Memória DNA | Com Amor | Capítulo 40



Com Amor

        Capítulo 040
Novela de
Marcus Vinick e Miguel Rodrigues

Escrita por
Marcus Vinick e Miguel Rodrigues

Direção
Miguel Rodrigues
Henzo Viturino

Direção Geral
Miguel Rodrigues

Núcleo
DNA - Dramaturgia Novos Autores

Personagens deste capítulo
ARIEL
SOPHIA
ANGELINA
RICARDO
MAURO
CÍNTIA
DAVI
MARINA
TAYLA
SÉRGIO
AUGUSTO
LÍVIA
FERNANDO
GREGÓRIO
CRISTINA

CENA 01. HOTEL COPACABANA PALACE. QUARTO DE MIGUEL E ARIEL. INT. NOITE.
CONTINUAÇÃO DA CENA 15 DO CAPÍTULO ANTERIOR.
Ariel impede Sophia de entrar.
Ariel — O que está fazendo aqui?
Sophia — Vim falar com Miguel e quero que você se retire.
Ariel — O Miguel ainda não está preparado para isso.
Sophia — Eu também não estava, mas agora é diferente. Está na hora desse reencontro. Por favor, se retire e só volte quando eu permitir que Miguel mande lhe chamar novamente.
Ariel fica sem reação. Fica a olhando por mais alguns segundos. Resolve se retirar e acaba ficando transtornado. Sophia entra, fecha a porta e, ao se virar, se depara com Miguel que parece ter vindo do quarto. Por sua vez, ele fica boquiaberto e uma sensação estranha lhe invade. Sua garganta fica seca.
Miguel — Sophia?
Sophia —Quanto tempo, Miguel?
Miguel (não contendo as lágrimas) — Eu sabia... Eu sabia que era você naquele... Meu Deus! Você voltou.
Sophia (emocionada) — Sim, eu voltei.
Miguel — Eu só posso estar sonhando. Isso não pode ser verdade. (Ele se encosta-se a uma cômoda e começa a tremer pelo nervosismo. Sophia se aproxima dele e ele fica sem reação. Com suas mãos tremendo, ele toca o rosto dela e acaba chorando compulsivamente) É você mesmo.
Miguel abraça Sophia fortemente. Ela corresponde o abraçando e acabam chorando juntos.
CENA 02. HOTEL COPACABA PALACE. RECEPÇÃO. INT. NOITE.
A porta do elevador se abre e Ariel se retira. Está revoltado e acaba quase esbarrando em Marina, que o fita seriamente.
Ariel — Marina...
Marina — Olá, Ariel.
Ariel (mal intencionado) — Pode subir. Miguel já está lhe esperando.
Marina (sorrindo maliciosamente) — Você acha que eu sou boba? Desculpe-me, querido, mas não é agora que você verá o circo pegar fogo. Eu sei que Sophia está lá com ele.
Ariel — Ah, já sabe? Que pena! O seu plano de vingança contra sua mãezinha, pelo visto, acabou de rolar ladeira abaixo.
Marina — É aí que você se engana. E acho melhor você ficar do meu lado.
Ariel — Eu já não tenho mais nada a perder, Marina. Desista.
Marina — Eu não vou desistir. Ela veio até aqui pensando que irá mesmo ser feliz ao lado dele. Ela está muito enganada, ela não sabe o que a aguarda.
Ariel — E o que você irá fazer?
Marina — Se você ficar ao meu lado, eu te conto tudo.
Ariel — E o que eu ganho ficando ao seu lado?
Marina (ri ironicamente) — O Miguel é que você não irá ganhar. (Ariel a encara irritado) Mas, pelo menos, você não o vera com Sophia.
Ariel — Vamos jantar?
Marina — Não. Eu tenho que pôr meu plano em ação e é para agora. Você irá me ajudar. Vamos!
Marina se retira e Ariel o acompanha.
CENA 03. ESCRITÓRIO DE ARQUITETURA. FRENTE. EXT. NOITE.
Lívia desce do automóvel e RICARDO se surpreende. Fica parado e a olhando apreensivo.
Ricardo (com a voz trêmula) — Você?
Lívia (segurando a emoção) — Nicolas...
Ricardo — O que a senhora disse?
Lívia — Desculpe-me! Eu preciso conversar com você.
Ricardo — Conversar comigo? Eu já disse que não tive culpa por nada do que aconteceu.
Lívia — Eu não vim te culpar de nada. Eu sei que tudo não passou de um incidente.
Ricardo — Eu estou tentando me recuperar disso, mas dói ainda. Eu jamais esperei sofrer um baque desses.
Lívia — Eu também não esperava. Podemos conversar?
Ricardo (inseguro) — Sim. Podemos.
CENA 04. CASA DOS BOAVENTURA. INT. NOITE.
Cristina está sentada no sofá. A campainha toca e Gregório abre a porta.
Fernando — Boa noite, Gregório!
Gregório — Boa noite!
Fernando olha para Cristina e percebe seu estado.
Fernando (olha para Cristina e percebe seu estado)— Por que está com esse aspecto, Cristina?
Gregório (cruza os braços) — E então, Cristina, fale! Fale o que você fez!
Fernando (estranha) — O que está acontecendo aqui?
Cristina (olha para Fernando) — Eu não sei como te falar, Fernando.
Gregório (irritado, interfere) — Como não sabe? Quer que eu fale que você mentiu sobre a verdadeira história de Ricardo quando o adotou?
Fernando — Eu já sei de tudo.
Gregório — O que você disse?
Cristina fica surpresa.
Fernando (continua) — Eu já sei que de toda a história.
Gregório — Então eu fui o enganado?
Cristina — Não, Gregório...
Gregório — Vocês dois me enganaram, é isso?
Fernando — Eu não enganei ninguém. Eu sei por que eu acompanhei Lívia até aquele orfanato e acabei descobrindo tudo.
Cristina (indignada, se levanta) — O que você está dizendo, Fernando?
CENA 05. HOTEL COPACABANA PALACE. QUARTO MIGUEL E ARIEL. INT. NOITE.
Sophia se agacha e oferece um copo com água para Miguel, que está sentado no sofá e se encontra muito nervoso. Ele bebe tudo e coloca o copo em cima da cômoda.
Miguel — Por que a vida teve que ser tão cruel conosco?
Sophia —A vida nos dá vários caminhos e várias escolhas para seguir em frente e também põe os obstáculos. Nós não soubemos vencê-los, Miguel.
Miguel — Você devia ter acreditado em mim naquele dia.
Sophia — Eu sei que errei em não ter acreditado em você. Só que eu fiquei muito machucada, porque eu te amava tanto.
Miguel — Devia ter acreditado no meu amor por você. A sua mãe não queria nos ver juntos e conseguiu o que tanto desejou. (SOPHIA se levanta, passa as mãos pelos cabelos e tenta conter-se para não voltar a chorar.) Por que, mesmo tendo fugido de Amsterdã, você não me procurou?
Sophia — Eu estava com muito receio.
Miguel — Receio do quê? Eu fui até Amsterdã atrás de você e fui impedido pelo Carlos Alberto e pelo Ariel. E fui ameaçado pelo Guilherme. Contudo, o que eu mais queria era te tirar daquela casa e te levar comigo. E agora você diz que estava com receio de me procurar quando fugiu?
Sophia — Eu temia que você não me perdoasse. E também, Miguel, quando eu abandonei o Guilherme, eu estava muito desnorteada. Eu realmente não sabia que rumo tomar em minha vida. Eu não havia abandonado apenas meu marido, mas também a minha filha e era isso que estava doendo em mim.
Miguel —Era só levá-la com você e me procurar. Poderíamos ter sido felizes e eu criaria sua filha como um pai.
Sophia — Tente se pôr no meu lugar por um momento.
Miguel —E o que você fez de sua vida depois disso?
Sophia — Eu acabei conhecendo uma pessoa muito especial e acabei me envolvendo, mas não deu certo e nos tornamos grandes amigos.
Miguel — Então quer dizer que, enquanto eu estava sofrendo pela sua ausência, você se envolveu com outro homem?
Sophia — Assim como você, eu segui a minha vida.
Miguel (sorrindo ironicamente) — Ah, sim... Claro!
Sophia — Você está sendo machista.
Miguel — Eu não estou sendo machista. Nós perdemos tanto tempo, Sophia. Só de pensar que tudo poderia ter sido diferente.
Sophia — Sim, poderia. E acho que ainda pode.
Miguel se levanta, aproxima-se de Sophia e fica a olhando fixamente.
Miguel — Eu nunca te esqueci. Em nenhum momento.
Sophia — Eu também nunca te esqueci.
Miguel — Eu posso ter vivido minhas relações, mas sempre tive você em meus pensamentos e sempre sonhei que nosso reencontro aconteceria. E é por isso que continuo a acreditar que nunca devemos parar de sonhar.
Sophia (dá um sorriso) —Você me disse isso uma vez, lembra-se?
Miguel (também dá um sorriso) — Lembro. Eu me lembro de muitas coisas. As melhores lembranças estão aqui dentro. (Miguel toca o peito) Eu sempre você em meu coração e na minha mente. (Sophia sorri novamente, pega sua bolsa e tira um envelope de dentro) O que é isso?
Sophia (entregando o envelope) — Veja!
Miguel se senta no sofá e abre o envelope. Surpreende-se e fica imensamente emocionado.
Miguel — As cartas que eu te mandava. (Ele pega o desenho) Os desenhos que eu lhe dei. Já faz tanto tempo. Meu Deus!
Sophia — Guardei as cartas e esses desenhos em uma caixa com todo o carinho. Era a única coisa que eu tinha de você, Miguel. Era tudo que me restou.
Miguel —Eu também guardei as cartas que você me mandou. Quando éramos crianças, éramos tão inocentes e, ao mesmo tempo, passamos por tantas coisas.
Sophia (indiferente) — E foi por essas coisas que cometi o maior erro de minha vida: abandonei a minha filha.
Miguel — Ainda há tempo de você procurá-la e lhe pedir perdão.
Sophia — Eu já fiz isso, Miguel.
Miguel (surpreso) — Já?
Sophia — Ela não vai me perdoar... Ao contrário, ela não quer o meu bem.
Miguel — Você precisa ser paciente. Ela irá te perdoar. Deixe que o tempo aja. Você voltou a Amsterdã para procurá-la?
Sophia — Não, Miguel. Ela está aqui, no Rio de Janeiro.
Miguel (surpreendido) — Aqui?
Sophia balança a cabeça positivamente e fica o fitando.
CENA 06. RESTAURANTE. INT. NOITE.
Emocionada, Lívia observa o modo como RICARDO usa os talheres durante o jantar. Ele está nervoso e dá um gole no copo com água.
Lívia — Com quem aprendeu a segurar tão um talher?
Ricardo (dá um leve sorriso) — Aprendi com minha mãe... Mas só estou comendo assim porque estou jantando com você. Eu sou muito despojado em casa e com meus amigos.
Lívia — Entendo.
Ricardo — Por que me trouxe até aqui? Não disse que queria conversar comigo?
Lívia — Eu só quero lhe pedir perdão pelas coisas que eu lhe disse aquele dia na delegacia.
Ricardo — Não precisa pedir perdão. Você estava muito abalada e é normal que tenha agido daquela forma. Eu agiria do mesmo jeito, caso uma tragédia assim tivesse acontecido com um filho ou com alguém da minha família. Meu pai falou que conversou com você.
Lívia — Eu e o seu pai nos tornamos amigos.
Ricardo — Ele não me falou nada disso.
Lívia — Ele me ajudou em algo muito importante. E serei grata eternamente a ele.
Ricardo — Posso saber no que ele lhe ajudou?
Lívia — Ele me ajudou a reencontrar meu filho.
Ricardo (estranha) — Como assim?
Lívia — Há muitos anos atrás, eu tive um filho. Ele se chamava Nicolas e foi sequestrado.
Ricardo (espantado) — Meu Deus! Mas quem cometeu essa maldade?
Lívia — A babá.
Ricardo — E como meu pai lhe ajudou a reencontrá-lo?
Lívia —Eu e Fernando nos conhecemos. Eu contei a minha história e ele se interessou. Nós fomos para Itaperuna.
Ricardo — Ele disse que tinha alguns negócios para fazer nessa cidade. Eu achei estranho, mas não quis perguntar nada. E o que aconteceu depois?
Lívia — Nós fomos atrás do marido da sequestradora. Ele nos revelou tudo e disse que havia entregado meu filho para um orfanato.
Ricardo — Um orfanato? Não estou entendendo.
Lívia — É uma longa história, Ricardo. Ele entregou meu filho para um orfanato porque não queria que sua esposa fosse para a cadeia, já que ela sofria de distúrbios mentais e sempre teve o desejo de engravidar, mas nunca conseguia levar a gestação até o fim.
Ricardo — Já vi vários casos assim.
Lívia — Pois é...
Ricardo — E como foi o reencontro com seu filho?
Lívia — No orfanato, eu fui informada sobre a família que havia adotado o Nicolas.
Ricardo — Meu Deus! Deve ter sido emocionante. E onde ele está?
Lívia (não contendo as lágrimas) — Está na minha frente, nesse momento.
CENA 07. CASA DOS BOAVENTURA. INT. NOITE.
Cristina encara Fernando seriamente.
Cristina — Você ajudou aquela mulher a acabar com a nossa família. A família que nós demos ao Ricardo.
Fernando — Eu jamais imaginei que isso fosse acabar acontecendo, Cristina.
Gregório (se dirigindo a esposa) — Você é quem errou. Não tente colocar a culpa em Fernando.
Cristina — Por que você a ajudou, Fernando? Vocês nem mesmo se conheciam.
Fernando — Porque eu queria uma aproximação. Ela me contou a história dela, ficamos amigos e decidi ajudá-la. Contudo, Cristina, isso agora não vem ao caso. Nós teremos que revelar a verdade para Ricardo.
Cristina — Eu não vou fazer isso.
Gregório — Nós iremos fazer então.
Cristina — Aquela mulher acabou com tudo que construímos juntos.
Fernando — Você cometeu um erro, Cristina, mesmo que não tenha agido de forma intencional e maldosa. Eu até entendo o porquê de você ter agido da forma que agiu, mas agora terá que pagar pelo seu erro.
Cristina — Pagar?
Fernando — Contando a verdade para Ricardo. Ele precisa saber da história dele, ele precisa saber que tem uma mãe e um pai legítimo.
Cristina — Nós somos os pais dele.
Fernando — Pais de coração, pais de alma... Ele foi tirado dos braços da própria mãe e ela tem o direito de se aproximar dele.
Gregório — Por um lado, eu fico contente.
Cristina — Contente Gregório? Você não está vendo que nossa família está desmoronando?
Gregório — Fico contente porque o Ricardo irá saber a história dele, irá ter a chance de saber quem são os pais dele realmente.
Fernando — Você tem razão, Gregório. (CRISTINA se levanta do sofá) Aonde você vai?
Cristina — Vou tomar um calmante e dormir profundamente. Estou morrendo de dor de cabeça.
Fernando — Amanhã cedo, eu volto. Nós iremos falar com Ricardo.
Cristina —Eu só espero Fernando, que entre você e essa mulher só exista amizade mesmo, o que já é um despautério. Você mesmo falou aqui que ela está passando por um momento de crise com o marido.
Fernando — Somos apenas amigos.
Cristina (fitando-o seriamente) — Eu espero mesmo.
Ela se retira. Gregório e Fernando sentam-se ao sofá.
Gregório — Eu não esperava isso.
Fernando — Nem eu, Gregório, nem eu! Quando a diretora daquele orfanato pronunciou o nome de Cristina, eu sofri um baque enorme. Eu ajudei a Lívia a procurar o meu próprio filho.
Gregório —Pois é... Ironias do destino.
Fernando (dá um leve sorriso) — Acho que não.
Gregório (estranha) — Como assim?
Fernando — Só vou confessar para você. Eu estou apaixonado por Lívia.
Gregório — Não creio.
Fernando — Ela é uma mulher forte, admirável... Ela parece agir impulsivamente em muitas situações, mas... Como posso te explicar? É isso que me faz gostar dela cada vez mais. Ela é uma mulher especial.
Gregório — Casada ainda.
Fernando — No papel apenas. Ela está separada.
Gregório — Você pretende conquistá-la?
Fernando — Eu já sei que mexo com ela. Já é um bom passo.
Gregório (dá um sorriso) — Você é convencido!
Fernando — Não, eu não sou convencido.
Gregório — Estou brincando. Se você está gostando dela e ela está mexida, eu espero que dê certo. Já será uma forma de nos aproximarmos e ficar tudo em paz.
CENA 08. COPACABANA PALACE. QUARTO DE MIGUEL E ARIEL. INT. NOITE.
Sophia serve um copo com água. Miguel aparece.
Miguel — Você estava me falando que sua filha está aqui, no Rio.
Sophia (se vira para ele) — Miguel, eu não sei como te falar isso.
Miguel — Falar o quê?
Sophia — A minha filha está muito mais perto do que você imagina.
Miguel (dá um sorriso) — Claro. Estamos no Rio de Janeiro.
Sophia — Não falo nesse sentido.
Miguel (estranha, muda o tom) — Eu a conheço?
Sophia — Sim. Você sabe de quem eu estou falando.
Miguel (apreensivo) — Não pode ser, Sophia. Não. Por favor, diga que não é verdade.
Sophia — É verdade, sim. Marina é a minha filha (Miguel balança a cabeça negativamente, passa as mãos pelos cabelos e começa a respirar ofegante. Fica muito nervoso e com os olhos marejados.) Eu sei que vocês estão se envolvendo. Eu só te procurei agora exatamente por isso, porque eu não queria interferir na sua relação com Marina, porque eu sei que ela gosta muito de você. Contudo, eu sofri muito, porque eu poderia te ver com qualquer pessoa, menos com a minha própria filha.
Miguel — Eu não estou acreditando nisso. E como você descobriu que estávamos nos envolvendo? Sophia, se eu soubesse, eu não teria me relacionado com Marina, eu teria mantido distância.
Sophia — Eu sei disso, Miguel.
Miguel — Como você sabe?
Sophia — Ariel é quem me falou.
Miguel (surpreso)— O Ariel?
Sophia — Sim, Miguel.
Miguel — Meu Deus! O Ariel me enganou. Ele sabia de tudo e me enganou. Por que ele fez isso? Por que ele não me contou tudo?
Sophia — Eu não sei, Miguel, com que intenção ele escondeu isso de você... Mas eu não confio nesse seu amigo.
Miguel — E Marina? Ela já sabia?
Sophia — Sim, porque quando eu descobri que vocês estavam se envolvendo, logo eu a procurei e revelei a verdade. Imagino que ela não tenha lhe falado nada por receio de te perder, talvez ela realmente goste de você.
Miguel — Eu não julgo Marina por ter omitido a verdade de mim, mas eu não esperava isso do Ariel. Eu estou muito magoado.
Sophia — Imagino.
Miguel — Eu jamais esperei que isso fosse ocorrer. Foi um erro eu ter me envolvido com Marina.
Sophia — Aconteceu, Miguel. Não veja como um erro. Você gosta dela, não é?
Miguel (olha com afeto para Sophia) — Eu confesso que estava me apaixonando por Marina, mas eu já me envolvi e já me apaixonei tantas vezes. Quando eu olhava Marina, eu me lembrava de você sem ter noção muitas vezes. Não digo por aparência, mas sim por algo que vinha de dentro dela. Mas agora tudo mudou Sophia, você voltou.
Sophia — Na verdade, Miguel, eu voltei para procurar minha filha e a pedir perdão. Eu não sabia que você estava aqui.
Miguel — Talvez tenha sido a única forma que a vida arranjou de nos aproximar novamente, não acha?
Sophia — Acredito que sim.
Miguel (se aproxima dela) — E não podemos perder mais tempo, você também não acha?
Sophia — Miguel, eu já disse que não quero interferir em nada. A Marina é a minha filha.
Miguel — Me perdoe Sophia, mas não estou pensando nela nesse momento. Eu estou pensando em nós dois. (Ele toca o queixo dela e fica a olhando com desejo) A sua boca, os seus lábios... Não mudou nada. E continuam pedindo por um beijo meu.
Miguel dá um selinho na boca de Sophia. A olha novamente e ela fecha os olhos. Ele lhe dá mais dois selinhos e, em seguida, a beija apaixonadamente. Sophia não resiste e acaba se entregando ao longo beijo. O celular toca.
Miguel — Eu não vou atender. Vem comigo!
Sophia — Não, Miguel. Entenda. Pode ser importante.
Miguel se retira. Vê o celular em cima do sofá e o pega. Atende.
Ariel (ao telefone) — Miguel... Venha para o apartamento de Marina.
Miguel — Ariel? O que aconteceu?
Ariel (mente) — Marina passou mal e eu tive que levá-la para o hospital. Ela não quis passar por exames e eu a trouxe até em casa.
Miguel — Mas o que ela teve?
Ariel — Ela teve um mal estar. Ela desmaiou nos meus braços e logo se acordou.
Miguel — Eu já estou indo para aí. Fique tranquilo!
Miguel desliga. Sophia aparece.
Sophia — O que aconteceu, Miguel?
Miguel — Marina passou mal e foi levado ao hospital, mas parece que ela não quis ficar lá para fazer alguns exames. O Ariel está com ela.
Sophia — Me dê notícias depois.
Miguel — Você não vem comigo?
Sophia — Não. É melhor você ir sozinho.
Miguel — Está bem.
Sophia (já se retirando) — Bom, eu já vou embora.
Miguel (a pegando pela cintura) — Está se esquecendo de algo.
Sophia — O quê?
Miguel — Dizer que me ama e que dessa vez iremos ficar juntos.
Sophia — Não é algo que depende apenas de nós dois.
Miguel — Depende apenas de nós dois, sim. Eu vou conversar com Marina ainda hoje. Eu já disse que não quero mais perder tempo. Eu quero você ao meu lado para sempre, Sophia.
Sophia fica emocionada e abraça Miguel fortemente.
CENA 09. CASA DOS BOAVENTURA. FRENTE. EXT. NOITE.
Fernando está preste a entrar em seu carro. O celular toca. Ele tira o aparelho do bolso, visualiza a tela e vê o nome de Lívia. Ele atende.
Fernando — Lívia...
Lívia — Fernando, pelo o amor de Deus!
Fernando — Aconteceu alguma coisa? Que voz é essa?
Lívia — Fernando, eu contei toda a verdade para o Ricardo.
Fernando — Eu disse para você não fazer isso.
Lívia — Eu sou a mãe dele, eu tinha todo o direito.
Fernando — E onde está o Ricardo?
Lívia — Ele saiu desnorteado. Eu estou preocupada.
Fernando — Eu te avisei, Lívia, mas você não quis me ouvir. Ele deve estar vindo para casa.
Lívia — Se ele estiver indo para aí, eu ficarei aliviada. O fato é que ele saiu de carro.
Fernando — Meu Deus! Onde irei encontrar meu filho agora?
CENA 10. AVENIDA. EXT. NOITE.
Ricardo para seu carro em frente à praia. Ele coloca a cabeça sobre o volante e acaba chorando. Após isso, ele pega o celular e disca o número de Davi. A ligação acaba caindo na caixa postal.
CENA 11. AP DE DAVI. QUARTO. INT. NOITE.
Vemos Davi em frente ao notebook, sentado a uma escrivaninha. Ouve músicas em alto volume pelo fone, que está conectado ao notebook. O celular dele toca e ele acaba não ouvindo.
CENA 12. AVENIDA. EXT. NOITE.
Ricardo desiste de ligar para Davi e disca o número de Angelina.
Ricardo — Angelina.
Angelina — Ricardo?
Ricardo — Acho que você já deve ter chegado em chegado em casa.
Angelina — Estou quase chegando.
Ricardo — Eu preciso de alguém para conversar. Eu não estou me sentindo bem.
Angelina — Onde você está?
Ricardo — Estou com meu carro em frente a praia do Leblon.
Angelina — Eu vou pedir para que o Mauro dê meia volta e chego aí em questão de instantes.
Ricardo — Está bem.
CENA 13. CARRO DE MAURO. INT. DIA.
Cíntia — O que houve, Angelina?
Angelina — O Ricardo não está bem e pediu para que eu fosse até o Leblon. Ele está com o carro em frente à praia. Vai ser fácil de achar.
Mauro — Vamos dar a meia volta então.
Angelina — Não vou atrapalhar vocês, não é?
Mauro — Eu não quero chegar em casa de uma vez mesmo.
Cíntia — Sem problemas, Angelina. Te largamos lá e amanhã você conta o que aconteceu.
CENA 14. AP DE MARINA. INT. NOITE.
Tayla chega acompanhada por SÉRGIO. Ela se dirige rapidamente a sua prima.
Tayla (preocupada) — Como você está, Marina?
Marina — Já estou me sentindo melhor.
Tayla (olha para Ariel) — Olá, Ariel!
Ariel — Olá, Tayla! O Miguel já deve estar chegando. Eu vou embora agora.
Tayla — Obrigada, Ariel, por ter ajudado minha prima. Ela é muito teimosa.
Ariel — Muito teimosa mesmo. Boa noite!
Tayla — Boa noite! (ARIEL vai embora) O que você sentiu, Marina?
Marina — Uma tontura, uma dor de cabeça muito forte... Senti enjoo também.
Tayla — Enjoo? Tontura?      
Marina — Não é nada disso que você está pensando, Tayla.
Tayla — Então por que não quis ficar no hospital para passar por exames?
Marina — Porque eu odeio hospitais, você sabe muito bem disso. Vou esperar Miguel no quarto. Boa noite a vocês.
Marina se retira. Sérgio olha para Tayla.
Sérgio — Bom, já vou indo.
Tayla — Não. Fique mais um pouco.
Sérgio — A Marina não se importa?
Tayla — Nem um pouco. (Eles se beijam. A campainha toca. Tayla larga Sérgio e se dirige à porta) Deve ser o Miguel. (Ela abre a porta e se depara com este mesmo) Olá, Miguel!
Miguel — Olá, Tayla! E a Marina?
Tayla — Ela está no quarto. É só pegar o corredor e bater na porta à direita.
Miguel entra e vai ao quarto de Marina. Ele bate na porta.
Marina — Pode entrar.
Miguel abre a porta e Marina se senta na cama.
Miguel — Como você está?
Marina — Já estou melhor.
Miguel — Que bom! Mas o que você teve? Como Ariel te levou até o hospital?
Marina — Ele me viu chegando ao hotel. Eu acabei passando mal e ele me socorreu.
Miguel (surpreso) — Então, você estava indo me ver...
Marina (dá um leve sorriso) — Sim. Fique comigo essa noite?
Miguel — Marina, nós temos que ter uma conversa séria.
Marina — Eu estou muito cansada. Deixamos essa conversa para amanhã. Só fique aqui comigo.
Miguel (de má vontade) — Está bem.
Ele tira os sapatos e deita-se na cama. Marina coloca sua cabeça sobre o peitoral dele e sorri maliciosamente sem ele perceber. Miguel não se sente bem e pensa em Sophia.
CENA 14. AP DOS PAIS DE ANGELINA. INT. NOITE.
Ricardo está deitado na cama de Angelina, enquanto esta passa as mãos nos cabelos dele.
Angelina — Tente dormir para tirar essas coisas da cabeça um pouco.
Ricardo — Mais um baque, Angelina, mais um baque.
Angelina (beijando o rosto dele) — Vai ficar tudo bem, Ricardo. Vai ficar tudo bem.
Ricardo — Não tem como tudo ficar bem. Minha mãe mentiu para mim todo esse tempo. Ela sabia que eu havia sido sequestrado.
Ele acaba chorando e Angelina beija o rosto dele novamente.
CENA 16. MANSÃO DOS VILLARY. INT. NOITE.
Augusto já está na cama. Lê um livro. Lívia aparece e fica o olhando.
Augusto — Oi, Lívia!
Lívia faz menção de falar algo, mas decide ficar calada. Augusto percebe e fica a fitando.
Augusto — Quer falar algo?
Lívia — Não. Esquece.
Ela se retira. Augusto larga o livro em cima da cômoda ao lado da cama.
Augusto (para si mesmo) — Achou que iria conseguir esconder o endereço do nosso filho por muito tempo? Estava enganada! Amanhã mesmo, eu irei até Nicolas... Ou melhor, Ricardo.
CENA 17. TAKES DO RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
Um novo dia amanhece. Vemos o nascer do Sol em mais um dia de calor na cidade maravilhosa.
CENA 18. CASA DOS BOAVENTURA. INT. DIA.
A porta se abre e Ricardo entra. Cristina vai até o filho.
Cristina (aliviada) — Filho, onde você esteve? Eu te liguei várias vezes. Fernando passou me ligando a noite toda e o Gregório acabou adormecendo agora pouco.
Ricardo — Não interessa onde eu estava.
Cristina — Isso é jeito de falar com sua mãe?
Ricardo —Você acha que eu já não sei de tudo?
Cristina — Eu não sei o que aquela mulher te falou, mas você tem que me ouvir primeiramente.
Ricardo (gritando revoltado) — Você mentiu durante todo esse tempo. Como pôde ter me adotado mesmo sabendo que eu havia sido sequestrado?
Cristina (acaba chorando) — Me perdoe, filho!
RICARDO — Eu não vou te perdoar por isso. Você omitiu uma parte da minha história. Como acha que eu estou me sentindo nesse momento? Eu acabei de descobrir que não fui abandonado, mas sim sequestrado e depois levado para um orfanato.
Cristina (pegando as mãos dele) — Ricardo, você tem que me perdoar. Eu sou a sua mãe, eu te criei, eu te dei todo o meu amor.
Ricardo — Me solta! Eu jamais pude imaginar que você seria capaz de fazer algo do tipo.
Cristina — Você está dizendo como se eu tivesse cometido algum crime, como se eu tivesse te sequestrado.
Ricardo — Você acobertou um crime.
Cristina — Aquele homem não queria ver a esposa ser presa.
Ricardo — Pouco me importa! Eu vivi uma mentira durante todo esse tempo.
Cristina — Ricardo, não fale assim. Nós somos a sua família, essa é a sua realidade. Essa é a sua vida.
Ricardo (balança a cabeça negativamente) — Eu estou indo embora.
CRISTINA (desesperada) — O quê?
CENA 19. AP DE MARINA. INT. DIA.
Marina e Miguel estão tomando café. Ela segura a xícara para servir o leite e acaba deixando cair em cima da mesa.
Miguel — Você está se sentindo bem, Marina?
Marina (fingindo nervosismo) — Miguel, eu...
Miguel — É melhor irmos para o hospital.
Marina — Não. Não há mais o que fazer.
Miguel — Como assim?
Marina — Miguel, eu vou morrer.
Miguel fica chocado. Marina fica o olhando apreensiva.
CONGELA EM MIGUEL.
FIM DO CAPÍTULO 040.

Um comentário:

  1. Eu fiz pesquisas para a cura espiritual através do feitiço do amor, pelo que li é muito possível para um feiticeiro lançar um feitiço do amor e trazer de volta o amante perdido, não importa a distância. Também li que qualquer problema espiritual pode ser resolvido por um verdadeiro feiticeiro, mas nem todos podem ser ajudados. Tive a sorte de entrar em contato com o Dr. ODION através de seu e-mail (drodion60@yandex.com) ou do WhatsApp para ele +2349060503921. depois de algumas pesquisas. Meu marido me fez passar um inferno depois que me deixou com nossa filha de 18 meses para morar com sua amante. Um de seus motivos é que ainda não está pronto para cuidar de nosso filho. A situação me deixou frustrado, eu ficava confuso o tempo todo e aos poucos estava tendo uma lesão cerebral porque estava desamparado e sem esperança. Implorei a DR ODION que me ajudasse mentalmente e de fato trouxesse a ele sua aliança de casamento atual e tornasse nossos sentimentos um pelo outro mais fortes. Depois que o feitiço foi lançado, embora eu tivesse um pouco de fé que iria funcionar, fiquei surpreso com o fim do dia que o Dr. ODION me deu, meu marido voltou para nós. Não só isso, nossos sentimentos um pelo outro mudaram, o feitiço limpou as dúvidas que ele tinha sobre cuidar de nosso filho. Estou tão animado agora. Por favor, se você precisar de ajuda de qualquer tipo, entre em contato com o DR ODION para obter ajuda. Seu e-mail é (drodion60@yandex.com) ou WhatsApp ele +2349060503921.

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