri. Aproxima-se.

EVANDRO      - Meu filho...

   Miguel olha para Evandro. Dá um leve sorriso.

MIGUEL          - Pai.

Evandro e Miguel se abraçam fortemente. Evandro parecia não querer largar o filho.

EVANDRO      - Meu filho, você está de volta.

MIGUEL          - Eu voltei, pai, pra me despedir novamente.

EVANDRO      - Você vai voltar pra Curitiba?

MIGUEL          - Não, pai, eu estou indo pra Europa.

EVANDRO      - Europa?

MIGUEL          - Eu consegui realizar o meu grande sonho e agora vou pra lá.

   Evandro fica meio bobo. Depois se dá conta.

EVANDRO      - E eu nunca acreditei que você iria realizar seus sonhos.

MIGUEL          - Pois eu estou conseguindo. E vou levar a Sophia comigo.

EVANDRO      - Eu quero que você me perdoe, meu filho, por eu nunca ter acreditado em você.

MIGUEL          - O senhor não precisa me pedir perdão.

EVANDRO      - Mas eu quero que você me perdoe. Eu sei que devo ter te machucado, muitas vezes em que eu te coloquei pra baixo, muitas vezes que eu disse que você não iria conseguir nada.

MIGUEL          - Talvez o senhor tivesse medo de que eu acabasse sofrendo ou me dando mal pelo mundo.

EVANDRO      - Não, meu filho, não era isso. Eu não acreditava mesmo em você... E você sabe disso.

MIGUEL          - Agora tudo já passou, meu pai.

Miguel e Evandro se abraçam novamente. Carolina fica emocionada com a cena que vê. Aproxima-se dos dois e os abraçam. Os três ficam abraçados por alguns instantes.
CORTA PARA:

2° INTERVALO COMERCIAL

CENA 17. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA. PASSAGEM DE TEMPO.
Nova sucessão de imagens em ritmo acelerado indica uma nova passagem de tempo.

Inserir legenda: Mais alguns dias depois...
CENA 18. HOTEL. QUARTO DE GUILHERME E ALBERTO. INTERIOR. DIA
Guilherme entra sorrateiramente no quarto. Certifica-se de que Carlos Alberto não se encontra. Olha por todos os lugares do quarto. Pega um objeto que está enrolado em um pano branco. Retira de dentro de uma maleta. Guilherme desenrola o pano, tira um revólver. Fica o alisando. Percebemos que o olhar de Guilherme é um olhar psicótico e cheio de ódio.
CORTA PARA:

CENA 19. CURITIBA. PRAÇA. EXTERIOR. DIA
Miguel e Sophia se encontram. Abraçam-se fortemente.

MIGUEL          - Amanhã é o dia.

SOPHIA           - Graças a Deus, já será amanhã.

MIGUEL          - Você já fez arrumou suas coisas?

SOPHIA           - Já. Deu pra colocar tudo naquela mochila velha.

MIGUEL          - Quando estivermos em Londres, vamos fazer compras.

SOPHIA           - Nós iremos pra Londres?

MIGUEL          - Sim.

SOPHIA           - Nossa! E você já está pensando em fazer compras?

MIGUEL          - Mas é claro.

Sophia dá um sorriso. Balança a cabeça negativamente. Olham-se fixamente.

SOPHIA           - Nem estou acreditando que nós vamos ser felizes de uma vez por todas.

MIGUEL          - E vamos ser muito felizes.

Miguel e Sophia beijam-se. Valorizar o momento dos dois.
CORTA PARA:

CENA 20. CONFEITARIA. SALÃO. INTERIOR. DIA.
Juliana e Gabriela se encontram em uma confeitaria. Conversam. De vez em quando tomam um gole de cappuccino e comem um pedaço de bolo.

GABRIELA     - Então é amanhã.

JULIANA        - É amanhã.

GABRIELA     - Fique tranqüila. É amanhã que nós vamos colocar aquele nosso plano em ação. Vai ser exatamente na hora em que a Sophia estiver chegando ao prédio.

JULIANA        - O Miguel vai esperar ela na rua, onde ele estará ajeitando as coisas dele no carro.

GABRIELA     - Então vai ser exatamente nessa hora.

JULIANA        - Então, tá...

Gabriela fica um pouco pensativa. Olha para Juliana.

GABRIELA     - Eu poderia resolver tudo isso de uma forma mais fácil.

JULIANA        - Que forma mais fácil?

GABRIELA     - Acabando com a vida do teu priminho.

JULIANA        - Você não seria capaz de fazer isso.

GABRIELA     - Eu sei do que eu sou capaz, garota!

JULIANA        - Se você fizer isso, eu...

GABRIELA     - O que você irá fazer? Você quer morrer junto?

JULIANA        - (exaltada) Você é uma louca!

GABRIELA     - Não se exalte, garota!

JULIANA        - Você tem que me prometer que não vai fazer nada contra o Miguel.

GABRIELA     - Pode ficar tranqüila, até porque se eu tiver que fazer algo, já se prepare pra ser a próxima vítima.

Juliana olha para Gabriela. Desvia o olhar. Fica um pouco preocupada. Gabriela toma um gole de cappuccino. Olha para Juliana. Dá um sorriso irônico.
CORTA PARA:

CENA 21. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA
Amanhece.

CENA 22. AP DE GABRIELA E SOPHIA. QUARTO DE GABRIELA. INTERIOR. DIA SEGUINTE.
Sophia chega trazendo um comprimido e um copo com água. Entrega à sua Gabriela. Gabriela olha para Sophia e fica encarando a filha por alguns instantes.

GABRIELA     - É mais um remédio para o coração?

SOPHIA           - É... Tome a água.

Gabriela toma toda a água. Entrega para Sophia. Sophia a observa. Gabriela parece estar incomodada.

GABRELA      - Vai ficar aqui, no quarto?

SOPHIA           - Eu já vou me retirar.

Sophia retira-se. Para na porta. Vê que Gabriela havia adormecido. Sophia retira-se rapidamente.
CORTA PARA: QUARTO DE SOPHIA
 Sophia entra em seu quarto. Pega sua mochila. Retira-se.
CORTA PARA: QUARTO DE GABRIELA
Gabriela abre os olhos. Cospe o comprimido. Levanta-se rapidamente.

GABRIELA      - (para si) Ela acha que é mais esperta do que eu, ela está muito enganada.

Gabriela pega a sua bolsa. Pões os óculos escuros. Retira-se prontamente.
CORTA PARA:

3° INTERVALO COMERCIAL

CENA 23. PRÉDIO ONDE MIGUEL MORA. FRENTE. EXTERIOR.DIA.
Miguel ajeita sua bagagem no carro. Olha a hora em seu relógio de pulso. Juliana aparece por trás.

JULIANA        - Miguel...

MIGUEL          - O que você quer, Juliana?

JULIANA        - Não me deixe aqui, eu te amo.

MIGUEL          - Volte pro apartamento, Juliana!

JULIANA        - Por favor, me leve com você?

MIGUEL          - Você está louca, eu jamais te levaria comigo.

Sophia aparece neste exato momento. Vai atravessar a rua. Guilherme surge em seu carro. Observou Miguel. Guilherme revoltado mira o revólver para Miguel. Juliana vê que Sophia está atravessando à rua. Continua investindo em Miguel, de modo que mostre que o rapaz não está brigando com ela.

JULIANA        - Miguel, fique comigo! Eu te amo!

MIGUEL          - Saia daqui!

Juliana agarra Miguel. O beija a força. Sophia vê tudo. Na mesma hora fica decepcionada. Miguel empurra Juliana.

MIGUEL          - Sua louca!

JULIANA         - (grita para que Sophia ouça) Você só me largou porque viu a sua namoradinha, não é?

Miguel olha para Sophia. Decepcionada, Sophia retira-se. Juliana sorri maliciosamente.

MIGUEL          - Meu Deus! Sophia volte aqui!

Sophia não contém as lágrimas. Sai correndo. Miguel vai atrás de Sophia. Guilherme guarda o revolve. Dá um sorriso ao ter presenciado aquela cena. Miguel entra no carro. Liga o motor do carro. Acelera. Vai atrás de Sophia.
CORTA PARA:

CENA 24. RUA. EXTERIOR. DIA        
Em outro ponto, Miguel consegue alcançar Sophia. Desce do carro. A segura pela cintura. Sophia começa a agredi-lo. Miguel tenta acalmá-la.

MIGUEL          - Sophia, fique calma!

SOPHIA           - Como você quer eu fique calma? Como você pôde ter feito aquilo comigo?

MIGUEL          - A Juliana me agarrou.

SOPHIA           - E como você não se defendeu?

MIGUEL          - Mas eu a empurrei, você não viu? Sophia, você tem acreditar em mim. O Senhor Fontinelly está nos esperando no aeroporto.

SOPHIA           - Eu não vou mais.

MIGUEL          - Como assim?

SOPHIA           - Eu ouvi em alto e bom som quando a sua prima gritou que você só tinha a largado porque tinha me visto.

MIGUEL          - A Juliana queria nos separar e, pelo visto, ela conseguiu.

SOPHIA           - Você é quem conseguiu acabar com tudo nós tínhamos.

MIGUEL          - Sophia, pelo o amor de Deus, não faça isso comigo! Eu te amo!

SOPHIA           - Se você me amasse, não teria me feito passar por essa humilhação: você me traiu na rua, para que todos vissem.

MIGUEL          - Eu não trai você, a Juliana é quem me agarrou a força.

SOPHIA           - Não seja ridículo, Miguel!

MIGUEL          - Por que você não acredita em mim?

SOPHIA           - Porque eu vi o que aconteceu.

MIGUEL          - Se você me amasse mesmo, acreditaria em mim.

SOPHIA           - Não duvide do meu amor por você, Miguel... Só que você acabou de me magoar muito, você acabou de destruir os nossos sonhos, os nossos planos, a vida que iríamos levar juntos. Adeus! Vá pra Europa, aproveite e leve aquela vagabunda da sua prima, ela sempre gostou de você e agora ela conseguiu o que tanto desejava.

Sophia retira-se. Miguel a pega novamente pela cintura. Não contém as lágrimas. Eles ficam se olhando fixamente.

MIGUEL          - Não faça isso comigo, Sophia, eu te imploro!

SOPHIA           - Está tudo acabado.

MIGUEL          - E o nosso amor?

SOPHIA           - Você acabou de destruir tudo isso. Adeus, Miguel! Seja feliz!

Sophia vai embora. Deixa Miguel desesperado.

MIGUEL          - (grita) Sophia!

Miguel encosta-se em um muro. Acaba caindo no chão aos prantos. Juliana fica o olhando de longe.
CORTA PARA:

CENA 25. PARQUE. EXTERIOR. DIA
Sophia chega ao parque. Encosta-se em uma árvore. Chora desesperadamente. Guilherme aparece. Sophia o olha. Guilherme aproxima-se dela. Toca em seu rosto.

GUILHERME  - Chore, Sophia, chore!  (ele a envolve em seus braços. Sophia acaba deixando. Guilherme continua) Chorar limpa todas as feridas.

Guilherme abraça Sophia que não para de chorar. Ele fica abraçado a ela por alguns instantes.
CORTA PARA:

CENA 26 A. RUA. EXTERIOR. DIA
Miguel desconsolado, levanta-se. Vê que Juliana o olha. Miguel a fulmina com o olhar. Miguel vai ao encontro de Juliana. Juliana retira-se rapidamente. Entra no condomínio. Miguel corre atrás dela, tomado de ódio.
CORTA PARA:

CENA 26 B. AP DE MIGUEL. SALA. INTERIOR. DIA
Juliana entra no apartamento. Tenta trancar a porta. É impedida por Miguel que está muito revoltado. Miguel entra de uma vez no apartamento. Juliana recua com medo.

JULIANA        - O que você vai fazer, Miguel?

Miguel pega Juliana pelo braço. A joga contra o sofá.

MIGUEL          - Desgraçada!

JULIANA        - Você não pode me bater!

MIGUEL          - A minha vontade não é de bater, a minha vontade é de matar, sua infeliz! Mas eu não vou fazer isso, eu não vou sujar as minhas mãos, eu não vou ser covarde.

JULIANA        - Então o que você vai fazer?

MIGUEL          - Eu quero que você pegue suas coisas e saia desse apartamento já.

JULIANA        - Eu não tenho pra onde ir.

MIGUEL          - Eu quero que você morra mendigando, mas nesse apartamento você não fica mais. Vá arrumar suas coisas, porque o Senhor Fontinelly já deve estar me esperando.

JULIANA        - Você vai viajar do mesmo jeito?

MIGUEL          - (grita) Vá arrumar as suas coisas e não me faça mais perguntas, antes que eu perca a minha paciência de vez.

Juliana levanta-se rapidamente. Vai ao quarto de Miguel. Coloca todas as suas roupas em uma mochila. Juliana volta para a sala. Miguel a pega pelo braço. A expulsa do apartamento. Ele tranca a porta. Coloca a chave no bolso.

JULIANA        - Miguel, eu não tenho pra onde ir.

MIGUEL          - Vá pro inferno!

JULIANA        - Eu não posso ficar na rua.

MIGUEL          - Se vira! Vá trabalhar com o que você já estava fazendo em São Paulo, sua vagabunda!

Miguel retira-se. Juliana fica ali no corredor por alguns instantes. Não contém as lágrimas. Encosta-se na parede e deixa-se cair ao chão.
CORTA PARA:

CENA 27. RUA. CARRO DE MIGUEL. INT/EXT. DIA
Miguel entra em seu carro. Liga o motor e parte para o aeroporto. No caminho, Miguel acaba não contendo as lágrimas novamente. Todos os momentos que vivera com Sophia, se passa pela sua mente em forma de flashes. Vemos várias situações vividas 

- Miguel e Sophia crianças. Correm pelo jardim da fazenda ou se deitam no gramado para acompanhar o pôr-do-sol;
  As despedidas, as cartas que se mandavam.
  O reencontro depois de oito anos.
   O primeiro beijo.
  O início do namoro.
   As juras de amor eterno.

Voltamos para Miguel se derramando em lágrimas.
CORTA PARA:

CENA 28. AEROPORTO. SALA DE ESPERA. INTERIOR. DIA.
Miguel chega ao aeroporto. Carlos Alberto está a sua espera. Vê que Miguel aproxima-se. Estranhou o fato de Miguel estar desacompanhado.

ALBERTO       - Miguel, você já está atrasado, o vôo sairá em quinze minutos.

MIGUEL          - Me desculpe!

ALBERTO       - E onde está a Sophia?

MIGUEL          - Eu não quero falar sobre a Sophia. Vamos embora!

Carlos Alberto e Miguel retiram-se. Congela em “Carlos Alberto e Miguel”.
CORTA PARA:

4º INTERVALO COMERCIAL



CENA 29. PARQUE. EXTERIOR. DIA.
Continuação da cena 25. Guilherme continua abraçado a Sophia. Sophia se afasta de Guilherme.

GUILHERME  - Sophia, onde você vai?

SOPHIA           - Eu vou para a minha casa.

GUILHERME  - Você não está em condições de ir sozinha pra casa.

SOPHIA           - Por que essa preocupação toda? Como você sabia que estava aqui?

GUILHERME  - (mente) Eu estava andando pelo parque e acabei te vendo.

SOPHIA           - Mentira! Você é tão louco que só podia estar me seguindo.

GUILHERME  - Está bem, Sophia, eu confesso: eu estava te seguindo.

SOPHIA           - Então você viu tudo que aconteceu? Está feliz agora?

GUILHERME  - A culpa não é minha, você sabe muito bem disso.

SOPHIA           - Eu achei que o Miguel me amasse realmente. Era tudo uma ilusão. E também, talvez, o nosso amor já tivesse desgastado.

GUILHERME  - Você deve estar muito magoada, mas eu posso ficar com você.

SOPHIA           - Como assim?

GUILHERME  - Eu posso te dar todo o meu carinho, posso te confortar com a minha amizade.

SOPHIA           - Eu não quero nada de você.

GUILHERME  - O que eu fiz de errado, Sophia?

SOPHIA           - (grita) Eu quero distância de você, aliás, eu quero distância de todo mundo.

Sophia retira-se. Guilherme dá um sorriso.

GUILHERME  - Não adianta fugir, você será minha.

Guilherme observa Sophia ir embora. Retira-se.
CORTA PARA:

CENA 30. AP DE GABRIELA E SOPHIA. SALA. INTERIOR. DIA.
Sophia chega em casa. Coloca a mochila no sofá. Chora por longos minutos. Gabriela aparece. Fica olhando a filha.

GABRIELA     - E então, Sophia, está se sentindo feliz?

SOPHIA           - Me deixe em paz!

GABRIELA     - Eu disse que você nunca iria conseguir ser feliz, mas você preferiu acreditar em felicidade.

SOPHIA           - Eu não sei do que você está falando.

GABRIELA     - Você sabe muito bem. O problema é que você achou que eu fosse boba e não iria descobrir que você estava tendo um romance com aquele moleque imundo, que você jurava ser o amor de sua vida.

   Sophia olha surpresa para Gabriela.

SOPHIA           - Eu não acredito que você sabia de mim e do Miguel.

GABRIELA     - (sorri) Eu fiquei sabendo há pouco tempo. Você foi tão idiota, Sophia.

SOPHIA           - Eu amava o Miguel.

GABRIELA     - Só que o conto de fadas acabou e vocês dois serão infelizes para sempre.

SOPHIA           - Como você sabe que acabou?

GABRIELA     - Sophia, pense mais um pouco, seja mais esperta. Eu não iria deixar você ficar com aquele coitado, eu nunca gostei da amizade que havia entre vocês dois. E quando eu descobri que você e ele estavam namorando... Eu decidi que iria separar vocês dois.

SOPHIA           - O que você fez?

GABRIELA     - Eu fiz o que você deve ter visto há uma ou duas horas atrás.

Sophia levanta-se boquiaberta.

SOPHIA           - Você armou tudo aquilo?

GABRIELA     - Por um bom motivo. Eu te avisei que eu não iria te deixar ser feliz enquanto eu estivesse viva, garota. E agora, eu acabei de assinar a sua infelicidade pro resto de sua vida.

SOPHIA           - Você não pode ter feito isso comigo.

GABRIELA     - Mas eu fiz e não me arrependo.

SOPHIA           - Que tipo de mãe é você?

GABRIELA     - (sorri) O tipo que nenhuma filha quer ter, garota, eu admito.

SOPHIA           - Você acabou com o meu romance, você acabou com a minha vida novamente.

GABRIELA     - E você não sabe o quanto isso me deixa contente.

SOPHIA           - O Miguel ainda tentou se explicar, mas eu não acreditei nele. Eu não acredito nisso, meu Deus!

GABRIELA     - Eu vou sair agora, não vou ficar ouvindo as suas lamentações e presenciando as suas típicas cenas de drama.

Gabriela dirige-se à porta. Sophia a impede de abri-la.

GABRIELA     - Saia da minha frente!

SOPHIA           - Eu odeio você.

GABRIELA     - O seu ódio não me afeta nenhum um pouco.

SOPHIA           - Eu tenho nojo de você.

GABRIELA     - Saia da minha frente, eu já disse!

SOPHIA           - Eu vou acabar com a sua vida.

GABRIELA     - Tente! Você não tem coragem, Sophia, porque você não é capaz nem de tirar a vida de alguém. Você é uma fracassada igual ao seu pai.

SOPHIA           - Duvide. Continue duvidando.

GABRIELA     - (grita revoltada) Eu não tenho medo de você, garota!

Gabriela empurra Sophia contra o chão. Abre a porta. Retira-se. Sophia fica caída no chão aos prantos.
CORTA PARA:

CENA 31. STOCK-SHOTS. TAKES DE CURITIBA
Alguns minutos depois...

CENA 32. BOTECO. INTERIOR. DIA.
Gabriela entra em um boteco. Senta-se à uma mesa. Juliana aparece. Senta-se à mesa também. Fica frente a frente com Gabriela. A fulmina com o olhar. Gabriela olha para Juliana.

GABRIELA      - O que é isso?

JULIANA         - Você me enganou, sua infeliz!

GABRIELA      - Que jeito é esse de falar comigo, garota?

JULIANA         - Eu te ajudei e acabei não ganhando nada em troca. O Miguel foi embora e me deixou na rua. O pior é que eu nunca vou poder tê-lo para mim.

GABRIELA      - E o que eu tenho a ver com isso? Eu quero é mais que esse avião, onde aquele desgraçado está, caia!

JULIANA         - Eu não tenho pra onde ir.

GABRIELA      - Se vire!

JULIANA         - Só que eu te ajudei e você terá que me ajudar agora.

GABRIELA      - Eu não vou te ajudar, eu não tenho nada a ver com isso e, aliás, eu nem mesmo te conheço.

JULIANA         - Você me paga! A sua filha irá ficar sabendo que tudo foi uma armação sua.

GABRIELA      - Você só vai perder seu tempo, porque ela já sabe.

Juliana balança a cabeça negativamente. Olha para Gabriela com nojo.

JULIANA         - Você é muito perversa!

GABRIELA      - Você também não vale nada, garota, mas ao contrário de mim, você aprontou e se deu mal.

JULIANA         - Então você não vai me ajudar mesmo?

GABRIELA     - Eu já disse que não te conheço. Vá embora!

JULIANA        - (grita) Você me paga!

Juliana vai embora. Gabriela dá um sorriso.

GABRIELA     - Idiota!

Gabriela faz sinal para o garçom. Acende um cigarro.
CORTA PARA:

CENA 33. STOCK-SHOTS. TAKES DE CURITIBA
Sucessão de imagens em ritmo acelerado mostrando passagem de um dia para o outro.
CORTA PARA:

CENA 34. CLUBE. SALA DA PRESIDÊNCIA. INT. DIA
Sophia está sentada em uma poltrona em frente à mesa do presidente do Clube. Mello senta-se à frente de Sophia. Fica a fitando.

MELLO            - Você não tinha ido viajar?

SOPHIA           - Aconteceu um imprevisto.

MELLO            - E o que você veio fazer aqui?

SOPHIA           - Eu vim pedir para que o senhor me recontrate, eu preciso de voltar desse emprego.

Mello tenta disfarçar o sorriso, mas não consegue.

MELLO            - Sophia, você pensa que as coisas são tão fáceis assim? Eu não posso, aliás, nem é porque eu não possa, mas eu não vou te recontratar novamente. Você já pediu as suas contas, já recebeu o que lhe cabia como direito, mesmo eu tendo sido muito generoso e até demais.

SOPHIA           - Senhor Mello, por favor, eu preciso desse emprego novamente. Eu juro que serei uma funcionária mais competente.

MELLO            - Você era uma funcionária muito competente, mas mesmo assim, eu não vou lhe dar esse emprego novamente. Não adianta ficar insistindo. Agora me dê licença, eu tenho compromissos muito importantes.

Sophia engole o choro. Vai embora. Mello sorri. Balança a cabeça negativamente.
CORTA PARA:

CENA 35. CLUBE. FRENTE. EXT. DIA
Sophia sai do clube. Notamos que ela está triste. Sophia escuta uma voz chamar seu nome. Sophia vira-se. Faz uma expressão séria ao ver Guilherme.

GUILHERME  - Eu não quero lhe incomodar de jeito nenhum, mas eu percebi o estado em que você saiu da sala do dono do clube.

SOPHIA           - Você anda me seguindo? Você é doente, por acaso?

GUILHERME  - Eu já estava no clube e tenho provas disso.

SOPHIA           - Eu tenho que ir embora.

GUILHERME  - Eu ouvi aquele homem comentando com um dos funcionários que você havia pedido o seu emprego de volta.

SOPHIA           - E o que você tem a ver com isso?

GUILHERME  - Eu posso te ajudar.

SOPHIA           - Não, você não pode me ajudar e eu também não quero a sua ajuda.

GUILHERME  - Eu sei que errei muito com você, mas eu quero me redimir de vez.

SOPHIA           - Você já havia me falado isso outra vez.

GUILHERME  - Nós ainda não nos conhecíamos direito. Eu sei que agi de má forma, eu não devia ter tido um comportamento agressivo com você, mas eu não sou uma pessoa ruim. Eu quero apenas o seu bem, Sophia.

SOPHIA           - Eu não estou muito bem, Guilherme... Outra hora nós conversamos.

GUILHERME  - Deixe-me te ajudar, por favor?

SOPHIA           - E o que você irá querer em troca? Irá querer que eu corresponda aos seus sentimentos? Vai querer me comprar com o seu dinheiro?

GUILHERME  - Não, eu apenas quero que você confie em mim. (eles se olham por alguns instantes. Guilherme continua) Se eu te decepcionar, eu juro que nunca mais me aproximo de você.

SOPHIA           - Eu vou te dar mais um voto de confiança, o último.

Guilherme dá um leve sorriso.

GUILHERME  - Eu posso te levar pra casa?

Sophia apenas balança a cabeça positivamente.
CORTA PARA:

CENA 36. PRÉDIO ONDE GABRIELA E SOPHIA MORAM. FRENTE. EXT. DIA.
Gabriela sai do prédio. Vê Sophia sair de um carro importado. Gabriela se esconde atrás de alguns arbustos. Guilherme sai do carro.  Sophia mal o olha.

GUILHERME  - Você ficou quieta durante todo o trajeto.

SOPHIA           - Eu não tinha nada pra falar mesmo.

GUILHERME  - Mas eu entendo porque você está assim.

SOPHIA           - Ninguém entende.

GUILHERME  - Eu queria poder te entender mais. Por que não me fala de sua vida?

SOPHIA           - Eu não quero falar sobre a minha vida. Eu queria apenas esquecer tudo que eu estou passando e tudo que eu já passei.

GUILHERME  - Quando você quiser falar, é só mandar me chamar que eu venho correndo.

SOPHIA           - Você tinha me dito que pode me ajudar...

GUILHERME  - É mesmo. Eu posso te dar um emprego na universidade.

SOPHIA           - Na universidade...

GUILHERME  - O que houve? Você não gostaria de trabalhar lá?

SOPHIA           - Aquele lugar me lembra o...

GUILHERME  - Ah, eu já sei!

SOPHIA           - Mas eu não posso recusar a sua proposta.

GUILHERME  - Não veja como uma proposta, mas sim como uma de suas escolhas. Se você quiser, eu posso te ajudar a arranjar um outro emprego, não precisa ser na universidade.

SOPHIA           - Você tinha pensado lá porque o seu pai é dono de tudo aquilo.

GUILHERME  - É isso mesmo.

SOPHIA           - Eu vou aceitar a sua ajuda.

GUILHERME  - Que bom!

SOPHIA           - Obrigada, Guilherme! Agora eu tenho que ir. Até logo!

Sophia retira-se. Guilherme a pegou com delicadeza pelo braço.

GUILHERME  - Eu gosto muito de você, Sophia.

Sophia fica olhando para Guilherme. Retira-se. Guilherme entra em seu carro. Vai embora.
CORTA PARA:

5° INTERVALO COMERCIAL

CENA 37. AP DE GABRIELA E SOPHIA. SALA. INT. DIA
Sophia entra em casa. Gabriela entra logo em seguida.

GABRIELA     - Quem era aquele rapaz, lá embaixo?

SOPHIA           - Você estava me vigiando, eu já não fico mais surpresa.

GABRIELA     - E eu achava que você fosse completa pela ignorância, mas eu estava enganada. Até que você é bem esperta. Primeiro, você fisgou aquele ridículo do Miguel e, agora que ele já está bem longe, você já está tentando fisgar outro.

SOPHIA           - O Guilherme é apenas um amigo.

GABRIELA     - Um amigo rico, você quer me dizer?

SOPHIA           - Se ele é rico ou não, não lhe interessa!

GABRIELA     - Mas é claro que me interessa e devia interessar a você também. Vai querer continuar nessa vidinha pro resto da sua vida?

SOPHIA           - Vá pro inferno!

GABRIELA     - Ele parece gostar de você, Sophia. Você pode estar desperdiçando a chance de mudar sua vida completamente.

SOPHIA           - Você não está pensando em mim, está pensando no proveito que você pode tirar disso.

Sophia tranca-se no quarto. Gabriela dá um sorriso malicioso.

GABRIELA     - Filho do dono de uma universidade.

Gabriela pega um copo e o enche de cachaça. Eleva o copo como se brindasse algum prêmio recebido. Ri descontroladamente.
CORTA PARA:

CENA 38. STOCK-SHOTS. TAKES DE CURITIBA. PASSAGEM DE TEMPO.
Sucessão de imagens da cidade de Curitiba, mostradas em ritmo frenético é acompanhada por uma música ambiente, dando impressão de passagem de tempo.
Inserir Legenda: Alguns dias depois...

CENA 39. ESCRITÓRIO IMOBILIÁRIO. SALA DE SOPHIA. INT. DIA.
Sophia já está em seu novo trabalho. Sophia termina de atender uma senhora, em seguida passa para o próximo.

SOPHIA           - (sorri) Guilherme.

GUILHERME  - Está gostando do seu novo emprego?

SOPHIA           - Eu estou gostando, sim.

GUILHERME  - E não é tão movimentado quanto o clube.

SOPHIA           - É verdade.

GUILHERME  - (T: sorri) Que bom que você está gostando.

SOPHIA           - Eu nem sei como te agradecer.

GUILHERME  - Você pode me agradecer aceitando o meu convite para ir jantar comigo essa noite. Juro que não vou fazer nada de mais e ainda te levo pra casa em segurança.

SOPHIA           - Eu não posso aceitar o seu convite.

GUILHERME  - Por quê?

SOPHIA           - (T: respira fundo) Guilherme, eu ainda estou muito triste com o que aconteceu. Eu acho que isso é algo que nunca vai sair de dentro de mim.

GUILHERME  - Mas é apenas um jantar. Você até acabará descontraindo um pouco.

SOPHIA           - Eu ainda tenho que pensar.

GUILHERME  - Está bem. Quando estiver na hora de sua saída, eu venho lhe buscar e aí você me dá sua resposta.

SOPHIA           - Está bem.

Guilherme vai embora. Sophia fica um pouco pensativa.
CORTA PARA:

CENA 40. UNIVERSIDADE. SALÃO. INT. DIA
Guilherme chega à universidade. Avista Cardoso que passa. Cardoso vê Guilherme e acena para o rapaz o chamando. Guilherme vai ao encontro de Cardoso.

GUILHERME  - Fale.

CARDOSO      - Há uma mulher querendo falar com você.

GUILHERME  - Que mulher?

CARDOSO      - Ela disse não me falou o nome dela, mas disse que tem algo muito importante pra falar com você. Ela está na minha sala.

GUILHERME  - Está bem.

Guilherme encaminha-se à sala de Cardoso.
CORTA PARA:

CENA 41. UNIVERSIDADE. SALA DE CARDOSO. INT. DIA.
A porta abre-se. Guilherme entra. Fecha a porta. Guilherme estranha ao ver Gabriela.

GUILHERME  - Senhora...

GABRIELA     - Não me chame de senhora, me chame apenas de “você” ou pelo meu nome: Gabriela.

GUILHERME  - Gabriela... Mas de onde nos conhecemos?

Guilherme senta-se na poltrona à frente dela.

GABRIELA     - Nós ainda não conhecemos, mas vamos nos conhecer mais porque seremos sogra e genro.

GUILHERME  - (ri) A senhora só pode estar falando com a pessoa errada.

GABRIELA     - Você ainda não se ligou que eu sou a mãe da Sophia?

GUILHERME  - (surpreso) Mãe da Sophia?

GABRIELA     - Sim. Eu tive que vir lhe conhecer pessoalmente, rapaz.

GUILHERME  - Mas eu e sua filha ainda não temos nada sério. Somos apenas amigos.

GABRIELA     - Amigos porque você ainda não tomou uma atitude de homem.

GUILHERME  - Dona Gabriela, eu só quero lhe dizer uma coisa...

GABRIELA     - Mas eu não quero ouvir, eu quero que você me ouça primeiramente.

GUILHERME  - Fale.

GABRIELA     - Eu posso te ajudar a conquistar a minha filha.

GUILHERME  - E por que você está tão interessada nisso?

GABRIELA     - Porque você é milionário, herdeiro de um verdadeiro império. Eu não sou uma mulher de perder tempo, eu quero que minha filha se case com você.

GUILHERME  - Você não quer casar sua filha comigo pela felicidade dela.

GABRIELA     - (sincera) Eu não me importo com a felicidade dela, eu quero dinheiro.

GUILHERME  - Eu jamais imaginei que uma moça tão boa e tão meiga quanto a Sophia pudesse ter uma mãe tão ambiciosa.

GABRIELA     - (séria) Vai aceitar a minha ajuda ou não?

GUILHERME  - Eu confesso que estou fazendo de tudo para conquistar a sua filha.

GABRIELA     - Com o empurrão que eu vou dar, será mais fácil.

GUILHERME  - Então quer dizer que eu tenho uma aliada?

GABRIELA     - Muito mais do que uma aliada, uma amiga.

GUILHERME  - Gosta de beber?

GABRIELA     - Mas é claro, sem duvida nenhuma.

GUILHERME  - Então vamos comemorar a nossa aliança com vodka.

Guilherme serve dois copos com vodka. Entrega um copo para Gabriela. Guilherme ergue o copo para o alto. Gabriela faz o mesmo.

GUILHERME  - À Sophia.

GABRIELA     - Ao dinheiro que eu vou desfrutar.

Guilherme e Gabriela brindam. Gabriela sorri.
CORTA PARA:

CENA 42. STOCK-SHOTS. TAKES DE CURITIBA.
Anoitece.

CENA 43. RESTAURANTE CHALET SUISSE. SALÃO. INT. NOITE.
Sophia e Guilherme estão sentados à uma mesa. Estão preste a serem servidos. Guilherme fica olhando para Sophia, a admirando.

GUILHERME  - Você está muito linda!

SOPHIA           - Obrigada!

GUILHERME - Você bebe?

SOPHIA           - Não.

GUILHERME  - Te admiro por isso. (Guilherme faz um sinal para o jovem garçom que aparece em seguida) Eu quero um vinho do porto e, para a minha convidada, apenas um copo d’água porque ela não bebe álcool.

GARÇOM        - Com licença!

O garçom anota o pedido. Retira-se. Ele coloca um tipo de substância na jarra com água. Depois, volta à mesa. Serve o copo com a água para Sophia e depois serve Guilherme. Sophia e Guilherme dão uma olhada disfarçada.

GARÇOM        - (nervoso) E para degustar?

 Guilherme e Sophia fazem o pedido. Logo após alguns instantes, o jantar é servido.

GUILHERME  - Eu tenho que dizer novamente que você se porta muito bem à mesa.

SOPHIA           - Obrigada!

GUILHERME - Você havia me dito aquela vez que não tinha tido aulas de etiqueta.

SOPHIA           - Guilherme, eu tenho que te confessar uma coisa.

GUILHERME  - Fale.

SOPHIA           - Eu já fui uma garota rica.

GUILHERME  - Sério?

SOPHIA           - Sim. O meu pai, antes de morrer, perdeu tudo que eu e minha família tínhamos. Nós fomos à falência.

GUILHERME  - Eu jamais pude imaginar que, algum dia, você já tivesse tido dinheiro.

SOPHIA           - Nós éramos tão ricos quanto você e seu pai, mas tínhamos dinheiro e a nossa família era a mais renomada de Curitiba.

GUILHERME  - O seu pai perdeu tudo então?

SOPHIA           - Sim.

GUILHERME  - E é por isso que você parece carregar uma tristeza por dentro?

SOPHIA           - Não. O meu sofrimento é devido a outras coisas, mas não quero falar sobre isso.

GUILHERME  - Você já começou a me falar sobre sua vida, agora terá que terminar. Sophia, você sabe que pode confiar em mim.

Guilherme coloca sua mão sobre a mão de Sophia. Sophia tira rapidamente. Fica olhando para Guilherme.

SOPHIA           - Eu já sofri muito nessa vida.

GUILHERME  - Então se abra comigo.

SOPHIA           - Se eu fosse te contar tudo, eu iria ficar horas e horas falando. E o restaurante não fica aberto durante vinte e quatro horas.

GUILHERME  - Se você quiser, a gente pode ir pra outro lugar. Eu vou ficar te ouvindo a noite toda.

Eles ficam se olhando.

SOPHIA           - Não seria uma boa ideia.

GUILHERME  - Por que não? Não iríamos fazer nada de mais.

Eles olham-se novamente.

SOPHIA           - Vamos jantar porque a comida está esfriando.

Guilherme fica olhando para Sophia por mais alguns segundos e depois volta a jantar.
CORTA PARA:

CENA 44. STOCK-SHOTS. TAKES DE CURITIBA.
Mais tarde.

CENA 45. CURITIBA. AVENIDA. EXT. MADRUGADA
Sophia e Guilherme andam enlouquecidos pela calçada de uma avenida. Eles se abraçam a todo o momento, gritam e dão gargalhadas.

SOPHIA           - Guilherme, eu estou meio tonta.

GUILHERME  - (sorri) Você não está meio tonta, você está tonta

SOPHIA           - Eu não me lembro de ter bebido nada.

GUILHERME  - (mente) Você acabou de encher a cara. E eu te admirando porque você disse que não bebe.

SOPHIA           - Eu não posso ter bebido. Eu não quero me comparar a aquela infeliz, aquela desgraçada que acabou com a minha vida.

Sophia quase desmaia.  Guilherme a segura.

GUILHERME  - Eu vou te levar para um outro lugar.

SOPHIA           - Que lugar?

GUILHERME  - Você verá, meu amor!

 Sophia é levada por Guilherme. Guilherme apóia Sophia em seu ombro para que ela não caia.
CORTA PARA:

CENA 46. HOTEL. QUARTO. INT. NOITE
Guilherme beija Sophia que por estar inconsciente, nada pode fazer. Guilherme tira o terno. Tira a camiseta. Pegou Sophia pela cintura já subindo o vestido dela. Eles se beijam novamente e caem sobre a cama.
CORTA PARA:

6° INTERVALO COMERCIAL

CENA 47. STOCK-SHOT. TAKES DE CURITIBA.
Amanhece.

CENA 48. HOTEL. QUARTO. DIA
Sophia acorda-se com uma dor de cabeça muito forte. Olha para os lados. Não reconhece o lugar onde está. Guilherme aparece. Fica a olhando.
GUILHERME  - Já se acordou?

SOPHIA           - Guilherme, o que estou fazendo aqui? Por que eu estou sem o meu vestido? O que você fez comigo?

GUILHERME  - Por favor, não me culpe? Eu acho que nós dois bebemos demais.

SOPHIA           - Eu não bebo.

GUILHERME  - (mente) Nós saímos do restaurante, você estava muito mal me falando sobre a sua vida e aí, repentinamente, você se revoltou e queria beber a todo o custo. Eu tentei te impedir, mas acabei bebendo junto.

SOPHIA           - Eu nem sei de mais nada, eu não me lembro de muita coisa. Eu estou com uma dor de cabeça muito forte. Nós dois ficamos bêbados e acabamos cometendo uma loucura, você tem noção disso?

GUILHERME  - Eu quero te pedir perdão por isso.

SOPHIA           - Isso não devia ter acontecido.

GUILHERME  - Nós estávamos inconscientes...

SOPHIA           - Eu tenho que me vestir, por favor, saia?

Guilherme retira-se. Sophia levanta-se rapidamente. Coloca o vestido. Ajeita o cabelo. Coloca o calçado. Guilherme aparece novamente.

GUILHERME  - Eu te levo em casa.

SOPHIA           - Não, eu quero ir sozinha... Deixe-me por algum tempo até que eu possa assimilar tudo que ocorreu, ontem à noite.

Sophia vai embora. Guilherme atira-se na cama. Dá uma risada.
CORTA PARA:

CENA 49. STOCK-SHOTS. TAKES DE CURITIBA
Sucessão de imagens mostrando as belas paisagens de Curitiba em um ritmo frenético, acompanhada por uma música ambiente. Damos um giro por toda cidade de Curitiba até chegarmos à frente do prédio onde Gabriela e Sophia moram.
FUSÃO PARA:

CENA 50. AP DE GABRIELA E SOPHIA. QUARTO DE SOPHIA. INT. MAIS TARDE.
Sophia parece estar desconsolada. Entra em seu quarto. Tranca a porta.

SOPHIA           - Isso não podia ter acontecido, não podia mesmo.

Sophia deita-se na cama. Lembra-se de Miguel. Não contém as lágrimas.
CORTA PARA:

CENA 51. STOCK-SHOTS. PASSAGEM DE TEMPO.
Takes rápidos da Cidade de Curitiba, indicando passagem de tempo. Fazemos um paralelo entre Curitiba e Londres. Mostramos as belas paisagens da cidade como um cartão postal.

Inserir letreiro: Londres – 3 meses depois...

CENA 52. LONDRES. BRITISH MUSEUM. SALÃO. INT. NOITE.
A primeira exposição oficial de Miguel ocorre no espaço de arte do British Museum, um museu muito importante da cidade. A imprensa disputa entre si a oportunidade de poder entrevistar o mais novo artista. Miguel afasta-se. Acaba ouvindo uma conversa de Carlos Alberto com Ariel, amigo de Miguel e Carlos Alberto.

ALBERTO       - O Guilherme irá se casar.

ARIEL             - O Guilherme irá se casar? Com quem?

ALBERTO       - Com uma jovem moça chamada Sophia.

ARIEL             - Sophia... Não creio que o Guilherme tenha conseguido o que tanto desejava.

ALBERTO       - Não fale dessa história para o Miguel.

ARIEL             - Está bem.

Miguel aparece. Carlos Alberto balança a cabeça negativamente.

ALBERTO       - Miguel, eu...

MIGUEL          - Eu não acredito que a Sophia irá se casar com o seu filho.

ALBERTO       - Saiba que eu não sou a favor desse casamento... Mas é o meu filho, Miguel.

Miguel não contém as lágrimas. Retira-se correndo. Alguns jornalistas vão atrás dele, mas Ariel, os impede de irem trás de Miguel.

CENA 53. STOCK-SHOTS. TAKES DE CURITIBA.
Sucessão de imagens da Cidade de Curitiba em ritmo frenético, acompanhado por uma música ambiente. Damos um giro pela cidade à noite, para acompanharmos o movimento da cidade à noite. Acompanhamos a câmera até chegarmos à fachada do prédio onde Gabriela e Sophia moram. Outro dia.
FUSÃO PARA:

CENA 54. AP DE GABRIELA E SOPHIA. QUARTO DE SOPHIA. INT. DIA.
Sophia olha as cartas que recebera de Miguel. Pega os dois desenhos que também ganhara do rapaz, na época em que eram crianças. Coloca tudo em uma caixa.

SOPHIA           - (desconsolada) Eu sempre vou guardar tudo isso comigo.

Sophia pega o retrato de Marcelo. A olha com muito afeto por alguns instantes. Também coloca na caixa. A fecha. Sophia sai do quarto.
CORTA PARA:


CENA 55. AP DE GABRIELA E SOPHIA. QUARTO DE GABRIELA. INT. DIA.
Sophia percebe uma movimentação no quarto de Gabriela. Entra. Encosta-se na parede. Fica olhando para Gabriela. Gabriela arruma as malas. Percebe que Sophia a observa.

GABRIELA     - Por que está me olhando?

SOPHIA           - Não estou entendendo o fato de você estar fazendo suas malas.

GABRIELA     - O teu noivo não disse que eu também vou para Amsterdã com vocês?

SOPHIA           - O Guilherme não pode fazer isso.

GABRIELA     - E por que não?

SOPHIA           - Já não chega o fato de que ele iria te me mandar uma pensão todos os meses?

GABRIELA     - Você estava achando que fosse se livrar de mim? Você achou mesmo que eu fosse me contentar com uma pensão? Eu quero muito mais, garota.

SOPHIA           - Você não irá conosco.

GABRIELA     - É o seu noivo quem decide e ele decidiu que irá levar a sogra amada dele junto. Não há nada que você possa fazer, Sophia, eu sempre vou estar te infernizando.

Sophia revolta-se. Começa a desarrumar as malas, as joga contra o chão. Pega Gabriela pelo pescoço. A joga na cama ainda a apertando.

GABRIELA     - Você está louca!

SOPHIA           - (a aperta mais) Você não vai comigo, nem que para isso eu tenha que te matar, sua infeliz!

GABRIELA     - (sem conseguir falar direito) Saia de cima de cima de mim!

SOPHIA           - (grita revoltada) Morra!

GABRIELA     - (sem ar) Se você me matar, você será presa.

SOPHIA           - (tomada pelo ódio) Eu até posso ser presa, mas eu acabo com a sua vida.

Gabriela consegue recuperar as forças. Dá uma bofetada em Sophia. A empurra contra o chão.

GABRIELA     - Achou mesmo que fosse me matar?

SOPHIA           - Eu ainda vou acabar com você.

GABRIELA     - Não adianta, Sophia, eu sou capaz de morrer, mas a minha lembrança irá ficar perturbando a sua mente até o final de sua vida.

SOPHIA           - (chora) Infeliz! Você não passa de uma infeliz. Eu odeio você, eu odeio você!

Sophia retira-se rapidamente. Gabriela toca seu pescoço.

GABRIELA     - Ela é forte... Mas não mais do que eu.

Gabriela respira fundo. Levanta-se. Volta a arrumar as malas.
CORTA PARA:

CENA 56. UNIVERSIDADE. PÁTIO. INT. DIA.
Sophia está no pátio a espera de Guilherme. Guilherme chega. Depara-se com Sophia.

GUILHERME  - Meu amor!  (faz menção de beijá-la. Sophia esquiva-se. Irritado) O que houve, Sophia?

SOPHIA           - Você vai levar a minha mãe conosco, eu não estou acreditando nisso.

GUILHERME  - A sua mãe não pode ficar sozinha, ainda mais se ela está doente.

SOPHIA           - Ela está doente, mas continua agindo da mesma forma que sempre agiu.

GUILHERME  - Eu não tenho nada a ver com a rixa entre você e sua mãe, eu só sei que ela não pode ficar sozinha aqui e, já que iremos para Amsterdã, eu resolvi que vou levá-la junto.

SOPHIA           - Está bem. Que seja como você quiser, mas não reclame mais tarde.

Sophia retira-se revoltada. Guilherme a olha. Vai para a sala de Cardoso.
CORTA PARA:

CENA 57. STOCK-SHOTS. TAKES DE CURITIBA.
Dia seguinte.

CENA 58. AP DE GABRIELA E SOPHIA. SALA. INT. DIA.                      A campainha toca. Gabriela atravessa a sala. Atende a porta. Recebe Guilherme. Gabriela dá espaço para Guilherme passar.

GABRIELA     - (caminha em direção ao sofá) A sua noiva não está.

GUILHERME  - A Sophia foi pedir as contas no escritório em que trabalha. Eu vim conversar com você.

GABRIELA     - Que bom que você veio, porque eu também preciso ter uma conversa com você.

GUILHERME  - Vou deixar que você comece.

GABRIELA     - Cavalheiro!  (Guilherme dá um leve sorriso. Gabriela continua) Se cuide!

GUILHERME  - Por quê?

GABRIELA     - Porque a Sophia só aceitou o seu pedido de casamento, porque quer reencontrar o Miguel.

GUILHERME  - (revoltado) O que você está me falando?

GABRIELA     - A Sophia sabe que, estando na Europa, será mais fácil de reencontrar aquele moleque imundo.

GUILHERME  - Mas ela estará casada comigo.

GABRIELA     - Nada a impede de voltar para os braços daquele infeliz.

GUILHERME  - Eu não vou permitir que ela saia de casa sem a minha companhia.

GABRIELA     - Que bom que você será um marido rígido.
Guilherme fica pensativo. Percebemos que ele está com uma expressão muito séria no rosto. Alternamos entre o rosto de Guilherme, transparecendo ódio e Gabriela, o olhando. Congela em “Guilherme”.
CORTA PARA:

FIM DO CAPÍTULO 23.

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