Memória DNA | Com Amor | Capítulo 36 (Últimos Capítulos)



Novela de
MARCUS VINICK
MIGUEL RODRIGUES

Escrita por
Marcus Vinick
Miguel Rodrigues

Supervisão de Texto
-

Colaboração de
-

Direção
MIGUEL RODRIGUES
HENZO VITURINO

Direção Geral
MIGUEL RODRIGUES

Núcleo
DNA – Dramaturgia Novos Autores

Personagens deste capítulo


ANGELINA
ARIEL
ARTHUR
FERNANDO
HUGO
LÍVIA
MARINA
MIGUEL
PATRÍCIA
RICARDO
RUTH
SOPHIA
SÉRGIO
TAYLA
Participação Especial:
INSTRUTOR
CENA 01. SALÃO ONDE ESTÃO EXPOSTOS OS QUADROS DE MIGUEL. ambiente. Interior. Dia.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. MIGUEL continua aos prantos. Ainda está de joelhos. Chora compulsivamente. SOPHIA está sem ação. Vê algumas pessoas chegando. As pessoas estranham MIGUEL está daquele jeito. SOPHIA aproveita o momento. Vai embora.
MIGUEL         — (grita novamente) Sophia!
MIGUEL levanta-se. Sai correndo.
CORTA IMEDIATO PARA:
CENA 02. RUA CARIOCA. ambiente. Exterior. Dia.
SOPHIA acena para um táxi, que se aproxima, mas este não para, pois já tem um passageiro. SOPHIA olha para o lado. Vê MIGUEL se aproximando. Acena para outro táxi, que para um pouco longe. SOPHIA corre. Entra rapidamente no táxi. MIGUEL passa as mãos pelos cabelos. Sua respiração está ofegante. Chora novamente.
CORTA PARA:
CENA 03. COPACABANA. QUIOSQUE. Exterior. Dia.
MARINA e ARIEL chegam a um quiosque. Sentam-se à mesa.
MARINA         — E então... O que tem pra me falar?
ARIEL             — Você já deve imaginar.
MARINA         — Claro... É sobre Miguel, sem sombra de dúvidas.
ARIEL             — Sobre o seu relacionamento com Miguel... É algo que não tem fundamento.
MARINA o encara seriamente.
CORTA PARA:
CENA 04. STOCK SHOTS. ambiente. Exterior. Dia.
Inserir Legenda: Itaperuna.
CENA 05. CASA DE HUGO. SALA. Interior. Dia.
LÍVIA e FERNANDO continuam olhando para HUGO. HUGO se mantêm nervoso e inquieto no sofá.
FERNANDO   — (levanta-se irritado) Vai falar ou quer que eu/
LÍVIA              — (corta; o faz sentar novamente) Acalme-se, Fernando!
HUGO             — (T: olha para Lívia) A Ruth apareceu com seu filho aqui... (T: toma fôlego; não esconde o nervosismo) Ela estava muito nervosa e eu a interroguei perguntando de onde ela havia tirado aquele bebê...
ATENÇÃO SONOPLASTIA: Música de suspense. INSERT para as lembranças de HUGO. Estamos no dia que RUTH seqüestrou NÍCOLAS.
FLASH-BACK EM TOM SÉPIA
HUGO pega RUTH pelo braço. A aperta contra a parede.
HUGO             — Fala a verdade! De onde você tirou esse bebê?
RUTH              — (empurra Hugo) Eu já disse que é meu!
HUGO             — O que você Ruth? Essa criança não poderia ser sua nem mesmo sendo adotada, porque isso é um processo longo, ainda mais para quem não tem muito na vida.
RUTH toca o rosto de HUGO, enquanto chora.
RUTH              — Hugo, meu amor, é nosso filho! Nosso filho!
HUGO             — Nosso filho? Você só pode ter roubado essa criança.
RUTH              — (paranóica) Não, meu amor, ele saiu daqui... (passa as mãos na barriga) Ele saiu de dentro de mim.
HUGO             — (empurra Ruth; grita) Você é louca!
RUTH chora compulsivamente.
RUTH              — Você tem que acreditar em mim, Hugo.
HUGO             — Chega! O que eu vou fazer agora, meu Deus?
RUTH              — Nós vamos criar o nosso filho.
HUGO             — Cale a boca! Você é extremamente maluca! O que você cometeu foi um crime bárbaro, roubar uma criança de uma mãe que deve estar desesperada.
RUTH              — O que você vai fazer?
HUGO             — Eu não vou me envolver com a polícia por sua causa... Nós vamos levar esse bebê a um orfanato.
RUTH              — Não... Não, Hugo! Ele é meu filho. Você não pode fazer isso comigo. Não pode.
HUGO             — Quer que eu informe à polícia então?
RUTH              — Você não vai tirar o meu filho de mim, seu desgraçado!
Revolta, RUTH parte para cima de HUGO. Começa a esbofeteá-lo.
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Voltamos para os dias atuais. LÍVIA está transtornada. Olha para HUGO com os olhos marejados. FERNANDO os observa.
LÍVIA              — (transtornada) Você levou o meu filho para um orfanato?
HUGO             — Eu não tive escolha.
LÍVIA              — (grita; sacode Hugo) O que custava chamar a polícia?
HUGO             — Eu sei que errei, mas eu já disse que não tive escolha... Eu não queria me envolver em confusão.
FERNANDO   — Quem não deve, não teme! Não custava você ter chamado à polícia.
HUGO             — Acontece que eu não queria ver Ruth presa... Por mais que nosso casamento tenha sido desgastante, por mais que ela tenha feito de minha vida um martírio... Eu não queria vê-la em uma cadeia. O problema dela era mental... Eu iria dar um jeito de interná-la.
FERNANDO   — Você acobertou uma criminosa.
LÍVIA              — Você foi o maior culpado de todo o meu sofrimento, porque você teve a chance de fazer o bem chamando a polícia e tendo a oportunidade de devolver o meu filho... Se ela tinha problema mental ou não, pouco me importa nesse momento! Ela cometeu um crime.
HUGO             — Ela já pagou por esse crime.
FERNANDO   — Pagou como? Onde ela está agora?
HUGO olha para a porta do corredor. Aponta. FERNANDO e LÍVIA também olham. FERNANDO olha estranhamente. Volta a olhar para HUGO.
FERNANDO   — O que tem a porta?
HUGO             — Ela estava ali... Ali... Bem ali... Enforcada.
LÍVIA assusta-se. Segura a mão de FERNANDO.
FERNANDO   — O que você fez?
HUGO             — Eu não fiz nada... No dia seguinte, eu fui levar o bebê para o orfanato e deixei a Ruth amarrada com uma corda aos pés da cama. Eu não tive outra saída, ela estava transtornada. Tive que até mesmo amordaçá-la... Quando eu cheguei em casa, eu tomei o maior susto de minha vida e levei o maior choque: ela estava dependurada, roxa e já sem/
LÍVIA              — (corta; está espantada) Chega! (t) Eu quero saber em que orfanato você deixou o meu filho?
HUGO             — O seu filho nem está mais lá. Ele já deve ter a própria vida dele.
LÍVIA              — Eu não quero saber... Só quero que você diga em que orfanato colocou meu filho.
HUGO             — Eu vou dar o endereço... Espero do fundo do meu coração, que você reencontre seu filho.
LÍVIA              — Eu não preciso que você me diga isso... E agradeça o fato de que o crime de sua esposa, mesmo ela estando morta, já tenha prescrito pela lei. (aproxima-se de Hugo; continua) Porque se isso ainda não tivesse ocorrido, eu iria colocar um processo em você e lhe restaria apenas a cadeia.
HUGO a olha seriamente. Retira-se. LÍVIA olha para a porta do corredor. Sente um arrepio lhe percorrer o corpo.
FERNANDO    — Eu fico me perguntando... Como ele agüenta viver nessa casa depois dessa tragédia?
HUGO volta.
HUGO             — Não tenho para onde ir... Se eu colocasse essa casa a venda, seria muito difícil conseguir um comprador... Contudo, eu consigo dormir em paz. De três em três meses, eu chamo o padre para benzer. (entrega o papel para Lívia; continua) Aí está o endereço do orfanato... Não fica aqui dentro de Itaperuna, mas não é muito longe. (Lívia pega o papel e encara Hugo, que também a encara; continua) Eu espero mesmo que você consiga reencontrar seu filho.
LÍVIA              — Vamos embora, Fernando!
LÍVIA e FERNANDO saem. HUGO fecha a porta. Fica pensativo.
CORTA DESCONTÍNUO PARA:
CENA 06. CARRO DE FERNANDO. ambiente. Exterior. Dia.
Carro em movimento. LÍVIA se mantém quieta e pensativa. FERNANDO a olha. Pega sua mão, sem tirar a atenção da estrada. LÍVIA olha para FERNANDO que corresponde. Sorriem. FERNANDO volta a prestar atenção na estrada.
CORTA PARA:
CENA 07. STOCK-SHOTS. ambiente. Exterior. Dia.
Rio de Janeiro.
CENA 08. COPACABANA. QUIOSQUE. Exterior. Dia.
Continuação da cena 03. MARINA continua a olhar para ARIEL.
MARINA         — Então, o que tem fundamento? Você e o Miguel juntos?
MARINA dá uma risada debochada. ARIEL a olha seriamente.
ARIEL             — Não seja irônica!
MARINA         — Eu estou brincando com você... Parece ser um homem tão sério.
ARIEL             — O Miguel nunca viveu um relacionamento de verdade... Você é só mais uma que irá passar pela vida dele.
MARINA         — Como pode ter tanta certeza disso?
ARIEL             — Miguel e eu já somos amigos há um bom tempo... Na verdade, desde que ele entrou para o mundo das artes e ficou reconhecido. Eu sei tudo sobre a vida dele, como um ótimo assessor e um bom amigo. A intenção dele nunca foi iludir ninguém, mas você acabará se iludindo como a maioria das mulheres com quem ele se envolveu.
MARINA         — Eu não vou me iludir... Sabe por quê? Porque eu não sou mais uma na vida do Miguel... Desde a primeira vez em que nos vimos, acabamos nos interessando um pelo outro. O que eu estou sentindo por ele é muito mais do que uma simples atração ou algo que venha a ser passageiro... Eu e ele iremos viver esse momento e é isso que me importa... Agora, eu realmente não estou entendendo qual é a sua intenção com tudo isso.
ARIEL             — (mente) Te alertar, Marina.
MARINA         — Me alertar? Eu não estou conseguindo acreditar que sua intenção seja mesmo me alertar... E também... Alertar do quê? Miguel e eu já somos adultos e você não tem nada a ver com o que ele faz ou deixa de fazer... Você é apenas amigo e assessor dele, o que não te dá a liberdade de dizer que nosso relacionamento não tem fundamento.
ARIEL             — Não tem fundamento porque você é filha da mulher que ele mais amou nessa vida e ama até hoje... Nem adianta se fazer de desentendida, fazer cara de “Oh, estou chocada”, porque eu ouvi o que você falou para sua prima.
MARINA         — O que eu falei não é da sua conta.
ARIEL             — É sim... O Miguel não sabe que você é filha de Sophia, mas se ele souber...
MARINA         — Eu é quem tenho que falar isso a ele.
ARIEL             — Mas não vai... Porque não tem vergonha na cara... Tudo bem que vocês se envolveram sem saber da verdade, mas é um direito dele saber de quem você é filha realmente... Você não irá fazer isso porque quer atingir sua própria mãe... Oh, Marina, que feio! Isso não se faz.
MARINA         — O que você vai fazer? Vai contar para Miguel?
ARIEL             — É o que eu devia fazer
MARINA         — Qual é a sua intenção com tudo isso?
ARIEL             — Fazer com que Miguel volte para a Europa e retome a carreira... Eu já não agüento mais ficar nesse país.
MARINA         — E por que você não volta para a Europa?
ARIEL             — Porque eu quero que Miguel vá junto.
MARINA         — Estranho... Aliás, você é muito estranho. Acho que já sei o que se passa realmente.
ARIEL             — Nada do que está se passando pela sua cabecinha.
MARINA         — E como você sabe o que está se passando?... A minha mãe voltou após anos, pedindo perdão e me contou toda a história... No início, eu não consegui acreditar que Miguel fora o grande amor da vida dela... Agora eu entendo quem Miguel estava vendo em mim... Era ela. Ela é a Sophia dos quadros... Eu fui muito burra de não ter ligado as coisas antes. O meu avô patrocinou a carreira dele, e meu pai nem mesmo gostava de ouvir falar em Miguel.
ARIEL             — O seu pai era doido por Sophia... Ele era capaz de tudo por ela... E eu sei disso sem nem mesmo ter convivido com ele, apenas sei por conta de um determinado episódio que ocorreu.
MARINA         — Que episódio?
ARIEL             — O seu pai ameaçou Miguel com uma arma, dentro de um museu em Amsterdã.
MARINA         — O meu pai não seria tão maluco a esse ponto.
ARIEL             — Acredite que sim.
MARINA         — (levanta-se) Bom, eu tenho que voltar ao estúdio.
ARIEL             — (levanta-se também) E como fica nosso assunto?
MARINA         — (sorri maliciosamente) Não fica. (t: debochada) E pensando bem, eu não tenho nada a perder... Só que eu não vou desistir de Miguel.
ARIEL             — Mesmo com Sophia em seu caminho?
MARINA         — O meu propósito é atingi-la... Não tirá-la do meu caminho.
ARIEL             — Vai continuar com Miguel só por isso?
MARINA         — Sim... E também, eu realmente estou gostando dele... Contudo, o meu desejo de vingança é maior do que isso... E eu sei Ariel, que eu vou poder contar com você.
ARIEL             — Mais cedo ou mais tarde, ele irá descobrir.
MARINA         — Que descubra por conta própria para que eu possa ser vista como a “indefesa apaixonada”.
ARIEL             — Você acha mesmo que Miguel irá ficar com você mesmo correndo o risco dele e Sophia se reencontrarem?
MARINA         — Acho... Quem não corre riscos nem mesmo irá conseguir nada é você... (ri novamente) Afinal, você não tem o que o Miguel gosta.
MARINA solta beijo e pisca o olho para ARIEL. ARIEL contém sua revolta. Senta-se novamente.
CORTA PARA:
CENA 09. AP DOS VIDAL FERRAZ. QUARTO DE HÓSPEDES. Interior. Dia.
SOPHIA está sentada na cama. Mexe na caixa em que está as lembranças de MIGUEL: cartas e os dois desenhos que ganhara dele.
SOPHIA          — Me perdoe, Miguel... Me perdoe... Mas eu ainda não estou preparada para te encarar e dizer tudo que eu tenho guardado em meu coração.
SOPHIA abraça algumas cartas e os desenhos de MIGUEL. Não contém as lágrimas. Chora copiosamente.
CORTA PARA:

1º INTERVALO COMERCIAL
CENA 10. COPACABANA PALACE. QUARTO DE MIGUEL E ARIEL. Interior. Dia.
MIGUEL está transtornado. Aparentemente quase embriagado. Bebe uísque. Engole tudo de uma vez. Serve outro copo. ARIEL chega. Estranha ao ver MIGUEL daquele jeito.
ARIEL             — O que houve, Miguel?
MIGUEL         — Você não vai acreditar... É claro que você não vai acreditar.
ARIEL             — O que aconteceu? Fale! Você já detonou a garrafa toda de uísque... Miguel, se você não está se sentindo bem, eu posso te levar para um hospital.
MIGUEL         — Eu não sei o que estou sentindo... Aconteceu o que mais esperei em toda minha vida.
ARIEL             — (apreensivo) O quê?
MIGUEL         — (chora novamente) Sophia. (t) Sophia voltou para mim.
ARIEL             — Miguel, você está embriagado... Não sabe o que está falando.
MIGUEL         — Eu não estou embriagado... Me ouça! Preste bem atenção! Eu fui ao salão onde ainda estão expostas as minhas obras... Eu vi... Ela estava no corredor onde está situado os telões com as obras de “Alma de Sophia”... Ela estava lá, tocando os telões e quando eu a reconheci... Quando eu a reconheci, ela se virou para mim e estava emocionada. Era a Sophia. O meu amor voltou, Ariel. Sophia voltou para mim.
MIGUEL deixa o copo cair no chão. Cai sobre o sofá. ARIEL fica preocupado. Sacode MIGUEL.
ARIEL             — Miguel, Miguel... Você está bem?
MIGUEL         — Me deixa! Eu estou bem... Só quero entender o porquê de ela ter fugido de mim... Eu não entendo Ariel, eu não entendo.
ARIEL             — Poderia não ser Sophia. Poderia ter sido qualquer outra mulher, ela pode ter ficado assustada e fugiu. Garanto que você a agarrou a força sem ter intenção de assustá-la ou machucá-la.
MIGUEL         — Se não fosse Sophia, ela teria dito que esse não era seu nome ou algo assim... Era a Sophia.
ARIEL             — Não estou acreditando nisso.
MIGUEL         — É inacreditável mesmo.
ARIEL             — O que você pretende fazer, Miguel?
MIGUEL         — Eu realmente não sei. Só sei que Sophia voltou e é como se meu passado tivesse voltado junto, todas as lembranças, tudo que vivemos.
ARIEL             — Você não pode descartar a ideia de que poderia não ser ela.
MIGUEL         — Descarte você a sua ideia de que não era ela.
ARIEL balança a cabeça negativamente. Retira-se. MIGUEL fica sentado no sofá. Acaba adormecendo por causa do efeito do álcool.
CORTA PARA:
CENA 11. ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA. ambiente. Interior. Dia.
ANGELINA está sentada à mesa de trabalho de RICARDO. Conversam.
RICARDO       — Só pode ter sido uma babaca para ter lhe deixado trancada.
ANGELINA    — Sim... E só podia estar me cuidando também.
RICARDO       — Como assim?
ANGELINA    — Eu estava limpando a minha camiseta que acabou sendo manchada por coquetel. Aquela sua amiga...
RICARDO       — A Patrícia?
ANGELINA    — Sim... Sem querer, ela derramou coquetel em mim e tive que ir correndo ao banheiro.
RICARDO fica pensativo. Lembra-se de quando perguntou à PATRÍCIA sobre ANGELINA. Ela estava vindo da direção que dava ao banheiro.
CORTA PARA:
CENA 12. PRAIA DO LEBLON. ambiente. Exterior. Dia.
PATRÍCIA e SÉRGIO estão sentados na areia da praia. Conversam sobre a noite anterior. Conversa já iniciada.
SÉRGIO          — E o que você fez?
PATRÍCIA      — De propósito, eu derramei bebida na camiseta dela.
SÉRGIO          — Ah, sim... Que atitude mais infantil, Patrícia!
PATRÍCIA      — Mas não foi apenas isso, seu idiota! Ela foi ao banheiro, tentou limpar um pouco da mancha que se formou e depois entrou em um dos sanitários... Eu entrei, vi que a maçaneta estava quase caindo e...
SÉRGIO          — E?
PATRÍCIA      — Arranquei a maçaneta e a deixei trancada dentro do sanitário.
SÉRGIO acaba caindo na risada. PATRÍCIA dá um sorriso.
SÉRGIO          — Você é mesmo louca!
PATRÍCIA      — Se fosse um lugar sem muito movimento, eu teria feito pior.
SÉRGIO          — Pior? Como assim?
PATRÍCIA      — Eu teria gritado que tudo estava pegando fogo, só pra vê-la gritar desesperada pedindo ajuda.
SÉRGIO          — Não seja cruel, irmãzinha.
PATRÍCIA      — Você ainda não viu nada, Sérgio.
SÉRGIO          — Por que você não desiste do Ricardo?
PATRÍCIA      — Jamais.
SÉRGIO          — Ele te vê apenas como amiga... Se te visse como mulher, vocês já teriam ido pra cama sem compromisso nenhum.
PATRÍCIA      — Eu não vou desistir, porque eu sei que um dia ele irá se render aos meus encantos. (Sérgio dá uma risada novamente; Patrícia se irrita) Do que está rindo?
SÉRGIO          — Quais são seus encantos?
PATRÍCIA      — Eu sou uma garota bonita.
SÉRGIO          — Homem não gosta de mulher insistente... Coloque isso na sua cabecinha oca... Acho que não tem cérebro nenhum aí, não é?
PATRÍCIA      — Vá à merda!
SÉRGIO sente a presença de alguém. Vira-se. Depara-se com TAYLA. Ela dá um sorriso. Ele também. SÉRGIO levanta-se. Olha fixamente para TAYLA. PATRÍCIA revira o olhar. Levanta-se. Retira-se em seguida.
SÉRGIO          — Tayla.
TAYLA           — Eu estava almoçando aqui perto e acabei te vendo... Lembrei que você me fez certo convite.
SÉRGIO          — Vai pular de asa-delta comigo?
TAYLA           — Digamos que/
SÉRGIO          — (corta/sorri) Sem enrolação, por favor?!
TAYLA           — Sim. Eu aceito pular com você.
SÉRGIO não se contém de alegria. Dá um abraço em TAYLA que dá uma risada.
CORTA DESCONTÍNUO PARA:
CENA 13. PARQUE NACIONAL DA TIJUCA. ambiente. Exterior. Dia.
Pedra Bonita.
CENA 14. PARQUE NACIONAL DA TIJUCA. PEDRA BONITA. Exterior. Dia.
Um instrutor coloca os devidos equipamentos em SÉRGIO e TAYLA. TAYLA parece está nervosa.
SÉRGIO          — Você está tremendo?
TAYLA           — (disfarça) Não.
SÉRGIO          — Fique tranqüila! Hoje tem bastante vento, não vamos correr o risco de cair lá embaixo.
TAYLA           — Pare!
SÉRGIO          — (sorri) Mas eu estou falando sério. (t: continua) Está vendo aqueles prédios lá embaixo? Também não iremos bater neles.
TAYLA           — Se você continuar me assustando, eu vou desistir.
SÉRGIO          — Agora já é tarde. Você já está colada em mim.
TAYLA           — (revira o olhar) Colada...
TAYLA olha para SÉRGIO. Dá um sorriso.
INSTRUTOR   — Preparados?
SÉRGIO          — Preparada, Tayla?
TAYLA           — Não.
SÉRGIO          — Então, eu vou fazer com que você fique preparada.
SÉRGIO corre. TAYLA é obrigada a correr junto. Os dois saltam à rampa. TAYLA dá um grito ecoante.
CORTA PARA:

2º INTERVALO COMERCIAL
CENA 15. BUTIKIM DO LANCHE. ambiente. Interior. Dia.
FERNANDO e LÍVIA conversam.
LÍVIA              — Quero te agradecer, Fernando.
FERNANDO   — Pelo quê?
LÍVIA              — Por você está me ajudando na busca pelo meu filho... Se não fosse você, eu não teria conseguido sozinha... Talvez eu estivesse com Eulália nesse momento, mas não sei se seria igual.
FERNANDO   — Não precisa agradecer, Lívia... Eu estou feliz por poder estar te ajudando... É como se minha vida começasse a fazer sentido. (Lívia dá um leve sorriso. Fernando também sorri. Continua) E não me sinto assim só pelo fato de estar te ajudando, mas sim por ter você ao meu lado.
LÍVIA abaixa a cabeça. Dá uma garfada na torta fria. FERNANDO dá um gole em seu suco. Continua olhando para LÍVIA.
CORTA PARA:
CENA 16. PARQUE NACIONAL DA TIJUCA. PEDRA BONITA. Exterior. Dia.
TAYLA e SÉRGIO pousam. Ela acaba caindo por cima dele. Dá uma risada.
SÉRGIO          — (sorri alegremente) Gostou, não é?
TAYLA para de rir. Eles ficam se olhando fixamente.
TAYLA           — Foi uma das melhores sensações que já tive em toda minha vida... Bateu um pouco de medo, mas...
SÉRGIO          — Não tinha porque ter medo... Você estava comigo e agora está em cima de mim.
TAYLA           — (afasta-se) Ah... Me desculpe!
SÉRGIO se senta na areia.
SÉRGIO          — Que bom que você gostou.
TAYLA           — Eu jamais imaginei que fosse pular de asa-delta.
SÉRGIO          — Eu ainda sonho em quebrar o recorde brasileiro.
TAYLA           — E vai conseguir, porque você é capaz.
SÉRGIO          — Obrigado!
TAYLA           — Eu é quem agradeço, Sérgio... Eu acabei de ver que não aproveitei a minha vida como eu desejava, porque eu tinha sonhos/
SÉRGIO          — (corta) Mas não dizem que temos que seguir a vida pelos nossos sonhos.
TAYLA           — Sim. Contudo, eu vejo que eu devia ter aproveitado mais antes de seguir atrás desses sonhos, que era me tornar uma fotografa de renome e ter meu próprio estúdio... Eu consegui isso, mas deixei uma parte da minha vida para trás.
SÉRGIO          — Você pode aproveitar muito ainda... E pode ser comigo.
TAYLA dá um sorriso. SÉRGIO também. Ele se aproxima dela. A toca no rosto. Ela se esquiva.
TAYLA           — Sérgio, não leve as coisas para outro lado.
SÉRGIO          — Está bem... Mas eu não vou te mentir que estou muito afim de você, desde aquele dia do ensaio fotográfico. Você é linda e é uma mulher especial.
TAYLA           — Eu sou casada.
SÉRGIO          — E eu respeito isso... Espero que não fique chateada comigo.
TAYLA           — Tudo bem.
SÉRGIO          — Vamos continuar se vendo pelo menos? Quero manter uma amizade com você. (sorri) Podemos pular de paraquedas de um avião da próxima vez.
TAYLA           — Sim.
SÉRGIO          — Sim?
TAYLA           — (sorri) Eu quis dizer que podemos manter nossa amizade.
SÉRGIO          — Ah...
TAYLA           — Bom, eu já vou embora. Até.
SÉRGIO          — Até.
TAYLA retira-se. SÉRGIO sorri bobo.
CORTA IMEDIATO PARA:
CENA 17. COPACABANA PALACE. QUARTO DE MIGUEL E ARIEL. Interior. Noite.
Vemos à fachada do Copacabana Palace, indicando que já anoiteceu. FUSÃO PARA: MIGUEL sozinho. Continua a beber. O interfone toca. Ele se levanta com um pouco de dificuldade. Acaba esbarrando em uma das cômodas. O recepcionista infirma que alguém está subindo. MIGUEL não entende nada. Desliga. Após alguns minutos, a campainha toca.
MIGUEL         — Sophia... Só pode ser a Sophia.
MIGUEL caminha rapidamente até a porta. Abre. Depara-se com MARINA.
MIGUEL         — Marina.
MARINA         — Você está bem, Miguel?
MIGUEL         — O que você falou?
MARINA         — Que cheiro é esse? Cadê Ariel?
MIGUEL         — Ele sumiu e me deixou sozinho.
MARINA         — Você está bêbado.
CORTA IMEDIATO PARA: BANHEIRO DO HOTEL.: MIGUEL está debaixo do chuveiro. A água está fria. Minutos depois. CORTA PARA: QUARTO DE MIGUEL E ARIEL.: MIGUEL sai com uma toalha enrolada na cintura.
MIGUEL         — Eu nunca bebi assim.
MARINA         — O que aconteceu para você ter bebido assim então?
MIGUEL         — Eu não quero falar sobre isso. Obrigado! Se você não tivesse vindo, eu iria acabar bebendo demais e poderia até mesmo passar mal. A minha cabeça está doendo.
MARINA         — Eu estou aqui agora, Miguel... Vou cuidar de você.
MARINA e MIGUEL se olham fixamente. MIGUEL se aproxima de MARINA. Lhe dá um selinho. MARINA abre os olhos, morde os lábios e depois o beija. Eles se beijam longamente. MIGUEL aperta MARINA contra a parede, enquanto beija sua boca e alterna ao pescoço ferozmente.
CORTA PARA:
CENA 18. AP DOS FONTINELLY VILLARY. SALA/QUARTO. Interior. Noite.
TAYLA chega em casa. Percebe que ARTHUR já está no quarto e a porta está entreaberta. Aproxima-se. O ouve conversando com alguém.
ARTHUR        — (meloso) Sim... Vou ver se vai dar... Eu te ligo e marcamos direitinho... Ok! Tchau! Um abraço, por enquanto. (ri; continua) Apenas isso, por enquanto. Tchau! (Arthur desliga. Tayla aparece. Fica o olhando seriamente. Arthur mostra ter ficado surpreso) Tayla!
TAYLA           — Com quem você estava falando?
ARTHUR        — Com um amigo.
TAYLA           — Amigo? E desde quando você fala todo meloso com um amigo? Você não fala desse jeito nem comigo.
ARTHUR        — Deu para ouvir minhas conversas agora?
TAYLA           — Quem não deve, não teme! Com quem você estava falando?
ARTHUR        — Eu já disse que estava falando com um amigo.
TAYLA           — Me dê seu celular.
ARTHUR        — Eu não vou fazer isso. Você só pode estar louca, Tayla... Mal se importa comigo, mal quer saber mais de mim e agora vem dar show de ciúmes... Me poupe e poupe a si própria.
TAYLA           — Está bem, Arthur... Você tem razão: eu não me importo com você e nem quero saber mais de você... Só que eu ainda sou sua esposa e se eu descobrir que você/
ARTHUR        — (corta) Aquela história vai se repetir novamente? Meu Deus! Mulher é um bicho que não esquece o passado mesmo e faz questão de lembrá-lo a todo momento.
TAYLA           — Quer saber, Arthur? Hoje eu tive a oportunidade de te trair, eu tive a oportunidade de sentir o que eu não tenho sentido há um bom tempo e/
ARTHUR        — (corta) O que você está querendo dizer? Está dizendo que eu não sou homem o suficiente para você?
TAYLA           — Não é isso, Arthur, eu estou dizendo que hoje tive a oportunidade de me sentir amada novamente, mas só não me rendi porque pensei em você e porque eu te respeito já que estamos casados ainda.
ARTHUR        — E com quem foi? Me diga! Por que não fez isso? Para vir jogar na minha cara e dar uma de esposa exemplar, a esposa que respeita o maridinho? Ah, me poupe, Tayla! Eu vou dormir, que amanhã estarei atolado de trabalho... Eu não passo o dia todo com uma câmera na mão, fotografando gente esquelética e achando isso uma grande coisa.
TAYLA           — É o meu trabalho, Arthur, e eu não vou mais admitir que você fale assim do que eu escolhi fazer da minha vida... A minha profissão não é pior ou melhor do que a sua.
ARTHUR        — (grita) Grande merda!
ARTHUR deita-se. Tapa-se com a coberta. TAYLA retira-se. Ao chegar na sala, não contém as lágrimas. Logo as enxuga. Respira fundo. Solta o ar com nervosismo. Pega o celular. Liga para MARINA, mas ela não atende.
TAYLA           — Ela não pode estar dormindo.
TAYLA retira-se.
CORTA PARA:
CENA 19. FRENTE DO AP DE MARINA. CORREDOR. Interior. Noite.
TAYLA aperta a campainha do apartamento de MARINA. Ninguém atende. TAYLA pega o celular. Vê o número de SÉRGIO. Fica pensativa.
CORTA DESCONTINUO PARA:
CENA 20. AP DOS VIDAL FERRAZ. QUARTO DE SÉRGIO. Interior. Noite.
SÉRGIO acaba de sair do banho. Seu celular toca. SÉRGIO atende. ATENÇÃO EDIÇÃO:Neste ponto dividimos a tela e pudemos ver SÉRGIO num quadro e TAYLA em outro.
SÉRGIO          — Tayla.
TAYLA           — Você pode vir me buscar?
SÉRGIO          — Ir te buscar?
TAYLA           — Eu te explico quando você chegar.
SÉRGIO          — A sua voz está estranha... O que aconteceu?
TAYLA           — Por favor, Sérgio, só venha me buscar... Eu estarei te esperando na recepção.
Agora fechamos em TAYLA. TAYLA desliga o celular. Fica pensativa. Congela em “TAYLA”.

FIM DO CAPÍTULO 36.

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